O turista espanhol que acabou na prisão mais temida do Irã: 'Passei por coisas que não desejo a meu pior inimigo':roleta do neymar

Mas os seus planos foram interrompidos quando ele foi detido no Irã, acusadoroleta do neymarespionagem.

Ele passou 14 mesesroleta do neymaruma temida prisãoroleta do neymarsegurança máxima conhecida como Evin, que tem sido alvoroleta do neymarmúltiplas queixasroleta do neymargraves violações dos direitos humanos.

"Eu passei por coisas que não desejaria ao meu pior inimigo", diz ele.

Sánchez já tinha visitado o Irãroleta do neymar2020 e por isso não teve receiosroleta do neymarvoltar ao país.

"Fuiroleta do neymarbicicletaroleta do neymarMadri à Arábia Saudita para ver a Supercopa da Espanha, que foi realizada naquele país, e para ver meu timeroleta do neymarfutebol, o Real Madrid", conta.

Ele atravessou 15 paísesroleta do neymarquatro meses. Depoisroleta do neymarchegar ao seu destino final, decidiu visitar outras nações do Oriente Médio, incluindo Kuwait, Catar e Irã.

"Fiquei fascinado pela hospitalidade dos iranianos e conheci muitas pessoas lá", lembra ele.

'Eu não tinha ideiaroleta do neymarque havia protestos'

Ao deixar Madri emroleta do neymarnova aventura, Santiago estimou que levaria um ano para chegar ao Catar.

"Eu tinha proposto uma jornada espiritual, solidária comigo mesmo e com o mundo. Eu estava coletando lixo, plantando árvores e me fantasiandoroleta do neymarpalhaçoroleta do neymarhospitais para crianças com câncer e outras doenças", conta.

Ao passar pelo Iraque, ele ouviu dizer que a situação no Irã estava tensa, mas "não fazia ideiaroleta do neymarque havia violência".

Sánchez alega que, por já ter visitado o país antes, "nem nos meus piores sonhos imaginei que o que me aconteceu pudesse acontecer comigo".

Em meadosroleta do neymarsetembroroleta do neymar2022, a morteroleta do neymarMahsa Amini, uma mulherroleta do neymar22 anos, nas mãos da "polícia da moralidade" do Irã abalou o país islâmico.

A polícia supostamente havia prendido a jovem por não cumprir regras rígidas sobre o uso do lenço na cabeça.

Testemunhas afirmam que a jovem foi espancada enquanto estava dentroroleta do neymaruma viatura quando foi detidaroleta do neymarTeerã.

Santiago diz que não sabia muito sobre o casoroleta do neymarMahsa Amini.

E afirma que foi vítimaroleta do neymaruma armação no Irã.

'Me enganaram'

Santiago relata que durante aroleta do neymarprimeira visita ao Irãroleta do neymar2020 conheceu um homem na cidaderoleta do neymarBandar Abbas, no sul, que o acolheu.

Quando o iraniano soube que o turista espanhol regressaria ao seu país, ofereceu-lhe novamente alojamento e insistiuroleta do neymarbuscá-lo na fronteira com o Iraque.

"Fiquei desconfiado quando ele disse isso, porque ele mora a cercaroleta do neymar1,7 mil quilômetros da fronteira, onde eu estava", diz Santiago.

"Eu falei para ele: 'Ei, amigo, por que você tem tanto interesseroleta do neymarvir me buscar? Estou muito longe, né?'", lembra.

"Agora, pensando bem, entendo o motivo. Após a prisãoroleta do neymarMahsa Amini, ele me incentivou a postar algo no Instagram com a hashtag #MahsaAmini e eu sempre ignorei suas sugestões porque não estava interessado."

Santiago explica que o iraniano o recolheu pertoroleta do neymarMarivan, no oeste do Irã, e o levou para Saqqez, cidade onde a jovem tinha sido enterrada.

"Atravésroleta do neymarum tradutor no meu telefone, perguntei a ele: 'Para onde vamos? Pensei que íamos para Teerã'", lembra Sanchez.

"Ele me enganou e me levou até o túmuloroleta do neymarMahsa Amini. Hoje eu sei que tudo o que ele queria era que eu tirasse uma foto e postasse no Instagram."

Santiago diz que independentemente do que aconteceuroleta do neymarSaqqez, ele só tinha a fotoroleta do neymarum túmulo, por isso não entende por que as autoridades iranianas o acusaramroleta do neymarespionagem.

"Não faz sentido", diz ele. "Você deveria perguntar a eles (autoridades iranianas) o que os fez pensar que eu era um espião."

A prisão

A presençaroleta do neymarSantiago atraiu a atençãoroleta do neymarum gruporoleta do neymaragentes dos serviçosroleta do neymarinteligência iranianos, que o abordaram, levaram-no para um carro, tomaram seus pertences, vendaram seus olhos e levaram-no a uma delegacia.

"Quando me pararam pensei que fosse uma piada."

Ele passou 42 dias isoladoroleta do neymaruma pequena cela sob "muita pressão" devido aos interrogatórios da polícia.

"Acho que eles sabiam que eu não era um espião, mas continuaram me interrogando."

Em seguida, ele foi transferido para outra prisãoroleta do neymarSaqqez, onde se encontrou com o embaixador espanhol no Irã, Ángel Losada, que fez lobby para que Santiago fosse transferido para a capital iraniana.

As autoridades iranianas decidiram então enviá-lo para a prisãoroleta do neymarEvin.

Ele só teve permissão para fazer um telefonema pararoleta do neymarfamília três meses apósroleta do neymarprisão.

