'Nós da imprensa somos bonsodds apostasmonitorar diversidade - no quintal dos outros':odds apostas
Enviei para minha equipe uma mensagemodds apostasWhatsApp pedindo que a gente usasse a polêmicaodds apostastorno do gabineteodds apostasMichel Temer para fazer uma autocrítica, uma reflexão sobre nosso papel como parte do problema. A faltaodds apostasrepresentatividade na nossa equipe merece essa autocrítica. Nossa diversidade étnica é baixíssima e são poucos os profissionais fora do eixo Rio-São Paulo. Mas, na mensagem, me referia especificamente ao conteúdo que produzimos.
É que nós normalmente enxergamos a pluralidadeodds apostasum contexto ideológico. Temos como missão buscar o equilíbrio. E temos feito isso com relativo sucesso. No domingo, na nossa página do Facebook, por exemplo, disse o leitor João Rodrigues: "Eu vendo alguns chamando a BBCodds apostaspetista e outros,odds apostasgolpista, e chego à conclusãoodds apostasque a BBC está sendo imparcial. Parabéns BBC por mostrar os dois lados da moeda". Mas nossa missão não se restringe a dar voz a Kim Kataguiri, do MBL, e a Guilherme Boulos, do MTST.
Somos bonsodds apostasmonitorar a diversidade. Mas,odds apostaspreferência, no quintal do outros. É a Câmara que só tem 10%odds apostasmulheres, são as empresas com poucasodds apostascargos executivos. Chegamos a fazer,odds apostas2014, um excelente texto mostrando como não havia meninas negras retratadas nas revistas para a adolescentes no Brasil. A autora, uma então estudanteodds apostasJornalismo negra, dizia: "Estou no Brasil, mas me sinto na Rússia". Mais uma vez, botamos o dedo na ferida - dos outros.
Mas quantas vezes publicamos reportagensodds apostasque só homens são entrevistados? Quantos personagens negros usamosodds apostasreportagens que não sejam sobre os temas "típicos", como racismo e preconceito? A mesma lógica vale para pessoas com deficiência. Estamos restringindo essa representação a espaços cativos? E por que nos concentramos tantoodds apostasentrevistadosodds apostasSão Paulo, Rio e Brasília?
A crise da microcefalia nos mostrou como há cientistas gabaritados no Nordeste. Se conseguimos falar com brasileiros nos mais longínquos rincões do mundo, por que é tão difícil encontrar um sociólogoodds apostasGoiânia com um estudo interessante, um cardiologistaodds apostasdestaqueodds apostasMaceió? Essas são apenas algumas perguntas que mostram como a busca pela pluralidade é mais complexa do que parece à primeira vista.
Que visões e exemplos estamos deixandoodds apostasconhecer por conta dessa miopia? Sim, porque a questão aqui não se restringe ao direito ao espaço, a uma espécieodds apostas"cota da aspa". A questão essencial é: o que estamos perdendo ao não representar essas vozes?
Do pontoodds apostasvista intelectual, estamos deixandoodds apostaster acesso à riquezaodds apostasconteúdo que o Brasil pode oferecer. Em termos econômicos, não estamos nos conectando -odds apostasigual para igual - com inúmeras partes do país onde aumenta o acesso à internet, aumenta a renda e novos mercados se abrem. E que mundo estamos ajudando a manter com a reproduçãoodds apostasum modus operandi antigo - e obsoleto -odds apostasse enxergar o mundo eodds apostasse fazer Jornalismo?
A conversa com a equipe hoje pelo WhatsApp já rendeu uma sérieodds apostasexcelentes ideias práticas. Uma repórter sugeriu criarmos uma agendaodds apostascontatos fora do eixo Rio-SP. Um repórter sugeriu uma painelodds apostasmulheres que avaliassem as primeiras medidas do gabineteodds apostashomens. Seria excludente para chocar mesmo. "E quem são as mulheres que poderiam ter sido ministras, digamos, da Ciência e Tecnologia?", perguntou outro. Não sei. Mas, se a imprensa não der voz a elas, dificilmente, serão um dia. Muitas perguntas, algumas respostas e um compromissoodds apostasrefletir melhor nossa sociedadeodds apostasconstante transformação.