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'Epidemiaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecâncer'? Alto índiceapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagricultores gaúchos doentes põe agrotóxicosapostas em futebol do nordestexeque:apostas em futebol do nordeste
"Meu pai acusa muito esse negócioapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteveneno. Ele nunca usou, mas as fazendas vizinhas sempre pulverizavam a soja com avião e tudo", diz Osmar.
O noroeste gaúcho, onde seu Atílio mora, é campeão nacional no usoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagrotóxicos, segundo um mapa do Laboratórioapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteGeografia Agrária da USP, elaborado a partirapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestedados do IBGE (Instituto Brasileiroapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteGeografia e Estatística).
Para especialistas que lidam com o problema localmente, não há dúvidas sobre a relação entre o veneno e a doença.
"Diversos estudos apontam a relação do usoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagrotóxicos com o câncer", diz o oncologista Fábio Franke, coordenador do Centroapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteAlta Complexidadeapostas em futebol do nordesteOncologia (Cacon) do Hospitalapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteCaridadeapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteIjuí, que atende 120 municípios da região.
O glifosato é o agrotóxico mais usado no país, e fabricado pela Monsanto, que rechaça a relação do uso do produto com a doença.
A empresa diz tratar-seapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordeste"um dos herbicidas mais usados no mundo, por maisapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordeste40 anos eapostas em futebol do nordestemaisapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordeste160 países", e que "nenhuma associação do glifosato com essas doenças é apoiada por testesapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestetoxicologia, experimentação ou observações".
Já o Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústriaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteProdutos para Defesa Vegetal), que representa os fabricantesapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagrotóxicos, encaminhou o questionamento da BBC Brasil para a Andef (Associação Nacionalapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteDefesa Vegetal), que responde basicamente pelas mesmas empresas.
Em nota, a Andef afirma que "toda substância química, sintetizadaapostas em futebol do nordestelaboratório ou mesmo aquelas encontradas na natureza, pode ser considerada um agente tóxico" e que os riscos à saúde dependem "das condiçõesapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteexposição, que incluem: a dose (quantidadeapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteingestão ou contato), o tempo, a frequência etc.".
Um dos principais problemas é que boa parte dos trabalhadores não segue as instruções técnicas para o manejo das substâncias.
"Nós sempre perguntamos se usam proteção, se usam equipamento. Mas atendemos principalmente pessoas carentes. Da renda deles não sobra para comprar máscaras, luvas, óculos. Eles ficam expostos", diz Emília Barcelos Nascimento, voluntária da Liga Femininaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteCombate ao Câncerapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteIjuí.
Anderson Scheifler, assistente social da Associaçãoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteApoio a Pessoas com Câncer da cidade (Aapecan), corrobora: "Temos como relatoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestevida dessas pessoas um históricoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteutilização excessivaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestedefensivos agrícolas e, na maioria das vezes, sem usoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteproteção".
'Alarmante epidemia'
Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comparou o númeroapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestemortes por câncer da microrregiãoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteIjuí com as registradas no Estado e no país entre 1979 e 2003 e constatou que a taxaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestemortalidade local supera tanto a gaúcha, que já é alta, como a nacional.
De acordo com o Inca (Instituto Nacionalapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteCâncer), o Rio Grande do Sul é o Estado com a maior taxaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestemortalidade pela doença. Em 2013, foram 186,11 homens e 140,54 mulheres mortos para cada grupoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordeste100 mil habitantesapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecada sexo.
O índice é bem superior ao registrado pelos segundos colocados, Paraná (137,60 homens) e Rioapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteJaneiro (118,89 mulheres).
O Estado também é líder na estimativaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestenovos casosapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecâncer neste ano, também elaborada pelo Inca - 588,45 homens e 451,89 mulheres para cada 100 mil pessoasapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecada sexo.
Em 2014, 17,5 mil pessoas morreramapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecâncerapostas em futebol do nordesteterras gaúchas - no país todo, foram 195 mil óbitos.
Anualmente, cercaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordeste3,6 mil novos pacientes são atendidos na unidade coordenada por Franke. Se incluídos os antigos, são 23 mil atendimentos. Destes, 22 mil são bancados pelo SUS (Sistema Únicoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteSaúde) - os cofres públicos desembolsam cercaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteR$ 12 milhões por ano para os tratamentos.
Segundo o oncologista, a maioria dos doentes vem da área rural - mas o problema pode ser ainda maior, já que os malefícios dos agrotóxicos não ocorrem apenas por exposição direta pelo trabalho no campo, mas também via alimentação, contaminação da água e ar.
"Se esses números fossemapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestepacientesapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestedengue ou mesmo uma simples gripe, não tenho dúvidaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteque a situação seria tratada como a mais alarmante epidemia, com decretoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecalamidade pública e tudo. Mas é câncer. Há um silêncio estranhoapostas em futebol do nordestetorno dessa realidade", afirma o promotor Nilton Kasctin do Santos, do Ministério Público da cidadeapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteCatuípe.
"Milharesapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestepessoas estão morrendoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecâncer por causa dos agrotóxicos", acrescenta ele, que atua no combate aos produtos.
Mas, segundo a Andef, "o setorapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestedefensivos agrícolas apresenta o grauapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteregulamentação mais rígido do mundo".
Salto no consumo
A comercializaçãoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagrotóxicos aumentou 155%apostas em futebol do nordestedez anos no Brasil, apontam os Indicadoresapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteDesenvolvimento Sustentável (IDS), estudo elaborado pelo IBGE no ano passado - entre 2002 e 2012, o uso saltouapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordeste2,7 quilos por hectare para 6,9 quilos por hectare.
O número é preocupante, especialmente porque 64,1% dos venenos aplicadosapostas em futebol do nordeste2012 foram considerados como perigosos e 27,7% muito perigosos, aponta o IBGE.
O Inca é um dos órgãos que se posicionam oficialmente "contra as atuais práticasapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteusoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagrotóxicos no Brasil" e "ressalta seus riscos à saúde,apostas em futebol do nordesteespecial nas causas do câncer".
Como solução, recomenda o fim da pulverização aérea dos venenos, o fim da isenção fiscal para a comercialização dos produtos e o incentivo à agricultura orgânica, que não usa agrotóxico para o cultivoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestealimentos.
Márcia Sarpa Campos Mello, pesquisadora do instituto e uma das autoras do "Dossiê Abrasco - Os impactos dos Agrotóxicos na Saúde", ressalta que o agrotóxico mais usado no Brasil é o glifosato - vendido com o nomeapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteRoundup e fabricado pela Monsanto.
Segundo ela, o glifosato está relacionado aos cânceresapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestemama e próstata, alémapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestelinfoma e outras mutações genéticas.
"A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 80% dos casosapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestecâncer são atribuídos à exposiçãoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagentes químicos. Se os agrotóxicos também são esses agentes, o que já está comprovado, temos que diminuir ou banir completamente esses produtos", defende.
A Monsanto, entretanto, rechaça a opinião. Procurada pela BBC Brasil, a empresa afirma que o registro do glifosato na União Européia foi renovado por 18 meses,apostas em futebol do nordestejunho.
A renovação, porém, não passou sem polêmica. A intenção inicial era que a renovação fosse por 15 anos. França, Itália, Suécia e Países Baixos foram contra. Um dos motivos é a recente classificação da Agency for Research on Cancer (IARC), parte da Organização Mundial da Saúde, que classificou o glifosato como "provavelmente cancerígeno para humanos".
Procurada, a Monsanto afirma que "todos os usosapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteprodutos registrados à baseapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteglifosato são seguros para a saúde e o meio ambiente, o que é comprovado por um dos maiores bancosapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestedados científicos já compilados sobre um produto agrícola".
Três vezes mais
Segundo a Associação Brasileiraapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteSaúde Coletiva (Abrasco), o brasileiro consome até 12 litrosapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteagrotóxico por ano.
A bióloga Francesca Werner Ferreira, da Aipan (Associação Ijuienseapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteProteção ao Ambiente Natural) e professora da Unijuí (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul), alerta que a situação é ainda pior no noroeste gaúcho, onde o volume consumido pode ser três vezes maior.
Ela conta que produtores da região têm abusado das substâncias para secar culturas foraapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteépoca da colheita e, assim, aumentar a produção. É o caso do trigo, que recebe doses extrasapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteglifosato, 2,4-D, um dos componentes do "agente laranja", usado como arma química durante a Guerra do Vietnã, e paraquat.
Segundo o promotor Nilton Kasctin do Santos, este último causa necrose nos rins e morte das células do pulmão, que terminamapostas em futebol do nordesteasfixia sem que haja a possibilidadeapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteaplicaçãoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteoxigênio, pois isso potencializaria os efeitos da substância.
"Nada disso é invençãoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestepalpiteiro,apostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteambientalistaapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteesquerda ouapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestealgum cientista maluco que nunca tomou sol. Também não é invençãoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestealgum inimigo do agronegócio. Sabe quem diz tudo isso sobre o paraquat? O próprio fabricante. Está na bula, no rótulo", alerta o promotor.
No último ano, 52 pessoas morreram por intoxicação por paraquatapostas em futebol do nordesteterras gaúchas, segundo o Centroapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteInformação Toxicológica do Estado.
No Brasil, 1.186 mortes foram causadas por intoxicação por agrotóxicoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordeste2007 a 2014, segundo a coordenadora do Laboratórioapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteGeografia Agrária da USP, Larissa Bombardi.
A estimativa é que para cada registroapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteintoxicação existam outros 50 casos não notificados, afirma ela. A pesquisa da professora aponta ainda que 300 bebêsapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordestezero a um anoapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteidade sofreram intoxicação no mesmo período.
A Syngenta, fabricante do paraquat, não se manifestou sobre os casosapostasapostas em futebol do nordestefutebol do nordesteintoxicação e afirmou endossar o posicionamento da Andef.
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