"É mentira que me deixaram entrarroleta do neymarcontato com minha família pelo Skype. Não seiroleta do neymaronde veio essa história."

A prisãoroleta do neymarEvin

A prisão foi inauguradaroleta do neymar1971 e hoje é um símbolo do autoritarismo do governoroleta do neymarAli Khamenei, líder supremo da República Islâmica.

Localizada no bairroroleta do neymarEvin,roleta do neymarTeerã, é constantemente criticada por gruposroleta do neymardireitos humanos.

De acordo com a entidade Human Rights Watch, os agentes prisionais recorrem a ameaçasroleta do neymartortura eroleta do neymarprisão por tempo indeterminado. A entidade afirma que os prisioneiros não têm acesso a cuidados médicos e são submetidos a longos interrogatórios.

Um gruporoleta do neymarhackers que se autodenomina Edalat-e Ali publicouroleta do neymaragostoroleta do neymar2021 vídeos com imagensroleta do neymarvigilância vazadas da prisãoroleta do neymarEvin que mostravam guardas espancando ou maltratando presos.

A prisão abriga um grande númeroroleta do neymarpresos políticos, jornalistas e muitos cidadãos estrangeiros ou com dupla nacionalidade.

"Desde que fui tirado da prisãoroleta do neymarEvin, não consigo dormir sem ajudaroleta do neymarremédios. É horrível. A solidão nunca te abandona, nem mesmo depoisroleta do neymarser libertado", descreveu um ex-detento, que estavaroleta do neymarconfinamento solitário, à organização Human Rights Watch.

'Você conversa até com as formigas'

Em Evin, Santiago esteve roleta do neymarconfinamento solitário por "41 ou 42 dias".

"Foi muito difícil. É algo que não desejo ao meu pior inimigo", diz antesroleta do neymaracrescentar que pretende usar a "dor e o sofrimento" que essas memórias lhe causaram para ajudar outras pessoas.

"Não tenho qualquer ressentimento", diz.

"O Irã tirou a minha liberdade, mas me deu tempo para fazer uma viagem dentroroleta do neymarmim mesmo, na qual visitei lugares sombrios e tentei crescer como ser humano."

Ele afirma que quase sempre o trataram "bem".

Em Evin, Santiago usou seu tempo para contribuir com a comunidade carcerária.

"Dei aulasroleta do neymarespanhol, aulasroleta do neymarboxe, organizei torneiosroleta do neymarfutebol, montei uma rederoleta do neymarvôlei e chamei todos os presos para praticar esportes", conta.

"Os prisioneirosroleta do neymarEvin tornaram-se minha família. Eles me tratavam como um convidado. Eles tinham muito sofrimento e dor, mas também muita hospitalidade."

Ele também recorda as condições "desumanas"roleta do neymarpartes da prisão.

"O setor 209roleta do neymarEvin é um dos lugares mais horríveis que já vi. Deveria ser proibido manter um humanoroleta do neymaruma cela sem banheiro,roleta do neymaronde te tiram uma vez por semana com os olhos vendados para ir a um pátio por dez minutos."

"Quero perguntar ao Irã: por que me causaram esse mal se eu era apenas um turista com boas lembranças daquele país?"

Santiago suspeita que o setor 209 seja usado para pressionar os presos e fazê-los confessar "caso tenham algo a dizer".

"Aquela parteroleta do neymarEvin gera um sofrimento que éroleta do neymaroutro planeta. Eu até conversei com as formigasroleta do neymarlá, mas esse sofrimento é meu."

"Só sei que sou inocente e passei 15 meses trancado numa prisão onde não existem direitos humanos."

"Foram 15 mesesroleta do neymarpressão sob (a ameaça de) uma possível penaroleta do neymarprisão perpétua ouroleta do neymarmorte, porque espiões poderiam ser enforcados no Irã."

Santiago diz que agora só quer manter memórias boas e esquecer o que aconteceuroleta do neymarruim. Seu objetivo é superar o passado para continuar comroleta do neymarvida.

"Minha mãe leu um artigo que dizia que eu queria voltar ao Irã, o que é mentira, e ela quase desmaiou."

'Minha cabeça ainda está no Irã'

Questionado sobre os iranianos que foram presos por participarem nos protestos pela morteroleta do neymarMahsa Amini, alguns dos quais conheceuroleta do neymarEvin, ele diz que "todos lutam pelo que têmroleta do neymarlutar".

"O iraniano lutará pela liberdade do seu país e nós, espanhóis, lutaremos por tudo o que tivermos que lutar (...) Não estou dizendo que seja bom ou ruim."

Ao chegar ao aeroportoroleta do neymarMadri, no dia 2roleta do neymarjaneiro, Santiago Sánchez foi recebido pelaroleta do neymarfamília e amigos com aplausos, sorrisos e algumas lágrimas.

"Não sabemos a sorte que temos por ter nascido na Espanha", diz.

"O simples fatoroleta do neymaracordar e poder andar livremente... Não vou falar mais. Ao bom entendedor, poucas palavras bastam."

Ele não sabe o motivo daroleta do neymarlibertação, e acredita que, apesarroleta do neymarinocente, poderia ter ficado detido no Irã por mais "dois ou cinco anos".

O aventureiro espanhol garante que recuperou a liberdade, mas ainda não conseguiu recuperar totalmente aroleta do neymarsaúde mental. "O meu corpo está na Espanha, mas a minha mente ainda está no Irã".

Ele vê aroleta do neymarlibertação como uma nova oportunidade na vida.

"Na vida tudo acontece por um motivo e os maiores limites estão na mente. Vou usar essa dor para melhorar."