Não existem empresários que querem se aproveitarverifica aams bwintrabalho barato, diz presidente da CNI:verifica aams bwin

Criticado por citar caso da França, Andrade diz que não é necessário mudar carga horária no Brasil

Crédito, Miguel Ângelo/ CNI

Legenda da foto, Criticado por citar caso da França, Andrade diz que não se deve mudar carga horária no Brasil

Na quarta-feira, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmou que o governo vai enviar ao Congresso até o final do ano três propostas na área, entre elas a atualização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A ideia é abrir a possibilidadeverifica aams bwinflexibilizar jornada e salário.

Em entrevista à BBC Brasil um dia antes do anúncio do ministro, Andrade defendeu a mesma flexibilidade para acordos entre patrões e empregados, onde as duas partes possam acertar as condições do expediente. E negou que seja necessário diminuir ou aumentar a carga horáriaverifica aams bwintrabalho no país.

Sobre a polêmica, Andrade disse que por trás da resistência e das críticas a mudanças nas regras estaria o "corporativismo das centrais sindicais".

Para o presidente da CNI, é uma "visão atrasada" acusar empresáriosverifica aams bwinquerer se aproveitarverifica aams bwinmãoverifica aams bwinobra barata. "Hoje você quer pagar bem o trabalhador, porque isso aumenta a produtividade, o interesse, a motivação."

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

verifica aams bwin BBC Brasil - No começo do mês, após reunião com Temer, o senhor falou da importânciaverifica aams bwinuma reforma trabalhista. Na ocasião, citou o exemplo da França, dizendo que seriam 80 horas semanaisverifica aams bwintrabalho, quando na verdade eram 60. O senhor foi bastante criticado. Por que há resistência quando se falaverifica aams bwinmudar essas regras?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Acho que é o corporativismo das centrais sindicais. É a principal questão. Talvez tenha um viésverifica aams bwinsetores ligados ao governo passado, que têm uma visão atrasada sobre as relações trabalhistas. Na verdade, aquilo foi uma deturpação das coisas que eu falei.

Quem gera emprego é quem produz, é quem investe. Central sindical não gera emprego, justiça do Trabalho não gera emprego e o próprio governoverifica aams bwinesquerda não gera emprego.

Quando você tem muitos obstáculos colocados para os empreendedores, a tendência é reduzir os empregos e o que estamos precisando no Brasil éverifica aams bwinmotivos para criar empregos, everifica aams bwinqualidade.

O que quis mostrar é que o mundo inteiro hoje tem uma relação entre empreendedores e trabalhadores muito mais flexível. Nãoverifica aams bwintirar benefícios dos trabalhadores, masverifica aams bwinvocê negociar com o trabalhador, que hoje é uma pessoa preparada, instruída, capaz. E não existem empreendedores hoje que querem se aproveitar do trabalho,verifica aams bwinum custo baixo do trabalho. Isso é visão atrasada. Hoje você quer pagar bem o trabalhador, porque aumenta a produtividade, o interesse, a motivação.

Quis mostrar que países que sempre tiveram uma postura mais rígida sobre a justiça trabalhista, a relação empresa-trabalhador, estão vendo issoverifica aams bwinmaneira mais flexível. Com a rigidez antiga não conseguem gerar produtividade nem competitividade.

O ministro da economia da França, Emmanuel Macron, e o presidente Hollande; país mudou leis trabalhistas

Crédito, Reuters

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verifica aams bwin BBC Brasil - É o caso da França, que o senhor citou?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - É o caso da França. Então você começa a perder empresas, empregos, para outros países que são mais competitivos. Com a entrada na União Europeiaverifica aams bwinpaíses como Bulgária e Polônia, onde tem uma qualidade do trabalhador muito bem preparada... É um trabalhador preparado, mas a relação é mais flexível. Esses países estão atraindo as empresas com muito mais facilidade. Com isso, países como a França e a Espanha começam a rever essa relação entre o empreendedor e o trabalhador.

verifica aams bwin BBC Brasil - Seria uma tendência mundial, naverifica aams bwinopinião? E no Brasil?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Nós temos no Brasil uma legislação que falaverifica aams bwin44 horas semanais. Acho que essa legislação é adequada. Agora, tem empresas que trabalham menosverifica aams bwin44 horas semanais. Na CNI, trabalhamos 40 horas semanais. As montadoras trabalham menosverifica aams bwin40 horas semanais, mas as produtorasverifica aams bwinautopeças trabalham 44. Você não pode ser rígido, tem que ter flexibilidade.

