A menina pobre que viveutodos jogos de cartascaverna no Brasil e virou escritoratodos jogos de cartassucesso na Suécia:todos jogos de cartas

Christina Rickardsson

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Legenda da foto, Christina Rickardsson contatodos jogos de cartasprópria históriatodos jogos de cartaslivro que esgotou já na primeira semanatodos jogos de cartasvendas na Suécia

Caverna

Era uma manhã chuvosa quandotodos jogos de cartasmãe, Petronilia, a levou para vivertodos jogos de cartasuma das cavernas do parque do Biribiri. Christina tinha 15 diastodos jogos de cartasvida, e ali seria atodos jogos de cartascasa até os cinco anostodos jogos de cartasidade. Se chegou a conhecer o pai, ela não se lembra. Dizem que foi assassinado.

"Lembro que eu tinha muita fome", conta Christinatodos jogos de cartasentrevista à BBC Brasil.

"Quando não encontrávamos o que comer na floresta, caminhávamos até a cidade e nos sentávamos na estaçãotodos jogos de cartasônibus para pedir esmolas e comida. Às vezes tínhamos sorte, e as pessoas eram gentis. Outros nos chamavamtodos jogos de cartasratostodos jogos de cartasrua, e cuspiamtodos jogos de cartasnós."

Christina Rickardsson

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Legenda da foto, Adotada por suecos, brasileira virou autoratodos jogos de cartasbest-seller na Suécia e criou fundação para ajudar crianças carentes

À noite, ela tinha medo: dos escorpiões, das aranhas e das cobras que rondavam a caverna.

"Lembrotodos jogos de cartasacordar várias vezes no meio da noite", diz Christina.

Mas ela também se lembratodos jogos de cartasuma infância amorosa.

"Na caverna, minha mãe me contava histórias sobre Deus, anjos e muitas outras coisas. Existiam muitas cavernas na região, mas não havia outras pessoas vivendo ali, como nós vivíamos. Era apenas eu e ela, e eu sentia que tinha toda o amor e atençãotodos jogos de cartasminha mãe. Eu me sentia amada, e isso foi extremamente importante para a minha vida", diz.

Um dia, chegaram uns homens com seus cães, e elas foram expulsas da caverna. Foi quando Petronilia levou Christina para uma favelatodos jogos de cartasSão Paulo, onde ela passou a viver nas ruas enquanto a mãe buscava trabalho. Seu irmão, Patriqui, nasceu cercatodos jogos de cartasum ano depois.

Pouco antestodos jogos de cartasser levada pela mãe para um orfanato, que Christina achava que era uma escola, ela viveu um trauma. Conta que viu a melhor amiga, Camille, ser assassinada por policiais natodos jogos de cartasfrente, quando as duas dormiam na rua.

Christina Rickardsson quando criança com a mãe adotiva

Crédito, Cortesia/Christina Rickardsson

Legenda da foto, Aos oito anos, Christina Rickardsson foi adotada por um casal que a levou para a Suécia

Seu segundo choque aconteceu no diatodos jogos de cartasque os pais adotivos a levaram do orfanato, junto com o irmão Patriqui - que também ganhou um nome sueco, Patrik.

"Eles me disseram no orfanato que eu seria adotada, mas ninguém me explicou o que aquilo realmente significava", conta Christina. "Quando saímos do orfanatotodos jogos de cartasmãos dadas com meus pais adotivos, vi que aquilo era real - aquelas pessoas estavam me levando embora."

O medo foi suavizado pela excitaçãotodos jogos de cartasvoar pela primeira vez num daqueles pássarostodos jogos de cartasmetal. E só quando o avião pousou na Suécia, Christina percebeu que tinha deixado o Brasil.

"Minha mãe adotiva me mostrou um daqueles globos antigos, e apontou: aqui é a Suécia, ali é o Brasil. Eu vi aquele imenso oceano no meio, e foi então que percebi que eu não estava mais no meu país."

'Não sabia que a neve era fria'

O novo lartodos jogos de cartasChristina era Vindeln, um pequeno vilarejotodos jogos de cartas2,5 mil habitantes situado no norte da Suécia, próximo à cidadetodos jogos de cartasUmeå. E quando o inverno chegou, ela viu a neve pela primeira vez.

