Após mortebet7k robozinhomenino por infecção, capivaras da Pampulha provocam debate ambiental e eleitoralbet7k robozinhoBH:bet7k robozinho
São 1.592 casos e 495 mortes pela doença no Brasil desde 2000.
A mortebet7k robozinhoThales reacendeu a discussãobet7k robozinhoBelo Horizonte sobre a situação das capivaras, algumas das principais "moradoras" da Pampulha, região turística da capital mineira e donabet7k robozinhoum conjunto arquitetônico que há dois meses foi declarado patrimônio cultural da humanidade.
Além do garoto Thales, mais um caso recentebet7k robozinhocontaminação na orla da Pampulha foi comprovado. Um funcionário da Aeronáuticabet7k robozinho54 anos recebeu tratamento e teve alta hospitalar. Ele encontrou um carrapato no corpo quatro dias após passearbet7k robozinhovolta da lagoa. Outras duas suspeitas estãobet7k robozinhoinvestigação na capital mineira.
A capivara, maior roedor do mundo, pode ser vistabet7k robozinhodiversos pontos da lagoa da Pampulha. Já foi até acusadabet7k robozinhocomer partes do jardim projetado por Burle Marx (1909-1994) no Museubet7k robozinhoArte da Pampulha, uma das edificações do conjunto criado por Oscar Niemeyer (1907-2012).
A mãebet7k robozinhoThales, a garçonete Desireé Martins, diz ser muito provável que o menino tenha tido contato com o carrapato infectado no parque na orla da lagoa. "Ele era uma criança muito especial, que aproveitou bastante a vida dele."
A morte do garoto despertou medo entre a população e revelou falhas do poder públicobet7k robozinhocontrolar a doença. O problema das capivaras na região mais famosabet7k robozinhoBH também virou muniçãobet7k robozinhocampanha eleitoral e divide especialistas sobre possíveis soluções - houve até quem sugerisse o abate dos animais.
Eutanásia
O caminho mais radical é defendido pelo sanitarista e professorbet7k robozinhoVeterinária da Universidade Federalbet7k robozinhoMinas Gerais (UFMG), Romário Cerqueira Leite.
"É preciso tomar uma providência rápida, pois as pessoas vão morrer. Fazer uma coisa dura e durante um período curto elimina o problema", diz, ao defender o abate das capivaras.
Ele afirma que a situação na Pampulha é complexa: o maior equipamento públicobet7k robozinholazer da cidade é um ambiente ideal para as capivaras, com abundânciabet7k robozinhoalimento (vegetação) e ausênciabet7k robozinhopredadores naturais como sucuris e onças-pintadas.
"Elas (capivaras) vivem no paraíso. Com comidabet7k robozinhosobra, sem predadores e se multiplicando demais."
O sanitarista participoubet7k robozinhodiscussão semelhantebet7k robozinhoCampinas (SP),bet7k robozinho2011, quando 13 capivaras foram exterminadas no Parque Largo do Café. Antes do abate, o parque foi fechado e as capivaras, confinadas. Nesse período, quatro funcionários do parque contraíram febre maculosa e três morreram - mas não houve casos posteriores da doença no local.
"Sobre a Pampulha, não recomendo que ninguém frequente a região. Pegar a febre maculosa é como ganhar uma loteria do mal. Não vale a pena arriscar", aconselha Leite.
Confinamento
Em 2014, a Prefeiturabet7k robozinhoBH conduziu uma tentativa fracassadabet7k robozinhomanejo das capivaras. Conseguiu autorização para recolher e levar 52 animais para um curral dentro do Parque Ecológico da Pampulha - o mesmo que o menino Thales visitou no mês passado.
O plano era transferir os bichos para outro local, mas quem poderia recebê-los no interior do Estado desistiu após saber que as capivaras tinham carrapatos com a bactéria Ricketsia ricketsii.
A demora motivou uma disputa entre o Ibama (que pedia a liberação dos roedores) e a prefeitura. Resultado: 38 capivaras morreram por estresse e uma decisão judicial ordenou a soltura das sobreviventesbet7k robozinhojaneiro deste ano.
Hoje a prefeitura discute uma solução com o Ibama e o Ministério Público, mas ainda não há consenso sobre o destino das capivaras. "O importante é que saímos do impasse da judicialização", diz Jorge Espeschit, presidente da Fundação Zoobotânica da cidade.
Ele diz que a prefeitura tem feito podas regulares na orla da lagoa e ações com carroceiros para controlar carrapatosbet7k robozinhocavalos.
Em nota emitida após a morte do menino Thales, a prefeitura prometeu intensificar ações preventivas, como capacitaçãobet7k robozinhoprofissionais e distribuiçãobet7k robozinhomaterial informativo para a população com "medidas para evitar o contato com os carrapatos, alémbet7k robozinhoprovidências a serem tomadasbet7k robozinhocasobet7k robozinhosuspeitabet7k robozinhopicada por esse vetor".
