Por que a recuperação da economia não atenua a rejeição recorde a Temer?:login b2xbet

Rodrigo Maia, Temer e Henrique Meirelles
Legenda da foto, Melhora nos indicadores praticamente não surtiu sobre o desempenhologin b2xbetTemer e daqueles ligados ao governo nas pesquisaslogin b2xbetintençãologin b2xbetvoto | Foto: Ag. Brasil

A economia está melhor - mas para quem?

Grosso modo, metade do crescimento da economia do ano passado veio da agropecuária, pontua Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA Consultores - ou seja, praticamente 0,5 ponto percentual do crescimentologin b2xbet1% veio do setor.

O agro responde por apenas 5% do PIB, diz Sampaio. Se contabilizada toda a cadeia - desde a logísticalogin b2xbetescoamento da produção até seu beneficiamento pela indústria alimentícia -, o peso sobe para 15%.

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Legenda da foto, Entre 2015 e 2017 país perdeu maislogin b2xbet3 milhõeslogin b2xbetempregos com carteira assinada

Conforme os dados do IBGE, esse componente do PIB cresceu 13% no ano passado, o maior percentual desde o início da série histórica, que começalogin b2xbet1998.

Isso significa que parte importante do impacto positivo da "riqueza" gerada pela economia no período - criaçãologin b2xbetemprego, aumentologin b2xbetconsumo - ficou mais concentrado no interior do que nas grandes capitais, por exemplo, onde a maioria da população vive.

"Foi um anologin b2xbetrecuperação bastante assimétrica", ele pondera.

O fator-chave para explicar a "sensaçãologin b2xbetcrise" que ainda predomina para milhõeslogin b2xbetbrasileiros, contudo, é o mercadologin b2xbettrabalho, acrescenta Marcel Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileirologin b2xbetEconomia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Apesarlogin b2xbeta taxalogin b2xbetdesemprego ter recuado gradativamente entre março, quando atingiu 13,7%, e dezembro, quando chegou a 11,8%, seu nível continua elevado.

Foram,login b2xbetmédia, 12,3 milhõeslogin b2xbetdesempregados, 12,7% da forçalogin b2xbettrabalho, conforme a Pesquisa Nacional por Amostralogin b2xbetDomicílios (Pnad) Contínua referente a 2017. Em janeiro, conforme divulgado ontem pelo IBGE, a taxa cresceu para 12,2% - segundo economistas, o início do ano é um períodologin b2xbetque tradicionalmente há uma procura maior por trabalho e, por isso, o desemprego geralmente aumenta.

"A taxalogin b2xbetdesemprego é a variável econômica que mais impacta na vida da população, mais até que a inflação", ressalta Balassiano.

A economia chegou a gerar emprego no ano passado - vagas precárias, entretanto. Foram 263 mil novos postos, aindalogin b2xbetacordo com a Pnad Contínua,login b2xbetmeio a uma médialogin b2xbet90,6 milhõeslogin b2xbetbrasileiros empregados. Desse total, apenas 34,2 milhões tinham carteira assinada, 950 mil menos do quelogin b2xbet2016.

De acordo com o Cadastro Gerallogin b2xbetEmpregados e Desempregados (Caged), uma outra pesquisa que acompanha o mercadologin b2xbettrabalho (e contabiliza apenas as contratações e demissões com carteira assinada), mostra quadro semelhante. Em 2017, foram fechados 20,3 mil postos, o terceiro ano consecutivologin b2xbetsaldo negativo. No biênio 2015-2016, o país cortou 3 milhõeslogin b2xbetempregos formais.

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Legenda da foto, Rendimentos têm crescidologin b2xbettermos reais mais por causa da queda da inflação do que pelos reajustes salariais - cenário que também influencia a "sensação térmica" do brasileirologin b2xbetrelação à economia

"As pessoas se esquecem do tamanho do tombo", pontua Christopher Garman, diretor para América Latina da consultoria Eurasia Group.

Quem está empregado, porlogin b2xbetvez, tem visto a renda aumentar, mas essa alta se deve muito mais à queda da inflação, que eleva o poderlogin b2xbetcompra, do quelogin b2xbetfato a reajustes maiores nos salários - mais um fator que tem impacto sobre a "sensação térmica" do brasileirologin b2xbetrelação à economia.

Em 2017, a inflação acumuladalogin b2xbet12 meses recuoulogin b2xbet5,35% para 2,95% entre janeiro e dezembro. Quem teve correção do salário pelo IPCA no início do ano, por exemplo, viu os rendimentos crescerem cercalogin b2xbet5%, enquanto, no decorrer do ano, o aumento dos preços foi perdendo ritmo, aumentandologin b2xbetmenor velocidade.

Voto econômico x voto ideológico

"Quão boa tem que estar a situação para as pessoas reconhecerem que ela está boalogin b2xbetfato?", pondera o cientista político Adriano Codato, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

No ano passado, ele lembra, o salário mínimo - com "valor simbólico importante" - teve a menor correçãologin b2xbet24 anos, passandologin b2xbetR$ 937 para R$ 954, a contalogin b2xbetluz aumentou, com reajuste no valor das bandeiras tarifárias, e a gasolina ficou mais cara.

