Tucanos, evangélicos e derrota da esquerda: as tendências políticas reveladas pelas eleições municipais:g esporte
Apesar disso, perderamg esporteBelo Horizonte, a base do presidente da legenda, o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Entenda melhor abaixo os destaques da eleição municipal e seus possíveis desdobramentos políticos.
Evangélicos
Para a cientista política Christiane Laidler, professorag esporteHistória Contemporânea da UERJ (Universidade do Estado do Riog esporteJaneiro), a eleição carioca trouxe duas novidadesg esportetermosg esporteforças políticas.
De um lado, mostrou o fortalecimento do PSOL, uma siglag esporteesquerda ainda pequena, mas que vem crescendo no Estado desde a eleiçãog esporte2014.
De outro, acabou coroando uma importante liderança evangélica, na primeira grande vitória no Poder Executivog esporteum grupo político que já vem ganhando espaço relevante no Congresso eg esporteassembleias legislativas.
Devido ao grande númerog esporteparlamentares, o PRB teve cargos no governo do PT ─ o próprio Crivella foi ministro da Pesca ─ e agora o presidente da sigla, Marcos Pereira, ocupa o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
É a primeira vez, porém, que o PRB ganha uma capital, e logo a segunda maior do país, destaca Laidler.
"Essa direita religiosa não é mais um fenômeno marginal, acho que já é um fenômeno central (na política brasileira)", destaca.
"É uma direita com um projeto diferente, ligada à uma igreja pentecostal, bastante conservadora, sobretudo do pontog esportevista da agenda moral", acrescenta.
Vitória do PSDB
Em termos gerais, o grande vitorioso das eleições municipais foi o PSDB, apontam os analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Embora o PMDB tenha ganhado, mais uma vez, o maior númerog esportemunicípios, isso não criou um fato novo nem serviu para alavancar a popularidade do presidente Michel Temer, assinala Rafael Cortez, cientista político da consultoria Tendências.
Além disso, o partido perdeu no Riog esporteJaneiro,g esporteprincipal vitrine, onde o prefeito Eduardo Paes não conseguiu levar seu candidato, Pedro Paulo, nem para o segundo turno.
Já o PSDB ganhoug esportecidades mais importantes e vai governar o maior númerog esportepessoas.
Em São Paulo, o mais importante Estado do país, o partido já havia levado no primeiro turno a capital, com a eleiçãog esporteJoão Doria, afilhado político do governador Geraldo Alckmin.
No segundo turno, ganhou também outras cidades importantes ─ tradicionalmente governadas pelo PT ─ como São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto e Santo André.
Sem candidato no segundo turnog esporteseu berço político, São Bernardo do Campo, o ex-presidente Lula optou por nem votar neste domingo. Como o líder petista tem maisg esporte70 anos, seu voto não é obrigatório.
Neste domingo, o PSDB também conquistou mais cinco capitais: Porto Alegre, Belém, Manaus, Maceió e Porto Velho.
Perdeu, porém,g esporteBelo Horizonte, justamente redutog esporteAécio. Na capital mineira Alexandre Kalil (PHS) derrotou o tucano João Leite com 53% dos votos válidos.
O resultado deixa Alckmin fortalecido para disputar com Aécio a indicação do PSDB para candidato presidencialg esporte2018, acredita Cortez.
"O PSDB foi o partido que mais conseguiu mobilizar o voto antipetista (no pleito municipal). O partido tem grande oportunidadeg esporteretornar e ter um ganho positivo nas urnasg esporte2018", avalia.
Derrota do PT e da esquerda
Enfraquecido pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, a crise econômica e as denúnciasg esportecorrupção, o PT encolheu fortemente nas eleições municipais. Ganhoug esporteapenas uma capital, com a reeleiçãog esporteMarcus Alexandre no primeiro turnog esporteRio Branco (AC). De 638 prefeituras conquistadasg esporte2012, o partido ficou apenas com 254 nesta eleição.
"A despeito da Lava Jato envolver vários partidos, foi o PT queg esportefato pagou por esse preço. E o partido enfrenta uma crise que deve ser agravada por conta da ausênciag esporteliderança para mobilizar a reconstrução da imagem partidária", afirma Cortez.
