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UPPs, crise e adaptação: os desafios da nova cúpula da segurança no Rio:super bet 888
Ao tomar posse nesta segunda-feira, Roberto Sá, que era o braço direitosuper bet 888Beltrame na secretaria, prometeu manter as UPPs, mas sinalizou mudanças na gestão do programa.
"Vamos focar e intensificar nas investigações (para apreender) fuzis e armassuper bet 888alto poder explosivo, juntamente com outras polícias,super bet 888uma 'coalizão do bem'", disse. Sá prometeu ainda privilegiar a valorização do policial e o controle da letalidade violenta.
Às vésperas da Olimpíada, diante da impossibilidadesuper bet 888bancar horas extras para recrutar policiais que deveriam estarsuper bet 888folga. o Estado registrou o retornosuper bet 888arrastõessuper bet 888bairros da Zona Sul, assaltossuper bet 888túneis e o avanço do poder do tráficosuper bet 888favelas, muitas já com UPPs.
A situação levou o Riosuper bet 888Janeiro a decretar estadosuper bet 888calamidade pública e o governo federal enviou R$ 2,9 bilhões para garantir a segurança durante o período dos Jogos.
"Se o Estado está quebrado, sem a certezasuper bet 888que policiais receberão seus saláriossuper bet 888dezembro e nem 13º, chegamos a uma situaçãosuper bet 888quase falência. Não haverá expansãosuper bet 888políticassuper bet 888segurança e manter as UPPs será um enorme desafio. A questão é como criar um novo planejamento estratégico que inclua sinergia, realocaçãosuper bet 888recursos e adaptação com o que se tem", diz José Augusto Rodrigues, pesquisador do Laboratóriosuper bet 888Análisesuper bet 888Violência da Uerj (Universidade Estadual do Riosuper bet 888Janeiro).
É nesse cenário delicado e volátil que,super bet 888acordo com especialistas, Roberto Sá deverá enfrentar outros desafios, como a crescente crise das UPPs, a retomada das guerrassuper bet 888facções rivais do tráfico e a necessidadesuper bet 888mudanças na políticasuper bet 888segurança do Estado sem retorno à repressão policial e sem abandono do policiamento comunitário.
A menossuper bet 888duas semanas do segundo turno das eleições municipais, que colocarão Marcelo Crivella (PRB) ou Marcelo Freixo (PSOL) no comando do Rio, especialistas também recomendam que a prefeitura assuma mais responsabilidades na segurança pública, sobretudosuper bet 888forma preventiva, e que a Guarda Municipal divida tarefas com o Estadosuper bet 888regiões onde o policiamento ostensivo não é crucial.
Adaptação e recomendações
Para Maria Isabel Couto, pesquisadora da Diretoriasuper bet 888Análisessuper bet 888Políticas Públicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas) é imprescindível, sobretudosuper bet 888uma crise econômica, que o novo planejamento estratégico considere particularidadessuper bet 888cada região da cidade, o que permitiria realocar recursossuper bet 888forma inteligente.
"Há lugares com índice maiorsuper bet 888homicídios, forçando a presença do policiamento ostensivo da PM. Em outros, a principal questão é o furto ou o roubo, onde a Guarda Municipal poderia atuar. Analisar esses dados e incorporá-los ao planejamento possibilitaria implementar uma repressão mais qualificada, baseada maissuper bet 888inteligência do que simplesmente na reação ao crime", diz Couto, que analisou dadossuper bet 888todos os bairros do Rio.
No estudo "Denúncia, crime e castigo: o ciclo da violência no Rio", o grupo da FGV estudou quatro variáveis: percepçãosuper bet 888insegurançasuper bet 888cada localidade, índicessuper bet 888criminalidade, bairrossuper bet 888origem dos presos no sistema penitenciário do RJ e regiões para onde voltam os detentossuper bet 888liberdade condicional.
"Bairros como Bangu e Bonsucesso se destacamsuper bet 888todas as quatro áreas analisadas. Já áreas mais movimentadas como Cidade Nova e Centro concentram mais registrossuper bet 888crimes, e lugares como Cidadesuper bet 888Deus registram poucos crimes, mas são origem e retornosuper bet 888detentos", explica.
Tal diferenciação, aponta o estudo, pode ser crucial para lidar com o desafio da crise econômica. A equipe também considera que o município tem mais condiçõessuper bet 888implementar programassuper bet 888saúde, educação, capacitaçãosuper bet 888mãosuper bet 888obra e acesso ao mercadosuper bet 888trabalho, que constituem políticassuper bet 888prevenção ao crime.
Repressão ou prevenção?
Uma experiência da Polícia Militar feitasuper bet 8882015 no bairro do Grajaú, onde policiais ficavam responsáveis por quarteirões e conseguiam antever ações criminosas e estabelecer proximidade com a comunidade, é um exemplosuper bet 888iniciativasuper bet 888sucesso, segundo o estudo.
