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'É muita inveja do carioca': Americana autoracbet logo pngguia do Rio defende 'informalidade' e diz que alegria contagiará turistas:cbet logo png
"Sou a única da minha família que fez questãocbet logo pngvoltar. Sou carioca por opção".
Priscilla é programadora visual e mora no bairrocbet logo pngSão Conrado, entre a Barra e a Zona Sul, "no meio da floresta", onde costuma ver tucanos e maracatus. "Eu sei que o Rio tem muitos problemas. Sei que é uma época muito difícil. Sei que há muito para ser resolvido. Mas acho que as pessoas aqui tem uma alegria à flor da pele que é contagiante. Acho isso muito sedutor."
Rau Tchu Bi a Carioca vai virar filme, uma produçãocbet logo pngCarlos Saldanha, diretor da animação Rio.
cbet logo png BBC Brasil - O Rio espera receber cercacbet logo pngmeio milhãocbet logo pngestrangeiros durante a Olimpíada. Como você resumiria o carioca para os turistas chegando?
cbet logo png Priscilla Ann Goslin - Acho que o carioca é incrivelmente aberto e amigável. Traz as emoções à flor da pele, o que eu acho lindo.
Você vai para um banco ou entra numa fila e, quando vê, a pessoa ao seu lado começa a compartilhar os segredos mais íntimos com você, e você nunca mais vai ver essa pessoacbet logo pngnovo.
Acho que há uma espontaneidade, uma paixão, que são muito sedutores, especialmente para estrangeiros vindo para o Rio.
cbet logo png BBC Brasil - O que te levou a escrever o livro,cbet logo pngonde surgiu a ideia?
cbet logo png Goslin - Eu convivia muito com o pessoal da asa-delta e estava na praia com um grupocbet logo pngpilotos, que falavam um montecbet logo pnggírias, quando passaram alguns turistas. Eram aqueles turistas bem óbvios, usando meias e sandálias, só faltava um cartaz neon dizendo "turistas".
Um deles estava com um dicionário português-inglês debaixo do braço. Eu pensei: eles nunca vão entender o que está acontecendo! Eles têm que entender as gírias.
A partir daí comecei a fazer um glossário das gírias. Mas aí pensei que eles também tinhamcbet logo pngentender o que os cariocas estão fazendo. Como os beijinhos, que você beija duas vezes, qual bochecha beija primeiro, que você beija quando chega, beija quando vai embora. A pontualidade, ou faltacbet logo pngpontualidade.
Em suma, como as coisas são, para que as pessoas consigam entender a essência do carioca. Foi assim que começou.
Geralmente o turista vem, passa três dias, visita o Pãocbet logo pngAçúcar, o Corcovado e vai embora sem realmente entender o Riocbet logo pngJaneiro. E o Riocbet logo pngJaneiro é o carioca. É a beleza deslumbrante da cidade, mas é o povo.
Então você tem a cidade e o povo, quem vem primeiro? Acho que é uma sinergia entre os dois, um cresce junto com o outro.
cbet logo png BBC Brasil - Quais foram as principais mudanças no Rio desde que você lançou a primeira edição,cbet logo png1991?
cbet logo png Goslin - Bem, uma coisa que nunca muda é o sensocbet logo pnghumor do carioca. A alma do carioca continua a mesma. Mas uma coisa que mudou muito foi a transformação nas telecomunicações. Há 20 anos ter telefone era difícil, você tinha que comprar linha, e agora mudou muito a vida das pessoas menos privilegiadas, que têm celular e têm como se comunicar, e têm internet também.
Além disso, na época do primeiro livro vivíamos uma inflação incrível. Era uma inflação tão grande que você não sabia quanto seu dinheiro ia valer no dia seguinte.
E acho que está crescendo no Rio também a conscientização sobre o meio ambiente. O carioca está se mobilizando mais para proteger acbet logo pngcidade, para exigir que os governos tomem providências necessárias para manter a cidade.
cbet logo png BBC Brasil - Como você acha que a Olimpíada está influenciando o estadocbet logo pngespírito do carioca?
cbet logo png Goslin - Eu estou surpresa, o clima que sintocbet logo pnggeral écbet logo pnguma certa apreensão... Acho que é um poucocbet logo pngsusto do que vai vir depois. A Olimpíada é uma coisa nova, é como se fosse a Eco-92, a Copa do Mundo, os Jogos Panamericanos, tudocbet logo pnguma vez. É gigantesco.
Mas acho que ao mesmo tempo o carioca vai sentir muito orgulhocbet logo pngmostrar para o mundo o que é o Riocbet logo pngJaneiro. A gente já viu isso na Copa do Mundo. Foi aquela festacbet logo pngCopacabana, aquela alegria, as pessoas querendo ficar quando terminou o evento.
cbet logo png BBC Brasil - Há alguma frase que para você resume o espírito carioca?
cbet logo png Goslin - Acho que alegria, otimismo. Eu adoro como as pessoas sempre querem ver o lado bom das coisas e não querem focar no negativo.
cbet logo png BBC Brasil - O Rio tem muitos problemas. Desigualdade, violência, realidades muito diferentes longecbet logo pngpraias como esta aqui (São Conrado). Você não está falando apenascbet logo pngum carioca mais privilegiado, da Zona Sul?
cbet logo png Goslin - Acho que o carioca tem muitas faces. Sempre acho que o Cristo está com os braços abertos abraçando todas as pessoas que vêm para o Rio. Às vezes dependecbet logo pngque lado você mora,cbet logo pngbaixocbet logo pngque braço do Cristo Redentor.
