Incêndiompo1771 freebetPortugal gera debate sobre o eucalipto, um dos motores econômicos do Brasil:mpo1771 freebet
"O decreto-lei 96/2013 implementou o novo regimempo1771 freebetarborização, que liberaliza a plantaçãompo1771 freebetmonoculturampo1771 freebeteucalipto, deixandompo1771 freebetser necessário pedidompo1771 freebetautorização prévia às autoridades florestais para plantar até dois hectares", explica o texto da petição.
Segundo o engenheiro zootécnico João Camargo, a políticampo1771 freebetincentivo à plantaçãompo1771 freebeteucalipto não é recente e causou uma mudança profunda no território do país europeu.
"Existe há algumas décadas um predomínio total da pastampo1771 freebetcelulose sobre outros setores da indústria florestal, graças a uma sequênciampo1771 freebetgovernos responsáveis por uma legislação muito favorável à proliferação do eucalipto", afirma Camargo, doutorandompo1771 freebetalterações climáticas e políticasmpo1771 freebetdesenvolvimento sustentável pela Universidadempo1771 freebetLisboa.
A indústria papeleira rende cercampo1771 freebet2,8 bilhõesmpo1771 freebeteuros (maismpo1771 freebetR$ 10 bilhões) por ano a Portugal.
No Brasil, segundo a Indústria Brasileirampo1771 freebetÁrvores (Ibá), que reúne produtoresmpo1771 freebetcelulose, papel, painéis e pisosmpo1771 freebetmadeira e florestas no país, o setor gerou US$ 28,1 bilhões (cercampo1771 freebetR$ 88 bilhões) só no ano passado, com participaçãompo1771 freebet9,3% nas exportações da balança comercial brasileira.
Além disso, a produção nacionalmpo1771 freebetcelulose totalizou 18,7 milhõesmpo1771 freebettoneladasmpo1771 freebet2016, crescimentompo1771 freebet8,1%mpo1771 freebetrelação a 2015.
O resultado confirmou o Brasil como o quarto maior produtor do mundo e deixou o país a um passo do Canadá, o terceiro, e da China, que ocupa a vice-liderança mundial no setor.
A projeção agora é que a produção brasileira assuma a vice-liderança ainda esse ano, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Segundo a Associação Brasileirampo1771 freebetProdutoresmpo1771 freebetFlorestas Plantadas (Abraf), as áreasmpo1771 freebetplantios florestais com eucalipto estão distribuídasmpo1771 freebettodo o território nacional - 54,2% se concentram no Sudeste, 16,4%, no Nordeste, 12,2%, no Centro-Oeste, 11,8%, na região Sul e 5,5%, no Norte.
'Árvorempo1771 freebetgasolina'
O plantiompo1771 freebetlarga escala do eucalipto é criticado por ambientalistas, que apontam contribuição à destruiçãompo1771 freebetrecursos hídricos - o que alimenta a erosão - e ao desaparecimento da fauna, já que poucos animais conseguem se alimentarmpo1771 freebetsuas folhas.
Além disso, o seu podermpo1771 freebetgerar e propagar incêndios levou a espécie a receber o apelidompo1771 freebet"árvorempo1771 freebetgasolina".
"Um dos principais problemas do eucalipto é que ele arde muito rápido e é muito resistente ao fogo. Ele continua a sobreviver durante o incêndio e graças ao calor ampo1771 freebetcasca se solta do tronco, se transformandompo1771 freebetcondutor das chamas", explica Camargo.
"Estamos falandompo1771 freebetuma árvore que vemmpo1771 freebetuma regiãompo1771 freebetque as queimadas são muito comuns. Na verdade, o eucalipto aprendeu a usar os incêndios para se expandir, tomando o lugar da natureza que foi destruída pelo fogo", afirma o especialista português.
Apesar das campanhasmpo1771 freebetprevenção às queimadas, Portugal registra todos os anos um alto númerompo1771 freebetincêndios durante o verão, quando o clima seco e quente facilita a propagação do fogo.
Segundo o instituto estatístico luso Pordata, somente entre 2010 e 2015 foram identificados 110.634 focosmpo1771 freebetincêndio no país, uma médiampo1771 freebetaproximadamente 18,5 mil queimadas por ano.
"Os incêndios são uma característica do clima mediterrâneo e isso não vai mudar. A diferença desse ano para os anteriores é que no passado recente nós conseguimos evitar que pessoas morressem nessas grandes queimadas", diz João Camargo.
Riscos no Brasil
Segundo o engenheiro florestal Alexandre Franca Tetto, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o plantiompo1771 freebeteucalipto no Brasil tem características distintas da realidade portuguesa, o que minimiza os riscosmpo1771 freebetuma tragédia como a que aconteceumpo1771 freebetPedrógão Grande.
"Temos um uso do solo diferentempo1771 freebetPortugal, Chile e Estados Unidos (Califórnia), onde as casas estão próximas às florestas. Nesses casos, é preciso atuar bastante na silvicultura preventiva, o que não ocorre no Brasil", explica Tetto, que é doutormpo1771 freebetconservação da natureza e especialistampo1771 freebetprevenção e combate a incêndios florestais.