Falam 'não pode terceirizar'. Poxa, mas o mundo inteiro terceiriza. Prevalece o negociado sobre o legislado. Isso quer dizer o seguinte: você valoriza o acordo sindical. Se chamo um sindicatoverifica aams bwintrabalhadores para negociar com um sindicatoverifica aams bwinempregadores e eles chegam a um acordo, isso tem que ser respeitado pela Justiça do Trabalho, ea Justiça não respeita.

verifica aams bwin BBC Brasil - O senhor acha que aumentar a carga horária, como fez a França, é um caminho para sair da crise?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Olha, não analisei o caso da França. Talvez essa mudança tenha servido para eles. Acho que, no caso do Brasil, não faz nenhum sentido aumentar ou diminuir a carga horária.

Em obras grandes, que recebem trabalhadores do país inteiro, jornada pode ser maior, diz Andrade

Crédito, Regina Santos/ Norte Energia

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verifica aams bwin BBC Brasil - Por que não faz sentido?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Porque nós já temos uma carga horáriaverifica aams bwin44 horas semanais que é adequada. Agora, o que estou dizendo é que deve haver uma flexibilidade. Vou te dar um exemplo. Você vai construir uma usina hidrelétricaverifica aams bwinRondônia. E, para essa usina, precisaverifica aams bwindez mil trabalhadores. Esses trabalhadores são especializados, formadosverifica aams bwinsondagem,verifica aams bwinconcreto. Você busca esses trabalhadoresverifica aams bwinoutros Estados e leva para Rondônia.

Você poderia fazer um contratoverifica aams bwintrabalhoverifica aams bwinque trabalhassem as 44 horas semanais e poderiam fazer um númeroverifica aams bwinhoras extras - hoje o Brasil permite duas por dia, com uma certa limitação por semana. Mas você poderia não ter essa limitação e fazê-los trabalhar mais duas horas por dia, três horas por dia. Porque esse trabalhador que foi para Rondônia não foi lá para passear. Ele foi para ganhar dinheiro, guardar dinheiro e trazer o dinheiroverifica aams bwinvolta para a família. Então, não está lá para trabalhar apenas oito horas e trinta. Está para trabalhar dez, doze horas por dia.

A Justiça do Trabalho e o MPT não aceitam esses acordos e isso é um erro. Porque desestimula o trabalho, encarece o custo da obra.

verifica aams bwin BBC Brasil - Mas essas instituições zelam por direitos conquistados do trabalhador...

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Não acho que deva tirar nenhum benefício do trabalhador, mas acho que tem que ter mais flexibilidade na formaverifica aams bwincontratação e no acordo entre o sindicato dos trabalhadores e dos empregadores, e que esse acordo seja respeitado pela Justiça do Trabalho.

Deve haver flexibilidade para acordos entre patrões e trabalhadores, diz Andrade

Crédito, Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas

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verifica aams bwin BBC Brasil - Naverifica aams bwinopinião, o MPT e a Justiça do Trabalho são instituições que entravam essas relações?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - O Ministério Público do Trabalho e a Justiça chegam e dizem 'não aceito esse acordo que foi feito entre os sindicatos'. Isso é um absurdo, não aceitar um acordo entre as partes. Você não está criando nenhuma penalização para o trabalhador.

verifica aams bwin BBC Brasil - A França, citada pelo senhor, sempre foi conhecida por suas relações trabalhistas avançadas e protetivas dos trabalhadores. No Brasil temos uma culturaverifica aams bwintrabalho diferente?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Falei da França porque é um país que sempre esteve na vanguarda das relações trabalhistas everifica aams bwinproteção ao trabalhador. E agora ela está vendo que tem que mudar porque está perdendo mercado e empregos. Mas só citei a França porque foi feita uma mudança recente lá. Não estou dizendo que tenha que ser feito igual na França.

