Pesquisa revela aumentobetano apostas baixaroperações e mortesbetano apostas baixarfavelas do Rio após assassinatosbetano apostas baixarpoliciais:betano apostas baixar

"A polícia deveria ser a instituição que encerrasse o ciclobetano apostas baixarviolência, mas ela perpetua", afirmou,betano apostas baixarentrevista à BBC Brasil. "A consequênciabetano apostas baixaruma morte fica para toda a unidade. Não se olha para o policial que dividia uma rotina com o morto, ou para aquele que estava presente na ocorrência ou foi ferido. Normalmente este policial é aquele colocadobetano apostas baixaruma operação no dia seguinte, tendo até mesmo a folga cassada".

Os dados foram apresentadosbetano apostas baixar2017 pela pesquisabetano apostas baixarmestradobetano apostas baixarCoelho na Universidade Estadual do Riobetano apostas baixarJaneiro. Por meiobetano apostas baixartécnicas estatísticas, o cálculo foi feitobetano apostas baixarforma a neutralizar os efeitos da violência local nos números - evitando que os resultados reflitam, por exemplo, simplesmente o fatobetano apostas baixaruma área ser mais violenta.

Tropas nas ruas

Segundo Coelho, diantebetano apostas baixarmortesbetano apostas baixaragentes, a resposta mais comumbetano apostas baixarcomandantes da PM do Rio é promover operações nas ruas e reforçar o efetivo na área. Para fazer isso, lançam mãobetano apostas baixarforças como Batalhãobetano apostas baixarOperações Policiais Especiais (BOPE) e o Batalhãobetano apostas baixarChoque (BPChq). Enquanto isso, alternativas consideradas mais eficientes pela pesquisadora não costumam ser colocadasbetano apostas baixarprática: investigações sobre o assassinato e ações integradasbetano apostas baixarprevenção e inteligência.

A partir da entrevista com 32 policiais, Coelho identificou uma ideiabetano apostas baixarque é preciso "medir forças".

"A lógica é abetano apostas baixarque é preciso dar uma resposta à morte do policial: se atacaram a polícia, ela tem força para responder. Tenho cuidadobetano apostas baixarfalarbetano apostas baixarvingança, pois isso daria a impressão que seria uma ação pontualbetano apostas baixaralguns policiais. Mas estamos falandobetano apostas baixarum modo institucionalbetano apostas baixaragir da polícia, uma dinâmicabetano apostas baixarviolência da qual ela participa", diz a pesquisadora.

Um levantamento feito pela BBC Brasil mostra que,betano apostas baixar2018, operações policiais subsequentes às mortesbetano apostas baixarpoliciais seguiram acontecendo.

Segundo a PM do Rio, no primeiro trimestrebetano apostas baixar2018, 32 policiais perderam a vida violentamente. A instituição não divulga os nomes destas vítimas mas, segundo um levantamento da reportagem nos sites da corporação ebetano apostas baixarveículos da imprensa, pelo menos 12 deles morrerambetano apostas baixarserviço.

Destas mortes, oito foram sucedidas,betano apostas baixarmenosbetano apostas baixarsete dias, por operações onde o agente perdeu a vida (Lagomar,betano apostas baixarMacaé; Morro da Coca-Cola,betano apostas baixarArraial do Cabo; Gogó da Ema,betano apostas baixarBelford Roxo; e, na capital,betano apostas baixarBarros Filho, Andaraí, Rocinha e Costa Barros).

Das oito operações, três tiveram como motivação a busca pelos assassinos dos policias,betano apostas baixaracordo com comunicados da própria corporação. E três delas resultarambetano apostas baixarmortesbetano apostas baixarcivis.

Foi o caso das ações que se seguiram ao assassinatobetano apostas baixarum cabobetano apostas baixar9betano apostas baixarjaneiro, na comunidadebetano apostas baixarLagomar, na cidade fluminensebetano apostas baixarMacaé. Um comunicado no site da PM naquele dia explicitou que a ação pretendia "identificar e prender os criminosos da comunidade Lagomar" que "assassinaram o cabo". Alémbetano apostas baixarcolegas do batalhãobetano apostas baixarque trabalhava o policial morto, a ação teve o reforçobetano apostas baixaroutros três batalhões e usobetano apostas baixarhelicópteros.

À BBC Brasil, a PM afirmou, por meiobetano apostas baixarnota, que "crimes cometidos contra agentes da lei são considerados hediondos e atentam contra o Estado Democráticobetano apostas baixarDireito". A corporação disse ainda que "o citado crime sempre será enfrentado com o maior rigor possível, sempre observando a técnica policial, evitando assim efeitos colaterais (...) Em 2017 tivemos o número absurdobetano apostas baixar135 policiais militares mortosbetano apostas baixarrazãobetano apostas baixarser policial".

Custos psicológicos

Terine Husek Coelho acredita, no entanto, que a Polícia Militar do Rio está falhandobetano apostas baixarlidar com os efeitos colaterais deste ciclobetano apostas baixarviolência.

No grupobetano apostas baixar32 policiais entrevistados na pesquisa, apenas um terço foi atendido por um psicólogo. Em vezbetano apostas baixarreceberem este tipobetano apostas baixarassistência, policiais que acabarambetano apostas baixarperder um colega frequentemente vão às ruas no dia seguinte. De acordo com Coelho, o estresse se torna uma "bomba" que estoura na operação policial.

