Reforma ministerial não deve satisfazer nem Lula, nem Centrão; entenda:roleta de jogos

Quem sai e quem fica

O PP, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), passa comandar o Ministério do Esporte.

O escolhido para chefiar a pasta é o deputado André Fufuca (MA). A titular anterior da pasta era a ex-jogadoraroleta de jogosvôlei Ana Moser.

Já deputado pernambucano Silvio Costa Filho, do Republicanos, vai chefiar o ministérioroleta de jogosPortos e Aeroportos no lugarroleta de jogosMárcio França (PSB).

A sigla tem forte conexão com o segmento evangélico, principalmente a liderança da Igreja Universal do Reinoroleta de jogosDeus.

Como os dois novos ministros receberam apoioroleta de jogosLira, a expectativa é que isso melhore a relação com a Câmara.

Mas, para analistas políticos, a decisãoroleta de jogosLularoleta de jogosabrir mais espaço na Esplanada dos Ministérios para a centro-direita não mira apenas o apoio parlamentar, mas teria também um cálculo eleitoral: tentar afastar essas siglas que integraram o governo anterior da esfera políticaroleta de jogosJair Bolsonaro (PL).

Para o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, o mesmo objetivo motivou também a troca do Ministério do Turismo, que no inícioroleta de jogosagosto passou para o comandoroleta de jogosCelso Sabino (PA), deputado do União Brasil próximo a Lira. Ele substituiu a deputada Daniela Carneiro após ela decidir deixar o partido.

"A reforma ministerial deve dar mais margem para o governo no Congresso, mas não há expectativaroleta de jogosque esses partidos vão votar integralmente com o Planalto", nota Cortez.

"Por outro lado, acho que a inclusão desses partidosroleta de jogosforma mais forte (no governo), seja trocando (a indicação do) União Brasil (para o Ministério do Turismo) seja adicionando Republicanos e PP, busca dividir o projeto (eleitoral) alternativo, que no passado foi Bolsonaro. É uma maneira do Lula enfraquecer a próxima candidatura presidencial do campo da centro-direita”, analisa.

Cortez cita como exemplo o caso do Republicanos, que tem no governadorroleta de jogosSão Paulo, Tarcísioroleta de jogosFreitas, um potencial herdeiro do bolsonarismo na disputa nacionalroleta de jogos2026.

No inícioroleta de jogosagosto, ele se colocou contra a entrada da legenda no governo Lula e deixouroleta de jogosaberto a possibilidaderoleta de jogosdeixar o partido.

Centrão também mira ganho eleitoral

O cálculo eleitoral também entra nos interesses do Centrão, acrescenta Cortez.

Para os partidos, ter lideranças no comandoroleta de jogosministérios e outros órgãos federais é uma formaroleta de jogosobter projeção política e o controleroleta de jogosparte do orçamento federal, possibilitando investimentosroleta de jogosseus redutos eleitorais

É uma equação que costuma render mais votos nas eleições seguintes, mas que, historicamente, também tem sido acompanhadaroleta de jogosescândalosroleta de jogoscorrupção, envolvendo partidosroleta de jogostodo espectro político.

Segundo Cortez, o potencialroleta de jogosganhoroleta de jogosvotos com a participação na máquina pública se torna ainda mais relevante devido ao acirramento da disputa com as novas regras eleitorais adotadas nos últimos anos.

É o caso do fim do financiamentoroleta de jogoscampanhas por empresas e do aumento da cláusularoleta de jogosbarreira (exigênciaroleta de jogosum número mínimoroleta de jogosvotos para que um partido tenha acesso a recursos públicos, por exemplo).  

"Com isso, a competição eleitoral ficou mais acirrada, e o custoroleta de jogosficar na oposição aumenta", nota Cortez.

"Esse custo ficou ainda maior diante dos problemas do ex-presidente Bolsonaro. Como ele foi considerado inelegível (pelo TSE), esse campo está sem um candidato natural (em 2026)."

Na avaliação da cientista política Beatriz Rey, pós-doutoranda na EACH-USP (Escolaroleta de jogosArtes, Ciências e Humanidades da Universidaderoleta de jogosSão Paulo), não é possível afirmar que a reforma ministerial deixará o centrão satisfeito com o governo federal.

