Tragédia anunciada: ONU 'previu' mortes indígenascasa de apostas nbaMS há três meses:casa de apostas nba

Relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz alertou para riscoscasa de apostas nba"etnocídio"casa de apostas nbamarço

Crédito, Jean-Marc Ferré/ONU

Legenda da foto, Relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz alertou para riscoscasa de apostas nba"etnocídio"casa de apostas nbamarço

Segundo a BBC Brasil apurou, a criança e outros três feridos por tiros continuam internadoscasa de apostas nbaum hospital público da região.

A reportagem procurou a relatora da ONU, que voltou a comentar o assunto.

"A crise política que se seguiu à minha visita acabou tornando os proprietários rurais mais poderosos", disse Tauli-Corpuz no último sábado. "Eu previa que eles seriam mais ousados na realização dos despejos contra povos indígenas. Mas esperava que o fatocasa de apostas nbaos povos indígenas terem avançado nos processos necessários para ter estas terras reconhecidas pelo governo detivesse os fazendeiros", afirmou.

"Os despejos violentos que aconteceram são extremamente lamentáveis. Condeno estas ações", prosseguiu a filipina, convocando novamente o governo brasileiro a "investigar o ocorrido e trazer seus responsáveis à Justiça".

Enviados pelo governo do Mato Grosso do Sul, policiais da Força Nacional atuam na região desde a última quinta-feira. As investigações sobre o tiroteio estão sendo conduzidas pela Polícia Federal.

"O objetivo é estabelecer a segurança e a tranquilidade na realização dos trabalhos periciais naquele localcasa de apostas nbaconflito e, dessa forma, prosseguir nos demais atos investigatórios, primordiais na apuração das autorias e materialidades delitivas", afirmou a PF,casa de apostas nbanota.

Conflito

Imagens do conflito na fazenda Ivu,casa de apostas nbaCaarapó (MS): índio ferido, momento do ataque dos fazendeiros e guarani-kaiowá levando um ferido ao hospital

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, Imagens do conflito na fazenda Ivu,casa de apostas nbaCaarapó (MS): índio ferido, momento do ataque dos fazendeiros e guarani-kaiowá levando um ferido ao hospital

De acordo com a Secretaria Especialcasa de apostas nbaSaúde Indígena (Sesai), o ataque foi realizado por 60 caminhonetes com homens armados.

"Atiraramcasa de apostas nbacercacasa de apostas nbamil indígenas, incluindo quatro agentescasa de apostas nbasaúde indígena, que estavam reunidos no território perto da aldeia Te' Ýikuê", afirmou o órgão,casa de apostas nbanota.

Palco dos tiros, a fazenda Yvu é partecasa de apostas nbauma áreacasa de apostas nba55.590 hectares que, desde maio deste ano, passa por processocasa de apostas nbademarcação pelo governo federal. O processo é lento e enfrenta a resistênciacasa de apostas nbaproprietárioscasa de apostas nbaterras, que compraram legalmente fazendas na região nas últimas décadas.

Nas últimas semanas, centenascasa de apostas nbaindígenas ocuparam estes territórios e armaram acampamentos precários como protesto pela aceleração das demarcações.

Questionada sobre o que poderia ter sido feito pelo governo para evitar que mais índios fossem mortos ou feridos na região, a relatora especial da ONU foi categórica: "A ratificação das demarcações deveria ter sido feita".

Lobby

À BBC Brasil, a especialista atribuiu a dificuldade para se chegar a um consenso na região ao lobbycasa de apostas nbapolíticos e do agronegócio.

"Acredito que, desde que essas terras foram reconhecidas pelo Estado brasileiro como território indígena, os fazendeiros não poderiam mais clamar porcasa de apostas nbapropriedade. O apoiocasa de apostas nbainstituições financeiras, do agronegócio ecasa de apostas nbapolíticos são fatores-chave que levam os fazendeiros a não reconhecerem os direitos dos guarani-kaiowá sobre suas terras."

Na última sexta-feira, o Ministério Público Federal classificou o episódio como formaçãocasa de apostas nba"milícia privada". O órgão apresentou denúncias contra 12 pessoas, alegando que atiradores teriam sido contratados para sequestrar, violentar, ameaçar e atirar contra os índios.

À BBC Brasil, na última quarta-feira, lideranças ruralistascasa de apostas nbaregião confirmaram que produtores participaram da ação contra os índios, mas negaram o usocasa de apostas nbaarmascasa de apostas nbafogo - que foi flagrado por diversos vídeos publicados pela imprensa local e nas redes sociais.

