Nós atualizamos nossa Políticaboleto sportingbetPrivacidade e Cookies
Nós fizemos importantes modificações nos termosboleto sportingbetnossa Políticaboleto sportingbetPrivacidade e Cookies e gostaríamos que soubesse o que elas significam para você e para os dados pessoais que você nos forneceu.
'Carrego seu filho por R$ 100 mil': o mercado online da barrigaboleto sportingbetaluguel:boleto sportingbet
A práticaboleto sportingbetbarrigaboleto sportingbetaluguel - ou gestaçãoboleto sportingbetsubstituição - só é regulamentada pelo Conselho Federalboleto sportingbetMedicina (CFM) quando não possui fins lucrativos. Em casoboleto sportingbetparentescoboleto sportingbetaté quarto grau entre a gestante e o casal ou a pessoa que ficará com o bebê, não é necessária autorização. Se não houver parentesco entre as partes, é preciso que a gestação seja autorizada pelo Conselho Regionalboleto sportingbetMedicina (CRM).
Esse tipoboleto sportingbetgestação é viabilizado via fertilização in vitro, para que os materiais genéticos não sejam da gestante. O óvulo e o espermatozoide utilizados podem ser dos pais que ficarão com o bebê ou obtidosboleto sportingbetbancosboleto sportingbetdoadores anônimos.
Conforme resolução publicada pelo CFM no ano passado, caso envolva dinheiro, a barrigaboleto sportingbetaluguel é considerada criminosa - o argumento éboleto sportingbetque, constitucionalmente, é proibido no país trocar órgãos ou tecidos por dinheiro. A prática pode culminarboleto sportingbetpenasboleto sportingbettrês a oito anosboleto sportingbetprisão, alémboleto sportingbetmulta. As punições são aplicáveis aos pais ou à mulher que gerou a criança.
A despeito disso, diversas mulheres se oferecem como barrigaboleto sportingbetaluguelboleto sportingbetpáginas e gruposboleto sportingbetredes sociais - o maior deles, no Facebook, possui 3,3 mil membros. Cobra-seboleto sportingbetR$ 15 mil a maisboleto sportingbetR$ 100 mil, alémboleto sportingbetdespesas com a gravidez e estada quando necessário.
Grande parte das mulheres que anunciam a si mesmas nas redes sociais demonstra ter conhecimentoboleto sportingbetque a prática é considerada ilegal no Brasil. Para elas, a barrigaboleto sportingbetaluguel não deveria ser criminalizada.
"É triste que seja considerado crime, porque não vejo problemas. As pessoas estão pagando para a gestante, por ela colocar a vidaboleto sportingbetrisco. Enquanto os pais realizam o sonhoboleto sportingbetter o bebê, a barrigaboleto sportingbetaluguel também precisa receber algoboleto sportingbettroca", argumenta Isabel.
"(Eu e o casal contratante) não queríamos correr o riscoboleto sportingbeto Conselhoboleto sportingbetMedicina não aprovar, então optamos por não solicitar a permissão. Mas não vejo como algo errado o que estou fazendo. São apenas pessoas querendo ajudar as outras, cada uma daboleto sportingbetforma."
Recompensa financeira
A carioca Juliana* trabalha como atendenteboleto sportingbetuma redeboleto sportingbetlanchonetes e se ofereceu para o procedimento para conseguir reformar a casaboleto sportingbetque mora com o marido e os filhos.
"Eu não tenhoboleto sportingbetonde tirar dinheiro. Não trabalho com carteira assinada, e o salário que ganho é apenas para a gente se manter. Meu marido não está trabalhando, então a nossa situação está complicada", diz.
Juliana teve cinco filhos. Sem condições financeiras para criá-los, ela entregou duas crianças para adoção. Depois, tentou fazer laqueadura pelo Sistema Únicoboleto sportingbetSaúde (SUS), mas o procedimento somente é permitido para mulheres com maisboleto sportingbet25 anos (ela tem 24). "Então, decidi tentar gerar o filhoboleto sportingbetoutras pessoas, porque precisoboleto sportingbetdinheiro", comenta.
A atendente planeja cobrar R$ 30 mil pelo procedimento, caso apareça algum interessado. "É um preço que considero justo."
Entre aqueles que buscam uma barrigaboleto sportingbetaluguel nas redes sociais, há tanto solteiros quanto casais homossexuais e heterossexuais.