Ainda assim, o especialista da UFPR destaca a importânciampo1771 freebetacompanhar com cuidado o plantiompo1771 freebetárvores suscetíveis a queimadas no território brasileiro.
"Os cultivos florestais ocupam menosmpo1771 freebet1% do território brasileiro. Apesar disso, o eucalipto e outras espécies, como pinus, teca e araucária, merecem atenção por serem mais inflamáveis que outras, apresentarem continuidade e quantidadempo1771 freebetmaterial combustível", afirma.
Tetto destaca o trabalho das empresas na prevenção das queimadas no país.
"Os plantiosmpo1771 freebeteucalipto existentes no Brasil sãompo1771 freebetempresas florestais ou proprietários fomentados por elas. Em função disso, e sabedores do perigo que os incêndios florestais representam, todas possuem açõesmpo1771 freebetprevenção."
Ele cita os trabalhosmpo1771 freebeteducação e sensibilização da população, fiscalização, construção e manutençãompo1771 freebetaceiros, realizaçãompo1771 freebetqueimadas controladas, construçãompo1771 freebetaçudes e silvicultura preventiva. "Além disso, possuem brigadistas que são periodicamente treinados."
Mesmo assim, diz que o riscompo1771 freebetuma tragédia como a ocorridampo1771 freebetPortugal não pode, diantempo1771 freebetexperiências do passado, ser totalmente afastado no Brasil.
O especialista cita um incêndio ocorridompo1771 freebet1963 no Paraná, no qual dois milhõesmpo1771 freebethectares foram queimados e 110 pessoas morreram, e outrompo1771 freebetRoraima,mpo1771 freebet1998, quando 1,5 milhãompo1771 freebethectares foram atingidos.
Respaldo oficial
Embora seja criticado pelos ambientalistas, o plantio do eucalipto é defendido pelo setor agropecuário.
Em seu aniversáriompo1771 freebet50 anos, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) publicou um estudo intitulado "Plantiompo1771 freebeteucalipto no Brasil - mitos e verdades",mpo1771 freebetque refuta algumas das acusações contra essa espécie, como ampo1771 freebetcontribuir com a destruiçãompo1771 freebetrecursos hídricos.
"A faltampo1771 freebetágua é ocasionada principalmente pelas más práticasmpo1771 freebetcultivo adotadas pelo produtor e pelo uso inadequado dos recursos hídricos, não pelo tipompo1771 freebetcultura cultivada", afirma o texto, que também nega a ideiampo1771 freebetque o eucalipto seja responsável pelo surgimento dos "desertos verdes", como são conhecidas as regiões florestaismpo1771 freebetque não há vida animal.
"Os ecossistemas das áreasmpo1771 freebetflorestas plantadas também são muito singulares e bastante ricosmpo1771 freebetbiodiversidade (…) As áreas plantadas e cultivadas com os eucaliptos, por felicidade técnica e econômica, são emmpo1771 freebetmaioria áreasmpo1771 freebetpastagens degradadas ou locais anteriormente utilizados pela agriculturampo1771 freebetforma intensiva", diz a CNA.
Houve incentivo para o plantio do eucaliptompo1771 freebetdiferentes administraçõesmpo1771 freebetPortugal, mas a mortempo1771 freebet64 pessoas no primeiro incêndio do verão europeumpo1771 freebet2017 deve acelerar alterações na legislaçãompo1771 freebetvigor.
"A revogação da lei que liberalizava o plantio do eucalipto já fazia parte do programa do atual governo, só não foi executada ainda porque não houve consenso no Parlamento. Mas uma tragédiampo1771 freebetque maismpo1771 freebet60 pessoas morrem não pode passarmpo1771 freebetbranco e deve impulsionar as reformas que estavam paradas", afirma o engenheiro florestal João Camargo.
Na sequência ao incêndio da última semana, o governo luso estabeleceu o dia 19mpo1771 freebetjulho como data limite para a votaçãompo1771 freebetplenáriompo1771 freebetum pacote que inclui 12 medidas ligadas à reforma florestal que estavam paradas no Parlamento, entre elas uma que trava a expansão do plantiompo1771 freebeteucaliptompo1771 freebetPortugal.
No entanto, para Fernando Lopes, presidente da Câmarampo1771 freebetCastanheirampo1771 freebetPera, um dos municípios atingidos pelo incêndiompo1771 freebetPedrógão Grande, não é preciso adotar uma postura "radical" contra o eucalipto, que deve ser encarado como "riqueza" para a região.
"Temos émpo1771 freebetencontrar uma forma mais ordenada e sustentávelmpo1771 freebetplantar eucaliptos. Aproveitar esse momento para fazer aquilo que se falou durante anos e anos", disse o políticompo1771 freebetdeclarações publicadas pela agência local Lusa.