Câncerlampionsbet aviatorpróstata: quando o homem realmente deve fazer os exames preventivos?:lampionsbet aviator

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Legenda da foto, Junto com o PSA, o toque retal é uma das etapas propostas para o rastreamento do câncerlampionsbet aviatorpróstata

Durante muitos anos, as campanhas que incentivam o rastreamento do tumor na próstata — que se intensificam com a chegada do Novembro Azul, o mêslampionsbet aviatorconscientização sobre o tema — traziam uma mensagem relativamente simples: todos os homens com maislampionsbet aviator45 ou 50 anos deveriam procurar o médico e realizarlampionsbet aviatortemposlampionsbet aviatortempos os exames PSA e o toque retal.

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O PSA, siglalampionsbet aviatoringlês para antígeno específico da próstata, é uma enzima medida no sangue. Se ela passalampionsbet aviatorum certo limite estabelecido pelos especialistas, pode indicar algolampionsbet aviatorerrado na glândula masculina.

Já o toque retal é um exame feito no próprio consultório,lampionsbet aviatorque o profissional da saúde insere o dedo no ânus do paciente para tocar a próstata (ela fica próxima do reto) e checar se há alguma formação estranha ali.

A orientaçãolampionsbet aviatorrealizar esses testes, no entanto, passou a ser mais questionada, debatida e relativizada nos últimos anos no Brasil e no mundo.

De um lado, algumas instituições — como o Ministério da Saúde e o Instituto Nacionallampionsbet aviatorCâncer (Inca) — contraindicam a realização do rastreamento do câncerlampionsbet aviatorpróstata.

De outro, entidades como a Sociedade Brasileiralampionsbet aviatorUrologia (SBU) defendem a importância desses exames periódicos para alguns públicos.

Quais são os argumentos apresentados nessa discussão? E, mais importante, o que os homens devem fazerlampionsbet aviatorprol da própria saúde para flagrar um eventual tumor na próstata logo nos primeiros estágios, quando as chanceslampionsbet aviatorcura são bem maiores?

O que diz o Inca

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No finallampionsbet aviatoroutubro, o Inca e o Ministério da Saúde publicaram uma nota técnicalampionsbet aviatorque justificam por que contra-indicam o rastreamento populacional do câncerlampionsbet aviatorpróstata.

O argumento principal apresentado no texto é o riscolampionsbet aviatorsobretratamento — ou a aplicaçãolampionsbet aviatorrecursos terapêuticos sem necessidade e além do desejado,lampionsbet aviatormodo que os prejuízos superam os benefícios.

E aqui cabe uma explicação: entre 30 e 40% dos tumores que brotam na glândula masculina têm um comportamento indolente (ou seja, são pouco agressivos e crescem devagar).

Na prática, isso significa que o indivíduo futuramente vai morrer com o câncer, mas nãolampionsbet aviatordecorrência dele.

E o problema está justamente aí. Nesses casoslampionsbet aviatorque a doença é praticamente inofensiva, os médicos costumam indicar a realização da chamada vigilância ativa —lampionsbet aviatoroutras palavras, basta fazer o acompanhamento por meiolampionsbet aviatorexames, sem a necessidadelampionsbet aviatorsubmeter o paciente a tratamentos ou cirurgias.

Essas intervenções só são adotadas se os testes indicarem alguma alteração no quadro, como o iníciolampionsbet aviatoralgo mais agressivo e potencialmente fatal.

"Mas nem sempre é possível dizer, no momento do diagnóstico, quais tumores terão comportamentos agressivos e quais terão crescimento lento", aponta a nota do Inca/Ministério da Saúde.

"O sobretratamento é o tratamentolampionsbet aviatorcânceres que não evoluiriam a um ponto ameaçador e pode gerar importante impacto na qualidadelampionsbet aviatorvida dos homens, como as disfunções sexual e urinária", complementa o texto.

Outro perigo apontado pelos representantes dos órgãos vinculados ao Governo Federal está relacionado à biópsia. Em resumo, aqueles pacientes que apresentam alguma alteração importante no PSA e/ou no toque retal precisam ser submetidos a um procedimento que retira um pedacinho do nódulo suspeito.