"Que tipobetano apostas baixarsegurança você está gerando ao colocar um policial nestas condições na rua? Encontrei, por exemplo, um policial que foi ferido duas vezes no mesmo mês", aponta a pesquisadora.

Nas entrevistas, Coelho se deparou com policiais que não tinham com quem conversar sobre a dorbetano apostas baixarperder um colegabetano apostas baixarserviço. É o que se nota no depoimentobetano apostas baixarum sargento à pesquisadora:

"Eu não consigo imaginar outra situação mais forte do que essa. (...) Eu não acho que tenha uma situação pior. Eu lembro daquele diabetano apostas baixardetalhes, se eu fechar o olho, eu lembro. Eu vi os olhos do M. perdendo o brilho. Você já viu isso? Ele disse: - 'Ai, tá doendo'. Eu olhei para ele, e a íris dele foi apagando. Eu vi quando ele morreu. Sabe o que é viver isso? Você não consegue ter ideia".

Perguntada sobre a assistência psicológica oferecida a seus agentes, a PM afirmoubetano apostas baixarnota que presta assistência psicológica e que "não conseguimos parar o policial que conhece um outro policial que morreubetano apostas baixarcombate sob penabetano apostas baixarcaso seja adotada essa medida acabar por retirar um efetivo considerável das ruas, algo que prejudicaria muito a sociedade e a própria Policia Militar que também é cliente do serviço que presta à população".

Alternativas

Um majorbetano apostas baixaruma Unidadebetano apostas baixarPolícia Pacificadora (UPP) também expressou,betano apostas baixarentrevista dada a Coelho, a priorização da colocada das operaçõesbetano apostas baixardetrimento do encaminhamento a outras formasbetano apostas baixarassistência.

"Geralmente quando acontece algo contra os policiais, ou atiram contra a gente, eu gostobetano apostas baixardar uma pronta-resposta, um dia ou dois dias depois no máximo. Gostobetano apostas baixarfazer uma operaçãobetano apostas baixarmáximo porte, para apreender algo, prender gente. Para mostrar para tropa que se nos atacarem não vai ficar sem resposta", afirmou o major na pesquisa.

Frequentes, mas tecnicamente questionáveis. Assim o coronel Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da PM do Rio e pesquisador do Laboratóriobetano apostas baixarAnálise da Violência da UERJ, enxerga o recorrente usobetano apostas baixaroperações - não só subsequentes a mortesbetano apostas baixarseus agentes, mas tambémbetano apostas baixaroutras situações como denúncias da imprensa.

"Uma operação implicariabetano apostas baixarplanejamento, uso da inteligência... Mas o que ocorre é uma deturpação. Na Constituição, a função da PM é fazer o policiamento preventivo, ostensivo", aponta Rodrigues.

"Você esgota todo o esforçobetano apostas baixaruma polícia que deveria serbetano apostas baixarpatrulhamento. Os policiais se lançambetano apostas baixaruma empreitada arriscada para eles e para a população".

'Pagando com o próprio sangue'

Julita Lemgruber, coordenadora do Centrobetano apostas baixarEstudosbetano apostas baixarSegurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, destaca que é preciso lembrar tambémbetano apostas baixarreações extraoficiais às mortesbetano apostas baixarpoliciais - que tem chacinas como abetano apostas baixarVigário Geral como exemplo. Em 1993, quatro policiais militares foram assassinados por traficantesbetano apostas baixaruma emboscada na comunidade no Riobetano apostas baixarJaneiro; no dia seguinte, PMs encapuzados e fortemente armados voltaram a Vigário Geral e mataram 21 pessoas.

Já no caso das operações, Lemgruber enxerga uma "clara característica"betano apostas baixarreação às mortesbetano apostas baixarpoliciais que leva a uma cadeia "perigosa"betano apostas baixarretaliações entre as corporações e o crime.

"Temos que lamentar profundamente qualquer morte, tantobetano apostas baixarvítimas da violência policial comobetano apostas baixarpoliciais. É lamentável que policiais morram como morrem no Rio e não haja indignação", diz Lemgruber. "Mas arquitetar uma estratégiabetano apostas baixarvingança é uma barbárie. A confiança da população na polícia se rompe".

O ativista Davison Coutinho, morador da Rocinha, classifica a comunidade hoje como um "grande abatedouro" diantebetano apostas baixaruma sequênciabetano apostas baixaroperações policiais desde que a presença da corporação foi reforçada ali, a partirbetano apostas baixarsetembrobetano apostas baixar2017. Coutinho diz que, quando um policial morre na comunidade, os moradores já esperam que ações violentas da polícia aumentem - como, para ele, aconteceu na escalada que acabou resultando nas mortes do último dia 24.

"A gente sabia que haveria retaliação. Os moradores estão pagando com o próprio sangue a morte do policial", aponta o ativista. "Os últimos seis meses forambetano apostas baixarconfronto a todo momento na Rocinha. Já está mais que comprovado que este combate não dábetano apostas baixarnada, somentebetano apostas baixarmortes".