"A realocaçãoroleta de jogoscargos dá contaroleta de jogosuma parte das demandas, mas a outra, que são as emendas orçamentárias, seguem sendo um problema estrutural."

A especialista aponta que com as emendas orçamentárias individuais e coletivas se tornando impositivas e igualitáriasroleta de jogos2015 e 2019, o poder Executivo perdeu uma ferramentaroleta de jogosapoio no poder Legislativo - com as regras atuais, é obrigado a executar as emendas, que também não podem ser distribuídasroleta de jogosforma a beneficiar aliados.

“O centrão pode aproveitar a faltaroleta de jogosalinhamento entre o Congresso e o Executivo para voltar a pedir emendas orçamentáriasroleta de jogostroca do apoio político.”

Congresso mais poderoso

Analistas políticos têm ressaltado o processoroleta de jogosfortalecimento do Congresso frente ao Poder Executivo ao longos dos governosroleta de jogosDilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB ) e Bolsonaro (PL).

Na gestão Bolsonaro, o Parlamento passou, inclusive, a comandar a uma fatia importante da execução orçamentária por meio do chamado Orçamento Secreto – sistema que foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal no finalroleta de jogos2022.

Nesse novo cenário, as bancadas partidárias do Centrão tem atuadoroleta de jogosforma mais fragmentada, e a entregaroleta de jogosministérios não tem garantido apoio firme dessas siglas.

O União Brasil, que indicou o comandoroleta de jogostrês pastas (Turismo, Comunicações e Integração Nacional), é um exemploroleta de jogospartido que tem dado sustentação parcial ao governo no Congresso. A sigla tem uma importante ala bolsonarista.

O mesmo ocorre com o PP, que entra agora no governo. Seu presidente, o senador Ciro Nogueira, foi ministro da Casa Civilroleta de jogosBolsonaro e segueroleta de jogosforte oposição a Lula.

Para a cientista política Beatriz Rey, a reforma ministerial não será suficiente para resolver as dificuldades do governo no Parlamento porque deputados e senadores continuam interessadosroleta de jogosum maior controle do orçamento federal, como ocorria no governo Bolsonaro.

Por outro lado, como a reforma foi negociada diretamente com Lira e contemplou aliados próximos a ele, isso tende a melhor a situação do governo na Câmara.

“O grande ganho do governo é ter o partido do presidente da Câmara, supostamente, dentro da coalizão. O Arthur Lira é um deputado que carrega muita influência dentro da Câmara e sozinho pode conseguir levantar muito voto dentro do PP”, explica.

Ela ressalta, porém, que isso tem o custoroleta de jogosperder o controleroleta de jogosparte da máquina pública: “Ao mesmo tempo que há esse ganho, o governo está perdendo porque está abrindo um espaço considerável do topo da burocracia estatal para o Centrão”.

Cortez também considera que a reforma deve trazer uma relação melhor do governo com Lira.

Por outro lado, acredita que é uma estratégiaroleta de jogosLula, ao alocar deputados dessas siglas para o primeiro escalão, construir alianças que permitam eleger um novo presidente da Câmara mais governistaroleta de jogosfevereiroroleta de jogos2025, quando termina seu mandato no comando da Casa. 

Rey e Cortez notam, ainda, que o governo vai precisar intensa articulação no “chão legislativo”.

Ou seja, mesmo com a reforma ministerial, será preciso ter muito diálogo e negociação com os parlamentares para aprovar as pautasroleta de jogosinteresse do Planalto.

Sobretudo porque, aprovado o marco fiscal, o governo precisa passar no Congresso medidasroleta de jogosaumentoroleta de jogosarrecadação para fechar as contas, com mudanças no Impostoroleta de jogosRenda e na taxação fundosroleta de jogosinvestimentosroleta de jogossegmentos mais ricos. São pautas que enfrentam mais resistência.

“Essa pauta redistributiva do governo Lula (aumentar impostos sobre os mais ricos) não é uma pauta da centro-direita. Então, são propostas mais difíceisroleta de jogosaprovar”, analisa Cortez.