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5 razões pelas quais a atual guerra entre Hamas e Israel está durando mais do que as anteriores:roleta no google
O conflito espalhou-se para além das fronteirasroleta no googleGaza, inflamando a hostilidaderoleta no googlelonga data entre Israel e o grupo libanês Hezbollah e abrindo uma nova frente no Líbano.
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90% da populaçãoroleta no googleGaza foi deslocada e a maioria viveroleta no googlecondições subumanas, entre montanhasroleta no googlelixo e águaroleta no googleesgoto,roleta no googlegrande parte devido ao bloqueio que Israel impõe à entradaroleta no googleajuda humanitária na Faixaroleta no googleGaza, segundo o relatório da ONU.
Além disso, uma centenaroleta no googlereféns permanece nas mãos do Hamas, embora o exército israelense acredite que um terço deles pode ter morrido.
Por que esta guerra está se arrastando por tanto tempo?
Vários fatores conspiraram para prolongar um conflito que mais uma vez levou o Oriente Médio à beira do abismo.
'Objetivo inalcançável'
O ataque brutal do Hamas contra Israelroleta no google7roleta no googleOutubro, no qual os seus integrantes atacaram cidades perto da Faixaroleta no googleGaza, matando famílias inteiras nas suas casas e centenasroleta no googlejovensroleta no googleum festivalroleta no googlemúsica, foi o mais mortal que o país sofreuroleta no googletoda aroleta no googleexistência.
A respostaroleta no googleIsrael foi enérgica e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, apoiado por um governoroleta no googlecoligação com partidos religiosos ultranacionalistas e da direita radical, prometeu destruir para sempre o Hamas e alcançar a "vitória total"roleta no googleGaza.
Mas esse objetivo, reconheceram analistas militares israelenses e até mesmo o antigo primeiro-ministro Ehud Olmert, não era alcançável.
O grupo "está profundamente enraizadoroleta no googleGaza e não é algo que possa ser eliminado por meios militares", disse Elham Fakhro, pesquisador da Chatham House para o Oriente Médio e o norte da África, à BBC News Mundo, serviçoroleta no googleespanhol da BBC.
O Hamas é um movimento islâmico que possui um ramo político e um militar. Ele governa Gaza desde que venceu as eleiçõesroleta no google2006 e assumiu o controle da Faixa um ano depois, após expulsar seu rival político, o Fatah.
Como tal, administra um território onde vivem maisroleta no google2,3 milhõesroleta no googlepessoas e é responsável por cercaroleta no google50.000 funcionários.
Além disso, para alguns palestinos, o Hamas não é apenas um grupo militante, mas a encarnaçãoroleta no googleuma ideia.
"Israel pode matar os integrantes [do Hamas] e destruir todo o território, mas não pode matar a determinaçãoroleta no googlecombater a ocupação e alcançar a independência nacional", explica Imad K. Harb, diretorroleta no googlepesquisa e análise do centroroleta no googlepesquisas Arab Center,roleta no googleWashington DC.
Um ano após o início da guerra, "Gaza, como território, as suas cidades, as suas infraestruturas, foram destruídas e houve um sofrimento tremendo, mas o Hamas não foi destruído como organização", acrescenta Fakhro.
O seu líder político, Ismail Haniyeh, foi assassinadoroleta no googleagosto passadoroleta no googleTeerã, num ataque pelo qual Israel foi responsabilizado, e muitos dos seus integrantes, incluindo alguns dos seus maiores comandantes, morreramroleta no googlecombates e bombardeios israelensesroleta no googleGaza.
Mas a extensa rederoleta no googletúneis que a organização islâmica construiu ao longo dos anos forneceu abrigo aos seus combatentes, permitindo que levassem a cabo uma estratégiaroleta no googleguerrilha que é muito difícilroleta no googleser travada por Israel.
Acredita-se que eles escondam o homem que planejou o ataqueroleta no google7roleta no googleoutubro e que substituiu Haniyeh apósroleta no googlemorte: Yahya Sinwar.
E isso está relacionado ao segundo objetivo que o governoroleta no googleNetanyahu estabeleceuroleta no googleGaza: o resgate dos reféns detidos pelo Hamas, muitos dos quais foram escondidos nos túneis.
