Por que Brasil e outros países democráticos preferem não apoiar a Ucrânia contra a Rússia:roleta xxxtreme

Soldado passandoroleta xxxtremefrente à bandeira da Ucrânia

Crédito, Gleb Garanich/Reuters

Na África, por exemplo, apesar do apelo da União Africana a Moscou por um "cessar-fogo imediato", a maioria dos países permanece neutra.

Alguns analistas argumentam que isso é resultadoroleta xxxtremeuma tradiçãoroleta xxxtremeregimesroleta xxxtremeesquerda que remonta ao período da Guerra Fria.

Outros indicam que a atual relutância dos países africanos tem origem no históricoroleta xxxtremeintervenção ocidental, ora velada, ora ostensiva,roleta xxxtremeassuntos internos.

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A relutânciaroleta xxxtremecondenar a Rússia, no entanto, vai além da África. Em fevereiroroleta xxxtreme2023, a maioria dos países latino-americanos apoiou uma resolução da ONU para pedir a retirada russa incondicional e imediata.

E, ainda assim, apesar do apoio do Brasil a várias resoluções da ONU a favor da Ucrânia, o país não condenou a Rússia diretamente. Dentro da ONU, a posição da Bolívia, Cuba, El Salvador e Venezuela permitiu que a Rússia escapasseroleta xxxtremesanções ocidentais.

Além disso, Brasil, Argentina e Chile rejeitaram pedidosroleta xxxtremeenvioroleta xxxtremeequipamento militar para a Ucrânia, e o México questionou a decisão da Alemanharoleta xxxtremefornecer tanques à Ucrânia.

As mesmas divisões são evidentes na Ásia. Enquanto o Japão e a Coreia do Sul denunciaram abertamente a Rússia, a Associação das Nações do Sudeste Asiático não fez isso coletivamente.

A China aborda o conflito por meioroleta xxxtremeum malabarismo entreroleta xxxtremeparceria estratégica com a Rússia eroleta xxxtremecrescente influência na ONU.

Em seu mandato como membro do Conselhoroleta xxxtremeSegurança da ONU, a Índia se absteve nas votações relacionadas ao conflito.

A política da neutralidade

Essa posição cautelosa e neutra foi influenciada pelo movimentoroleta xxxtremenão-alinhamento da Guerra Fria, que era visto como uma formaroleta xxxtremeos paísesroleta xxxtremedesenvolvimento combaterem o conflito "nos termos deles" e assim adquirirem um certo grauroleta xxxtremeautonomia na política externa, fora da esferaroleta xxxtremeinfluência da União Soviética e do ocidente.

Estudosroleta xxxtremesanções da União Europeia argumentam que a relutânciaroleta xxxtremeoutros paísesroleta xxxtremeapoiar a posição do bloco europeu pode estar relacionada tanto ao desejoroleta xxxtremeindependência da política externa quanto à relutânciaroleta xxxtremeantagonizar um vizinho.

O não-alinhamento permite que os países evitem se envolver nas crescentes tensões geopolíticas entre o Ocidente e a Rússia.

Talvez seja por isso que muitos países democráticos mantêm uma posturaroleta xxxtremeneutralidade, preferindo, como disse o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, "conversar com os dois lados".

Existem, no entanto, incentivos econômicos e políticos específicos que exercem influência quando os países decidem não condenar a Rússia.

Brasil

Desde o início do conflito na Ucrânia, o Brasil manteve uma postura pragmática, mas ambivalente.

Esta posição tem relação com as necessidades agrícolas e energéticas brasileiras.

Como um dos maiores produtores e exportadores agrícolas do mundo, o Brasil requer uma alta taxaroleta xxxtremeusoroleta xxxtremefertilizantes.

Em 2021, o valor das importações da Rússia foiroleta xxxtremeUS$ 5,58 bilhões, dos quais 64% foram relativos a fertilizantes. As importaçõesroleta xxxtremefertilizantes da Rússia representam 23% do totalroleta xxxtreme40 milhõesroleta xxxtremetoneladas importadas.

Em fevereiroroleta xxxtreme2023, foi anunciado que a empresa russaroleta xxxtremegás Gazprom vai investir no setorroleta xxxtremeenergia brasileiro como parte da expansão das relações energéticas entre os dois países.

