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Como calças cor-de-rosa ajudaram australiana a suportar 804 diasapostas online rockettemida prisão iraniana:apostas online rocket
Tudo ia bem até um pouco antesapostas online rocketdeixar o país. Ela havia feito amizade com o recepcionista do hotel, que a procurou para contar que alguns homens "muito maus" haviam perguntado por ela.
"É claro que fiquei preocupada", ela conta, "mas meu voo sairia no dia seguinte, achei que ficaria bem."
Mas, no controleapostas online rocketpassaportes no aeroporto, alguns homens vestidosapostas online rocketpreto se aproximaram dela. Moore-Gilbert não sabia que eles eram da Guarda Revolucionária Iraniana.
Depoisapostas online rocketmantê-laapostas online rocketuma salaapostas online rocketinterrogatório por cercaapostas online rocketoito horas, eles a levaram para um apartamento. Ali, eles a interrogaram durante horas enquanto a filmavam.
Moore-Gilbert foi acusadaapostas online rocketespionagem, o que ela sempre negou e nunca foi provado.
No dia seguinte, "eles me levaram para um hotel, e me colocaramapostas online rocketum quarto com câmerasapostas online rocketvigilância, onde fiquei detida por uma semana. Eles me interrogavam diariamente".
Moore-Gilbert conta que "naquele momento, eles ainda não haviam decidido o que fazer comigo, e ainda me tratavam melhor".
"Havia um grupo entre eles que queria me recrutar para coletar informações no exterior. Eles mencionaram isso desde a primeira noite no apartamento e durante quase todo o tempo que passei no Irã."
"Depois daquela semana, eles me levaram para a prisão. Eles me colocaram na solitária e começaram a me tratarapostas online rocketforma muito mais desagradável."
Isolamento e incerteza
Kylie Moore-Gilbert estava na prisãoapostas online rocketEvin, conhecida por abrigar prisioneiros políticos, antes e depois da Revolução Islâmicaapostas online rocket1979.
A prisão tem uma ala apelidadaapostas online rocket"Universidade Evin", devido ao grande númeroapostas online rocketintelectuais que recebe. Segundo grupos ocidentaisapostas online rocketdefesaapostas online rocketdireitos humanos e o governo americano, essa prisão tem sido palcoapostas online rockettortura e outros "graves abusos dos direitos humanos".
A acadêmica "sequer sabia que estavaapostas online rocketuma prisão". "Mas, verificando a mudançaapostas online rockettratamento, entendi que estavaapostas online rocketsérios problemas."
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"O isolamento é uma tortura psicológica", ela conta sobre o períodoapostas online rocketque esteve na solitária. "O objetivo é deixar o preso fragilizado para o interrogatório."
"Havia muitas privações físicas, sensoriais. Quando me tiravam da cela, eles me levavam por um labirintoapostas online rocketcorredores até o blocoapostas online rocketinterrogatórios, com os olhos vendados."
"Ali, muitos homens falavam comigoapostas online rocketforma agressivaapostas online rocketfarsi. Eu não entendia, mas receava que eles pudessem me agredir sexualmente. Naquela fase, entretanto, eles não me causaram danos físicos. Só depois é que me bateram."
Ela calcula que essa faseapostas online rocketinterrogatório tenha se estendido por quatro meses.
"Você ficaapostas online rocketuma celaapostas online rocket2 por 2 metros, sem luz natural e não tem como saber as horas", relembra Moore-Gilbert.
"Você não sabe se será interrogada naquele dia ou não - ou por quanto tempo. Nada é previsível e esta incerteza alimentaapostas online rocketagitação mental."
Kylie Moore-Gilbert passou grande parteapostas online rocketsua detençãoapostas online rocketregimeapostas online rocketisolamento.
"O período mais longo foiapostas online rocketsete meses. Em certo sentido, é pior do que a tortura física, (a solitária) devora você por dentro."
"Mas o primeiro mês foi o pior: a solidão extrema."
'Não estava sozinha!'
Para sobreviver àquele pesadelo, Moore-Gilbert compreendeu que não tinha outra opção a não ser controlar a mente.
"Você precisa viverapostas online rocketvida segundo a segundo, minuto a minuto, concentrada no presente", ela conta.
Ela precisou colocarapostas online rocketlado todos os lamentos e conjecturas sobre o que a teria levado até ali, bem como toda a ansiedade sobre o que eles poderiam fazer com ela no futuro.
Ela passava o tempo fazendo "exercícios, jogos e truques mentais para me manter saudável, contando ou memorizando coisas, imaginando padrões nos azulejos da parede".