"Havia nevado muito durante a noite, e quando acordei achei que nossa casa estava cercada por uma imensa nuvem branca. Eu não sabia o que era neve. Saí entãotodos jogos de cartascasa, quase sem nenhuma roupa, e me joguei naquele tapete branco que cobria o chão", conta Christina.

"Não sabia que a neve era fria, e comecei a gritar", ela lembra. A mãe adotiva apressou-setodos jogos de cartaslevá-la para um banho quente.

Christina e o irmão Patrik Rickardsson quando crianças

Crédito, Cortesia/Christina Rickardsson

Legenda da foto, Adotada junto com o irmão Patrik, Christina Rickardsson se lembra do diatodos jogos de cartasque descobriu que neve era 'fria'

Tudo era estranho - o clima, a cultura, a língua.

"O mais difícil era que eu não podia me comunicar com ninguém. Meu irmão tinha menostodos jogos de cartasdois anostodos jogos de cartasidade. Minha mãe adotiva andava com um pequeno dicionáriotodos jogos de cartasportuguês, mas não conseguia pronunciar direito as palavras", diz.

Christina viveria mais uma perda aos 16 anos, quando um câncer levou embora Lili-Ann,todos jogos de cartasmãe adotiva.

Depoistodos jogos de cartas24 anos na Suécia,todos jogos de cartas2015 ela decidiu voltar ao Brasil para procurar a família, a caverna e o orfanato da infância.

Sobre a busca da mãe biológica, prefere deixar que as respostas sejam encontradastodos jogos de cartasseu livro. Mas ela conta que estátodos jogos de cartascontato com a família brasileira, e que aos poucos vai tentando reaprender o português.

"Falo só um pouquinho", ela diz, com um forte sotaque sueco.

Christina Rickardsson segura o livro

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Legenda da foto, "Sluta Aldrig Gå" ("Nunca Paretodos jogos de cartasCaminhar") é o título do livrotodos jogos de cartasChristina, dedicado às palavras da mãe biológica dela

Sucesso

Na Suécia, seu livro teve a tiragem inicial esgotadatodos jogos de cartasapenas uma semana, alcançou o segundo lugar na lista dos mais vendidos e levou Christina Rickardsson aos principais veículostodos jogos de cartascomunicação do país.

"Quando cheguei à Suécia, percebi que meus amigos suecos tinham condiçõestodos jogos de cartasvida muito diferentes daquelas que crianças como eu tinham no Brasil. Sempre quis então escrever um livro para contar como é crescertodos jogos de cartasum país onde a nem todas as crianças é dada a oportunidadetodos jogos de cartaster um futuro. E uma das coisas que a Suécia me ensinou é que, quando você dá a uma criança a chancetodos jogos de cartaster uma vida digna, ela vai agarrá-la."

A última página do livro é dedicada ao trabalho desenvolvido pelatodos jogos de cartasfundação, a Coelho Growth.

"Indico ali também o site onde as pessoas interessadas podem fazer doações, para que outras crianças brasileiras também possam ter um futuro", diz Christina.

A fundação já desenvolve projetostodos jogos de cartasassistência a criançastodos jogos de cartasuma creche e dois orfanatostodos jogos de cartasSão Paulo - incluindo aquele onde Christina viveu. A autora conta que também iniciou um projetotodos jogos de cartascolaboração com as favelastodos jogos de cartasHeliópolis,todos jogos de cartasSão Paulo, e do Complexo da Maré, no Riotodos jogos de cartasJaneiro.

Christina Rickardsson fazendo palestra

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Legenda da foto, Christina Rickardsson quer distribuir exemplares gratuítos do livro dela a crianças carentes no Brasil

Para o lançamento do livro no Brasil, Christina tem um plano: distribuir gratuitamente cercatodos jogos de cartas1 mil exemplares para crianças carentestodos jogos de cartasfavelas, alémtodos jogos de cartasdoar cópias para bibliotecas locais.

"Uma das razões que me levaram a essa ideia foi a notíciatodos jogos de cartasque o novo governo do Brasil vai congelar os gastos com educação, assim como no setortodos jogos de cartassaúde. É muito triste ver o que está acontecendo hoje no Brasil", diz Christina.

"Quero então levar força e esperança às crianças carentes brasileiras, e dizer a elas que, mesmotodos jogos de cartastempos difíceis, nunca desistam. Nunca deixemtodos jogos de cartascaminhar."