H1N1 e H3N2: O que é verdade e o que é boato nos alertas sobre epidemiapix bet265gripe no Brasil:pix bet265

Cientista manipula amostras líquidas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Segundo pesquisadora, os vírus da influenza tipo A que circulam no Brasil são apenas dos tipos H1N1 e H3N2

O recolhimento é compreensível. Não apenas pelo abalopix bet265função da perda repentina dos parentes, e por uma doença vista habitualmente como corriqueira, mas também pela superexposição do caso nas redes sociais. À fotopix bet265Ribamar e Nadia, tranquilos e abraçados no que parece uma comemoração recente, se juntaram áudios e comentários por escrito alertando ora para uma epidemiapix bet265H3N2, ora para variantes como H2N3, HN1N3 e gripe australiana, acrescidos da afirmaçãopix bet265que a vacina seria uma "arma química para exterminar os idosos".

O lançamento da campanha nacionalpix bet265vacinação contra a gripe, aliás, será no dia 23pix bet265abril. Mas o Estadopix bet265Goiás, que confirmou 13 mortes por influenza até agora, se antecipou. No dia 13, sexta-feira, já aplicava as primeiras doses na população. O Estadopix bet265São Paulo, por enquanto, tem o maior númeropix bet265óbitos na Federação: 14.

Até o dia 7pix bet265abril,pix bet265acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, foram registrados 286 casospix bet265gripepix bet265todo o país, com 41 mortes.

"No Brasil, circulam no momento apenas os vírus H1N1 e H3N2", afirma Nancy Bellei, professora afiliada da Universidade Federalpix bet265São Paulo (Unifesp) e consultorapix bet265influenza para o Ministério da Saúde, referindo-se aos tipospix bet265influenza A.

Sinônimopix bet265gripe, a palavra "influenza" tem sido usadapix bet265forma geral no Brasil para se referir aos tipos A e B, que estão relacionados a epidemias. O tipo C é aquele mais comum, que causa apenas infecções respiratórias brandas.

Capturaspix bet265telapix bet265mensagens no Whatsapp com boatos sobre gripe
Legenda da foto, Nas redes sociais, circulam informações falsas sobre o vírus e a vacina da gripe

O primeiro estaria mais ativopix bet265Goiás, Bahia e Riopix bet265Janeiro, enquanto o segundo se espraia pelo Estadopix bet265São Paulo - o que não significa que um não invada a área do outro. A infectologista explica que o H1N1 é o mesmo que deflagrou a pandemiapix bet2652009, chamada à épocapix bet265gripe suína. Já o H3N2 seria semelhante ao que atingiu o Hemisfério Norte na última temporada, infectando maispix bet26530 mil pessoas.

"Mas a vacina brasileira vai ser diferente da do Hemisfério Norte", diz Bellei. "A nossa cepapix bet265H3N2 é outra, por isso temos a expectativapix bet265que a imunização será mais eficaz."

Na vacina distribuída pela campanha também constará a cepa do vírus B Yamagata, que imuniza contra influenza B. Jápix bet265clínicas particulares, o produto será quadrivalente, contendo também o B Victoria.

Em relação à diferença entre a imunização na rede pública e privada, o infectologista Matias C. Salomão afirma que a vacinação na rede pública já cobre a maior parte dos casos, e que o gasto extra para distribuir gratuitamente a dose quadrivalente não compensaria pela proteção.

E o H2N3 e o HN1N3?

"Isso é bobagem, não tem esses vírus", enfatiza Bellei, ressaltando que eles sequer existem. "O pessoal deve ter se confundido ou então distribuiu essa notíciapix bet265má-fé."

Nomenclatura

Os nomes das gripes têm lá seu código, como explica Salomão. Os vírus da influenza A, por exemplo, são classificados conforme suas glicoproteínaspix bet265superfície, a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N).

Os números que se seguem às letras correspondem ao tipopix bet265glicoproteína correspondente. Em textos científicos, não raro se veem nomespix bet265influenza expandidos. A/Michigan/45/2015 (H1N1) pdm09 significaria Vírus tipo A, descritopix bet265Michigan, da linhagem 45, descritopix bet2652015, subtipo H1N1, que circulou na pandemia 2009. B Yamagata e B Victoria, portanto, indicampix bet265quais cidades os dois vírus foram descritos.

São conhecidos 18 subtipospix bet265H e 11 subtipospix bet265N.

"Os subtipos H1, H2 e H3 costumam ser transmitidos entre humanos", diz Salomão.

Vacinaçãopix bet265idoso

Crédito, Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Legenda da foto, Campanha nacionalpix bet265vacinação contra a gripe começa aindapix bet265abril

Já H5, H6, H7 e H9 são esporádicos e, por esse motivo, mais perigosos.

"O fatopix bet265grande parte da população não ter sido exposta a um tipopix bet265vírus anteriormente aumenta a chancepix bet265ocorrer uma pandemia", alerta o infectologista.