Cem deles foram libertadosroleta no googlenovembro passado,roleta no googletrocaroleta no google240 prisioneiros palestinianosroleta no googleprisões israelitas.
"Há uma tensão, se não uma contradição, entre estes objetivos já que, para resgatar os reféns, o exército israelita não pode lançar nos túneis o tiporoleta no googleataques que precisaria para matar integrantes do Hamas e os seus líderes, incluindo Sinwar", analisa para Dov Waxman, diretor do Y&S Nazarian Center for Israel Studies da Universidade da Califórnia.
A política interna israelense
Os analistas consultados pela BBC também concordam com o papel que o atual executivo israelense tem na forma como a guerra tem sido conduzida e que ainda não foi alcançado um cessar-fogo.
Israel é governado desde o finalroleta no google2022 por uma coligação formada pelo Likud, o partidoroleta no googledireita do primeiro-ministro Netanyahu, e uma sérieroleta no googlepequenos grupos políticos, incluindo formações da direita radical,roleta no googlesupremacia judaica e anti-árabes, como o Sionismo Religioso e o Otsma.
É, segundo Elham Fakhro, a "coligação mais direitista que Israel já teve".
Estes partidos, embora minoritários, acabaram por monopolizar algumas das pastas mais importantes do Executivo.
Entre eles, as Finanças, lideradas por Bezalel Smotrich, e a Segurança Nacional, que controla a políciaroleta no googleIsrael e na Cisjordânia e é chefiada por Itamar Ben-Gvir, um político condenado no passado por racismo e incitação ao ódio e que atuouroleta no googleformações agora proibidas pelas leis antiterrorismo.
As suas posições são tão radicais que, quando a guerra eclodiu, deputados da oposição, como o centrista Benny Gantz, antigo chefe do Estado-Maior do exército israelita, juntaram-se ao governoroleta no googleunidade nacional com a condiçãoroleta no googleque os extremistas Ben-Gvir ou Smotrich não pudessem assumir as decisões sobre a guerra.
Gantz acabou deixando o gabineteroleta no googleguerra ao perceber que não havia plano para acabar com o conflito.
É possível, sugere Dov Waxman, que no início da guerra "nenhum outro governo israelense provavelmente tivesse se comportadoroleta no googleforma muito diferente, dado o nívelroleta no googleraiva, dor e trauma que foi vivido depoisroleta no google7roleta no googleOutubro e o desejo generalizado entre os israelensesroleta no googleatacar e destruir o Hamas, para dar tudoroleta no googlesi".
No entanto, à medida que a guerra avançava, "este governo e, especialmente, os membros da direita radical, demonstraram absoluto desrespeito pela opinião e pressão internacionais", acrescenta o professorroleta no googleEstudosroleta no googleIsrael.
Isso pode ser visto especialmente na questão dos reféns detidos pelo Hamas. "É bastante claro que o primeiro-ministro Netanyahu não está interessadoroleta no googlechegar a um acordo, que estároleta no googlecima da mesa há vários meses, para trazerroleta no googlevolta os refénsroleta no googletrocaroleta no googleum cessar-fogo", analisa Waxman.
Pelaroleta no googleessência muito expansionista — defendem a anexação da Cisjordânia e o domínio total israelita do território entre o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo — estes partidos radicais "partilham a opiniãoroleta no googleque a paz com os palestinos não é desejável, e darão prioridade à expansão da ocupação,roleta no googlevezroleta no googlealcançar uma solução política ou um cessar-fogo", diz Fakhro.
Netanyahu precisa deles para manter o Executivoroleta no googlepé e eles deixaram claro que, se ele aceitar um cessar-fogo, deixarão o governo.
Desta forma, o primeiro-ministro "priorizou aroleta no googleprópria sobrevivência política antesroleta no googleum cessar-fogo, mas também e mais importante, antes da libertação dos reféns", acrescenta o pesquisador da Chatham House.
Para alguns analistas como Imad K. Harb, "Netanyahu está usando a guerra para adiar o seu acertoroleta no googlecontas com a justiça".
O primeiro-ministro está sendo julgado por corrupçãoroleta no googleum julgamento que começouroleta no google2020 e no qual enfrenta acusaçõesroleta no googlefraude, suborno e quebraroleta no googleconfiança, pelas quais poderá ser condenado a até 10 anosroleta no googleprisão.