Ele avalia que agora a sigla vive uma relação ambígua comg esportemaior liderança, Lula, que enfrenta o desgasteg esporteseguidas denúnciasg esportecorrupção ─ as quais ele nega ─ e o riscog esporteficar impedidog esporteconcorrerg esporte2018 devido a uma eventual condenação.
A forte dependência do ex-presidente acaba sendo um impeditivo para o partido se reconstruir, acredita Cortez.
"O aumento da rejeição a Lula ajuda a explicar o encolhimento do PT, mas a despeitog esportetoda a crise é ele quem ainda consegue ter um apoio mínimo dentro do eleitorado", nota.
Se o partido não se reinventar, corre riscog esporteperder o protagonismo na esquerda, acredita Cortez.
"A maior expressão desse desafio (de reconstrução) é o fatog esportehaver concorrência dentro da esquerda. O PT foi ultrapassado do ponto do vista eleitoral dentro da esquerda nesta eleição. Não chegou num segundo turnog esporteuma grande capital, coisa que o PSOL fez", ressalta.
Mas embora o enfraquecimento do PT tenha aberto mais espaço para vitóriasg esporteoutros partidosg esporteesquerda, como PSOL e PDT, o desempenho dessas siglas não foi capazg esporteevitar o avanço da direita.
"Essa eleição marcou a derrota dos partidos progressistas,g esporteesquerda, e atég esportecentro-direita. O projeto da Rede (partidog esporteMarina Silva) não teve efetividade, conquistou pouquíssimas prefeituras. Os projetosg esporteterceira via,g esportecentro, também não deslancharam", observa Christiane Laidler.
E 2018?
Os resultados das eleições municipais costumam refletir na composição do Congresso Nacional seguinte,g esportemodo que o cenário hoje aponta para um encolhimento da bancada do PT na Câmara e no Senado e um crescimento das bancadasg esportedireita.
A disputa presidencial, porém, segue sendo uma incógnita, afirmam os analistas, devido aos desdobramentos imprevisíveis da Operação Lava Jato.
A expectativa é que dia 8g esportenovembro dezenasg esporteexecutivos da Odebrecht assinarão um acordog esportedelação premiada que pode trazer denúncias contra importantes políticosg esportePMDB, PSDB, PT, entre outras siglas, inclusive autoridades do governo Temer.
Não está descartadog esporteBrasília também o riscog esporteo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje presog esporteCuritiba, seguir o mesmo caminho.
"2018 vai depender dos desdobramentos das investigações e quanto isso vai desgastar políticos tradicionais: Aécio, Serra, Alckmin, PT", ressalta Cortez.
Um cenáriog esporteforte desgaste dessas lideranças poderia ser favorável a Mariana Silva, que tem uma imagem mais distanciada da política tradicional, no entanto, o desempenho muito fraco da Rede dificultag esportecandidatura.
"Marina não aproveitou toda essa crise petista e hoje ela é menor do que foig esporte2014. Naquele momento ela herdou a estrutura do Eduardo Campos (mortog esporteacidente durante a campanha). Ela tem agora um pontog esportepartida muito mais baixo", observa.
Dentro da esquerda, alémg esporteLula, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) tem despontado como possível candidato. Para Laidler, as reformas impopulares que vêm sendo propostas pelo governo Temer podem gerar uma resistênciag esporteesquerda.
"O PT parece não estar mais no jogo político, mas a agendag esportedesmonte do Estadog esportebem-estar social vai gerar muito conflito, que deve se refletirg esporte2018", acredita.
Já o presidente Michel Temer tem evitado se colocar como possível candidato à reeleição, para não melindrar seu principal aliado, o PSDB.
Ruptura no PSDB?
Para Cortez, o successo do PSDBg esporte2018 vai dependerg esporteo partido evitar a fragmentaçãog esporteseus principais líderes.
Ele levanta a hipóteseg esporteque, caso Aécio, que hoje controla boa parte do partido, seja o candidato, Alckmin possa deixar a sigla para tentar concorrer por outra legenda, como o PSB por exemplo.
Movimento semelhante poderia ocorrer com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, que teria como opção se abrigar no PSD, pondera.