"Esse indígena não morreu durante o conflito, e não houve tiros. Acreditamos que ele tenha morrido dentro da própria aldeia", afirmou Sílvia Ferraro, diretora do Sindicato Ruralcasa de apostas nbaCaarapó.

Policiais

Vídeo gravado por índio mostra o momento do ataque dos produtores rurais

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, Vídeo gravado por índio mostra o momento do ataque dos produtores rurais

Em resposta ao que classificaram como cobertura da Polícia Militar ao ataque realizado na última semana, os índios abordaram uma equipe da PM que foi até o local após o confronto e teriam incendiado um carro, agredido policiais e tomado suas armas.

De acordo a Secretaria da Segurança do Mato Grosso do Sul, três PMs foram rendidos, agredidos e tiveram três pistolas calibre .40, uma escopeta calibre 12 e três coletes roubados. A secretaria nega que a polícia tenha dado cobertura à ação dos fazendeiros.

"Será apurada a ocorrênciacasa de apostas nbaagressões, roubo, danos ao patrimônio público e cárcere privadocasa de apostas nbaequipecasa de apostas nbapoliciais militares que inicialmente atendeu a ocorrência", disse a Polícia Federal,casa de apostas nbanota, no último dia 16. "A atuação da PF foi imediata, com o enviocasa de apostas nbaefetivo policial na realizaçãocasa de apostas nbadiligências no local dos fatos."

Segundo a corporação, tratativas para liberação das pessoas mantidas como reféns e a recuperaçãocasa de apostas nbaarmamentos pertencentes a Polícia Militar foram "imediatamente promovidas".

Em nota, a Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares do Estado não comentou a morte e os ferimentoscasa de apostas nbaindígenas, mas afirmou que policiais "foram torturados com socos, chutes e pauladas".

"A viatura policial foi depredada pelo grupo de, aproximadamente, cinquenta indígenas. A situação foi contornada com a chegadacasa de apostas nbaum pastor evangélico que atua na reserva indígena e que interviucasa de apostas nbafavor dos policiais militares, que ficaramcasa de apostas nbapoder dos índios por cercacasa de apostas nbaduas horas. Eles foram transportados pelos bombeiros para atendimento médico e não correm riscocasa de apostas nbamorte", disse a associação.

Índios do Rio Grande do Sul ecasa de apostas nbaMato Grosso do Sul reivindicam a demarcaçãocasa de apostas nbaterrascasa de apostas nbafrente ao Palácio do Planalto,casa de apostas nba10casa de apostas nbaagostocasa de apostas nba2015

Crédito, ABr

Legenda da foto, Para representante da ONU, governo deveria ter ratificado demarcações

Visita da ONU

Durante a visita ao Brasil,casa de apostas nbamarço, a relatora especial da ONU afirmou que "chorou várias vezes".

"Este jovem falando comigo me contou comocasa de apostas nbacasa foi queimada por homens armados a serviço dos latifundiários que querem despejar os terenacasa de apostas nbasuas terras ancestrais. A reunião com o Conselho Terena e também com os guarani-kaiowá me fez chorar várias vezes", disse.

"Quando esse homem estava falando ele chorou, eu chorei e muitos daqueles na sala também. Ele disse que tem quatro crianças e é constantemente ameaçado. Ele não sabe quanto tempo vai viver por causacasa de apostas nbatodas essas ameaças contra acasa de apostas nbavida."

Segundo as Nações Unidas, 92 indígenas foram assassinados no paíscasa de apostas nba2007. Em 2014, o número saltou para 138 - o Mato Grosso do Sul foi o recordistacasa de apostas nbaregistros.

De acordo com a especialista, as execuções seriam frutocasa de apostas nbarepresálias pela reocupaçãocasa de apostas nbaterras após "longos períodoscasa de apostas nbaespera da conclusão dos processoscasa de apostas nbademarcação".

Em todas as suas falas, a filipina alertou para a faltacasa de apostas nbarepresentatividade destes povos no Legislativo brasileiro.

"Se o Congresso é dominado basicamente por pessoasque gostariamcasa de apostas nbaadquirir as terras para seus próprios interesses, então haveria poucas chancescasa de apostas nbaas populações indígenas terem seus direitos a suas terras reconhecidos e protegidos. Essa é uma preocupação muito séria minha", disse Tauli-Corpuz.

"Povos indígenas jamais podem ser considerados obstáculos ao desenvolvimento. Eles contribuem para o desenvolvimento nacional do Brasil e também para superar a crise ambiental que o mundo está enfrentando hoje", prosseguiu a especialista.