Como o discurso1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro mudou ao longo1xbet handicap 1 (0)27 anos na Câmara?:1xbet handicap 1 (0)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Um conjunto1xbet handicap 1 (0)16 termos, com palavras como 'direitos humanos', 'PT" e 'tortura', tiveram pico no mandato passado1xbet handicap 1 (0)2011 a 2014

Bolsonaro se elegeu deputado pela primeira vez nas eleições1xbet handicap 1 (0)1990. Em seu primeiro mandato como deputado,1xbet handicap 1 (0)1991 a 1994, palavras como "militar", "forças armadas", "benefícios", "salários" e "pensões" apareceram 702 vezes, nos resumos e palavras-chave dos 279 discursos feitos por ele no Plenário da Câmara naquele período. Já no atual mandato,1xbet handicap 1 (0)2015 até agora, o mesmo conjunto1xbet handicap 1 (0)16 palavras só aparece 110 vezes, num conjunto1xbet handicap 1 (0)143 discursos.

Ou seja: conforme ampliava o eleitorado graças à popularidade nas redes sociais, a discussão dos interesses da caserna foi perdendo importância nas falas do político carioca, embora este tema ainda esteja presente na agenda1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro. Em maio, por exemplo, o deputado participou1xbet handicap 1 (0)uma sessão solene1xbet handicap 1 (0)homenagem à Esquadrilha da Fumaça.

Mas, enquanto não via a si mesmo como representante do espectro ideológico1xbet handicap 1 (0)direita, Bolsonaro chegou a ocupar a tribuna da Câmara para tecer elogios à deputada federal Luiza Erundina (hoje no PSOL), então no PSB e sempre reconhecida como um quadro1xbet handicap 1 (0)esquerda.

"Aproveito a oportunidade para,1xbet handicap 1 (0)público, agradecer a Vsa. Exa, deputada Luiza Erundina, pelo que já fez pela classe militar das Forças Armadas enquanto esteve à frente da administração. Tenha a certeza1xbet handicap 1 (0)que não nos esquecemos (...). Na vida pública, precisamos1xbet handicap 1 (0)gente como V. Exa., que olha para todos como brasileiros, independente1xbet handicap 1 (0)estarem fardados ou não (...)", disse ele1xbet handicap 1 (0)121xbet handicap 1 (0)março1xbet handicap 1 (0)1999.

Legenda da foto, Jair Bolsonaro (PSC-RJ) discursa na tribuna da Câmara,1xbet handicap 1 (0)abril1xbet handicap 1 (0)2016 | foto: Nilson Bastian / Câmara dos Deputados

No mesmo discurso1xbet handicap 1 (0)que elogiava a parlamentar, Bolsonaro aproveitou para criticar o regime democrático instalado anos antes.

Com o passar do tempo e aumento1xbet handicap 1 (0)sua projeção nacional, os assuntos corporativos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica recuavam. O tempo1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro na tribuna passou a ser ocupado cada vez mais com assuntos com "apelo" no novo público do deputado, que o conheceu principalmente na internet.

Um outro conjunto1xbet handicap 1 (0)16 termos, com palavras como "direitos humanos", "PT", "tortura", "Cuba", "esquerda" e "gays" tiveram um pico no mandato passado (2011 a 2014). Aparecem 297 vezes nesse período, mas só foram citados 41 vezes no primeiro mandato1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro (1991-1994).

É verdade que as opiniões1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro sobre direitos humanos e1xbet handicap 1 (0)minorias não mudaram tanto ao longo do tempo. São exemplos disso um discurso criticando o grupo Tortura Nunca Mais já1xbet handicap 1 (0)dezembro1xbet handicap 1 (0)1996 (uma das primeiras menções ao tema), ou um outro contrário à demarcação1xbet handicap 1 (0)uma reserva indígena Ianomami1xbet handicap 1 (0)1992.

O que mudou foi a intensidade: estes temas, antes minoritários, ganharam importância, enquanto a defesa1xbet handicap 1 (0)pautas corporativas perdeu espaço.

A estratégia parece ter dado certo: o eleitorado1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro extrapolou o círculo1xbet handicap 1 (0)militares e seus familiares. Em 2014, o deputado foi o mais votado na disputa pela Câmara, com 464 mil votos, segundo dados do Tribunal Superior Eeleitoral.

Um relatório1xbet handicap 1 (0)agosto da empresa1xbet handicap 1 (0)comunicação e pesquisa FSB posiciona Bolsonaro como o parlamentar mais influente nas redes sociais, entre todos os deputados e senadores brasileiros.

No atacado, a pauta militar aparece1xbet handicap 1 (0)longe como a mais importante nos discursos1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro, historicamente. Contando só as palavras-chave, o termo "militar" é o mais citado, com 1054 menções. "Forças Armadas" aparece 300 vezes. Em comparação, o termo "Direitos Humanos" tem apenas apenas 139 aparições.