O paulistano Augusto* está casado há dez anos e decidiu procurar uma barrigaboleto sportingbetaluguel porqueboleto sportingbetmulher tem problemasboleto sportingbetsaúde que a impedemboleto sportingbetengravidar. "Já encontrei algumas mulheres, mas ainda estamos avaliando para decidir qual delas fará a gestação do nosso filho", diz. Ele prefere não dizer o quanto está disposto a pagar.
Nos grupos, há mais postagensboleto sportingbetmulheres se oferecendo como barrigaboleto sportingbetaluguel do queboleto sportingbetpessoas interessadasboleto sportingbetpagar. "Muitas pessoas me procuraram, mas eu não sentia segurança", diz Isabel. "Há muita gente mal-intencionada nesse meio, por isso é importante estar atenta. Também existem algumas mulheres que se oferecem como barrigaboleto sportingbetaluguel mas não passam confiança, e isso prejudica as outras", acrescenta.
Ela só sentiu confiança mesmo com o casalboleto sportingbetSão Paulo para o qual ela fará a barrigaboleto sportingbetaluguel. "Há maisboleto sportingbetdez anos eles estudavam essa possibilidade, porque a mulher teve complicações durante o parto do filho deles e precisou retirar o útero. O casal entrouboleto sportingbetcontato comigo e dias depois me chamou para fazer os examesboleto sportingbetuma clínica, para ver se eu poderia engravidar. A partirboleto sportingbetentão, percebi que era algo seguro."
Juliana afirma que, desde que publicou seu anúncio, passou a receber diversas mensagens no Facebook e no WhatsApp. "Ninguém se interessou,boleto sportingbetfato, ainda. Eu até conversei com um casal, mas não confiei muito, porque estava tudo muito fácil. Eles estavam aceitando todas as condições que eu impunha. No fim, acabou não indo adiante."
Em alguns casos, as mulheres afirmam terem sido lesadas. A mineira Laura*,boleto sportingbet24 anos, que quer usar o dinheiro da barrigaboleto sportingbetaluguel para pagar a faculdadeboleto sportingbetenfermagem, chegou a gastar R$ 500boleto sportingbetexames que comprovassem que está apta a engravidar. Mas o interessado no procedimento desapareceu.
Mãeboleto sportingbetum garotoboleto sportingbetquatro anos, ela chegou a desanimar com o prejuízo, mas não desistiu. "Se me pagarem os R$ 80 mil que eu peço e eu sentir confiança, posso fazer. Caso contrário, não faço mais."
Além das mulheres que utilizam a barrigaboleto sportingbetaluguel para fins lucrativos, há também, emboraboleto sportingbetmenor quantidade, aquelas que se oferecem como barriga solidária - ou úteroboleto sportingbetsubstituição - e afirmam que não pretendem cobrar pela gestação. Apenas pedem que os interessados paguem os custos da gravidez.
"O meu objetivo é ajudar um casal a realizar o sonhoboleto sportingbetter filhos", afirma uma jovem.
Mas há quem duvide dessas intenções delas. "Eu acho que isso é fachada - pode até existir, mas é bem raro. Muitas que se dizem barrigas solidárias acabam cobrando. Ninguém vai passar por um risco desses,boleto sportingbetgraça, por um completo desconhecido", diz Isabel.
Em razão do valor cobrado pelas mulheres, considerado alto por quem busca o procedimento, e da insegurança, por ser uma prática ilegal, os casos concretizados costumam ser poucos. "Conheço um ou outro caso que deu certo. Além disso, não são muito divulgados", conta uma das participantes do grupo.
A gravidez
Enquanto se prepara para ser fertilizada, Isabel tem ingerido dosesboleto sportingbetácido fólico para auxiliar na gravidez. Antesboleto sportingbetpassar pela fertilização in vitroboleto sportingbetuma clínica paulistana, a jovem também deverá tomar injeçõesboleto sportingbethormônios para preparar o útero e aumentar as chancesboleto sportingbeto procedimento dar certo.
A clínica e os médicos responsáveis por acompanhá-la não sabem que se trataboleto sportingbetuma barrigaboleto sportingbetaluguel. Para evitar suspeitas, ela costuma comparecer sozinha às consultas e exames. "Algumas vezes o pai da criança pede para me acompanhar. Eu me apresento como mulher dele", diz.
A professora também tem recebido acompanhamento psicológico. "Eles (casal) pediram que eu fizesse essas sessões para compreender que a criança não vai ficar comigo depois que nascer. Eu já tenho isso resolvido comigo e sei que não haverá problemas depois do nascimento", afirma.