Ele negou as acusações e afirma que se trataroleta no googleuma "caça às bruxas".
A estratégia parece estar dando frutos: segundo a última sondagem realizada pelo Canal 12roleta no googletelevisão, a popularidaderoleta no googleNetanyahu foi recuperada depois do 7roleta no googleoutubro, especialmente depois das vitórias militares contra o Hezbollah, e o seu partido, o Likud, voltaria a ser o mais votadoroleta no googleIsrael, embora ainda precisasseroleta no googleuma coligação para governar.
O Hamas não se curva
A diferençaroleta no googleforça entre Israel e o Hamas não poderia ser mais evidente.
Por um lado, há um dos exércitos mais poderosos do mundo e, por outro, uma milícia islâmica com aliados poderosos como o Irã, que lhes forneceu armas, mas que está isolada no territórioroleta no googleGaza há 17 anos.
No entanto, o Hamas conseguiu resistir ao ataqueroleta no googleIsrael durante um ano e continua, atravésroleta no googleuma guerrilha, causando baixas entre os soldados israelenses.
O Hamas teve a vantagem da surpresa: há anos que se preparava para esta guerra.
Para isso, construiu uma rederoleta no googletúneis que se estima ter maisroleta no google500 quilômetrosroleta no googlecomprimento e que permite que os combatentes se escondam do exército israelense.
Waxman argumenta que os integrantes do Hamas, no entanto, “não têm conseguido participar no tiporoleta no googlebatalhas, confrontos diretos, para a qual os soldados israelenses estão preparados e treinados”.
Os militantes do Hamas também conseguiram se reagrupar nas áreasroleta no googleGaza por onde o exército israelense já tinha passado e que tinham sido consideradas “limpas”.
Para o professorroleta no googleEstudos Israelenses, este é um sinalroleta no googleque Israel não tinha e não tem um plano sobre como governar e fornecer aos palestinos os serviços necessários, uma vez que tenham retirado o Hamas destas áreas.
O Hamas resiste, mas a que custo?
A guerra causou maisroleta no google41.000 mortes, a grande maioria das quais civis, muitas delas mulheres e crianças, e uma destruição material que levará décadas para ser resconstruída.
“A escala da devastação e do sofrimento só pode ser comparada com o que os palestinos chamamroleta no googleNakba, a catástroferoleta no google1948”, explica o professor da Universidade da Califórnia.
Waxman recolheu testemunhosroleta no googleGaza que asseguram que “há uma raiva profunda contra Israel, claro, mas também contra o Hamas, uma vez que esta é uma guerra para a qual se prepararam e gastaram milhõesroleta no googledólares para construir este sistemaroleta no googletúneis para se protegerem, enquanto não fizeram nada para proteger a população civil.”
O conflito está minando o apoio ao Hamasroleta no googleGaza, onde as últimas sondagens mostram pela primeira vez que a maioria dos habitantesroleta no googleGaza (57%) acredita que o dia 7roleta no googleOutubro foi um erro.
A pesquisa, elaborada pelo Centro Palestinoroleta no googlePesquisa e Estudos Políticos, mostra também que apenas 39% dos habitantes da Faixaroleta no googleGaza aprovam o papel desempenhado pelo Hamas durante a guerra (em junho era 64%).
As críticas à milícia islâmica têm aumentadoroleta no googleGaza, tanto nas ruas como na internet. Alguns denunciaram publicamente a organização por esconder refénsroleta no googleapartamentos pertoroleta no googleum mercado movimentado ou por lançar foguetes a partirroleta no googleáreas civis.
De fato, durante vários anos, “o Hamas tem desfrutadoroleta no googlemaior apoio na Cisjordânia, onde não governa, do queroleta no googleGaza, que está há muitos anos sob o seu repressivo e autoritário domínio”, argumenta Dov Waxman.
E o que o Hamas considera uma vitória neste conflito?
A primeira coisa foi atrair a atenção internacional e “gerar um sentimentoroleta no googlemedo na sociedade israelense”, algo que sem dúvida conseguiram, sugere Elham Fakhro. Além disso, é muito possível que tenham buscado uma moedaroleta no googletroca com a capturaroleta no googlereféns para evitar a disseminação generalizada da destruiçãoroleta no googleGaza e terroleta no googlevolta prisioneiros palestinianos.