Esterilização
Para o veterinário Paulo Anselmo Nunes, diretor do Departamentobet7k robozinhoProteção e Bem-Estar Animalbet7k robozinhoCampinas (SP), abate e confinamento não funcionam "porque as populaçõesbet7k robozinhocapivaras voltam".
Ele cita o parque da cidade onde capivaras foram sacrificadas e que hoje já registra presença dos bichos - os roedores transitam pela rede pluvial e voltam a colonizar os ambientes.
Nunes defende a vasectomia dos machos e laqueadura das fêmeas, mesma opçãobet7k robozinhoTarcíziobet7k robozinhoPaula, veterinário e professor que coordenou uma experiência bem-sucedida na Universidade Federalbet7k robozinhoViçosa (UFV).
Havia cercabet7k robozinho90 capivaras no campus da UFV e o professor comandou um trabalhobet7k robozinhoque todas passaram por vasectomia ou laqueadura - hoje restam apenas cinco. "É diferentebet7k robozinhocastrar, pois remover o testículo ou ovário pode levar os animais a perder característicabet7k robozinhodominância."
A universidade também usa cavalos como "isca" para carrapatos. Resistentes à febre maculosa, os cavalos são raspados e tomam banho após serem infestados, e aplica-se veneno nos carrapatos que caem no solo.
Outra etapa envolve equipar as capivaras com uma espéciebet7k robozinhomochila, com um mecanismo que espalha o carrapaticida. "As capivaras entram na água o dia inteiro e levam o carrapaticida embora. Esse mecanismo borrifa a solução várias vezes ao dia", explica Tarsíziobet7k robozinhoPaula.
Capivaras na política
A estratégiabet7k robozinhoViçosa foi apresentada para autoridades que tratam do assuntobet7k robozinhoBelo Horizonte,bet7k robozinhocongresso e numa audiência que teve a presença do então vice-prefeito e secretáriobet7k robozinhoMeio Ambientebet7k robozinhoBH, Délio Malheiros.
Malheiros (PSD) é o candidato à prefeitura apoiado pelo atual prefeito, Marcio Lacerda (PSB). Em debate entre candidatos neste mês, acabou ironizado pela situação das capivaras.
"A função mais importante que você (Malheiros) já recebeu na vida foi cuidarbet7k robozinho50 capivaras. Quem não deu contabet7k robozinhocuidarbet7k robozinhocapivara não pode dar contabet7k robozinho2,4 milhõesbet7k robozinhohabitantes", afirmou o ex-cartolabet7k robozinhofutebol Alexandre Kalil (PHS).
O tema voltou à tonabet7k robozinhodebate no domingo (25). O candidato à prefeitura Sargento Rodrigues (PDT) disse que a administração negligenciou o problema. "Não tiveram coragembet7k robozinhotratar o assunto. Quem está sentado lá esperou acontecer um fato grave para acordar", afirmou.
"É preciso vontade política para tratar essa questão", diz a ambientalista Adriana Araújo, do Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais.
Ela diz que a solução exige capacitação, investimento e planejamento. Cita exemplo da Prefeiturabet7k robozinhoCuritiba, que desenvolve campanhas nas mídias sociais usando a capivara como mascote da cidade. Em junho, oito esculturas dos roedores foram expostas pela cidade e o dinheiro foi para uma campanha do agasalho.
A ambientalista afirma que há riscobet7k robozinhoas capivaras serem "demonizadas" na capital mineira. Ela afirma já ter recebido denúnciasbet7k robozinhouma capivara prenha abatida a tiros na Pampulha,bet7k robozinhoanimais atropelados e agredidos a pauladas e pedradas.
Solução definitiva
"Por que exterminar a capivara? O carrapato pode ser encontradobet7k robozinhooutros animais também. Eu acredito que a prefeitura tem que cuidar delas", diz Desireé, mãe do menino Thales.
Paulo Nunes, da Prefeiturabet7k robozinhoCampinas, afirma que a situação das capivarasbet7k robozinhocentros urbanos expõe a dificuldade dos humanosbet7k robozinholidar com a fauna.
Para o infectologista Rodrigo Angerami, do Departamentobet7k robozinhoVigilânciabet7k robozinhoSaúde da cidade paulista, o desafio no manejobet7k robozinhoanimais silvestres é conciliar a proteção deles com a resolução rápidabet7k robozinhoproblemas.
"Administradores querem uma solução definitiva, mas quando se tratabet7k robozinhofauna isso não existe", conclui Júnio Augusto, analista do Ibamabet7k robozinhoMinas Gerais.