Legenda da foto, Nuvem1xbet handicap 1 (0)palavras mostrando alguns dos termos que mais aparecem nas palavras-chave

Contra FHC, junto com os petistas

Hoje1xbet handicap 1 (0)dia, Bolsonaro disputa com o ex-presidente Lula (PT) a liderança nas pesquisas1xbet handicap 1 (0)intenção1xbet handicap 1 (0)voto para a eleição1xbet handicap 1 (0)2018. Mas1xbet handicap 1 (0)junho1xbet handicap 1 (0)2002, o militar reformado estava num acordo "tático" com o PT contra José Serra (PSDB), então candidato dos tucanos à sucessão1xbet handicap 1 (0)Fernando Henrique Cardoso. O deputado do Rio já havia apoiado Lula na eleição anterior,1xbet handicap 1 (0)1994, quando Lula perdeu a disputa para FHC.

"Quero louvar a posição do Lula na Comissão1xbet handicap 1 (0)Relações Exteriores (no dia anterior, Lula criticou o tratamento dado aos militares pela gestão FHC). Farei chegar ao conhecimento dos meus vinte mil militares, que forem internautas, da posição do presidenciável (…), para que cada um forme um juízo melhor1xbet handicap 1 (0)como votar. Obviamente, nós fechamos: nenhum militar vai votar1xbet handicap 1 (0)(José) Serra!", disse Bolsonaro1xbet handicap 1 (0)junho1xbet handicap 1 (0)2002.

Depois que Lula assumiu a Presidência, porém, Bolsonaro passou a fazer oposição ao ex-metalúrgico. O perfil1xbet handicap 1 (0)oposicionista se aprofundou mais ainda no primeiro governo1xbet handicap 1 (0)Dilma Rousseff.

Já a birra1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro com Fernando Henrique vem1xbet handicap 1 (0)longe. Há registros1xbet handicap 1 (0)crítica ao ex-presidente tucano desde a época1xbet handicap 1 (0)que FHC ainda era ministro da Fazenda1xbet handicap 1 (0)Itamar Franco, no mesmo ano1xbet handicap 1 (0)1994. Para o carioca, o governo tucano desvalorizou e humilhou os militares,1xbet handicap 1 (0)nome1xbet handicap 1 (0)medidas1xbet handicap 1 (0)austeridade fiscal.

"Ele (FHC), que só sabe pensar com números para atender aos interesses externos, quer criar uma crise nas forças", diz Bolsonaro,1xbet handicap 1 (0)1999.

O nome1xbet handicap 1 (0)FH é mencionado 124 vezes nos resumos e nas palavras-chave das falas1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro. É mais que as menções a Lula (84), mas menos que as citações a Dilma Rousseff (132 vezes).

Legenda da foto, Depois que o PT chegou ao poder, Bolsonaro firmou-se como oposicionista ao partido | foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados

Num vídeo recente publicado em1xbet handicap 1 (0)página do YouTube, Bolsonaro defende o seu direito1xbet handicap 1 (0)mudar1xbet handicap 1 (0)opinião. O deputado respondia a uma reportagem do jornal O Globo sobre1xbet handicap 1 (0)posição contra o plano Real. "Uma votação1xbet handicap 1 (0)20 anos atrás. Logicamente, desses seis itens, alguns eu poderia hoje votar1xbet handicap 1 (0)forma diferente. Quem, 20 anos atrás, faria a mesma coisa hoje?", diz ele.

A reportagem da BBC Brasil tentou contatar o deputado1xbet handicap 1 (0)seu celular e por meio um assessor, mas não houve resposta.

Nióbio é novidade

Na tabela periódica, o nióbio é considerado um "metal1xbet handicap 1 (0)transição". É vizinho do zircônio (Zr) e do molibdênio (Mo). O Brasil detém 98% das reservas do nióbio, cujas aplicações vão desde a produção1xbet handicap 1 (0)peças1xbet handicap 1 (0)automóveis até a indústria aeroespacial. Fundido com o ferro, o nióbio cria uma superliga metálica, mais leve e resistente que o aço, por exemplo.

Para Bolsonaro, o Nióbio poderia representar a redenção da economia brasileira, se fosse devidamente explorado, com o beneficiamento completo do produto1xbet handicap 1 (0)solo nacional. Produtores da liga argumentam que a ideia é fruto1xbet handicap 1 (0)desconhecimento econômico e1xbet handicap 1 (0)mercado, já que não haveria escala ou tecnologia suficientes no Brasil para a implantação1xbet handicap 1 (0)uma cadeia1xbet handicap 1 (0)produção1xbet handicap 1 (0)turbinas1xbet handicap 1 (0)avião, por exemplo, que se utilizam da liga1xbet handicap 1 (0)ferro-nióbio.