Esse material é analisadolampionsbet aviatorlaboratórioslampionsbet aviatorpatologia para definir se se tratalampionsbet aviatorum câncer mesmo oulampionsbet aviatoralgo benigno.

Na avaliação do Inca e do Ministério da Saúde, a necessidadelampionsbet aviatorfazer biópsia pode estar relacionada a "complicações como dor, sangramento e infecções, alémlampionsbet aviatoransiedade e estresse no indivíduo e na família".

Em entrevista à BBC News Brasil, Renata Maciel, chefe da Divisãolampionsbet aviatorDetecção Precoce e Apoio à Organizaçãolampionsbet aviatorRede - Coordenaçãolampionsbet aviatorPrevenção e Vigilância do Inca, destaca que o posicionamento recém-divulgado é apenas um reforçolampionsbet aviatoralgo que a instituição defende desde 2015.

"Temos estudos que avaliaram essa questão e mostraram que o rastreamento do câncerlampionsbet aviatorpróstata está relacionado a uma diminuição da mortalidade. Essa redução, porém, é acompanhadalampionsbet aviatordanos à saúde do homem", diz ela.

"Então, quando colocamos esses fatores na balança, entendemos que os riscos relacionados ao rastreamento na população assintomática superam os benefícios", pontua a especialista.

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Legenda da foto, A próstata (em vermelho na ilustração) fica abaixo da bexiga (amarelo) e é responsável pela fabricação do líquido seminal

Mas, seguindo essa linhalampionsbet aviatorraciocínio, o que pode ser feito para se proteger ou fazer a detecção precoce do câncerlampionsbet aviatorpróstata?

"O homem tem que prevenir os fatoreslampionsbet aviatorrisco e adotar hábitos saudáveis, como diminuir o consumolampionsbet aviatorbebidas alcoólicas, não fumar, praticar atividade física", responde Maciel.

"Vale também ficar atento aos sinais e sintomas e acessar o serviçolampionsbet aviatorsaúde rapidamente. Se há algolampionsbet aviatordiferente, é importante ir até uma unidadelampionsbet aviatorsaúde e conversar com um profissional para fazer o diagnóstico mais precoce possível deste tumor", complementa ela.

Entre os sintomas preocupantes citados pela especialista, estão alterações no hábito urinário, dificuldade ou dor para fazer xixi, e aparecimentolampionsbet aviatorsangue ou um líquido rosado na urina.

"Nós fazemos o acompanhamento das evidências, até porque a ciência é dinâmica. Se sair algum estudo que prove o contrário e mostre o valor do rastreamento, vamos reavaliar nosso posicionamento", pontua Maciel.

"Quando pensamos na saúde pública, não podemos cometer erros. Porque nossas recomendações influenciam a vidalampionsbet aviatormilhõeslampionsbet aviatorpessoas e precisamos sempre ter muito cuidado", finaliza ela.

O que diz a SBU

Num posicionamento também divulgado no finallampionsbet aviatoroutubro, a Sociedade Brasileiralampionsbet aviatorUrologia defendeu individualizar a realizaçãolampionsbet aviatorexames periódicos para flagrar o câncerlampionsbet aviatorpróstata, "após ampla discussãolampionsbet aviatorriscos e potenciais benefícios,lampionsbet aviatordecisão compartilhada com o paciente".

"Os homens, a partirlampionsbet aviator50 anos e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncerlampionsbet aviatorpróstata", aponta o texto.

"Os homens que integrarem o grupolampionsbet aviatorrisco (raça negra ou com parenteslampionsbet aviatorprimeiro grau com câncerlampionsbet aviatorpróstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectivalampionsbet aviatorvida maior do que 10 anos poderão fazer essa avaliação."

O médico Alfredo Canalini, presidente da SBU, lembra quelampionsbet aviator2012 o U.S. Preventive Task Force — um órgão que ajuda a definir as políticas públicaslampionsbet aviatorsaúde nos Estados Unidos — fez um posicionamento contrário ao rastreamento do câncerlampionsbet aviatorpróstata.

"Anos depois, isso levou a um aumento dos diagnósticos da doençalampionsbet aviatorestágio avançado por lá", observa ele.

