Bebê com microcefalia desenganado por médicos tem desenvolvimento surpreendente:slots pagando
Ele nasceu com um perímetro cefálicoslots pagando29 centímetros (o parâmetro para identificar casosslots pagandomicrocefalia éslots pagandoigual ou inferior a 31,9 cmslots pagandomeninos) e uma séria deficiência visual. Ele não move normalmente o braço direito e ainda não fala.
Está, no entanto, bem distante do bebê que, um ano atrás, causou comoção no Recife por ter ficado quatro dias na emergênciaslots pagandoum hospital público à esperaslots pagandouma vaga na UTI - mesmo depoisslots pagandoum pedido do Ministério Público à Justiça.
Na época, João era um dos bebês microcéfalos sofrendoslots pagandograves problemas respiratórios - uma consequência da dificuldade que seus cérebros tinhamslots pagandocoordenar a respiração e a deglutição.
"Ele teve duas paradas cardíacas. O médico disse para mim: 'mãe, se prepare para o pior porque seu filho está muito grave, não tem jeito'", relembra Rosileide.
"Eu entrei na UTI sem expectativaslots pagandonada, mas prometi a mim mesma que ia lutar pela saúde dele e que ia provar que a deficiência dele não é tudo o que se mostra."
Visão
Assim como muitas crianças da "geração Zika", que nasceram principalmente nos Estados do Nordeste, João Miguel tinha um prognóstico ruim ao nascer.
"Primeiro a médica me deu um susto, disse que João talvez não fosse andar, talvez não fosse falar. Até porque era novo para ela também", diz Rosileide.
Como nem sempre havia vagas para as sessõesslots pagandofisioterapia nos hospitais e centrosslots pagandoreabilitação - por causa do grande númeroslots pagandocrianças afetadas, muitos ainda estão na listaslots pagandoespera -, boa parte do estímulo inicial que o bebê recebeu foi feito porslots pagandomãe,slots pagandocasa.
"Eu faço terapia com eleslots pagandocasa todos os dias, desde que ele nasceu, mesmo sem saber direito o que era ideal pra ele e o que não era. Depois, a doutora me orientava e eu continuei fazendo", relembra.
João Miguel foi, no entanto, uma das crianças a conseguir uma vaga na Fundação Altino Ventura, um avançado centroslots pagandoreabilitação no Recife que dá especial atenção às deficiências visuais das crianças - mais da metade das afetadas pelo vírus apresenta tais deficiências, segundo os estudos atuais.
"Sabemos que 90% da visão se desenvolve no primeiro anoslots pagandovida da criança, porque o cérebro tem uma neuroplasticidade maior. Uma vez que a visão delas é estimulada, o desenvolvimento global aumenta muito", disse à BBC Brasil Liana Ventura, diretora da fundação.
As sessõesslots pagandoterapia visualslots pagandoJoão Miguel, por exemplo, começaram na penumbra, porqueslots pagandodificuldade visual o deixava mais sensível, para que ele aprendesse gradualmente a reconhecer fontesslots pagandoluz. Hoje, já brinca com todas as luzes acesas.
"João tem estrabismo e nistagmo (um tremor involuntário no olho que pode resultarslots pagandovisão reduzida). Ele enxergava pouco mesmo. Mas com a estimulação, passou a perceber mais os objetos, principalmente os coloridos e os que têm brilho. E a partir daí melhorou muito", disse à BBC Brasil a terapeuta visual do garoto, Lana Dantas.
"A expectativa é que essas crianças demorem mais para desenvolver a parte motora, mas João surpreendeu a gente mesmo, teve um bom desenvolvimento."
Há cercaslots pagandodois meses, João recebeu alta das sessõesslots pagandofisioterapia. Ele continua na terapia visual e começará a frequentar um grupo para estimular a fala.
A neuropediatra Vanessa van der Linden, que acompanha João Miguel desde o seu nascimento, ressalta que o estímulo e a fisioterapia são fundamentais para as crianças com Síndrome Congênita do Zika, mas que é difícil prever como cada uma delas responderá.
"Ele ainda é uma criança que tem um comprometimento neurológico importante. Mas algumas delas se desenvolvem mais mesmo. Dependeslots pagandocomo o vírus afeta o cérebroslots pagandocada uma", afirma.
'Pior ser humano'
Rosileide e o marido, Josenildo Nunes, que também têm duas filhas adolescentes, estão desempregados desde que João Miguel nasceu.
Para conseguir arcar com os custos dos remédios do bebê, eles contam com o auxílio-doença fornecido pelo governo.
Há alguns meses, Rosileide começou também a vender cosméticos para complementar a renda da casa. "A gente vive assim. Um dia falta, no outro dia tem."
Há um ano, Rosileide falou com a BBC Brasil sobre a batalha para conseguir uma vaga na UTI para João Miguel. Ao falar sobre a preocupação com o filho, disse que se sentia "o pior ser humano do mundo".
"Pensei que iria perder meu filho. Eu me culpava. E foi algo tão rápido que eu não entendia", diz, emocionada.
"Hoje sei que tudo o que eu fiz naquele momento valeu e continua valendo a pena. Eu lutei pela saúde dele e hoje só choroslots pagandoalegria por ver o desenvolvimentoslots pagandoJoão."
Algumas semanas atrás, João Miguel conheceu a praia pela primeira vez. Ele teve um poucoslots pagandomedo das ondas, segundo a mãe, mas logo se acostumou. Agora, quer voltar sempre. João Miguel,slots pagando1 ano e seis meses, já anda e senta sem a ajuda dos pais e das irmãs. Mas não só isso. Ele corre e brinca por toda a casa.