O dilema da geração Y na crise: Voltar a estudar ou aceitar 'qualquer coisa'?:slot blue wizard
Mas,slot blue wizardtoda crise econômica, os jovens são os que mais sofrem com a faltaslot blue wizardvagas, porque têm menos experiência. No Brasil não é diferente. Levantamento do Institutoslot blue wizardPesquisa Econômica Aplicada (Ipea)slot blue wizardjunho mostra que pessoas entre 18 e 24 anos são as mais afetadas pelo desemprego. O índice passouslot blue wizard15,25%, no 4° trimestreslot blue wizard2015, para 26,36% no 1° trimestre deste ano.
Segundo economistas ouvidos pela BBC Brasil, o fenômeno se estende a quem tem menosslot blue wizard30 anos e começou a vida profissional um pouco mais tarde.
Assim como Ana, uma multidãoslot blue wizardjovens está se virando para preencher os dias. Alguns fazem pós-graduação para melhorar o currículo, outros pensamslot blue wizardmudarslot blue wizardcarreira. Há ainda quem, para pagar as contas, recorra a bicos. Seja qual for a saída, todos se dizem decepcionados com o que o país oferece a uma geração mais educada.
Mestrado
A vontade da geógrafa Denise Dias, 25, era terminar a faculdade na USP e começar a trabalharslot blue wizarduma empresaslot blue wizardengenharia. Mas a crise interrompeu seus planos. Depois que entregou o trabalhoslot blue wizardconclusãoslot blue wizardcurso,slot blue wizardjulhoslot blue wizard2015, ficou sem emprego até dezembro.
Quando voltou ao mercado, foi como vendedoraslot blue wizarduma livraria. Passaram alguns meses até decidir pelo mestrado.
"Fiquei com medoslot blue wizardnão conseguir me recolocar. Queria ficar na minha área."
Hoje Denise se dedica só à pós-graduação, pela qual recebe uma bolsa, mas ainda se sente frustrada.
"Parece que estou jogando meu diploma no lixo. Ainda mais a gente que entrou na faculdade pública e ralou tanto."
Em uma agênciaslot blue wizardemprego no centroslot blue wizardSão Paulo, Kauê Mamprim, 23, tem a mesma sensação. Ao ouvir da atendente que não tinha experiência suficiente para uma vaga, suspira e diz que quer começar outra faculdade o mais rápido possível.
"Me formeislot blue wizard2014 e achava que nem ia precisar procurar. Se soubesse disso seis anos atrás, teria escolhido diferente."
A ideia agora é cursar engenharia mecatrônica. Antes disso, espera o resultado da prova da Etec (Escola Técnica Estadualslot blue wizardSão Paulo), que deve sair no final do mês.
Mudarslot blue wizardcarreira é uma possibilidade levantada por vários dos entrevistados.
A editora Ana Luiza pensaslot blue wizardjornalismo. O engenheiroslot blue wizardprodução Ricardo Felicio, 27, foi dispensado no ano passadoslot blue wizardum estaleiro e quer migrar para consultoria. Ele está fazendo um mestradoslot blue wizardnegócios.
"A construção naval tem um futuro sombrio pela frente. Não tenho noçãoslot blue wizardquando vou voltar a trabalhar. O objetivo é ir para outra área sem dar um passo para trás."
Carreira, carreira
A preocupação com a vida profissional da chamada geração Y (os nascidos entre os anos 1980 e meadosslot blue wizard1990) é frutoslot blue wizardum maior acesso a informação,slot blue wizardmais opçõesslot blue wizardcarreira eslot blue wizarduma constante projeção do futuro, diz a professora Elisabete Adami, do cursoslot blue wizardadministração da PUC-SP.
Estudiosa desse grupo etário, Adami explica que ele é confrontado com inúmeras possibilidades e precisa pensar sobre elas. Além disso, tende a ficar poucoslot blue wizardpostos onde não vê oportunidades.
"Eles saem quando não têm atendidas as expectativasslot blue wizarduma vida futura naquela organização. Dois anos é o tempo médioslot blue wizardque conseguem visualizar ou nãoslot blue wizardtrajetória ali."
As reflexões sobre os rumos da carreira não são apenas geracionais. Segundo a professora do departamentoslot blue wizardAdministração da FEA-USP e diretora do escritórioslot blue wizarddesenvolvimentoslot blue wizardcarreiras da USP Tania Casado momentosslot blue wizardcrise levam as pessoas a investir na formação.