Moore-Gilbert também se imaginava caminhando por lugares conhecidos, mas evitando recordações emotivas, para não se entristecer.
"A raiva provavelmente foi a emoção mais difícilapostas online rocketcontrolar, porque ela se renovava constantemente", relembra ela. "Cada interação com as guardas ou com meus interrogadores a provocava."
Mas no isolamento surgiu o impensável: um canal ilícitoapostas online rocketcomunicação com algumas detentas nas outras celas. Duas delas ouviram Moore-Gilbert tentando falar com guardas no corredor.
"Eles ouviram esta mulher estrangeiraapostas online rocketapuros", relembra ela. "Elas falavam inglês, queriam me oferecer apoio e se arriscaram."
Moore-Gilbert conta que havia um varanda para onde as prisioneiras eram levadas, uma a uma, para passar meia hora pela manhã e meia hora à tarde. Tudo era monitorado com por apenas dois guardas, mas era possível ouvir suas vozes, e saber se elas estavam ou não olhando para os monitores das câmerasapostas online rocketsegurança.
"Elas espalharam algumas folhas no chão chamando minha atenção para uma planta num vaso, onde haviam deixado um saco plástico com nozes e frutas secas", relembra ela.
"Quando vi aquilo, foi extraordinário. Sabendo que estava sendo monitorada, eu agarrei o saco e o escondi na calcinha. E, ao voltar à minha cela,apostas online rocketcostas para a câmera, abri o pequeno saco."
"Fui um verdadeiro prazer. Elas haviam me presenteado com algo que também era muito precioso para elas."
"E nesse mesmo saco havia também uma bola feita com um pedaçoapostas online rocketpapel higiênico, dizendo: 'Querida Kylie, somos suas amigas. Você não está sozinha'."
"Elas haviam escrito a mensagem com um pedaçoapostas online rocketchocolate que haviam conseguidoapostas online rocketalguma forma", ela conta.
"Senti uma emoção incrível. Sempre que podia, voltava a ler a mensagem. Elas sabiam meu nome, eram minhas amigas, eu não estava sozinha!"
Recados e vozes
Aquele foi o primeiroapostas online rocketdiversos recados, já que Moore-Gilbert conseguiu roubar uma caneta dos interrogadores e responder para elas. Ela também começou a se comunicar com mulheresapostas online rocketoutras celas.
"Havia diversas redesapostas online rocketmensagens,apostas online rocketforma que muitos recados ficavam por ali, escondidosapostas online rocketmuitos lugares diferentes", relembra ela.
"Depoisapostas online rocketcercaapostas online rocketseis meses, inventei um método muito seguro: as calças viajantes."
"O uniforme da prisão incluía umas calças folgadasapostas online rocketcalicô rosa brilhante, que podíamos lavar manualmenteapostas online rocketuma lavanderia comum."
"Uma das prisioneiras saiu e deixou suas calças ali,apostas online rocketforma que as peguei e abri a costuraapostas online rocketuma das pernas, para poder colocar uma mensagem. Se molhássemos as calças, com exceção daquela pequena região da perna, parecia que ela teria sido lavada e pendurada para secar."
"E, quando todas entenderam que aquelas eram as calças viajantes que serviam para passar recados, começamos a usá-las", descreve ela. "Alguém depositava um recado, a cela seguinte recolhia as calças como se fossem suas... assim, a cada dois ou três dias, recebíamos mensagens novas."
Mas havia outra formaapostas online rocketcomunicação anterior, que permitiu a Moore-Gilbert ouvir as vozesapostas online rocketamigas que nunca havia encontrado antes.
"Havia uma redeapostas online rocketgradesapostas online rocketventilaçãoapostas online rocketar na unidade onde fiqueiapostas online rocketisolamento", descreve Moore-Gilbert. "Era perigoso falar por aqueles respiradouros porque os guardas, se estivessemapostas online rocketuma determinada parte do edifício, iriam nos ouvir."
"Mas, às vezes, conseguíamos ouvir uma televisão, e assim deduzíamos qual o momento mais propício para falarmos."
"Nós nos comunicávamos batendo na parede e, quando as outras respondiam, eu ficavaapostas online rocketpé sobre o vaso sanitário para conversar por cinco minutos."
Naqueles curtos momentos, Moore-Gilbert conseguiu começar a entender coisas que ela não sabia.
"Ouvir vozes amistosasapostas online rocketinglês era maravilhoso", relembra ela. "E elas podiam me dizer muito mais verbalmente do queapostas online rocketum pequeno pedaçoapostas online rocketpapel higiênico."
