'Comi cascasfreebet member barubatata do lixo e me cobri com cadáveres para não morrer', diz sobrevivente do Holocausto:freebet member baru
Balkanyi é um dos poucos sobreviventes ainda vivos do massacre. Nesta sexta-feira, comemora-se o Dia Internacionalfreebet member baruMemória das Vítimas do Holocausto, solenidade instituída pela ONUfreebet member baru2005.
Em um mistofreebet member baruportuguês e espanhol, ele relembra as privações e torturas pelas quais passou com uma memória invejável, apesar da idade avançada.
Filho únicofreebet member barujudeus húngaros, Balkanyi nasceu no Uruguaifreebet member baru3freebet member baruoutubrofreebet member baru1928, mas se mudou para a Europa com os pais, quando tinha apenas um ano.
"Meus avós paternos estavam com saudades do meu pai e insistiam que ele voltasse para a Europa", diz.
De volta ao Velho Continente, os Bakanyis se instalaramfreebet member baruCakovec, uma cidade da antiga Iugoslávia, hoje Croácia. Ali montaram uma livraria e uma gráfica - e o negócio logo prosperou.
Prisão
Mas a ascensãofreebet member baruregimes totalitários na Europa começou a preocupar a família, que tentou revalidar a nacionalidade uruguaia, sem êxito. Foram impedidos pela ditadurafreebet member baruGabriel Terra (1931-1938), que então comandava o Uruguai.
Em 1940, a Hungria se aliou ao Eixo e,freebet member barumenosfreebet member baruum ano, invadiu o norte da Iuguslóvia com o respaldo dos alemães. Os bens dos Balkanyis acabaram confiscados, conta ele.
A perseguição aumentou gradativamente e,freebet member baru1944, com a Hungria dominada por completo pelas forças nazistas, o destino dos Balkanyis foi fatalmente selado.
"Fomos feitos prisioneiros e colocadosfreebet member barutrens rumo aos camposfreebet member baruconcentração", recorda ele.
A família acabou separada: pai e filho foram enviados para o campofreebet member baruconcentraçãofreebet member baruAuschwitz, na Polônia, enquanto a mãe foi mantidafreebet member baruoutro,freebet member baruuma cidade próxima.
"Só soubemos do paradeirofreebet member baruminha mãe e que ela estava viva quando recebemos uma correspondência dela", conta ele.
"Ela havia conseguido subornar um guarda nazista dando-lhe as roupasfreebet member barujudeus que haviam sido enviados às câmarasfreebet member barugás", acrescenta.
As câmarasfreebet member barugás, aliás, foram o trágico destinofreebet member baruseus avós maternos. O vigor físicofreebet member baruBalkanyi, então com 15 anos, o poupou do extermínio.
Mas embora afreebet member barusaúde o tenha inicialmente salvado da morte, os cercafreebet member baru11 mesesfreebet member baruque ficou presofreebet member barucamposfreebet member baruconcentração - inicialmentefreebet member baruAuschwitz, na Polônia, e posteriormentefreebet member baruBuchenwald, na Alemanha, cobraram o seu preço.
Inicialmente forçado pelos alemães a trabalhar na construçãofreebet member baruuma fábricafreebet member baruprodutos químicos, chegou a carregar sacosfreebet member barucimentofreebet member baruaté 50 quilos. Até hoje, por causa disso,freebet member barumobilidade é reduzida.
"Não tinha o que comer. À noite, quando os guardas nazistas iam dormir, eu e outros companheiros íamos roubar as cascasfreebet member barubatata jogadas no lixo. Era delas que nos alimentávamos", recorda.
Libertação
Em 1945, com o avanço dos soviéticos e o prenúncio do fim da guerra, os nazistas começaram a deixar as áreas ocupadas no leste europeu e retornar à Alemanha. Levaram consigo os prisioneiros, no que ficou conhecido como a "Marcha da Morte" - muitos deles não resistiram às jornadas quilômétricas feitas a péfreebet member barumeio ao inverno intenso, sob temperaturas negativas.
