'Terrível' e 'maravilhosa': a saga da árvore australiana que encontrou o habitat perfeito no Brasil:condições de bonus 1xbet
condições de bonus 1xbet Grandes navegações
Os portugueses foram o primeiro povo ocidental a conhecer o eucalipto, desde que exploradores lusos chegaram no século 16 a Timor-Leste, no Sudeste Asiático. O território abriga três espécies nativas desse gênerocondições de bonus 1xbetplantas.
Mas as árvores só se popularizaram no Ocidente alguns séculos depois, durante a colonização da Austrália, origemcondições de bonus 1xbetcercacondições de bonus 1xbet700 tiposcondições de bonus 1xbeteucaliptos.
Ao longocondições de bonus 1xbetvários milhõescondições de bonus 1xbetanos, a árvore se adaptou tanto à Austrália que se tornou dominantecondições de bonus 1xbetquase todos os biomas do país - e incêndios tiveram um papel central nesse processo.
Várias espéciescondições de bonus 1xbeteucaliptos produzem óleos inflamáveis e trocam casca, galhos e folhas com frequência. O acúmulo desse material ao pé das árvores facilita a propagaçãocondições de bonus 1xbetincêndios.
Quando as chamas alcançam o tronco, sobem até os galhos mais altos, formando grandes bolascondições de bonus 1xbetfogo. O calor pode fazer com que a árvore exploda, lançando labaredascondições de bonus 1xbetmúltiplas direções.
É por isso que incêndioscondições de bonus 1xbetáreas com muitos eucaliptos - como os ocorridoscondições de bonus 1xbetPortugal neste mês - são tão destrutivos e difíceiscondições de bonus 1xbetconter. E é por isso que, na Austrália, uma das espécies mais comuns do gênero é também chamadacondições de bonus 1xbet"árvore-gasolina".
O fogo num eucaliptal pode destruir tudo, inclusive os eucaliptos, mas não as sementes dessas árvores, que são as primeiras a germinar quando a chama se apaga.
As mudas rapidamente substituem os eucaliptos mortos e ocupam também o espaçocondições de bonus 1xbetoutras espécies queimadas.
condições de bonus 1xbet Viagem pelo Pacífico
A adaptabilidade e o rápido crescimento do eucalipto chamaram a atençãocondições de bonus 1xbetcolonos da Califórnia, que a plantaramcondições de bonus 1xbetlarga escala a partir do século 19 para fornecer madeira para as cidadescondições de bonus 1xbetexpansão.
Até que, nos anos 1980, um besouro australiano cruzou o Pacífico e passou a parasitar os eucaliptais californianos. Sem predadores naturais do outro lado do oceano, as larvas do besouro devoravam rapidamente os troncos das árvores.
Uma das hipóteses é que o inseto tenha chegado aos EUAcondições de bonus 1xbettorascondições de bonus 1xbetmadeira importadas.
Pesquisadores americanos, então, buscaram na Austrália uma vespa minúscula que parasitava os ovos do besouro. A praga foi controlada, embora eucaliptais californianos sigam vulneráveis a ataques - agora conduzidos por humanos.
Vilanizada por ocupar o espaçocondições de bonus 1xbetplantas nativas econdições de bonus 1xbetser hostil à fauna local, a árvore vem sendo erradicadacondições de bonus 1xbetpartes do Estado por órgãos públicos.
"Eucaliptos são terríveis", disse um morador ao jornal Santa Cruz Sentinel numa reportagem sobre os transtornos gerados pela queda das árvores,condições de bonus 1xbet1996.
"Eles são um perigocondições de bonus 1xbetincêndios, eles são um perigo quando chove, e eles expulsam árvores locais."
A decisãocondições de bonus 1xbetextirpá-los do Estado, porém, não agradou a todos, e alguns acusaram os detratores dos eucaliptoscondições de bonus 1xbet"xenofobia vegetal".