"A melhora da economia ainda não aparece na ponta. Os indicadores macroeconômicos não necessariamente se refletem na vida das pessoas."

Cofrinho remendado

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'As pessoas se esquecem do tamanho do tombo', diz Garman, da Eurasia

A correlação entre economia e preferências eleitorais é observada na grande maioria dos países, diz Codato,login b2xbetmaior ou menor grau.

No Brasil, um paíslogin b2xbetrenda média, muito desigual e com parcela significativa da população vulnerável, a maioria escolhe seus candidatoslogin b2xbetfunção do momentologin b2xbetque vive, da percepção que tem do governo, ele afirma, referindo-se ao que a ciência política batizoulogin b2xbetteoria do voto econômico.

O chamado voto ideológico, acrescenta ele, que é coordenador do Observatóriologin b2xbetElites Políticas e Sociais do Brasil, fica restrito ao topo da pirâmide - funcionários públicos e classes mais altas - e aos jovens. "São votoslogin b2xbetextremoslogin b2xbetvários graus."

Nas eleições presidenciaislogin b2xbet1998, exemplifica Codato, o PSDB venceu com folga no Nordeste e reelegeu Fernando Henrique Cardoso, que ainda colhia os frutos da implementação do Plano Real elogin b2xbetprogramas assistenciais. Quatro anos depois, contudo, após uma crise fortelogin b2xbet2002, o Nordeste votou no PT e elegeu Lula pela primeira vez.

Eleitores irritados

Além da recuperação lenta, o país atravessalogin b2xbet2018 um momento histórico particular, diz Fiona Mackie, diretora regional para a América Latina da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU).

"O Brasil vive um verdadeiro terremoto político", ilustra a cientista política, para justificar por que a "regra"login b2xbetque o pragmatismo costuma prevalecer entre os eleitores quando a economia vai bem - levando-os a optar por candidatos governistas oulogin b2xbetcentro - pode não funcionar neste ano.

A misturalogin b2xbetrecessão com a multiplicação dos casoslogin b2xbetcorrupção que se tornaram públicos nos últimos anos despertaram nos brasileiros revolta contra a classe política. "Existe um graulogin b2xbetdesencanto profundo com o establishment político", ressalta Garman, da Eurasia.

Para ele, a situação é exacerbada por um outro fator: a frustraçãologin b2xbetuma nova classe média - forjada na primeira década dos anos 2000 - que não viu suas demandas por serviços públicoslogin b2xbetmelhor qualidade serem atendidas e que assistiu à recessão diminuir seu padrãologin b2xbetvida.

"O que o eleitor quer não é a manutenção do status quo e nem a agenda econômica desse governo", diz o cientista político. "Temer é mal vistologin b2xbetforma geral, não é carismático, não foi eleito diretamente, assumiu com índicelogin b2xbetaprovação já muito baixo. Há uma relação bem fundamentada (entre economia e eleições), mas essa recuperação não deve favorecer um candidato governista", reforça.

Sinais melhores

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Legenda da foto, No último trimestre do ano passado, economia cresceu 2,1%

Ainda assim, os números do PIB referentes ao último trimestre do ano passado trazem sinais melhores.

Ajudado pela queda da inflação e dos juros, o consumo das famílias ganhou fôlego e avançou 2,6% sobre o quatro trimestrelogin b2xbet2017 e 0,1%login b2xbetrelação ao trimestre imediatamente anterior - se firmando como potencial indutor do crescimentologin b2xbet2018.

A indústria teve seu melhor desempenho no ano, com altalogin b2xbet0,5%login b2xbetrelação aos três meses imediatamente anteriores elogin b2xbet2,7% sobre o mesmo período do ano passado, e os investimentos esboçaram reação - cresceram 2% na comparação com o terceiro trimestre e 3,8% sobre outubro-dezembrologin b2xbet2016.

O retrato da economia no fim do ano passado, diz Balassiano, do Ibre-FGV, reflete a composição da reação que se espera para este ano. Com um crescimento mais disseminado, a estimativa da instituição aponta crescimentologin b2xbet2,9% para o PIBlogin b2xbet2018.

"A perspectiva para este ano élogin b2xbetdesafogo", diz Sampaio, da LCA, que projeta altalogin b2xbet2,8% para o produto. Entre os fatores que favorecerão a economia nos próximos meses estão a inflação ainda comportada, os juros baixos - que devem cada vez mais aparecer nas taxas cobradas à pessoa física e estimular o consumo - e a perspectivalogin b2xbetque o governo possa investir um pouco mais, ajudado pelas surpresas positivas com a arrecadação.

O desemprego, entretanto, quelogin b2xbetgeral reagelogin b2xbetforma defasada ao crescimento, deve se manter alto. Depoislogin b2xbetatingir 12,2%login b2xbetjaneiro, a taxa recuaria apenas para 10,9% no fimlogin b2xbet2018 e para 10,1% no fimlogin b2xbet2019, conforme as estimativas do Ibre-FGV.