Enquanto o seu pai permaneceufreebet member baruAuschwitz, por causa da saúde debilitada ("Eles diziam que iam matá-lo"), Balkanyi foi postofreebet member baruum tremfreebet member barutransportefreebet member barucarvão com destino ao campofreebet member baruconcentraçãofreebet member baruBuchenwald, na Alemanha.
Os vagões eram abertos e, sem proteção, tevefreebet member barudesafiar a morte mais uma vez.
"Tivefreebet member barume cobrir com cadáveresfreebet member baruoutros prisioneiros para aguentar o frio. Das 200 pessoas que estavam a bordo, acho que só 20 sobreviveram", estima.
Em 11freebet member baruabrilfreebet member baru1945, Balkanyi foi finalmente libertado pelos americanos.
"Durante o tempofreebet member baruque estive preso, passeifreebet member baru80 para 42 quilos. Era só pele e osso. Se os americanos tivessem demorado mais 15 dias, teria morrido", diz.
Livre, ele voltou a Cakovec, onde, miraculosamente, reencontrou o pai e a mãe - a família, uma das poucas a ter sobrevivido ao Holocausto, havia combinadofreebet member baruvoltar à cidade se escapasse com vida do genocídio.
Sem dinheiro e com a Europa devastada pelo conflito, os três conseguiram voltar ao Uruguaifreebet member baru1948 com a ajudafreebet member baruum parente.
Em Montevidéu, Balkanyi conheceria a futura mulher, Rita, com quem teve três filhos. Ali dedicou-se ao comércio e teve duas fábricasfreebet member baruroupas.
Mudança para o Brasil
Tudo corria bem, quandofreebet member barumeados dos anos 60, decidiu se mudar com toda a família para o Brasil, preocupado com o totalitarismo que avançava no Uruguai.
"Tinha um amigo que morava aqui (São Paulo) e me convidou para vir. Não queria passar novamente pelo que passei", recorda.
Hoje com seis netos e quatro bisnetos, Balkanyi diz estar preocupado com a ascensão do neonazismo no Brasil.
Uma reportagem recente da BBC Brasil mostrou que a polícia civil vem detectando uma maior movimentaçãofreebet member barugruposfreebet member barucaráter neonazistafreebet member baruSão Paulo nos últimos meses.
Segundo especialistas e policiais, entre as possíveis causas para essa tendência estão o cenário político no Brasil, o fortalecimentofreebet member barupartidos conservadores efreebet member baruextrema-direita no exterior e a situaçãofreebet member barudesemprego e instabilidade econômica.
"Tenho 88 anos e não vou viver para sempre. Por isso, é muito importante continuarmos a contar essa história para que o mundo nunca se esqueça do que aconteceu", diz Balkanyi, que tem material suficiente, entre memórias e anotações, para escrever "um ou dois livros, mas me falta a habilidade dos grandes escritores".
Ato solene
Por ocasião do Dia Internacionalfreebet member baruMemória das Vítimas do Holocausto, entidades judaicas (Confederação Israelita do Brasil (Conib), a Federação Israelita do Estadofreebet member baruSão Paulo (Fisesp) e Congregação Israelita Paulista (CIP) vão promover um ato solenefreebet member baruSão Paulo no domingo.
A cerimônia, cujo tema será o "Holocausto e Intolerância no Mundo", vai homenagear os 6 milhõesfreebet member barujudeus mortos, com o acendimentofreebet member baruseis velas por sobreviventes do Holocausto, representantesfreebet member baruoutras comunidades, vítimas do nazismo efreebet member baruperseguições, autoridades políticas, religiosas, institucionais e jovens.
No mesmo dia, será inaugurada a exposição fotográfica "Lembrar e Honrar", sobre as crianças no Holocausto. A mostra ficaráfreebet member barucartaz na Sinagoga da Congregação Israelita Paulista (CIP),freebet member baruSão Paulo, até 26freebet member barufevereiro.
Colaborou Flavia Nogueira, da BBC Brasilfreebet member baruSão Paulo