"Antigamente você aprendia uma coisa e ficava a vida inteiraslot blue wizardcima daquilo. Agora que falta trabalho e sobra tempo, o profissional precisa se desenvolver."
No entanto, pondera Tania, é necessário planejar as decisões. Não se deve fazer pós-graduação só para ter uma linha a mais no currículo.
"Olhe as coisas que têm sentido para você e o que o mercado precisa. Não adianta estudar para o que o mercado não pede."
Trabalho
Parar tudo para estudar não é uma alternativa para boa parte dos brasileiros.
Formadaslot blue wizardestilismo, Jeannye Doukan, 28, está dando suas últimas chances ao setor antesslot blue wizardprocurar algo como recepcionista. Ela deixou a faculdadeslot blue wizardabril, quando também ficou desempregada.
Diz que os cursosslot blue wizardespecialização são muito caros e não pode ficar parada. Jeannye precisa ajudar no sustento da casa, onde mora com o pai e a filha. Para juntar algum dinheiro, tentou vender ilustrações pelo Facebook, mas ninguém comprou.
"Pego o emprego que puder ter. É chato, né. Trabalhava com recepçãoslot blue wizard2006. Depois da faculdade, a gente pensaslot blue wizardestar trabalhando num lugar melhor, ganhando bem. Disseram que era só eu estudar e dar o meu melhor que ia dar certo, mas não é só isso."
Com a crise, quebra-se a ideiaslot blue wizardque ter ensino superior é suficiente para entrar no mercado.
A professora do departamentoslot blue wizardAdministração da PUC-SP Ana Lúcia Biral diz que nos últimos anos muitas pessoas passaram pela universidade, mas não havia lugar para todos. Entre 2004 e 2014, a porcentagemslot blue wizardestudantes entre 18 e 24 nos bancos universitários passouslot blue wizard32,9% para 58,5%, segundo o IBGE.
"Tinha issoslot blue wizardabrir espaço para camadas mais pobres. De repente a bolha estoura e foi uma ilusão. Elas viram na faculdade a grande saída, a grande esperança. Mas o trabalho não seguiu na mesma proporção, ele encolheu."
Ana Lúcia ressalta que quem mais sofre com essa quebraslot blue wizardparadigma são os pobres. Isso porque eles frequentaram universidades não tão boas e tiveram uma formação básica deficiente.
Segundo da família a ter ensino superior, seguindo os passos da irmã, Diego da Silva, 23, achava que não seria tão difícil entrar no mercadoslot blue wizardadministração. Ele pegou o diploma há um mês e ainda não o usou. Diego preenche seus dias fazendo cursos gratuitosslot blue wizardvendas eslot blue wizardinglês pela internet. Aos finaisslot blue wizardsemana, faz bicosslot blue wizardgarçom.
"Na faculdade, fiquei pouco tempo desempregado. Tinha sempre muita coisa. Agora a concorrência é alta."
Desigualdade
Para as especialistas ouvidas pela BBC Brasil, o desemprego entre os jovens deve aumentar a distância entre ricos e pobres e as oportunidades dadas a cada um.
"É o momentoslot blue wizardque as diferenças se agravam. O mercado estava absorvendo muita gente, até quem não tinha determinadas competências. Hoje as empresas estão surfando na onda do desemprego e podem escolher só os muito bem preparados."
A perspectivaslot blue wizardigualdade que o país experimentava acabou, diz a professoraslot blue wizardeconomia da PUC-SP Rosa Marques.
"Vivemos numa sociedade muito desigual, mas havia um horizonteslot blue wizardmelhora. Houve frustração. A partir disso, a ruptura se intensifica."
O que está prestes a romper-se são os planos das amigas Jennifer dos Santos e Victoria Alkminn,slot blue wizard18 anos, moradoras da periferiaslot blue wizardSão Paulo.
Em uma quarta-feira, elas foram juntas procurar emprego e estavam desanimadas com o resultado.
Victoria quer cursar Pedagogia e Jennifer, Odontologia. A primeira conseguiu uma bolsaslot blue wizard50%slot blue wizarduma universidade privada, mas precisaslot blue wizardum salário para bancar os estudos. A segunda está se preparando para o Enem.
As duas procuram algoslot blue wizardtelemarketing ou recepção, e reclamam que os empregadores exigem experiência.
"Estou quase desistindo", diz Jennifer.