Após dois anos, impacto ambiental do desastrejogar sem baixarMariana ainda não é totalmente conhecido:jogar sem baixar

Rio Doce atingido pela lama e rejeitosjogar sem baixardesastre ambientaljogar sem baixar2015
Legenda da foto, Parte do rejeito, formada por partículas muito finas, permanecejogar sem baixarsuspensão na água e é carregada pelas correntes | Crédito: Fred Loureiro/Secom-ES
Área atingida pela lama no municípiojogar sem baixarMariana
Legenda da foto, A avalanchejogar sem baixarlama matou praticamente todos os peixes do trecho do alto do rio Doce | Foto: Felipe Werneck/Ascom/Ibama

O planojogar sem baixarmanejo do rejeitojogar sem baixarminériojogar sem baixarferro elaborado pela Fundação Renova, que hoje responde pelas açõesjogar sem baixarreparação da mineradora Samarco ejogar sem baixarsuas controladoras, Vale e BHP Billiton, foi aprovado apenasjogar sem baixarjunho deste ano pelo Comitê Interfederativo (CIF). Presidido pelo Ibama, o CIF orienta e valida as decisões da fundação.

O projeto dividiu a área afetadajogar sem baixar17 trechos, que terão soluções diferentes, estudadas caso a caso. Em algumas regiões o rejeito serájogar sem baixarfato removido,jogar sem baixaroutros, serão feitas intervenções corretivas e ele ficará onde está.

Nas áreas agricultáveis dos primeiros 60 km do percurso, por exemplo, a lama será aterrada e coberta por uma camadajogar sem baixarareia, onde os produtores poderão voltar a cultivar.

"Essa é a parte mais otimista da coisa", diz o professor do departamentojogar sem baixarengenharia agrônoma da Universidade Federaljogar sem baixarViçosa (UFV) Carlos Schaefer, cuja pesquisa se concentra nas estratégias para recuperação ambiental do solo dessa região.

Ele estima quejogar sem baixaraproximadamente cinco anos as áreas ribeirinhas do primeiro trecho atingido estarão restabelecidas.

Espécies 'invasoras'

Os pesquisadores concordam que é inviável retirar todo o rejeito que se espalhou ao longo da bacia, mas ponderam que, quanto mais tempo as açõesjogar sem baixarrecuperação demorarem, maior o riscojogar sem baixarque o rio volte a ser contaminado pela lama que ainda está nas margens, especialmente nos períodosjogar sem baixarchuva.

Reservatóriojogar sem baixarCandonga ,jogar sem baixarMariana (MG)
Legenda da foto, Primeira etapa do programajogar sem baixarrecuperação se concentrou nas barragens, para evitar novos desastres. Na imagem, o reservatóriojogar sem baixarCandonga | Foto: Felipe Werneck/Ascom/Ibama

Para evitar que isso acontecesse, diz Schaefer, a recuperação da mata ciliar - a vegetação que recobre as margens do rio e evita que a chuva leve sedimentos para o leito - deveria ter sido priorizada.

A restauração florestal prevista pela Renova,jogar sem baixaracordo com o Ibama, ainda não começou. Por ora, o que estão sendo feitas são ações emergenciais para tentar evitar que a lama desça para o rio, com a plantaçãojogar sem baixargramíneas e leguminosas que teriam a funçãojogar sem baixarmanter a terra mais firme.

Para Carlos Sperber, professor do departamentojogar sem baixarbiologia da UFV, e Frederico Ferreira, ambos do grupo que pesquisa a regeneração da mata ciliar e do habitat aquático do rio Doce, a estratégia pode tornar ainda mais difícil a recuperação da vegetação devastada pela lama. "Essas são espécies 'invasoras' que podem se espalhar pelo curso do rio", pondera Ferreira.

A equipe também monitorajogar sem baixarexpedições periódicas a fauna do alto do rio Doce, mais próxima do local do desastre. A tragédia dizimou todas as 26 espéciesjogar sem baixarpeixes que habitavam aquele trecho, diz Ferreira. "Praticamente todos os peixes morreram durante a avalanche".

Maisjogar sem baixarum ano depois,jogar sem baixarjaneirojogar sem baixar2017, apenas o lambari estavajogar sem baixarvolta. Passados alguns meses, o númerojogar sem baixarespécies subiu para quatro, provavelmente trazidas pelos afluentes.

Agente da Defesa Civil do Espírito Santo conversa com pescadores
Legenda da foto, Pescadores e população ribeirinha foram fortemente afetados | Foto: Fred Loureiro/Secom-ES

A equipe espera ter os primeiros resultados a respeito da saúde dos peixes até o iníciojogar sem baixar2018.

O biólogo Dante Pavan, que faz parte do Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental (Giaia) e percorreu pelo menos duas vezes os maisjogar sem baixar600 km atingidos pela lama, lembra que o rio ficou seis meses sem luz, por causa da dissoluçãojogar sem baixarparte do rejeitojogar sem baixarminériojogar sem baixarferro, que coloriu a águajogar sem baixarlaranja. "Houve quase uma implosão do ecossistema".