O que estou dizendo é o seguinte: o Brasil tem uma mãoverifica aams bwinobra muito boa, o trabalhador brasileiro é uma pessoa fantástica, que veste a camisa da empresa, está sempre disponível, e nós estamos é atrapalhando.

Para presidente do CNI, centrais sindicais e sindicatos precisam se modernizar

Crédito, Jaelcio Santana/ Força Sindical

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verifica aams bwin BBC Brasil - Como o senhor vê a atuação das centrais sindicais nesse contexto? Elas têm uma demanda por redução da carga horáriaverifica aams bwin44 para 40 horas.

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Você está insistindo muito na questãoverifica aams bwin44 horas, 40 horas, e já falei, não é essa a discussão que queremos. As 44 horas estão na Constituição e têm que ser respeitadas.

verifica aams bwin BBC Brasil - Mas minha pergunta é sobre o papel das centrais sindicais everifica aams bwinrelação com a indústria.

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Depende do setor. Acho que tem que haver uma mudança nas centrais sindicais e nos sindicatos, tanto os patronais quanto os dos trabalhadores. Ambos são atrasados.

Tem que haver uma mudança na legislação sindical. Não é possível continuar como estamos. O trabalhador se desinteressa da vida sindical e o empreendedor se desinteressa pela participação na vida sindical do empregador. Os dois tem que ser repensados.

Hoje o Brasil tem 18 mil sindicatos entre trabalhadores e empregadores e tem 2.400 pedidosverifica aams bwinnovos sindicatos à espera no Ministério do Trabalho para serem homologados. É um absurdo. A Alemanha não chega a 50 sindicatos dos dois lados.

verifica aams bwin BBC Brasil - Em outras entrevistas, o senhor disse que a iniciativa privada está ansiosa para que o governo adote medidas "duras, modernas e difíceis" para a economia. Quais são elas? O governo já fez alguma?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - O que eu quis dizer com medidas mais duras é porque o Brasil precisa fazer uma reforma da Previdência. Isso é uma medida dura. Porque as pessoas colocam assim 'ah, mas vai mexer com o direito do trabalhador'. Vamos mexer com o direito do trabalhador se continuar da forma como está, insustentável. Daqui a quinze anos, não vai ter dinheiro para pagar o aposentado.

Presidenteverifica aams bwinCNI diz que Temer tem diálogo amplo com setores da sociedade

Crédito, Miguel Ângelo/CNI

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verifica aams bwin BBC Brasil - Nos últimos dois meses, o governo está dando sinais suficientes para o empresário?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Para nós, da CNI, é mais fácil colocar essas necessidades que o país tem: desburocratização, segurança jurídica. Agora, para quem está governando, num país democrático, com maisverifica aams bwin30 partidos, você tem que negociar com os partidos, com o Congresso.

Entendo a necessidade dessa negociação, mas também, por outro lado, como empresário, gostariaverifica aams bwinver essas coisas mais rápidas.

verifica aams bwin BBC Brasil - Mais rápido do que estão sendo feitas?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Sendo colocadas na pauta, na agenda do governo, do Congresso,verifica aams bwinmaneira mais ágil.

Para Andrade, no governo Dilma diálogo tinha sido rompido

Crédito, José Paulo Lacerda/ CNI

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verifica aams bwin BBC Brasil - O senhor fez uma reunião recente com Temer. Como está sendo o diálogo com o interino? Está melhor?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - Está, eu reconheço. Vejo reuniões do presidente com as centrais sindicais, mas também com empresários da indústria, do serviço.

Ele está mostrando uma capacidade grandeverifica aams bwindiálogo everifica aams bwinquerer entender quais são as demandas e necessidadesverifica aams bwincada setor. Isso é fundamental para colocar o país no rumo certo.

verifica aams bwin BBC Brasil - No caso da presidente Dilma, havia mais dificuldades nesse contato?

verifica aams bwin Robson Bragaverifica aams bwinAndrade - O diálogo no governo passado foi rompido. Não adianta ter diálogo comigo e não ter com o Congresso. Não adianta ter diálogo com as centrais, se não tem com os empresários. Ele tem que ser construído com todos os atores da sociedade e isso o presidente Temer está fazendo.