"Portanto, você deixar para fazer os exames somente quando alguns sintomas aparecem é um equívoco enorme. Nesses casos, a possibilidadelampionsbet aviatorvocê estar diantelampionsbet aviatorum paciente com a doença já alastrada e sem possibilidadelampionsbet aviatorcura supera os 90%", calcula Canalini.

Aindalampionsbet aviatoracordo com o presidente da SBU, "o tempo vai mostrar quem está certo e quem está errado" nesse debate sobre a realizaçãolampionsbet aviatorexames periódicos para a detecção precoce do câncerlampionsbet aviatorpróstata no Brasil.

"Somos uma entidade científica e nossa obrigação é expor recomendações segundo aquilo que acreditamos correto e as evidências científicas que temos à disposição", diz ele.

Para Canalini, o riscolampionsbet aviatorsobretratamento do câncerlampionsbet aviatorpróstata — como Inca/Ministério da Saúde chamam a atenção — pode ser minimizado com o usolampionsbet aviatorferramentas e critérios modernos.

"Ao longo do tempo, começamos a entender quais eram os gruposlampionsbet aviatorpacientes suscetíveis a um câncer mais agressivo ou aqueles com maior probabilidadelampionsbet aviatoruma doença indolente", avalia ele.

Para fazer essa avaliação, os médicos levamlampionsbet aviatorconta a idade do paciente e o histórico familiar.

Além disso, exameslampionsbet aviatorimagem como a ressonância magnética permitem avaliar melhor um caso suspeito anteslampionsbet aviatorpartir para a biópsia.

Ainda segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o riscolampionsbet aviatorcomplicações relacionadas à biópsia é baixo —lampionsbet aviatortornolampionsbet aviator1 a 2% — se o procedimento for feito por profissionais treinadoslampionsbet aviatorcentros especializados.

Por fim, eles argumentam que a análise da biópsia permite classificar as células cancerosas segundo o graulampionsbet aviatoragressividade delas.

Para isso, os patologistas usam uma ferramenta chamada Classificaçãolampionsbet aviatorGleason — quanto mais elevado o grau, maior o riscolampionsbet aviatorque o tumor seja agressivo ou tenha se espalhado para outros tecidos (num processo conhecido como metástase).

"Nos últimos tempos, também aprendemos que nem todo indivíduo com PSA elevado é portadorlampionsbet aviatorcâncer na próstata, e nem todo mundo com um PSA dentro dos limites está livre do riscolampionsbet aviatorum tumor desses", acrescenta Canalini.

"Por isso que aliamos o PSA com o toque retal. Isso nos ajuda a fazer um diagnóstico mais preciso", complementa o urologista.

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Legenda da foto, O PSA é uma enzima que pode ser medida pelo sangue e ajuda a entender se há algolampionsbet aviatorerrado na próstata

A partirlampionsbet aviatortodas essas ponderações e cuidados, a SBU defende a realizaçãolampionsbet aviatorexames periódicos para flagrar o câncerlampionsbet aviatorpróstatalampionsbet aviatorestágio precoce, como mencionado anteriormente.

"Apesar dos avanços terapêuticos, cercalampionsbet aviator25% dos pacientes com câncerlampionsbet aviatorpróstata ainda morrem devido à doença. Atualmente, cercalampionsbet aviator20% ainda são diagnosticadoslampionsbet aviatorestágios avançados, embora um declínio importante tenha ocorrido nas últimas décadaslampionsbet aviatordecorrência, principalmente,lampionsbet aviatorpolíticas para o diagnóstico precoce da doença e maior conscientização da população masculina", afirma a entidade.

Em nota, a Sociedade Brasileiralampionsbet aviatorRadioterapia (SBRT) adotou uma posição parecida.

"Sabemos que no Brasil, o acesso e compreensão da população masculina sobre as questões relativas ao rastreamento é limitado. Desta forma, contraindicar tal procedimento restringe o acesso e tem potenciallampionsbet aviatorgrande prejuízo sobre a populaçãolampionsbet aviatorrisco mais elevado, pois pode levar a uma má compreensão sobre o tema", diz o texto.

