Com forte apoio popular, projetos contra o desarmamento aceleram para incluir plebiscito na eleiçãoxbet99 cadastrar2018:xbet99 cadastrar

Armas são preparadas para destruição no Amazonas
Legenda da foto, Armas são preparadas para destruição no Amazonas; legislação que controla armas no Brasil é alvoxbet99 cadastrardisputas anteriores àxbet99 cadastraraprovação | Foto: Herick Pereira/TJAM

Um dado comumente citado por defensoresxbet99 cadastrarum acesso ampliadoxbet99 cadastrarcivis a armas é o do aumento dos homicídios no Brasil desde a aprovação do estatuto. Segundo o Atlas da Violência 2017, produzido pelo Institutoxbet99 cadastrarPesquisa Econômica Aplicada (Ipea)xbet99 cadastrarparceria com o Fórum Brasileiroxbet99 cadastrarSegurança Pública (FBSP), os homicídios no Brasil passaramxbet99 cadastrar48,1 milxbet99 cadastrar2005 para maisxbet99 cadastrar59 milxbet99 cadastrar2015 (com uma média anualxbet99 cadastrar53,5 mil homicídios no período).

O dado, porém, é lidoxbet99 cadastraroutra forma por defensores da legislação atual, para quem o estatuto contribuiu para desacelerar a escalada dos homicídios no país. É o que diz o Mapa da Violência 2016, estudo desenvolvido pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz.

Considerando que as armasxbet99 cadastrarfogo são responsáveis por cercaxbet99 cadastrar70% dos homicídios no país, o trabalho afirma que, entre 1980 e 2003, o crescimento dos homicídios por armasxbet99 cadastrarfogo cresceu 8,1% ao ano. Masxbet99 cadastrar2003 a 2014, a escalada desacelerou, com crescimentoxbet99 cadastrar2,2% ao ano. "O estatuto e a Campanha do Desarmamento, iniciadosxbet99 cadastrar2004, constituem-sexbet99 cadastrarum dos fatores determinantes na explicação dessa quebraxbet99 cadastrarritmo", diz o estudo.

Silhuetas pintadasxbet99 cadastrarcalçadas do Rio alertam para homicídios no país
Legenda da foto, Brasil teve maisxbet99 cadastrar59 mil homicídiosxbet99 cadastrar2015 | Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Ivan Marques, diretor do Instituto Sou da Paz, ONG que se propõe a assessorar o poder público na implementaçãoxbet99 cadastrarpolíticas para reduzir a violência, defende que os volumosos númerosxbet99 cadastrarmortes não sejam colocados apenas na conta do controlexbet99 cadastrararmas. "O homicídio é um fenômeno complexo. Não há solução simples: ela passa por investigação, pela melhora na perícia, na taxaxbet99 cadastraresclarecimentoxbet99 cadastrarcrimes", afirma.

O instituto aponta, inclusive, que o estatuto pode ser melhor aplicado, com aprimoramentos como o reforçoxbet99 cadastrarcampanhasxbet99 cadastrarentrega voluntáriaxbet99 cadastrararmas pela população e uma melhorxbet99 cadastrargestãoxbet99 cadastrardados sobre as armas no Brasil.

Como outros defensores da legislaçãoxbet99 cadastrarvoga, Marques teme que a ampliação ao acesso às armas pela população possa intensificar a violência no país: "Ampliar o porte, especificamente, é muito problemático. Isso não é segurança pública. Eu não gostariaxbet99 cadastrarviver nessa sociedade."

Mas, para aqueles que atacam o estatuto, o povo brasileiro fezxbet99 cadastrarescolha pelo acesso às armas no referendo (que se diferencia do plebiscito por ser realizado após a aprovaçãoxbet99 cadastraruma regra legislativa) realizadoxbet99 cadastrar2005. O referendo perguntava se "o comércioxbet99 cadastrararmasxbet99 cadastrarfogo e munição deve ser proibido no Brasil", e a respostaxbet99 cadastrar63% dos brasileiros foi pelo não.

