Descrédito e exigênciasmdnslot freebetprovas físicas: 5 obstáculos enfrentados por mulheres vítimasmdnslot freebetviolência:mdnslot freebet

Mulheres protestaram no Riomdnslot freebetJaneiro após casomdnslot freebetestupro coletivo ter vindo à tona

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Legenda da foto, Mulheres protestaram no Riomdnslot freebetJaneiro após casomdnslot freebetestupro coletivo ter vindo à tona

Em conversa com a promotora e algumas vítimasmdnslot freebetviolência, a BBC Brasil listou alguns dos principais obstáculos que uma mulher enfrenta no processomdnslot freebetdenúnciamdnslot freebetum agressor:

1 - Faltamdnslot freebetcapacitaçãomdnslot freebetagentes públicos

A reclamação mais comum e recorrente entre as mulheres é sobre a forma como são tratadas nas delegacias.

"Começando por ele (delegado), tinha três homens dentromdnslot freebetuma sala. A sala eramdnslot freebetvidro, todo mundo que passava via. Ele colocou na mesa as fotos e o vídeo. Expôs e falou: 'me conta aí'. Só falou isso. Não me perguntou se eu estava bem, se eu tinha proteção, como eu estava. Só falou: 'me conta aí'", disse a vítimamdnslot freebetestupro coletivo ao Fantástico.

Vídeo do estupro foi divulgado nas redes sociais

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Legenda da foto, Vídeo do estupro foi divulgado nas redes sociais

"Ele perguntou se eu tinha o costumemdnslot freebetfazer isso, se eu gostavamdnslot freebetfazer isso (sexo com vários homens)", prosseguiu.

Chakian explica que não é raro ver mulheres recebendo esse tipomdnslot freebettratamento ao denunciar uma violência.

"Não é incomum que elas sejam submetidas a uma desconfiança damdnslot freebetpalavra desde o início. Existe até um medo da vitima da estigmatização, do julgamento moral,mdnslot freebetnão ser acreditada quando procura as instituições. Isso precisa ser reconhecido e combatido", disse a promotora.

"Vi o depoimento dessa menina dizendo que foi ouvida numa sala envidraçada, (a qual) as pessoas circulavam pra vê-la. Isso é inaceitável, é uma nova violência contra ela. Uma oitiva mal conduzida com a vítimamdnslot freebetum crime bárbaro como esse causa inúmeros danos emocionais."

Outro caso ouvido pela BBC Brasil, desta vezmdnslot freebetuma vítimamdnslot freebetviolência doméstica, retratou a mesma dificuldade. Maria Fernanda (nome fictício), que sofria agressões frequentes do namorado, desistiumdnslot freebetdenunciá-lo por causa do tratamento que recebeu na delegacia.

Alessandro Thiers, que é titular da Delegaciamdnslot freebetRepressãomdnslot freebetCrimesmdnslot freebetInformática do Rio, era quem cuidava do caso e foi acusadomdnslot freebetmachismo

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Legenda da foto, Alessandro Thiers, que é titular da Delegaciamdnslot freebetRepressãomdnslot freebetCrimesmdnslot freebetInformática do Rio, era quem cuidava do caso e foi acusadomdnslot freebetmachismo

"Você tem certeza que vai fazer isso (denunciar)? Essas marcas aí? Estão tão fraquinhas... até você chegar no IML (para fazer examemdnslot freebetcorpomdnslot freebetdelito), já vão ter desaparecido. Se você denunciar, vai acabar com a vida dele. Ele vai perder o emprego e não vai adiantar nada, porque vai ficar alguns dias preso, depois vai pagar fiança e vai sair ainda mais bravo com você", dizia o delegado a Maria Fernanda.

"Os agentes públicos - da polícia e até do Judiciário - são membrosmdnslot freebetuma sociedade machista. E reproduzem esses estereótipos às vezes no atendimento dessas mulheres. Falta capacitação", afirmou a promotora.

O programa federal Mulher, Viver Sem Violência, lançadomdnslot freebetmarçomdnslot freebet2013, busca amenizar esse problema: tem, entre seus objetivos, omdnslot freebetcapacitar policiais e agentes públicos para atender melhor vítimasmdnslot freebetviolência.

Foram criadas também duas unidades -mdnslot freebetBrasília e Campo Grande - das chamadasmdnslot freebetCasa da Mulher Brasileira, que integram no mesmo espaço serviços especializados para os diversos tiposmdnslot freebetviolência contra a mulher: acolhimento, delegacia, Ministério Público, etc.

