A droga barata que pode evitar um terço das mortesmulheres após o parto:
"Nós conseguimos um resultado importante. Descobrimos que um medicamento barato, tomadodose única, reduz o riscohemorragia severa e pode ter um papel significativodiminuir a mortalidade maternal ao redor do mundo", disse Ian Roberts, que participou da pesquisa.
Após a publicação dos resultados, a Organização Mundial da Saúde afirmou que mudaria a recomendaçãouso do medicamento para incluir os casoshemorragia pós-parto.
O remédio
As descobertas não seriam uma surpresa para Utako Okamoto, que inventou o medicamento ao lado do marido, Shosuke, na década60 no Japão.
A pesquisa do casal Okamoto começou durante a pobreza do período pós-guerra no Japão. Eles decidiram começar a estudar o sangue porque poderiam colher amostras próprias para a pesquisa.
"Queremos que nosso trabalho seja internacional, queremos descobrir novos medicamentos para mostrar nossa gratidão à humanidade", disse ela.
Na época, o casal não conseguiu convencer os médicos locais a testarem o ácidocasoshemorragia pós-parto. O medicamento então foi comprado por uma empresa farmacêutica e usado contra fluxos menstruais intensos.
A história quase parou por aí. Mas o casal começou uma parceria com hospitais ao redor do mundo e contou com 20 mil inscritos para testar o medicamento.
A professora morreu, aos 98 anos, logo antesos testes feitos com 20 mil voluntários comprovarem que suas suspeitas sobre a eficácia do remédiohemorragias pós-parto se confirmavam.
Em um vídeo filmado antes do final dos testes, ela afirmou já ter certeza da eficácia do remédio nesses casos.
"Mesmo antes da pesquisa, eu sei que vai ser eficiente", disse Okamoto.
Auxílio
O pesquisador Ian Roberts afirmou que se sentiu absolutamente inspirado por ela e que a descoberta a respeito da eficácia do medicamento não é o fim da jornada.
Segundo ele, apesar do custo baixo, levar o medicamento a hospitais do mundo todo ainda é um desafio.
"É uma coisa horrível uma mãe morrer no parto. É extremamente importante que tenhamos certeza sobre a disponibilidade do tratamentoqualquer lugar onde ele possa salvar vidas. Não deveríamos ter uma criança crescendo sem a mãe por faltaum medicamento que custa um dólar", afirmou.
Um desses lugares é o Paquistão. De acordo com a médica Rizwana Chaudri, da Universidade Médica da cidadeRawalpindi - a quarta maior do país - há muitas mulheres que morremhemorragias pós-parto ou que já chegam mortas ao hospital.
"Você não conseguiria nem pensar numa coisa dessas no mundo desenvolvido, mas por aqui esses casos ocorrem diariamente, sem parar."
Um dos casoshemorragia ocorreu com Nosheen, que quase morreu depoisdar à luzfilha. Ela sobreviveu apenas depoisuma histerectomia (remoçãoparte outodo o útero)emergência.
"Minha saúde está completamente destruída, e estou muito triste por causa disso", contou ela, a quem o ácido tranexâmico poderia ter ajudado.