"Num cenáriosuper bet 888falência do Estado, qualquer perspectivasuper bet 888melhora do quadro da segurança vai depender do compartilhamentosuper bet 888recursos e maior usosuper bet 888inteligência. Vamos ver se o novo prefeito estará disposto a fazer essa sinergia, colocando a Guarda Municipal para atuarsuper bet 888locais onde o uso do policiamento armado não é crucial, mas sim a manutenção da ordem pública", diz José Augusto Rodrigues.
Julita Lemgruber, ex-diretora do sistema penitenciário fluminense e chefe do Centrosuper bet 888Estudossuper bet 888Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, diz que fatores como esses deverão ser contemplados na estratégiasuper bet 888segurança neste novo ciclo para o RJ.
"O próprio Roberto Sá criou o sistemasuper bet 888metas, atualmente deixadosuper bet 888lado por faltasuper bet 888recursos, no qual o policial é recompensado pelo bom desempenho. Na realidade atual, o desafio será repensar o tiposuper bet 888políticasuper bet 888segurança que dá mais resultados e o que se pode fazer no cenário presente. Intensificar a histórica lógica da guerra às drogas, com resultados pífios,super bet 888detrimento da sinergia com outras forças e policiamentosuper bet 888proximidade, não é o caminho", diz.
Futuro das UPPs
Projeto criado durante a gestãosuper bet 888José Mariano Beltrame e que ajudou o Rio a melhorar seus índicessuper bet 888criminalidade entre 2008 e 2012 (de lá para cá os indicadores voltaram a piorar), as UPPs enfrentam atualmente seu pior momento.
Com 38 unidades que empregam maissuper bet 8889 mil policiais, o programa, que ganhou visibilidade internacional como uma das grandes iniciativassuper bet 888segurança no Rio das últimas décadas, retomando territórios dominados pelo tráfico, chegou a um nívelsuper bet 888esgotamento que, segundo especialistas, representa uma das maiores dificuldades da nova gestão no Estado.
Nas últimas semanas houve debate sobre a possível extinção do programa. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB), chegou a defender a redução pela metade do númerosuper bet 888UPPs no Rio. Nesta segunda-feira, Sá assumiu limitando-se a dizer que o programa será mantido, mas "com ajustes".
"É nítido que as UPPs não podem ser abandonadas. As favelas precisamsuper bet 888um policiamentosuper bet 888proximidade. Agora, antessuper bet 888falarmossuper bet 888reduções ou alterações, é preciso que a Secretariasuper bet 888Segurança entenda que os moradores veem os policiais,super bet 888algumas favelas, como os novos 'donos do morro', substituindo os traficantes no controle por meio da força. Isso precisa ser revisto para que o programa tenha sucesso", aponta Lemgruber.
Para José Augusto Rodrigues, abandonar as UPPs seria "uma loucura". O pesquisador se diz favorável a reduções e realocaçãosuper bet 888efetivos nas unidades como formasuper bet 888lidar com a crise no projetosuper bet 888pacificação.
"Em casosuper bet 888uma situaçãosuper bet 888emergência, com o Estado quebrado, me parece a única alternativa deslocar policiaissuper bet 888unidades com menos problemas, como a Santa Marta,super bet 888Botafogo, para locais como o Complexo do Alemão. Agora, Beltrame tem razão quando diz que o policial não pode ficar lá sozinho. A UPP precisa,super bet 888qualquer forma, que serviçossuper bet 888saúde, educação e capacitação profissional a acompanhem nas comunidades", opina.
A visãosuper bet 888fracasso das UPPs pela opinião pública seria uma das graves consequências caso o programa não sobreviva ao momentosuper bet 888crise, aponta Maria Isabel Couto, da FGV.
"Iniciativassuper bet 888segurança pública historicamente não se sustentam no Rio. Há uma descrença generalizada da população e a criminalidade explora essa fragilidade. A UPP foi uma exceção. Agora, há riscos como osuper bet 888policiais serem largados isolados e sem recursos dentro das favelas, à mercê dos traficantes, o que também enfraquece o projeto", diz.
Além das UPPs, especialistas identificam outros problemas para a nova gestão, como o retorno do foco principal na repressão policial. Essa tendência seria reforçada pela escassezsuper bet 888recursos e pela pressãosuper bet 888setores da opinião pública diante da sensaçãosuper bet 888insegurança - reforçada por episódios como os tiroteios na semana passadasuper bet 888morros da Zona Sul.
"A sociedade também precisa entender que policiamentosuper bet 888proximidade, sinergiasuper bet 888forças e usosuper bet 888inteligência são preferíveis ao uso ostensivo da força para quem reclamasuper bet 888bala perdida, tiroteio e aumento da violência. A repressão é necessária, sem dúvida, mas não podemos abandonar a oportunidadesuper bet 888mudar a formasuper bet 888policiamento e a visãosuper bet 888segurança pública no Rio", diz Maria Isabel Couto.
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