'Meu filho vivia sendo humilhado': caso Dandara expõe tragédiaapostas futebol escandaloviver e morrer travesti no Brasil:apostas futebol escandalo

Segundo vizinhos e pessoas que a conheciam, Dandara distribuía sorrisos por onde passava e ganhava a vida vendendo roupas usadas, alémapostas futebol escandaloajudar a mãe nas atividades domésticas.

"Ela acordava logo cedinho, às 5h já estavaapostas futebol escandalopé e às 6h o café já estava na mesa. Meu filho era querido por onde passava. Todo mundo aqui na rua brincava com ele, os garis, as meninas da padaria, todo mundo", conta a mãe, Francisca Ferreiraapostas futebol escandaloVasconcelos,apostas futebol escandalo74 anos.

Embora a Polícia Militar do Ceará já tenha prendido sete envolvidos no crime, a atuação da PM-CE foi criticada pela demoraapostas futebol escandaloagir. As prisões só foram feitas dois dias após a divulgação do vídeo e 18 dias após a morteapostas futebol escandaloDandara.

A família chora não só pela perda do ente querido, mas também por Dandara ter sido vítimaapostas futebol escandalointolerância.

"Meu filho (Dandara) não tinha inimigos, ele foi morto por preconceito. Por ser travesti, ele vivia sendo humilhado. Agora eu pergunto, qual o problemaapostas futebol escandaloser assim, me diga?", indaga a mãe.

Para ONGs que trabalham com a população LGBT, muitos casosapostas futebol escandaloassassinatosapostas futebol escandalotravestis ou transexuais motivadas por ódio e preconceito permanecem impunes.

Segundo o Grupo Gay da Bahia, eles formam o segundo grupo mais atingido entre vítimas fataisapostas futebol escandaloataques homofóbicosapostas futebol escandalo2016. Dos 343 assassinatosapostas futebol escandalopessoas LGBT, 173 eram gays (50%), 144 (42%) trans (travestis e transexuais), 10 lésbicas (3%), 4 bissexuais (1%), alémapostas futebol escandalo12 heterossexuais tambémapostas futebol escandalocrimes homofóbicos - eram amantesapostas futebol escandalotransexuais, chamados "T-lovers".

Númerosapostas futebol escandalofalta

É impossível saber quantos transexuais e travestis foram mortos no país,apostas futebol escandalobusca feita nos dados das secretariasapostas futebol escandalosegurança pública. Os Boletinsapostas futebol escandaloOcorrência não geram indicadores baseadosapostas futebol escandaloidentidadeapostas futebol escandalogênero e orientação sexual.

O nomeapostas futebol escandaloDandara, por exemplo, consta no relatório diárioapostas futebol escandaloCrimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) da Secretariaapostas futebol escandaloSegurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS) como Antônio Cleilson Ferreira Vasconcelos, seu nomeapostas futebol escandaloregistroapostas futebol escandalonascimento. No espaço destinado ao tipoapostas futebol escandaloarma utilizada no crime, está escrito apenas "outros".

Para o Grupoapostas futebol escandaloResistência Asa Branca (Grab), com sedeapostas futebol escandaloFortaleza, a faltaapostas futebol escandaloestatísticas oficiais seria uma prova da ausência do governo na luta contra a homofobia.

"Se não existem dados, é porque não existimos para eles, somos ignorados. No entanto, existe uma sérieapostas futebol escandaloassassinatos, ataques coletivos a travestis, transexuais, gays e lésbicas, que culminamapostas futebol escandalocrimes cruéis, que emapostas futebol escandalomaioria tem características que demonstram um percursoapostas futebol escandalotortura, até a execução", afirma Dário Bezerra, representante do grupo.

Para o professor e pesquisador do Núcleoapostas futebol escandaloPolíticasapostas futebol escandaloGênero e Sexualidade (NPGS) da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Carlos Eduardo Bezerra, a ausência da discussão sobre gênero e direitos humanos contribui para esse tipoapostas futebol escandaloviolência.

"Nada justifica estes crimes. Mas a ausênciaapostas futebol escandalopolíticas públicas efetivas (educação, saúde, emprego, lazer) voltadas para garantir a dignidade e a proteçãoapostas futebol escandalopessoas LGBT, sobretudo aquelas mais vulneráveis; a ausência da discussão sobre direitos humanos, gênero e identidadeapostas futebol escandalogêneroapostas futebol escandaloescolas e espaçosapostas futebol escandaloformação; o avanço do discurso fundamentalista, contribuem para estes tiposapostas futebol escandalocrimes", analisa o pesquisador.

Omissão

O irmãoapostas futebol escandaloDandara, Ricardo Vasconcelos,apostas futebol escandalo39 anos, aponta não só o preconceito e a intolerância como causa da morteapostas futebol escandaloDandara, mas também a morosidade da políciaapostas futebol escandalointervir na ação dos assassinos.

Ele conta que ligações foram feitas ao númeroapostas futebol escandaloemergência 190 durante o espancamentoapostas futebol escandalosua irmã, mas a PM-CE só chegou ao local após o óbito.

"Vamos entrar com uma ação contra o Estado, eles foram omissos, e essa omissão matou meu irmão. A gente tem provas, o pessoal do bairro onde ele morreu falou que ligou pro 190 e a polícia só chegou na horaapostas futebol escandaloisolar o corpo, e acho que é porque disseram que iam queimá-lo se a PM não chegasse", diz Ricardo.

O Secretárioapostas futebol escandaloSegurança Pública do Ceará, André Costa, disse que a viatura que estava mais próxima do local não foi encaminhada por estar atendendo a uma ocorrência. Mas, após uma segunda ligação, outra viatura foi direcionada ao local.

"Na realidade, o que temos é que a demanda é grande para as viaturas que estão nas ruas. Mas nós estamos trabalhando para colocar mais viaturas nas ruas", explicou Costa.

Questionada sobre uma possível omissão da PM-CEapostas futebol escandalorelação ao massacreapostas futebol escandaloDandara, a Defensoria Pública Geral do Estado (DPGE), por meio do Núcleoapostas futebol escandaloDireitos Humanos, informou que, até o momento, nenhuma denúncia chegou à defensoria. Mas, caso tenha ocorrido alguma omissão, ela será investigada pela DPGE.

O Ministério Público do Estado (MP-CE) disse esperar que os culpados sejam prontamente processados e que respondam por suas ações.