'Novo analfabetismo': por que tantos alunos latino-americanos terminam ensino fundamental sem ler ou fazer contas:yoyo cassino
Especificamente no Brasil, dados compilados pela plataforma QEdu com base no Prova Brasil 2015 dão a dimensão do problema nessa etapa do ensino: apenas 30% dos alunos da rede pública saem do 9º ano com aprendizado adequadoyoyo cassinoleitura e interpretação.
Em matemática, apenas 14% dos alunos do 9º ano aprenderam o adequadoyoyo cassinoresoluçãoyoyo cassinoproblemas.
'Novo analfabetismo'
Silvia Montoya, diretora do Institutoyoyo cassinoEstatísticas da Unesco, considera "dramática" a ausênciayoyo cassinocompreensãoyoyo cassinoleiturayoyo cassinotantos estudantes do continente.
"O fatoyoyo cassinohaver crianças sem competências básicas, no que se refere a ler parágrafos simples e extrair informações deles, é o que eu consideraria uma nova definiçãoyoyo cassinoanalfabetismo", diz ela à BBC Mundo, serviçoyoyo cassinoespanhol da BBC.
"No mundoyoyo cassinohoje, ter um nível mínimoyoyo cassinoalfabetização já não é (apenas) saber ler o próprio nome e escrever algum fato da vida cotidiana. Careceryoyo cassinocompreensão leitora é uma espécieyoyo cassinoincapacidadeyoyo cassinose inserir na sociedade, poder votar e entender as propostas dos candidatos, entender seus próprios direitos e deveres como cidadão. Afeta todas as dimensões."
E, prossegue Montoya, a leitura é uma habilidade básica, sobre a qual se constroem as demais capacidades estudantis.
"Sem essa competência, estamos gerando crianças e adolescentes que vão (vivenciar) diretamente muitas frustrações pessoais eyoyo cassinointegração social e profissional. Sem entender textos, é muito difícil avançaryoyo cassinoqualquer área."
A situação se agrava quando se levayoyo cassinoconsideração o grauyoyo cassinoexigências do mundo atual,yoyo cassinoque a informação disponível é complexa e tem diferentes grausyoyo cassinoqualidade e confiabilidade - o que exige leitores com senso crítico e habilidadeyoyo cassinointerpretação.
Uma escola que não funciona
E se antes o desafio da América Latina era o da inclusão dos alunos ao sistemayoyo cassinoensino, hoje a questão é mais qualitativa do que quantitativa.
O relatório da Unesco afirma que "o desperdícioyoyo cassinopotencial humano evidenciado pelos dados confirma que levar as crianças à salayoyo cassinoaula é apenas metade da batalha. Agora, temosyoyo cassinogarantir que todas as crianças naquela salayoyo cassinoaula estejam aprendendo as habilidades básicasyoyo cassinoque precisamyoyo cassinoleitura e matemática, no mínimo".
"Agora, a realidade é que as crianças estão dentro do sistema educativo, mas há uma inabilidade da escolayoyo cassinodotá-los do nívelyoyo cassinoaprendizado razoável e mínimo para as circunstâncias que demanda o mundo hoje e no futuro", afirma Montoya.
E isso é resultadoyoyo cassinouma sérieyoyo cassinoproblemas, como formação deficiente que não prepara os docentes para lidar com os desafiosyoyo cassinosalayoyo cassinoaula, problemasyoyo cassinoinfraestrutura, numerosas perdasyoyo cassinodias letivos por contayoyo cassinogreves e outras questões - além, também, da própria situação socioeconômica dos estudantes, que "podem viryoyo cassinolaresyoyo cassinobaixa renda e contar com menor apoio familiar".
"Há uma combinaçãoyoyo cassinofatores que podem variaryoyo cassinocada lugar, mas evidentemente há uma ausênciayoyo cassinopolíticas específicas para enfrentar o problema", afirma Montoya.
Ela agrega que é preciso analisar os currículos, a formaçãoyoyo cassinodocentes - para garantir que sejam capazesyoyo cassinoensinar crianças vindasyoyo cassinocontextos sociais difíceis -, contar com um ambiente e uma infraestrutura adequados e ter uma redeyoyo cassinopolíticas sociaisyoyo cassinoapoio.
No Brasil, uma nova base nacional curricular, documento do Ministério da Educação que vai definir diretrizesyoyo cassinoensino, está atualmenteyoyo cassinofaseyoyo cassinoconsulta pública.
"Não há como resolver (o problema da educação) sem uma visão integral do sistema educacional", opina Montoya.
O problema não se restringe à América Latina - é um drama global.
O relatório da Unesco calcula que, no mundo, haja 617 milhõesyoyo cassinocrianças e adolescentes - o equivalente a três vezes a população total do Brasil - incapazesyoyo cassinoentender minimamente um texto ou resolver problemas matemáticos básicos, o que seria esperado emyoyo cassinoidade escolar.
Na África Subsaariana, 88% dos alunos concluem os estudos equivalentes ao fundamental com problemasyoyo cassinocompreensãoyoyo cassinoleitura. Para efeitos comparativos, esse índice cai para 14% na América do Norte e na Europa.