Isabel tem sido sustentada financeiramente pelo casal. Entretanto, evita a proximidade. "Eles têm me apoiado e disseram que vão me ajudar a pagar um curso técnico que pretendo fazer, para eu não ficar parada durante a gravidez. Eles sempre querem saberboleto sportingbettudo, como está a minha saúde e como estão sendo meus dias. Mas a gente está optando por manter certo afastamento, porque encaro isso como uma relação profissional."
Procedimento ilegal
A resolução publicada pelo CFM no ano passado - na qual é destacada a criminalização da barrigaboleto sportingbetaluguel com fins lucrativos - foi considerada mais branda que asboleto sportingbetperíodos anteriores. O texto passou a permitir que parentesboleto sportingbetterceiro ou quarto grau (tia, sobrinha ou prima) possam gerar as crianças. Nos decretos anteriores, somente familiaresboleto sportingbetaté segundo grau - mãe, filha, avó ou irmã - poderiam ser úteroboleto sportingbetsubstituição.
Diretor da Sociedade Brasileiraboleto sportingbetReprodução Assistida (SBRA) e membro do CFM, o ginecologista Adelino Amaral Silva destaca que a gestaçãoboleto sportingbetsubstituição somente é permitida a casais heterossexuais quando há um problema médico que impeça a gravidez da mulher. Outros casos nos quais também são permitidos os procedimentos sãoboleto sportingbetunião homoafetiva ou pessoa solteira - esta última passou a ser permitida na resoluçãoboleto sportingbet2017.
"Quando o úteroboleto sportingbetsubstituição seráboleto sportingbetuma pessoa com laços familiares até quarto grau com a mulher ou com o homem, não é necessária a autorização. Caso não seja, a pessoa tem que fazer uma petição ao Conselho Regionalboleto sportingbetMedicina local, que vai constituir um processo para analisar todos os dados e definir se autoriza ou não o procedimento", explica.
Segundo ele, o principal objetivo é evitar vínculos comerciais. "No Brasil, pela Constituição é proibido ceder órgãos, tecidos ou células com remuneração. Estamos prevenindo essa prática", pontua.
O CRM avalia diversos critérios, entre eles a comprovaçãoboleto sportingbetque não há parentes que possam ceder o útero para a pessoa interessada.
"Se a mulher que ceder o útero for casada, é necessária autorização do marido. Outro item é um parecer clínico, comprovando que ela gozaboleto sportingbetboa saúde, e um parecer psicológico, para comprovar que ela tem condições psicológicasboleto sportingbetsuportar uma gravidez na qual não vai ficar com a criança."
Sob essas condições, o CRM autoriza a gestação. "Mas é importante dizer que o Conselho não tem poderboleto sportingbetpolícia - não vai investigar se tem dinheiro envolvido ou não, porque não é nossa competência. Ele vai avaliar toda a documentação apresentada", acrescenta Silva.
Ele afirma não ter conhecimentoboleto sportingbetcasosboleto sportingbetbarrigaboleto sportingbetaluguel com fins lucrativos que tenham sido relatados ao CFM. Tampouco há dadosboleto sportingbetquantos casos já foram autorizados. "Não é uma prática tão comum. São poucas as mulheres que necessitamboleto sportingbetgestaçãoboleto sportingbetsubstituição."
Segundo a advogada Mariana Turra Ponte, especialistaboleto sportingbetDireitoboleto sportingbetFamília e Sucessões, caso comprovada a transação financeira, os envolvidos podem ser condenados. O médico que participou do procedimento também pode sofrer punição.
"A legislação brasileira tipifica a compra ou vendaboleto sportingbettecidos, órgãos ou partes do corpo humano como o crime e estabelece penaboleto sportingbetreclusãoboleto sportingbettrês a oito anos e multa, o que poderia se aplicar", relata.
O próprio anúncio da barrigaboleto sportingbetaluguelboleto sportingbetredes sociais pode ser considerado ilegal, afirma o advogado criminalista Iberê Bandeiraboleto sportingbetMelo.
"Há pelo menos quatro crimes que podem tipificar essa conduta. Entre eles estão a publicidade enganosa e o estelionato - caso faça a divulgação e não cumpra ou não possa cumprir por conta da ilegalidade. Além disso, esses anúncios também podem ser classificados como apologia ou incitação ao crime."
Em outros países
Há diversos paísesboleto sportingbetque a barrigaboleto sportingbetaluguel com fins lucrativos é permitida legalmente - inclusive para estrangeiros -, entre eles Estados Unidos, Grécia, Ucrânia, Rússia e Albânia.