Segundo projeto do deputado Rogério Peninha (PMDB-SC), que tenta revogar o estatuto, o resultado "externou seu [da população] maciço descontentamento para com a norma, repudiando veementemente a proibição ao comércioxbet99 cadastrararmas no país e, por conseguinte, toda a estrutura ideológica sobre a qual se assentou a construção da Lei".

O comércio foi mantido, ainda que com uma sériexbet99 cadastrarexigências por parte dos interessadosxbet99 cadastraradquirir e possuir armas e munições. Segundo Peninha, estas exigências não são objetivas, dificultando "muito" o acesso da população.

O estatuto - que começou a ser moldado durante a Presidênciaxbet99 cadastrarFernando Henrique Cardoso e foi aprovado no governo Lula - abarca, porém, muitos outros temas além da comercialização. A legislação centraliza o controle das armas na Polícia Federal e no Exército; exige a comprovação pelo requerente - avaliada pela PF -,xbet99 cadastrarque tem "efetiva necessidade" da armaxbet99 cadastrarfogo; e tipifica o tráficoxbet99 cadastrararmas como crime específico, alémxbet99 cadastraraumentar a pena para o crimexbet99 cadastrarporte ilegalxbet99 cadastrararmaxbet99 cadastrarfogo, entre outros.

Urna mostra opçõesxbet99 cadastrarvotoxbet99 cadastrarreferendo sobre armasxbet99 cadastrar2005
Legenda da foto, Referendoxbet99 cadastrar2005 definiu que comércioxbet99 cadastrararmas não seria proibido no Brasil | Foto: José Cruz/AgenciaBrasil

E não é só no Brasil que o tema causa divisões. Nos Estados Unidos, onde é regulado por leis estaduais, ele polariza a sociedade há tempos e sempre é abordadoxbet99 cadastrarcampanhas eleitorais. O assunto voltou à tona com força nesta semana após um atirador matar pelo menos 59 pessoasxbet99 cadastrarshowxbet99 cadastrarLas Vegas, no domingo. Foi o tiroteio mais letal da história do país. Democratas como a ex-candidata Hillary Clinton pediram, após o episódio, um endurecimento das leis que controlam as armas no país - onde matanças provocadas por atiradores solitários têm sido uma constante.

Na Câmara

No Brasil, os projetos legislativos mais pertos da votaçãoxbet99 cadastrarplenário seguem na direção oposta. Apresentadoxbet99 cadastrar2012, o projeto do deputado Peninha pretende revogar o Estatuto do Desarmamento. O PL 3722/2012 é a segunda proposta com maior procura do Disque Câmara neste ano - com 861 manifestações a favor e apenas sete contrárias.

No canal, a proposição fica atrás apenas da quantidadexbet99 cadastrarmanifestações recebidas sobre a PEC 287/2016, que reforma a Previdência Social, com 1.100 manifestações.

Outra ferramentaxbet99 cadastrarparticipação popular da Câmara também tem chamado a atenção dos brasileiros ao PL. Na Pauta Participativa, lançada no último dia 12 pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, internautas escolhem pautas a serem levadas à votação no plenário. Na primeira rodada, encerrada na semana passada, participantes foram convidados a escolher projetos relacionados à política, saúde e segurança.

No quesito segurança, o projetoxbet99 cadastrarPeninha foi o mais votado dentre os seis candidatos para ir a plenário, com saldo positivoxbet99 cadastrarmaisxbet99 cadastrar5,2 mil votos. Em segundo lugar, está outro projeto relacionado a armasxbet99 cadastrarfogo - que amplia a possibilidadexbet99 cadastrarporte para moradoresxbet99 cadastraráreas rurais.

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Legenda da foto, Projetos sobre armas lideraramxbet99 cadastrarvolumexbet99 cadastrarapoios na ferramenta Pauta Participativa, da Câmara | Foto: Paulo Rios/ Agência Alagoas

O projeto defendido por Peninha, entre outras coisas, altera para 21 anos a idade mínima (hojexbet99 cadastrar25) para possexbet99 cadastrararmas por civis; valida o registroxbet99 cadastrararmas permanentemente (atualmente, é preciso renovação periódica); e amplia para os civis o portexbet99 cadastrararmas - para que possam portá-las fora do localxbet99 cadastrarresidência ou trabalho - mediante alguns requisitos.