Um lado é mais privilegiado, e vive lado a lado com as favelas. Acho que esses lados se encontram na praia, onde todo mundo está junto e a cidade é mais democrática.
cbet logo png BBC Brasil - Vivemos no passado um momentocbet logo pngbastante otimismo com a cidade, com a perspectiva da Olimpíada, com o aumentocbet logo pnginvestimentos, a implantação das UPPs (as Unidadescbet logo pngPolícia Pacificadora). Mas agora há um certo choquecbet logo pngrealidade, com uma nova escaladacbet logo pngviolência, e episódios trágicos como por exemplo a queda da ciclovia na Avenida Niemeyer. Você acha que o carioca está desiludido?
cbet logo png Goslin - Por mais que o carioca queira ser otimista, acho que existe aquela pergunta - e quando acabar? O que vai sobrar para nós aqui do Rio? Eu temo isso. Estou adorando ver agora que os tapumes estão caindo. Que estão terminando as obras. Isso está bonito. Está ótimo. Mas como vai ser depois? Isso vai ser mantido?
O problema da ciclovia aquicbet logo pngSão Conrado foi um desastre horrível, nunca podia ter acontecido. Então acho que, como uma tragédia dessas aconteceu, o carioca perde ainda mais a confiança no evento como um todo. Fica parecendo uma coisa apressada para impressionar o resto do mundo. Mas acho que vai ser um sucesso, que vai dar tudo super certo. Vai ser um show, vai ser uma festa.
cbet logo png BBC Brasil - O país vive um momentocbet logo pngpolarização e acirramento político. Você sente que isso se reflete também no comportamento do carioca?
cbet logo png Goslin - É interessante, porque sendo estrangeira eu procuro puxar conversas com meus amigos cariocas sobre o que eles acham do quadro político no Brasil, do impeachment, da situaçãocbet logo pnggeral. E é um papo que não gera retorno. Acho que eles não querem muito conversar. Pelo menos não comigo. Geralmente dizem que está tudo maluco, uma droga, assim ou assado, mas a conversa para por aí.
cbet logo png BBC Brasil - Você vê o Rio com muito encantamento, mas os hábitos cariocas também enfrentam críticas. Há quem diga que não se tratacbet logo pnginformalidade, mas simcbet logo pngineficiência, que o carioca não tem compromisso... Há toda essa rivalidade entre Rio e São Paulo...
cbet logo png Goslin - Se vem do paulista, eu acho que é inveja (risos). Eu acho que é muita inveja do cariocacbet logo pnggeral. Acho que o Rio sempre teve essa famacbet logo pngmalandro,cbet logo pngque passa o dia todo na praia, que não faz nada e não é sério. E isso não é verdade. Pelo contrário. O carioca trabalha para caramba. Leva a vida a sério à beça.
Só que faz do jeito que faz, com essa alegria que tem na alma. Pode ser que isso dê a impressãocbet logo pngque são mais folgados. E não são. É uma alegriacbet logo pngvida que o carioca tem na alma,cbet logo pngtudo que eles fazem.
cbet logo png BBC Brasil - Há algo do carioca que você gostariacbet logo pnglevarcbet logo pngvolta para os EUA, ou algo dos EUA que você gostariacbet logo pngtrazer para o Rio?
cbet logo png Goslin - Quem escreveu o livro comigo foi o Carlos Carneiro, e logo depois ele se mudou para os EUA. Ele está lá desde aquela época, morando no Arizona. É um carioca da gema, mas adora lá. Acho que é porque ele leva essa atitude, essa irreverência, esse sensocbet logo pnghumor do carioca. Então ele vive lá com as conveniências, as facilidadescbet logo pnglá, mas com esse jeito carioca dele.
Eu não. Como sou anglo-saxã, eu chego lá e perco toda essa espontaneidade que eu tenho aqui no Rio. Eu volto a ser aquela pessoa séria, preocupada com a hora, estressada, fechada. Então eu levaria esse jeitocbet logo pngser do carioca, tão lindo, tão espontâneo. Essa alegriacbet logo pngser carioca.
cbet logo png BBC Brasil - E o que traria?
cbet logo png Goslin - Tudo que funciona tão facilmente. O que eu canso aqui é que custa muito tempo e energia ir ao banco, resolver as coisas da vida. Não é muito eficiente. E lá é uma eficiência total. Então traria isso para cá.
cbet logo png BBC Brasil - Você já mora no Rio há maiscbet logo png30 anos. Tem algo que ainda te choque na cultura carioca, ou que você ainda está aprendendo?
cbet logo png Goslin - Sempre quero aprender a ser mais carioca. Acho que o que aprendo mais a cada dia é não me levar tão a sério. Carioca é tão relaxado, tãocbet logo pngbem com a vida, tão feliz.
E eu que sou anglo-saxã, com mãe finlandesa ainda por cima... É uma cultura muito melancólica, aquela coisa mais dramática, então o Rio me ajuda a tirar isso e não me levar tão a serio. A me soltar. Adoro aquela musicacbet logo pngGonzaguinha. De cantar e não ter medocbet logo pngser feliz.
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