Isso poderia levar a uma estreita colaboração na produção e processamentoroleta xxxtremepetróleo e gás e no desenvolvimentoroleta xxxtremeenergia nuclear. Tal colaboração pode beneficiar o setorroleta xxxtremepetróleo brasileiro, que tem a expectativaroleta xxxtremeestar entre os maiores exportadores do mundo.

Em marçoroleta xxxtreme2023, as exportações russasroleta xxxtremediesel para o Brasil bateram novos recordes, ao mesmo temporoleta xxxtremeque houve um embargo total da União Europeia aos derivadosroleta xxxtremepetróleo russos.

Um nível mais altoroleta xxxtremesuprimentoroleta xxxtremediesel pode aliviar qualquer possível escassez que possa afetar o setor agrícola brasileiro.

Índia

Analistas destacam que na era pós-guerra fria, a Rússia e a Índia continuaram a compartilhar pontosroleta xxxtremevista estratégicos e políticos semelhantes.

No início dos anos 2000, no contexto dessa parceria estratégica, o objetivo da Rússia era construir um sistema global multipolar que apelava à desconfiança da Índiaroleta xxxtremerelação aos Estados Unidos como parceiro.

A Rússia também ofereceu apoio à Índia para seu programaroleta xxxtremearmas nucleares e seus esforços para se tornar membro permanente do Conselhoroleta xxxtremeSegurança da ONU.

O presidente russo, Vladimir Putin, caminhando ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi,roleta xxxtreme2019

Crédito, Mikhail Svetlov/Getty Images

Legenda da foto, O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, é um dos líderes democráticos que não condenou a Rússia por invadir a Ucrânia

A Rússia continua a ser uma peça-chave no comércioroleta xxxtremearmas da Índia, fornecendo 65% das importaçõesroleta xxxtremearmas do país entre 1992 e 2021.

Desde o início da guerra, se tornou um importante fornecedorroleta xxxtremepetróleo a preço reduzido.

Isso significou um aumento nas comprasroleta xxxtremecercaroleta xxxtreme50 mil barris por diaroleta xxxtreme2021 para cercaroleta xxxtreme1 milhãoroleta xxxtremebarris por diaroleta xxxtremejunhoroleta xxxtreme2022.

África do Sul

Na vésperaroleta xxxtremea guerra completar um ano, a África do Sul realizou um exercício naval conjunto com a Rússia e a China.

Para a África do Sul, os benefícios do exercício estão relacionados à segurança por meio da capacitaçãoroleta xxxtremesua Marinha subfinanciada e sobrecarregada.

De maneira geral, há incentivos comerciais para a postura neutra da África do Sul.

A Rússia é o maior exportadorroleta xxxtremearmas para o continente africano. Também fornece energia nuclear e, vale ressaltar, 30% dos suprimentosroleta xxxtremegrãos do continente, como trigo. E 70% das exportações totais da Rússia para o continente estão concentradasroleta xxxtremequatro países, incluindo a África do Sul.

Em janeiroroleta xxxtreme2023, a Rússia era um dos maiores fornecedores da África do Sulroleta xxxtremefertilizantes nitrogenados, um elemento crucial para o cultivoroleta xxxtremealimentos e pastagens.

Além disso, entre as principais importações da Rússia estão briquetesroleta xxxtremecarvão usados ​​como combustívelroleta xxxtremediversas indústrias, incluindo processamentoroleta xxxtremealimentos.

Considerando o nívelroleta xxxtremeinsegurança alimentar do país, ambas as importações são fundamentais pararoleta xxxtremeestabilidade sociopolítica e econômica.

A guerra na Ucrânia mostrou que a neutralidade continua a ser uma escolha popular, apesar dos apelos para apoiar outra democraciaroleta xxxtremeapuros.

Essa política tem sido há muito tempo um importante aspecto da identidade políticaroleta xxxtremepaíses como a Índia.

Em outros casos, como do Brasil, apesar das aparentes mudanças sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o não-intervencionismo continua sendo um aspecto fundamentalroleta xxxtremesua tradição política.

No entanto, é provável que a neutralidade se torne um "malabarismo complicado" à medida que os interesses conflitantes se tornam mais acentuados, particularmente no contexto do fornecimentoroleta xxxtremeinvestimento direto do ocidente, alémroleta xxxtremedesenvolvimento e ajuda humanitária para muitos dos Estados não-alinhados.

* Jose Caballero é economista sênior do World Competitiveness Center, do International Institute for Management Development (IMD).

Este artigo foi publicado originalmente no siteroleta xxxtremenotícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).