Incêndios mortíferos
Apesar das ofensivas, o eucalipto sobreviveu na Califórnia, onde também protagonizou grandes incêndios. Em 1991, 25 pessoas morreram e 3 mil casas foram destruídas quando as chamas se espalharam por eucaliptais no subúrbiocondições de bonus 1xbetOakland.
Na Austrália, numa das maiores tragédias do tipo da história, uma sequênciacondições de bonus 1xbetincêndios no Estadocondições de bonus 1xbetVictoria deixou 173 mortos,condições de bonus 1xbet2009.
Mas nem sempre esses fenômenos foram tão mortíferos na terra mãe dos eucaliptos, segundo o historiador Bill Gammage, da Universidade Nacional da Austrália.
Em 2012, Gammage foi premiado pelo governo australiano por um livrocondições de bonus 1xbetque analisou pinturas da época da chegada dos europeus ao país. O historiador notou que raramente as imagens mostravam áreas muito extensascondições de bonus 1xbetfloresta contínua - costumava haver espaços vazios, com vegetação rasteira, entre os trechoscondições de bonus 1xbetmata densa.
Os povos aborígenes, que na época ainda se espalhavam por grande parte da Austrália, haviam moldado aqueles territórios. Ao criar clareiras nas matas, buscavam atrair animais que comiam plantas rasteiras para caçá-los.
Gammage percebeu ainda que as florestas daquela época intercalavam trechoscondições de bonus 1xbetplantas jovens e outroscondições de bonus 1xbetárvores mais antigas. A diferença se devia ao fogo: as árvores novas brotavamcondições de bonus 1xbetáreas que haviam queimado não muito tempo antes.
Os aborígenes, diz Gammage, usavam fogos controlados para abrir as clareiras e gerir o desenvolvimento da floresta. Quando notavam que o tapete formado por galhos e folhas secas começava a engrossar, ateavam fogo na mata.
Assim, diz o historiador, eles forçavam os animais a fugir, indocondições de bonus 1xbetencontro aos caçadores. E assim controlavam a quantidadecondições de bonus 1xbetcombustível acumuladocondições de bonus 1xbetqualquer ponto da floresta, impedindo a formaçãocondições de bonus 1xbetincêndios que escapassem do controle.
Para os aborígenes, a maior arma contra o fogo era o próprio fogo.
O historiador concluiu que, antes da chegada dos europeus, a Austrália era um imenso jardim aborígene - e não um território livrecondições de bonus 1xbetinterferências humanas, como muitos acreditam.
Hoje,condições de bonus 1xbetvários dos lugares retratados pelos primeiros exploradores europeus, Gammage diz que há florestas fechadas e uniformes, plantadas ou naturais. Várias clareiras sumiram, e os incêndios se tornaram mais perigosos.
Das ferrovias à farmácia
No Brasil, não há registroscondições de bonus 1xbetincêndios tão mortíferoscondições de bonus 1xbeteucaliptais, embora o país tenha uma das maiores áreas ocupadas pela árvore no mundo. Em 2015, segundo o IBGE, essas plantações alcançaram 7,4 milhõescondições de bonus 1xbethectares.
Segundo Humberto Angelo, professorcondições de bonus 1xbetengenharia florestal da Universidadecondições de bonus 1xbetBrasília (UnB), incêndios são menos frequentes por aqui por três razões.
Primeiro, os eucaliptos mais comuns no Brasil têm menos folhas e galhos que as espécies predominantescondições de bonus 1xbetoutras partes do mundo. Segundo, porque a umidade dos solos brasileiros garante que microorganismos consumam grande parte do despojo das plantas, reduzindo o estoquecondições de bonus 1xbetmaterial inflamável. Terceiro, porque os donos das plantações costumam se precaver para evitar incêndios e preservar seu patrimônio.
Angelo afirma que o uso comercial do eucalipto no Brasil se inicioucondições de bonus 1xbet1904condições de bonus 1xbetRio Claro, no interiorcondições de bonus 1xbetSão Paulo. Conforme as matas nativas rareavam, recorreu-se à planta para a fabricaçãocondições de bonus 1xbetdormentes, peças que sustentam os trilhos dos trens.