Algumas empresas comercializam a prática nesses países, a custos que variamboleto sportingbetUS$ 65 mil a US$ 150 mil.
Gerenteboleto sportingbetuma empresa israelense que comercializa a barrigaboleto sportingbetaluguel há dois anos e meio no Brasil, Bruna Alves relata que os procedimentos acontecem conforme a legislaçãoboleto sportingbetcada país.
"Antesboleto sportingbeta gestação ser aprovada, ela passa por um processoboleto sportingbetavaliação, para que ocorra tudoboleto sportingbetmodo legalizado. Em alguns casos, como na Ucrânia, esse procedimento é feito presencialmente, e o casal deve ir ao país. Mas nos Estados Unidos, por exemplo, pode ser feito online", explica.
A escolha do país onde o bebê será gerado depende do perfil do casal e das imposições da legislação local. "Por exemplo, nos Estados Unidos é permitido que qualquer tipoboleto sportingbetcasal ou pessoa solteira, independente da sexualidade, faça o processo. Já a Ucrânia aceita somente heterossexuais que são casados no civil", relata Alves.
Como é a opção mais barata, a Ucrânia é a mais procurada por brasileiros, agrega.
O material genético pode ser dos pais ouboleto sportingbetdoadores anônimos. "Nunca utilizamos os óvulos da mulher que vai gerar o bebê."
Segundo Alves, há países que permitem contato entre a barrigaboleto sportingbetaluguel e os futuros pais. "Tem um casal do Rioboleto sportingbetJaneiro que passou o Ano Novo com a grávida, nos EUA. Mas essa questão é mais cultural, porque na Ucrânia, por exemplo, a língua acaba impedindo o contato entre os brasileiros e a mulher."
A empresa israelense possui atualmente 42 processosboleto sportingbetgestaçãoboleto sportingbetcurso - ela cobraboleto sportingbetUS$ 65 mil a US$ 110 mil por um pacote que inclui todos os procedimentos, cujo preço variaboleto sportingbetacordo com o país escolhido. Segundo Alves, já foram realizados 35 nascimentos desde que a multinacional chegou ao Brasil. Em alguns casos, a gravidez acaba não indo adiante, mas ela diz que são permitidas novas tentativas, "até que nasça um bebê com vida".
A advogada Mariana Turra ressalta que os pais que utilizam a barrigaboleto sportingbetaluguel no exterior não costumam encontrar problemas ao registrar a criança no Brasil. "Conforme a Constituição, os filhosboleto sportingbetbrasileiros nascidos no exterior são brasileiros e deverão ser registradosboleto sportingbetrepartição consular do país. A certidão consularboleto sportingbetnascimento será posteriormente registradaboleto sportingbetcartório."
No entanto, já houve imbróglios. "O consultado brasileiro no México, por exemplo, recusou-se a registrar o filhoboleto sportingbetum casal homoafetivo brasileiro, gerado por barrigaboleto sportingbetaluguel, argumentando que a lei aplicável é a mexicana, que só permite o registro da criançaboleto sportingbetnome do pai biológico. Nesses casos, o registroboleto sportingbetnomeboleto sportingbetambos os pais dependeráboleto sportingbetmedida administrativa ou judicial a ser proposta no Brasil", conta.
O sonho da maternidade
Tanto o custo da barrigaboleto sportingbetaluguel internacional quanto os valores cobrados pelas mulheresboleto sportingbetredes sociais surpreenderam a vendedora Fernanda*,boleto sportingbet21 anos. "Tenho dificuldades para engravidar e queria realizar esse sonho logo, mas os valores são absurdos", declara. Ela acabou decidindo fazer tratamento para engravidar.
Isabel acredita que a barrigaboleto sportingbetaluguel acaba sendo vista como a única alternativa para muitas pessoas. "Muitos casais não encontram parentes que possam ajudá-los, nem pessoas que aceitem passar por isso sem receber nada. Então, o que resta é pagar pelo procedimento no Brasil, porque ainda é,boleto sportingbetmuitos casos, um valor menor do que aquele que pagariamboleto sportingbetoutros países", diz.
Ela afirma estar ciente dos riscos. "Estou tendo acompanhamento médico, mas sei que podem acontecer complicações, na gravidez ou no parto. Mas decidi arriscar. Eu vou cuidar da criança como se fosse minha, com todo carinho e amor. Sei que é uma situação difícil, mas já estou preparada."
*Nomes fictícios para proteger a identidade dos entrevistados.
Principais notícias
Leia mais
Mais lidas
Conteúdo não disponível