"Pude receber muitas informações sobre o que me aconteceria e sobre coisas como a 'diplomaciaapostas online rocketreféns', que é quando o Irã detêm estrangeiros e os utiliza como moedaapostas online rockettroca para obter algum tipoapostas online rocketconcessão do paísapostas online rocketorigem deles."
"Elas me diziam: 'Não faça confissões falsas. Seja como for, no final, eles irão trocar você por algo,apostas online rocketforma que não se preocupe."
"Eles podem dar a você qualquer sentença, mas não irão cumprir. Vão tentar se aproveitarapostas online rocketvocê para conseguir algo da Austrália ou do Reino Unido. Um desses países irá dar algo para o Irãapostas online rockettrocaapostas online rocketvocê'."
"Aquelas mulheres me deram esperança", conta Moore-Gilbert.
Elas tinham razão
Com isso, Kylie Moore-Gilbert passou maisapostas online rocketdois anos rejeitando,apostas online rocketcentenasapostas online rockethorasapostas online rocketinterrogatórios, as diversas acusações que eram sucessivamente apresentadas:apostas online rocketser agenteapostas online rocketórgãosapostas online rocketinteligência como o Mossad israelense, do MI-6 britânico ou espiã da Austrália.
Ela não fez nenhuma confissão e se negou a aceitar repetidas propostasapostas online rocketespionar para o Irã.
Mesmo assim, ela foi julgada por Abolqasem Salavati, conhecido como o "juiz da forca", pelo númeroapostas online rocketsentençasapostas online rocketmorte que ele impunha. Ela foi declarada culpada e condenada a 10 anosapostas online rocketprisão.
A esperança oferecida pelas suas amigas ressurgiu quando ela compreendeu que,apostas online rocketfato, era uma refém esperando para ser trocada. Mas, até um ano depois daapostas online rocketdetenção, quase ninguém sabia sobre a difícil situaçãoapostas online rocketKylie Moore-Gilbert.
O governo australiano disse àapostas online rocketfamília que não levasse a situação a público. Eles insistiam que a estratégia mais eficaz seria a "diplomacia silenciosa".
Mas algumas detentas que saíram da prisão deixaram vazar a notíciaapostas online rocketque havia uma australianaapostas online rocketEvin. Com isso, a informação deixouapostas online rocketser segredo.
Posteriormente, cartas que a própria Moore-Gilbert conseguiu enviar secretamente chegaram às mãos da imprensa britânica, até que começou uma campanha pública paraapostas online rocketlibertação.
A movimentação fez com que suas condições na prisão melhorassem, até que finalmente ocorreu o que suas amigas haviam antecipado. Sua liberdade foi obtida com uma complicada trocaapostas online rocketprisioneiros, que teve a participaçãoapostas online rocketquatro países.
Três iranianos, condenados por uma tentativaapostas online rocketatentado a bomba contra a Embaixadaapostas online rocketIsraelapostas online rocketBangcok, na Tailândia, foram libertadosapostas online rocketuma prisão local.
A notícia da trocaapostas online rocketprisioneiros foi publicada pela primeira vez no site do Clubeapostas online rocketJovens Jornalistas, afiliado à TV estatal do Irã.
Segundo o site, "um empresário e dois cidadãos iranianos que estavam detidos no exterior por acusações infundadas foram trocados por uma espiãapostas online rocketdupla nacionalidade chamada Kylie Moore-Gilbert, que trabalhava para o regime sionista".
Moore-Gilbert foi libertadaapostas online rocketnovembroapostas online rocket2020, durante a pandemiaapostas online rocketcovid-19. Por isso, assim que aterrissou na Austrália, foi levada para um hotel, para passar a quarentena. E, curiosamente, as semanasapostas online rocketsolidãoapostas online rocketsolo australiano acabaram sendo uma bênção para ela.
"Eu havia ficadoapostas online rocketisolamento por sete semanas muito difíceis e dolorosas antes da minha libertação", relembra ela. "Por isso, aquilo me permitiu voltar lentamente à realidade, interagindo pouco a pouco com as pessoas."
"Embora estivesse afastada da maior parte da humanidade, eu tinha acesso à internet e ao telefone,apostas online rocketforma que ligava para as pessoas quando tinha vontadeapostas online rocketfalar."
"Se tivessem me lançado imediatamenteapostas online rocketvolta ao mundo, teria sido muito difícil. Realmente, aquilo foi positivo."
Ouça o episódio da série Outlook, do Serviço Mundial da BBC (em inglês), que deu origem a esta reportagem, no site BBC Sounds.
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