"O projeto está prontinho para ir ao plenário. Colocar na pauta foi um compromisso do Rodrigo Maia emxbet99 cadastrareleição [para a presidência da Casa]", disse o deputado Peninha à BBC Brasil. "Depois do Estatuto do Desarmamento, sem dúvida a violência só aumentou. Vimos que caiu o usoxbet99 cadastrararmas por cidadãosxbet99 cadastrarbem, enquanto os criminosos ampliaram o acesso a elas."

Para ele, é inadequado relacionar o atentadoxbet99 cadastrarLas Vegas à legislaçãoxbet99 cadastrarcontrolexbet99 cadastrararmas.

"Na França, não faz muito tempo, um maluco usou um caminhão para matar 80 pessoas [em julhoxbet99 cadastrar2016, um caminhão matou 87 pessoas atropeladas na comemoração do Dia da Bastilha na cidade francesaxbet99 cadastrarNice]. Não é a legislação que vai impedir um malucoxbet99 cadastrarfazer o crime", aponta Peninha. "De qualquer forma, não queremos uma legislação flexível como é nos Estados Unidos. Vamos abrandar algumas coisas, mas não vamos chegar perto do que é lá."

O Pauta Participativa, ferramenta que pode alçar o projetoxbet99 cadastrarPeninha ao plenário, é, porém, alvoxbet99 cadastrarcríticas pelo diretor do Sou da Paz. "Não há transparência dos critérios para a escolha dos projetos aptos a serem votados. Também não sabemos se há mecanismos para conter o mau uso da ferramenta - por exemplo, se há robôs votando. Em um momentoxbet99 cadastrarque o Brasil poderia discutirxbet99 cadastrarmaneira mais estruturada e qualificada a segurança pública, são colocados para votação projetos polêmicos e com teor popular", diz Marques.

Por nota, a Câmara dos Deputados afirmou que a ferramenta apresenta projetos que "já preencheram todos os requisitos do processo legislativo para votaçãoxbet99 cadastrarPlenário", combinando, por escolhaxbet99 cadastrarparlamentares e técnicos, "propostasxbet99 cadastrargrande apelo popular, demandasxbet99 cadastrarsetores específicos e projetos que estimulem a formação política dos cidadãos".

A Casa afirmou ainda que exige o cadastro e validaçãoxbet99 cadastrarconta do usuário, além do recurso reCAPTCHA, para conter a participaçãoxbet99 cadastrarrobôs. "A ideia foi dar segurança contra participações automatizadas, mas não colocar excessosxbet99 cadastrarcontroles que inibissem a participação. Vale destacar que essa mesma linha é adotada por várias soluçõesxbet99 cadastrarconsulta popularxbet99 cadastrarnatureza similar, como o e-Cidadania, do Senado Federal, e o portalxbet99 cadastrarpetições públicas do Parlamento Britânico", escreveu a assessoria da Câmara à BBC Brasil, afirmando também que os projetos vencedores na primeira rodada serão encaminhados ao plenário "em breve".

Também no Senado

Outro projeto que busca revogar o Estatuto do Desarmamento e que se mostrou popular nas ferramentasxbet99 cadastrarconsulta do Congresso é oxbet99 cadastrarautoria xbet99 cadastrar do senador Wilder Morais (PP-GO) que propõe a convocaçãoxbet99 cadastrarum plebiscito a ser realizado junto com as eleiçõesxbet99 cadastrar2018.

Em enquete no portal e-Cidadania do Senado, a proposta tem apoioxbet99 cadastrarmaisxbet99 cadastrar231 mil votos. Há apenas 9,5 mil posicionamentos contrários.