2) Descrédito à palavra da mulher

A vítima do Rio foi à delegacia denunciar o crime na última quinta-feira, após a divulgaçãomdnslot freebetum vídeo pelos próprios suspeitos que mostravam imagens dela nua e desacordada enquanto os rapazes conversam ao fundo. "Engravidoumdnslot freebet30", diz um deles. Em uma das fotos divulgadas pelo Twitter é possível ver o rostomdnslot freebetum deles, que posa para a câmeramdnslot freebetfrente à menina.

Diante do delegado Alessandro Thiers, da Delegaciamdnslot freebetRepressãomdnslot freebetCrimesmdnslot freebetInformática do Rio (que não cuida mais do caso), a vítima diz ter enfrentado o primeiro obstáculo.

"O próprio delegado me culpou. Quando eu fui à delegacia, eu não me senti à vontademdnslot freebetnenhum momento. Acho que é por isso que muitas mulheres não fazem denúncias. Tentaram me incriminar, como se eu tivesse culpa por ser estuprada", disse a jovemmdnslot freebetentrevista ao Fantástico.

A então advogada dela, Eloísa Samy, havia dito à BBC Brasil que, durante o depoimento da jovem, o delegado "fez perguntas que claramente tentavam culpá-la pelo estupro. Ele chegou a perguntar: 'Você tem por hábito participarmdnslot freebetsexomdnslot freebetgrupo?'. Não acreditei e encerrei o depoimento", disse a advogada.

Thiers também chegou a declarar que não estava convencidomdnslot freebetque houve estupro: "A gente está investigando se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram".

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, a nova delegada do caso, Cristiana Bento, disse ter "convicção"mdnslot freebetque a violência ocorreu.

"Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina. O estupro está provado. O que eu quero agora é verificar a extensão dele, quantas pessoas praticaram esse crime", disse.

A questão mais urgente apontada por Chakian é justamente o fatomdnslot freebeta palavra da vítimamdnslot freebetviolência ser muitas vezes questionada e desvalorizada, tanto pelas instituições da Justiça quanto pela sociedade.

"As investigações podem reproduzir estereótiposmdnslot freebetgênero. Nesse caso, existe um vídeo e, mais importante, existe a palavra dela. Por que essas mulheres continuam sendo exaustivamente questionadas, cobradas nos mínimos detalhes? Elas têm suas palavras confrontadas o tempo inteiro, como se desde o início essa palavra não fosse dignamdnslot freebetcrédito", disse Chakian.

Caso repercutiu na mídia internacional

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Legenda da foto, Caso repercutiu na mídia internacional

Para ela, isso contribui para que os casosmdnslot freebetviolência sexual e violência doméstica sejam tão subnotificados. Segundo dados do estudo "Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde", do Institutomdnslot freebetPesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas 10% dos casos chegam ao conhecimento da polícia.

"Por que tanta desconfiança? Por que antesmdnslot freebetbuscar os antecedentes dos criminosos, investigamos os antecedentes da vítima?", questionou Chakian.

"A própria sociedade mostra um julgamento comportamental nesse caso. 'Ela estava com aquela roupa, é frequentadoramdnslot freebetbaile funk, já tinha filhomdnslot freebettraficante' - esses 'argumentos' usados nos comentáriosmdnslot freebetmuita gente tentam 'justificar o crime', mostrar que ela parecia consentir. Isso é inaceitável."

3 - Termdnslot freebetcomprovar a violência

Quando consegue vencer as dificuldadesmdnslot freebetfazer uma denúncia, a mulher vítimamdnslot freebetviolência precisa passar por outro processo complexo: omdnslot freebetconseguir comprovar o crime. Primeiro porque alguns tiposmdnslot freebetagressão não deixam vestígios - ou até deixam, mas esses vestígios se "perdem" rapidamente, caso ela demore alguns dias para denunciar.

O laudo do estupro coletivo, segundo informações do jornal Bom Dia Rio, feito após a denúncia da menina na polícia, teria concluído que "não houve indíciosmdnslot freebetviolência" no caso. Isso porque, como ela sofreu a violência na sexta e foi denunciar uma semana depois, os indícios dos crimes já não estariam mais evidentes.

"Há um trauma muito grande no que essas mulheres vivem e isso faz com que elas demorem para denunciar. Mas temos que mudar esse pensamentomdnslot freebetque é preciso comprovar essa violência com testemunha e com prova pericial. Temos que avançar pra dar credibilidade à palavra dessas mulheres", opinou Chakian.