A suposta "obsessão" do militar com o produto retoma uma pauta nacionalista que pertencia a Enéas Carneiro (1938-2007), do antigo Prona, e deu origem a uma série1xbet handicap 1 (0)memes sobre o assunto.

Legenda da foto, A liga1xbet handicap 1 (0)ferro-nióbio (esq.), usada na indústria, e o mineral refinado e concentrado

Mas a análise dos discursos1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro mostra que o tema é relativamente recente na pauta do político fluminense. A primeira vez que Bolsonaro tratou do assunto no plenário da Câmara foi1xbet handicap 1 (0)2014. E, até hoje, os termos "nióbio" e "grafeno" só aparecem seis vezes nas ementas e palavras-chave dos discursos.

Em defesa da laqueadura e da vasectomia

Bem mais antiga e consistente é a posição1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro1xbet handicap 1 (0)defesa1xbet handicap 1 (0)uma política1xbet handicap 1 (0)controle da natalidade, por exemplo - o militar reformado defendeu que o governo brasileiro realizasse uma ampla campanha1xbet handicap 1 (0)divulgação e1xbet handicap 1 (0)oferta1xbet handicap 1 (0)procedimentos como a laqueadura (para mulheres) e a vasectomia (para os homens).

Os termos "laqueadura", "controle da natalidade" e "planejamento familiar" aparecem 55 vezes nos resumos,1xbet handicap 1 (0)1991 até 2013.

"Não é1xbet handicap 1 (0)hoje que defendo nesta Casa a necessidade urgente1xbet handicap 1 (0)se ter no Brasil uma rígida política1xbet handicap 1 (0)controle da natalidade. Qualquer ser humano consciente sabe que o combate à fome, à miséria e à violência passa por uma diminuição das grandes concentrações populacionais", disse Bolsonaro1xbet handicap 1 (0)221xbet handicap 1 (0)setembro1xbet handicap 1 (0)1995.

Legenda da foto, Trecho das notas taquigráficas1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro | imagem: Câmara dos Deputados / reprodução

"Pela1xbet handicap 1 (0)coragem, quero agora louvar o excelentíssimo Sr. Presidente do Peru, Alberto Fujimori, que implantou1xbet handicap 1 (0)seu país, como forma1xbet handicap 1 (0)conter a explosão demográfica, a esterilização voluntária", continua o deputado.

O discurso traz ainda críticas à Igreja Católica ("uma das grandes responsáveis pela miséria que graça1xbet handicap 1 (0)nosso meio"), e conclui dizendo que, sem controle populacional, "estaremos nos condenando a sobreviver como se a Terra fosse um grande e desordenado formigueiro".

Fujimori presidiu o Peru entre 1990 e 2000. Foi alvo1xbet handicap 1 (0)críticas generalizadas depois1xbet handicap 1 (0)fechar o Congresso e o Tribunal Constitucional peruano com a ajuda das Forças Armadas1xbet handicap 1 (0)1992. Grupos1xbet handicap 1 (0)direitos humanos também o acusam1xbet handicap 1 (0)ter esterilizado, sem consentimento, mais1xbet handicap 1 (0)300 mil mulheres.

Ao longo dos 27 anos1xbet handicap 1 (0)Congresso, Bolsonaro apresentou três projetos sobre o tema da contracepção. Dois deles,1xbet handicap 1 (0)1993 e 2006, foram arquivados. A terceira, uma proposta1xbet handicap 1 (0)emenda à Constituição1xbet handicap 1 (0)2002, recebeu um parecer favorável1xbet handicap 1 (0)Paulo Maluf (PP-SP)1xbet handicap 1 (0)2015 e aguarda até hoje a criação1xbet handicap 1 (0)uma comissão para estudar o tema.

Legenda da foto, Bolsonaro discursa no plenário da Câmara1xbet handicap 1 (0)2010 | foto: Câmara dos Deputados

A PEC1xbet handicap 1 (0)Bolsonaro determina que o Estado ofereça as cirurgias para todos os interessados, além1xbet handicap 1 (0)promover campanhas educativas sobre o tema. Também proíbe que instituições públicas ou privadas obriguem alguém a realizar os procedimentos.

O deputado também é criticado pela suposta baixa produção legislativa, ao longo1xbet handicap 1 (0)seus mandatos.

Bolsonaro aprovou,1xbet handicap 1 (0)27 anos, dois projetos1xbet handicap 1 (0)lei: um que isenta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) os bens1xbet handicap 1 (0)informática, e outro que autoriza o uso da "pílula do câncer", baseada na fosfoetanolamina sintética, cuja eficácia contra a doença jamais foi provada cientificamente.

Também é o autor da emenda que garante o voto impresso para as eleições1xbet handicap 1 (0)2018 - a aplicação da medida ainda é dúvida, pois o TSE alega não ter recursos para aplicá-la no pleito do próximo ano.