A partir dos anos 1960, com incentivos fiscais concedidos pela ditadura militar, plantaçõescondições de bonus 1xbeteucaliptos se espalharam por boa parte do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Segundo Angelo, hoje o principal destino da árvore no Brasil é a indústriacondições de bonus 1xbetpapel e celulose. "Se você for a uma lojacondições de bonus 1xbetmóveis e vir uma peça qualquercondições de bonus 1xbetMDF (fibracondições de bonus 1xbetmadeira prensada), certamente haverá eucalipto ali. O mesmo vale para as caixascondições de bonus 1xbetleite e muitas outras embalagens do supermercado", ele afirma.
Nos últimos anos, eucaliptos transgênicos, com fibras ultraflexíveis, passaram a ser empregados até na produçãocondições de bonus 1xbetcápsulascondições de bonus 1xbetremédio econdições de bonus 1xbettecidos tactel.
O professor diz que o segundo maior destino da árvore é como carvão vegetal na indústriacondições de bonus 1xbetaço.
Habitat ideal
Angelo afirma que, enquanto um eucalipto brasileiro está pronto para o corte a partir dos sete anos, no hemisfério Norte as árvores que produzem celulose levam até cem anos para atingir a maturidade.
Segundo ele, nem mesmo na Austrália os eucaliptos crescem tão rápido, pois lá eles enfrentam inimigos naturais inexistentes por aqui.
Angelo rebate uma das principais críticas à árvore. "Propagou-se muito a ideiacondições de bonus 1xbetque o eucalipto seca o solo, mas estudos mostram que ele consome tanta água quanto o milho, por exemplo."
Ele diz ainda que, ao abastecer a indústriacondições de bonus 1xbetmóveis, o eucalipto reduz a pressão sobre matas nativas - e que a árvore tem se revelado útil inclusive para a produçãocondições de bonus 1xbetalimentos.
Boa parte do mel vendido no Brasil hoje, diz Angelo, vem da flor do eucalipto. E nos últimos anos, muitos pecuaristas vêm plantando a árvore para ter outra fontecondições de bonus 1xbetrenda e dar mais conforto ao gado.
"Antes os pecuaristas desmatavam tudo para plantar pasto, e o boi ficava lá embaixo do sol, sem nenhuma sombrinha", diz Angelo. "Agora ele pode descansar embaixo do eucalipto."
Ele diz que as árvores também podem servir como quebra-vento para plantações mais sensíveis.
Mesmo pequenos agricultores reconhecem as qualidades do eucalipto - embora muitos critiquem a liberaçãocondições de bonus 1xbetespécies transgênicas da planta, que aconteceucondições de bonus 1xbet2015 (o Brasil foi o primeiro país a autorizá-las).
"É uma árvore maravilhosa, o problema é a monocultura", diz Jaime Carvalho, pequeno agricultor no assentamento Rubira,condições de bonus 1xbetPiratini (RS).
Ele diz que eucaliptos plantados no assentamento são vendidos como escoras para a construção civil ou como lenha para olarias.
Em sistemas agroflorestais, que combinam árvores frutíferas e vegetação rasteira, muitas vezes usa-se o despojo do eucalipto para adubar outras plantas.
Veneno X remédio
O eucalipto ganhou um papel até na medicina tradicional brasileira.
Há 23 anos donocondições de bonus 1xbetuma barracacondições de bonus 1xbetremédios naturais no centrocondições de bonus 1xbetBrasília, o raizeiro piauiense Valdemar da Costa diz trabalhar com maiscondições de bonus 1xbet500 plantas.
Ele afirma que a folha do eucalipto, utilizada no preparocondições de bonus 1xbetchás, está entre as duas ou três mais procuradas.
A mesma árvore cuja queima pode matar por asfixia é usada no Brasil para tratar problemas respiratórios.
"Para quem está com tosse, sinusite ou bronquite, não tem remédio melhor", diz o vendedor.