É visível o silêncio das ruasbet pix oirelação a Lava Jato, diz cientista político:bet pix oi
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
bet pix oi BBC Brasil - Quais consequências as delações da Odebrecht terão para o governo?
bet pix oi Luiz Werneck Vianna - O governo Temer deve sobreviver - acho que ele deve cumprir o seu mandato. E deve também fazer as reformas com as quais vem se identificando. O apoio do Congresso continua forte.
bet pix oi BBC Brasil - A forma como a política é feita vai mudar? Haverá mudanças na relação entre partidos e empresas?
bet pix oi Vianna - Isso certamente vai sofrer uma mudança radical. Mas não creio que esse expurgo da classe política assuma a mesma proporção que asumiu na Itália [após a Operação Mãos Limpas, nos anos 1990]. Vai ser forte, mas não com a radicalidade da situação italiana. Acho muito difícil que partidos mais enraizados, como PT, PSDB e PMDB, saiam do mapa. Acho que eles ficarão, porque inclusive fora deles não há nadabet pix oinovo surgindo.
bet pix oi BBC Brasil - Novos partidos, como Rede, PSOL e Partido Novo, não são capazesbet pix oipreencher espaços?
bet pix oi Vianna - Dificilmente. Eles não têm quadros, não têm programa. O PSOL é muito parecido com o que o PT foibet pix oideterminado momento, com a denúncia da corrupção e [a defesa da] ética na política. Mas qual o programa econômico do PSOL?
bet pix oi BBC Brasil - Com a crescente rejeição popular à política tradicional, há possibilidadebet pix oisurgimentobet pix oi bet pix oi outsiders bet pix oi ?
bet pix oi Vianna - O outsider é uma possibilidade real - para o bem e para o mal. Tem vários tentando furar esse nevoeiro e se projetar como alternativa. Por ora, nenhum deles é muito atraente.
bet pix oi BBC Brasil - Haverá algum esforço dos grandes partidos para estancar danos?
bet pix oi Vianna - Acho que sim, a reforma política vem aí. Não vembet pix oiforma muito aprofundada porque as circunstâncias não permitem. A cláusulabet pix oibarreira deve vir, assim como a interdição das coligações eleitorais nas eleições proporcionais. Isso já tem um efeito muito saneador do quadro atual.
bet pix oi BBC Brasil - Na história brasileira, momentosbet pix oigrande turbulência - como as revoltas do século 19 - se intercalam com momentosbet pix oiacomodaçãobet pix oiinteresses e transições pacíficas, como na Independência. Qual característica vai predominar na crise atual?
bet pix oi Vianna - A grande massa, por ora - e isso pode mudar -, está apenas sentindo e observandobet pix oilonge esses fatos. Esses fatos têm tido muito peso, muita vocalização na mídia. Uma coisa que se tembet pix oiconsiderar na política brasileira hoje é que a mídia se tornou ator políticobet pix oipeso considerável, mas ela não tem braço, não tem mãos. Tem apenas voz.
Não tivemos ainda as crises da Regência [períodobet pix oigrande turbulência entre a abdicaçãobet pix oidom Pedro 1º e o governobet pix oiseu filho, Pedro 2º]. Elas (as pessoas) não estão se manifestando. É visível o silêncio das ruasbet pix oirelação a tudo isso.
Mas os partidos, as personalidades políticas sobreviventes podem procurar um caminhobet pix oisalvação mútua. Isso estábet pix oicurso. Será possível? Não sei, dependerá da habilidade e criatividade deles e, ao mesmo tempo,bet pix oique aceitem perdas. Esses partidos não poderão mais ser o que eram, vão ter que passar por mudanças.
Haverá uma renovaçãobet pix oipessoas. Não talvez com a carga necessária, porque se se olha toda movimentação que tem havido, há pouquíssimos quadros novos. Não surgiu quase ninguém [com os protestos]bet pix oijunhobet pix oi2013.
A política brasileira tem sido muito pouco permeável a novas lideranças. Essa hora poderá ser a da grande mudança geracional? Tomara, mas dependebet pix oicomo vem essa geração. Porque, a tomar por algumas manifestações, elas não suscitam muita esperança.
bet pix oi BBC Brasil - O grande público não está tão abalado pelos acontecimentos?
bet pix oi Vianna - Se olharmos o registro das ruas, acho que não.
bet pix oi BBC Brasil - Como a situação atual se compara com outros grandes momentos da história brasileira?
bet pix oi Vianna - Certamente tudo isso vai ser lembrado. Agora, o que temosbet pix oinovo aí? Primeiro o protagonismo da mídia. Segundo, do Judiciário. Ambos parecem que vieram para ficar. Mas a política deve reagir a isso.
O Brasil é muito grande. É muito diverso. É muito difícil haver formas muito vertebradasbet pix oiexpressão, no sentidobet pix oique unifiquem classes e regiões, dada a diversidade e a desigualdade existentes.
Vejo esse momento com preocupação, mas serenidade, inclusive porque um ator determinante na vida republicana brasileira, as Forças Armadas, tem procurado ficar à margem do conflito. Só isso garante uma serenidade muito grande.
Nenhum dos atores que estão aí tem força para cortar, romper. Qual seria a expectativa? De que as ruas irrompessem. Se irromperem,bet pix oifato passaremos por poderosíssimas turbulências, com resultados absolutamente imprevisíveis. Não se sabe o que poderia acontecer no final. Um Bonaparte? É hora do Bonaparte sair há muito tempo, mas até agora ele não se fez presente.
bet pix oi BBC Brasil - O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) não chega a ser um Bonaparte?
bet pix oi Vianna - Não, porque Bonaparte tinha armas na mão. Já Bolsonaro, o que ele pode ter? A rua. Mas ele não tem rua.
bet pix oi BBC Brasil - E o prefeitobet pix oiSão Paulo, João Dória (PSDB)?
bet pix oi Vianna - Pode ser. Mas este é um candidato do sistema,bet pix oium grande partido.
bet pix oi BBC Brasil - Lula chega fortebet pix oi2018, apesar das denúncias contra ele?
bet pix oi Vianna - Chega. Ele tem um eleitorado cativo que não vai abandoná-lo, inclusive porque, falando na diversidade do país , o Lula é muito representativo disso, do Nordeste, dos subordinados da sociedade.
Ele tem lastro. Esse lastro será inteiramente perdido? Só saberemos na hora da urna. Algumas manifestações parecem indicar que ele continua com apoio significativobet pix oisetores do eleitorado.