Carlos Sperber e Frederico Ferreira ponderam que, ainda que o rejeitojogar sem baixarsi não tivesse uma concentração elevadajogar sem baixarmetais pesados, a avalanchejogar sem baixarlama pode ter levantado muito material contaminado que estava depositado no fundo do rio, frutojogar sem baixarséculosjogar sem baixarexploração da mineração na região, local do primeiro garimpojogar sem baixarouro no Brasil.

Um marjogar sem baixarinterrogações

Essa é uma das hipóteses levantadas para explicar a contaminação por arsênio, chumbo e cádmiojogar sem baixarcamarões e peixes na foz do rio Doce observada pelo Instituto Chico Mendesjogar sem baixarConservação da Biodiversidade (ICMBio) e divulgada pelo Ministério Público Federaljogar sem baixarabril do ano passado.

O impacto do desastre no ambiente marinho também não é totalmente conhecido, diz o geólogo Alex Cardoso Bastos, do departamentojogar sem baixaroceanografia da Universidade Federal do Espírito Santos (UFES). Isso porque a chamada pluma do rejeito - os sedimentos trazidos pelo rio - continuajogar sem baixarmovimento.

Parte da lama, ele diz, se depositou na região da foz, criando uma camadajogar sem baixar3 ou 4 cmjogar sem baixarmaterial no fundo. Em condições normais, o Doce deposita 1 cm no marjogar sem baixarum ano.

Outra parte, muito fina, ficoujogar sem baixarsuspensão na água, está sendo carregada pelas correntes marinhas e pode chegar a regiõesjogar sem baixarecossistemas frágeis, como os corais.

Vistajogar sem baixarAbrolhos (BA)
Legenda da foto, Micropartículasjogar sem baixarferro foram detectadasjogar sem baixarAbrolhos (BA) | Foto: Agência Brasil

"Tem muita coisa ainda para ser diagnosticada, como a situação dos manguezais ao norte e as áreasjogar sem baixarcorais ao sul da foz", diz o geólogo.

Nesse sentido, ele destaca o estudo divulgado recentemente que mostrou a presençajogar sem baixarmicropartículasjogar sem baixarferro no arquipélagojogar sem baixarAbrolhos, habitat das baleias jubarte que chegam ao Brasil, no sul da Bahia.

O rejeitojogar sem baixarminériojogar sem baixarferro tem pelo menos três impactos ambientais na foz, explica o biólogo Ângelo Fraga Bernardino, que também é professor do departamentojogar sem baixaroceanografia da UFES e estuda o impacto do desastre no ecossistema marinho.

A parte mais densa soterra o fundo e prejudica a vida dos organismos que vivem ali, como os bentos. A parcela mais fina, que chega a ter a consistênciajogar sem baixarum gel, diminui a penetraçãojogar sem baixarluz e afeta o processojogar sem baixarfotossíntese do plâncton, ao mesmo tempojogar sem baixarque altera as condições químicas da água.

A grande barreirajogar sem baixarcorais, na Austrália
Legenda da foto, Corais e microorganismos do mar foram afetados pelo derramamento, mas a extensão dos danos ainda não é clara

Bastos lembra que, ainda que tenham passado dois anos do desastre, o rio pode continuar trazendo sedimentos para o mar, já que há uma quantidade relevantejogar sem baixarlama depositada na calha do rio Doce.

"Quando a gente sobrevoa o rio hoje, ele está limpo. Mas se venta forte, por exemplo, o material do fundo ressuspende", ressalta o pesquisador.

O rio mais monitorado do país

A presidente do Ibama, Suely Araújo, afirma que a Agência Nacionaljogar sem baixarÁguas (ANA) faz um monitoramento sofisticado do rio Doce e que os dados garantem a potabilidade da água no decorrerjogar sem baixartodo o seu percurso. "Hoje o Doce é o rio mais bem monitorado do país", diz.

Além da qualidade da água, ela destaca que a primeira fase do processojogar sem baixarreparação ambiental que será feita pela Renova se concentrou na área onde aconteceu o desastre, na região das barragensjogar sem baixarCandonga e Santarém, para mitigar o riscojogar sem baixarnovas tragédias.

"Essa etapa emergencial foi superada. Há programas mais avançados do que outros, mas nós estamos nos empenhando para que a recuperação seja feita", explica a presidente do Ibama.

Estãojogar sem baixarcurso agora os programasjogar sem baixarrecuperaçãojogar sem baixarnascentes e ojogar sem baixarmanejojogar sem baixarrejeitos, com plantiojogar sem baixarespécies para contenção da lama nas margens. O horizontejogar sem baixarrecuperação florestal, ela diz, éjogar sem baixaruma década.