Além disso, existem as mutações, bem mais constantes nos A que nos B. O tipo B também só afetaria humanos e focas, enquanto o A circula entre aves e mamíferos. O H7N7 engripa cavalos, por exemplo. O H13N2, baleias. O H1N1, patos selvagens, porcos... e humanos.

"Tomar a vacina quadrivalente, que inclui o B Victoria, aumenta a cobertura, maspix bet265forma geral os vírus B não costumam dar tanta complicação quanto os A", acrescenta Salomão.

A quem se queixapix bet265adoecer logo depoispix bet265tomar a vacina, o médico lembra que, no inverno, existe a concomitânciapix bet265outros vírus respiratórios, como o sincicial e o rinovírus, não presentes na vacina disponível e que podem infectar um recém-imunizado.

Para se prevenirpix bet265forma mais ampla, recomenda-se lavar as mãos com frequência ou higienizá-las com álcoolpix bet265gel, cobrir o nariz com um tecido ao espirrar ou tossir, evitar o contato com pessoas gripadas, limpar maçanetas, bancadas, utensíliospix bet265cozinha e brinquedos com água e sabão. Crianças com menospix bet2655 anos, idosos, grávidas e pessoas com imunidade baixa também devem evitar aglomerações.

Sintomas

Ilustraçãopix bet265vírus

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Diferentes tipos e subtipospix bet265vírus da gripe podem afetar países e grupospix bet265formas distintas

As manifestações sintomáticas da H1N1 e da H3N2 não diferem muito, segundo os infectologistas. Coriza, tosse, dor muscular (mialgia), dorpix bet265garganta e febre costumam estar presentes. E tanto uma quanto outra podem levar à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que ocorre quando uma infecção bacteriana acomete as vias aéreas inferiores, causando pneumonia. De todos os casospix bet265gripe, somente ospix bet265SRAG são notificados à vigilância epidemiológica.

Salomão afirma que a pneumonia causada pelo H3N2 afetaria mais crianças e idosos, enquanto a do H1N1 prevalecepix bet265outros grupospix bet265risco, como gestantes e obesos. Em ambas, o diagnóstico tardio pode ser fatal.

A morte dos dois rio-clarenses se junta às demais 39 pessoas que teriam sucumbido à influenza no Brasil desde o começo do ano. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, 16 desses casos decorriam do vírus H1N1. Dessas 41 pessoas, 31 apresentavam pelo menos um fatorpix bet265risco para complicação, como pneumopatias e cardiopatias, e cercapix bet26530% do total fez usopix bet265medicamento antiviral (Tamiflu) por volta do quarto dia. No entanto, o Ministério recomenda que ele seja ministrado nas primeiras 48 horas após o diagnóstico da SRAG.

"Depois desse período, a eficácia do Oseltamivir ou Tamiflu cai", diz Salomão.

A faixa etária dos pacientes girapix bet265torno dos 57 anos, idadepix bet265Ribamar Henrich Trost. Nadia, a esposa, tinha 54.

Os principais sintomas da doença são faltapix bet265ar, chiado no peito, tontura, tosse com catarro amarelado e/ou febre que não cessa. Se a febre, ainda que baixa, persistir por maispix bet265sete dias, com dores musculares, coriza e tosse, é recomendável que se procure o pronto socorro.

"O fatopix bet265ficar indignado com mortes por gripe procede no Brasil porque a nossa culturapix bet265influenza é muito recente", afirma Bellei. "Só começamos a pensar e falarpix bet265gripe depois da pandemiapix bet2652009."

No ano passado, o Brasil registrou 498 mortes por influenza.

Bellei lembra que, todos os anos, morrempix bet265efeito direto do vírus cercapix bet265650 mil pessoaspix bet265todo o mundo, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde. Só nos Estados Unidos, oscilando ano a ano, seriampix bet265140 mil a 710 mil hospitalizaçõespix bet265função da gripe, com 12 mil a 56 mil mortes.

"O fato é que, a despeitopix bet265tratamento, a despeitopix bet265UTI, a despeitopix bet265intervenções, a gente tem essa mortalidade todos os anos", diz a infectologista.

O número poderia ser maior, afirmam especialistas, não fosse o surgimentopix bet265vacinas epix bet265antibióticos que pudessem tratar infecções secundárias provocadas por bactérias, por exemplo. Ecoam entre os infectologistas pandemias históricaspix bet265influenza, como apix bet2651918, que matou pelo menos 50 milhõespix bet265pessoas no mundo (só a Índia perdeu 16 milhõespix bet265vidas), muitas delas adultos jovens, entre 20 e 40 anos.

O centenário do que foi chamado "o maior Holocausto médicopix bet265todos os tempos" tem sido lembrado mundo afora. O site do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência do Departamentopix bet265Saúde americano, traça uma linha do tempo do vírus casada com a da Primeira Guerra Mundial.

A concentraçãopix bet265pessoas no mesmo lugar e o movimento global das tropas contribuíram sobremaneira para espalhar o patogênico. Somente nos Estados Unidos, morreram 675 mil habitantes por causa da moléstia. O víruspix bet265questão já era o H1N1 - embora provavelmente um pouco diverso do que circula hojepix bet265dia.