"O eleitorado será chamado a responder 'sim' ou 'não' às seguintes questões: I - 'Deve ser assegurado o portexbet99 cadastrararmasxbet99 cadastrarfogo para cidadãos que comprovem bons antecedentes e residênciaxbet99 cadastrarárea rural?'; II - 'O Estatuto do Desarmamento deve ser revogado e substituído por uma nova lei que assegure o portexbet99 cadastrararmasxbet99 cadastrarfogo a quaisquer cidadãos que preencham requisitos objetivamente definidosxbet99 cadastrarlei?'", diz um trecho do projeto.

Mães e familiares protestam contra violência policial no Rio
Legenda da foto, Mães e familiares protestam contra violência policial no Rio; soluções para a escalada da violência variam radicalmente na arena política | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Recentemente, o Senado recebeu outro projeto, do senador Cidinho Santos (PR-MT), que também propõe a convocaçãoxbet99 cadastrar2018xbet99 cadastrarplebiscito "para consultar o povo sobre portexbet99 cadastrararmaxbet99 cadastrarfogo e munição".

"O projeto que avançar primeiro, na Câmara ou no Senado, está bom. Ninguém aguenta mais", afirma o senador Wilder Morais, que se diz "muito confiante" sobre a tramitaçãoxbet99 cadastrarseu projeto.

Morais também refuta a defesa do controlexbet99 cadastrararmas motivada por ataques como o que aconteceu no domingoxbet99 cadastrarLas Vegas.

"Poderia ter sido com uma bomba, um caminhão, qualquer coisa. Ele [o autor do tiroteioxbet99 cadastrarLas Vegas, Stephen Paddock] queria matar: quando você quer fazer um negócio desses, ninguém segura. Ele foi covarde, atirouxbet99 cadastrarcima e se suicidou. Se tivesse atiradoxbet99 cadastrarbaixo, isso não teria acontecido", diz o senador, justificando que o ataque poderia ter sido contido por outras pessoas armadasxbet99 cadastrarsolo.

Neste ano, também no Senado, a Comissãoxbet99 cadastrarDireitos Humanos chegou a analisar uma proposta feita por um cidadão alagoano no e-Cidadania, que pedia a revogação do Estatuto do Desarmamento. A "sugestão popular", como é chamado este tipoxbet99 cadastrarprojeto, foi rejeitada pela comissãoxbet99 cadastrarmaio, mas chegou inicialmente à casa após o apoioxbet99 cadastrar20 mil votos no portal.

Procurado pela reportagem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) preferiu não se posicionar sobre os requisitos e cronogramas necessários para uma eventual realizaçãoxbet99 cadastrarplesbiscitoxbet99 cadastrar2018.

Mudançasxbet99 cadastrarcurso

Manifestaçãoxbet99 cadastrarNiterói pede paz após morte do produtor cultural Rafael Lage
Legenda da foto, Manifestaçãoxbet99 cadastrarNiterói pede paz após morte do produtor cultural Rafael Lage; armasxbet99 cadastrarfogo são responsáveis por cercaxbet99 cadastrar70%xbet99 cadastrarhomicídios no país | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por meioxbet99 cadastrardecretos e portarias, porém, o presidente Michel Temer já alterou alguns dispositivos do estatuto. Por exemplo, a renovação do registro da arma passouxbet99 cadastrartrês para cinco anos, e armas apreendidas, antes destruídas, podem ser agora doadas para órgãosxbet99 cadastrarsegurança pública e para as Forças Armadas.

Alémxbet99 cadastrarparte importante da base aliadaxbet99 cadastrarTemer, grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Partido Novo também se dizem contrários ao estatuto do desarmamento.

Para Ivan Marques, tal pauta é aquecida com a aproximação das eleições.

"Em meio a uma crisexbet99 cadastrarsegurança pública, os deputados se aproveitam para trazer essa solução fácil,xbet99 cadastrarque armar melhoraria a situação. Isso é eleitoreiro e ineficaz", aponta Ivan Marques. "O brasileiro não aguenta mais, mas essa é uma discussão que precisa ser feita com evidências científicas."