"A ida ao urologista constituilampionsbet aviatormuitos casos a única oportunidadelampionsbet aviatoro paciente comparecer ao médicolampionsbet aviatorforma preventiva no Brasil. Várias oportunidadeslampionsbet aviatorrastreiolampionsbet aviatoroutras condições podem ser perdidas com a contraindicação ao rastreio do câncerlampionsbet aviatorpróstata, além da perda das oportunidadeslampionsbet aviatoravaliaçõeslampionsbet aviatoroutras questões urológicas infecciosas e orientações urológicas e saúde sexual aos pacientes", conclui a SBRT.

Rastreamento 'inteligente e direcionado'

Na avaliação do médico Gustavo Guimarães, diretor do Institutolampionsbet aviatorUrologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR),lampionsbet aviatorSão Paulo, os estudos mais recentes não deixam dúvidaslampionsbet aviatorque o diagnóstico precoce do câncerlampionsbet aviatorpróstata aumenta as chanceslampionsbet aviatorsobrevida e cura do paciente.

"Por um lado, um rastreamento populacional irrestrito gera um riscolampionsbet aviatorsobretratamento. Por outro, não fazer nada aumenta o diagnósticolampionsbet aviatorcasos avançados e a mortalidade por este câncer", pondera ele.

"O ideal seria fazer um rastreamento inteligente e direcionado aos gruposlampionsbet aviatormaior risco", propõe o urologista, que também é diretor dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da BP - A Beneficência Portuguesalampionsbet aviatorSão Paulo.

Essa estratégia "inteligente e direcionada" serviria para balancear a necessidadelampionsbet aviatordetectar o tumor na glândula masculina nos primeiros estágios e os recursos públicos disponíveis para manter um programa como esse nos sistemaslampionsbet aviatorsaúde.

"A grande questão é: dentrolampionsbet aviatorum orçamento curto, como eu consigo selecionar os homens que mais precisam fazer os exames e baratear os custos desse processo?", questiona o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer.

"Um rastreamento populacional num país como o nosso talvez devesse ser feito entre os 50 e os 70 anos", opina ele.

Ainda segundo Maluf, o primeiro exame é essencial para definir a periodicidade desse check-up.

"Se o valor do primeiro PSA for muito baixo, você não precisa repetir o testelampionsbet aviatorum ano. Talvez só seja necessário refazê-lo daqui a três anos", sugere o especialista, que também atua na BP e no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

"Isso diminui os custos e seleciona melhor aqueles pacientes que precisam ser acompanhadoslampionsbet aviatorperto", conclui ele.

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Legenda da foto, Dificuldades para fazer xixi demandam uma avaliação médica

Guimarães lembra que o debate sobre gastos com saúde deve ser mais amplo.

"Um homem brasileirolampionsbet aviator50 ou 60 anos representa uma forçalampionsbet aviatortrabalho essencial para nossa economia", destaca.

Seguindo essa linhalampionsbet aviatorraciocínio, o médico pontua que a detecçãolampionsbet aviatorum câncer avançado nesses indivíduos representa um prejuízo duplo: primeiro, o valor elevado do próprio tratamento contra o tumor; segundo, o afastamento do trabalho para lidar com uma doença que,lampionsbet aviatormuitos casos, poderia ser diagnosticada numa etapa inicial (quando os cuidados terapêuticos costumam ser mais simples e baratos).

Por fim, há um aspectolampionsbet aviatorque todas as partes envolvidas nesse debate parecem concordar: o homem está no centro dos cuidados e, junto do médico, deve ser parte ativalampionsbet aviatorqualquer estratégia sobre fazer (ou não) os exames periódicos.

"Isso é uma tendência na Medicina: individualizar as condutas e tomar decisões compartilhadas", constata Canalini.

"Por questões culturais, os homens não estão acostumados a acessar os serviçoslampionsbet aviatorsaúde. E precisamos passar o recadolampionsbet aviatorque eles devem ficar atentos e fazer o acompanhamento não só para câncer, mas também para uma sérielampionsbet aviatordoenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes", diz Maciel.

"O paciente precisa estar no centro das decisões e entender os prós e contraslampionsbet aviatorqualquer medida. Mas não podemos ignorar que a palavra e a orientação do médico são muito importantes nesse processo", pondera Maluf.

"Para que toda discussão tenha frutos, ela precisa necessariamente incluir os principais interessadoslampionsbet aviatortoda essa história: os próprios homens", conclui Guimarães.