Além disso, algumas marcas são "facilmente contestáveis" por advogadosmdnslot freebetdefesa. "Muitas vezes a discussão ficamdnslot freebettorno do consentimento (da vítima). (Mas há) a violência que acontece entre quatro paredes, sem testemunha", explicou a promotora.

"Aqui, a vítima tem que dar sinaismdnslot freebetque está rejeitando a relação sexual. A lei diz que só configura estupro mediante uso da violência ou grave ameaça. Na prática, isso significa que são essas mulheres que têmmdnslot freebetcomprovar que rejeitaram o ato sexual, e isso é cruel. As circunstâncias deveriam comprovar."

"No Canadá, por exemplo, a legislação avançou para o 'Yes Means Yes' (Sim significa sim). Ou seja, o consentimento precisa ser expresso e afirmativo. Se a vítima não dá evidênciasmdnslot freebetconsentimento, se ela não contribui para a relação, é estupro. Por exemplo, se a menina está bêbada ou desacordada, com os braços repousados, isso não é símbolomdnslot freebetconsentimento", explicou a promotora.

Segundo Chakian, muitas vezes, no julgamentomdnslot freebetcasos assim, acaba prevalecendo o "conservadorismo comportamental".

"Dizem: 'ah, mas ela não se deu o respeito'. Mas como assim? Se ela está pelada,mdnslot freebetsaia curta ou coberta até o pescoço, ela tem que ser respeitada do mesmo jeito. Consentimento nunca pode ser sinonimomdnslot freebetsubmissão. Drogas, álcool, sono, isso são circunstâncias que retiram a capacidade da vítima consentir voluntariamente. Ela se torna vulnerável. E esse caso émdnslot freebetestupromdnslot freebetvulnerável".

Protesto das mulheres no Riomdnslot freebetJaneiro

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Legenda da foto, Dificuldades fazem com que mulheres acabem não denunciando violências

4 - São 368 Delegacias da Mulher para 5,5 mil municípios no Brasil; e elas não funcionam 24h, nem aos finaismdnslot freebetsemana

A Delegacia da Mulher (DDM) foi criada para proporcionar um atendimento diferenciado às mulheres vítimasmdnslot freebetviolência. Em teoria,mdnslot freebetunidades especiais da polícia civil criadas só para atender esses casos, a mulher recebe um acolhimento mais adequado.

No entanto, essas delegacias especiais,mdnslot freebetgeral, funcionam somente no horário comercial. Em São Paulo, por exemplo, elas fechammdnslot freebethorários variados, entre 18h e 20h.

Aos finaismdnslot freebetsemana - quando ocorrênciasmdnslot freebetestupro ou violência doméstica são mais frequentes -, as DDMs estão fechadas, o que obriga mulheres a esperar alguns dias para fazer a denúncia ou então a recorrer às delegacias tradicionais, como foi o casomdnslot freebetMaria Fernanda.

Delegacia da Mulher não abre aos finaismdnslot freebetsemana, nem funciona 24h - é uma das críticas das vítimas

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Além disso, o númeromdnslot freebetDelegacias da Mulher no país ainda é bastante restrito. Milharesmdnslot freebetcidades não contam com unidades especiais desse tipo - são 368 espalhadas por 5.597 cidades brasileiras.

Sem uma DDM por perto, novamente a mulher é encaminhada para uma delegacia tradicional, onde há menos preparo para lidar com casos do tipo.

5 - O agressor nem sempre é punido

A dificuldademdnslot freebetcomprovar a violência parece se refletir nos dados que comparam o númeromdnslot freebetdenúncias com omdnslot freebetagressores punidos.

Segundo o Levantamento Nacionalmdnslot freebetInformações Penitenciárias, 6.778 homens estavam presos por crimesmdnslot freebetestupro até junhomdnslot freebet2014. Para se ter uma ideia, tambémmdnslot freebet2014, houve 47,6 mil casosmdnslot freebetestupro no país, segundo dados do Fórum Brasileiromdnslot freebetSegurança Pública.

"Temos que melhorar a efetividade da lei. E, ao mesmo tempo, incorporar no sistemamdnslot freebetJustiça aquilo que chamamosmdnslot freebetolharmdnslot freebetgênero na apuração do caso. Olhar a mulher sob esses aspectos, do trauma, da vergonha, do julgamento, E colocar a vítima no centro da investigação", disse Silvia Chakian.