“É claro que não funcionou”, acrescenta o pesquisador.
A fraqueza da Autoridade Nacional Palestina
O fim da guerra não está próximo, mas no diaroleta no googleque chegar não há nada previsto para tomar contaroleta no googleum território onde vivem 2,3 milhõesroleta no googlepessoas e que terá sido devastado.
O abismo entre as principais facções palestinas, o Hamas e o Fatah, que se alargou quando o Hamas assumiu o controle da Faixaroleta no googleGazaroleta no google2007, permanece aberto.
Não foram realizadas eleições desde então e a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), o governo autônomo provisório que foi estabelecido após os acordosroleta no googleOslo e é liderado por Mahmoud Abbas, tem perdido crédito e prestígio entre os próprios palestinos.
Muitos analistas consideram que os últimos governos israelenses – e ainda mais o atual – alimentaram esta divisão entre facções palestinas para minar a possibilidade da criaçãoroleta no googleum Estado Palestino.
O atual ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse claramente numa entrevistaroleta no google2015: “O Hamas é um trunfo e Abu Mazen (Mahmud Abbas) é um fardo”.
Em outras palavras: o Hamas, considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, serve como uma desculpa perfeita para o governo israelense não avançar na soluçãoroleta no googledois Estados porque quem iria querer deixar o futuro Estado da Palestina nas suas mãos?, argumenta Elham Fakhro.
A ANP foi assim enfraquecida pela ascensão do Hamas, mas também perdeu crédito aos olhos dos palestinos, “que a consideram corrupta e quase como uma subcontratada da ocupação israelense na Cisjordânia, por isso muitos não acreditam que seja legítimo.”, acrescenta o pesquisador.
A guerraroleta no googleGaza exacerbou a impopularidade da ANP, que também foi atingida por uma crise financeira devastadora.
Maisroleta no google150 mil palestinos empregadosroleta no googleIsrael perderam as suas autorizaçõesroleta no googletrabalho desde o início da guerra e milharesroleta no googlefuncionários públicos não recebem os seus salários,roleta no googleparte porque Israel - o próprio Smotrich, chefe do Ministério das Finanças - congelou centenasroleta no googlemilhõesroleta no googledólaresroleta no googlerecursos pertencentes à ANP.
Autoridades israelenses disseram ao New York Timesroleta no googlejunho que Smotrich tinha proposto descongelar alguns destes fundosroleta no googletroca da autorizaçãoroleta no googlevários assentamentos israelenses construídos na Cisjordânia.
Poderá uma ANP enfraquecida, quase falida e desacreditada aos olhos dos próprios palestinos assumir as rédeasroleta no googleGaza quando a guerra terminar?
Essa é a pergunta que muitos analistas internacionais fazem.
"Embora pareça uma boa ideia, é difícil ver como poderia ser levada a cabo, como se poderia remover o Hamas (de Gaza) e trazer a ANP, que a comunidade internacional considera legítima e com credibilidade, mas que não tem muito apoio entre os palestinos. Seria vista como uma solução imposta”, afirma Fakhro.
O papel dos vizinhos árabes e dos EUA
O Oriente Médio hoje é muito diferente daqueleroleta no googledécadas passadas.
A normalização das relações diplomáticas entre vários países árabes e Israel mudou a geopolítica da região. E aqueles que ainda não o fizeram, como a Arábia Saudita, estão à esperaroleta no googleque a poeira da guerraroleta no googleGaza baixe antesroleta no googlefazê-lo, dizem os analistas.
Desde o início da guerra, os países árabes vizinhosroleta no googleIsrael adotaram posições diferentes: alguns ofereceram-se como mediadores, papel desempenhado, por exemplo, pelo Qatar, outros expulsaram temporariamente embaixadores israelenses, como fez a Jordânia.
Mas, para além da retórica, a resposta dos seus governos tem sido bastante morna. “Se compararmos com o embargo petrolíferoroleta no google1973, quando os países árabes tomaram uma posição muito mais dura para pressionar Israel e os Estados Unidos a acabarem com a guerra, o que está acontecendo agora não tem nada a ver com isso”, diz Elham Fakhro.
Nenhum deles cortou relações com Israel.
“Devemos distinguir entre regimes árabes e povos árabes. Os governos abandonaram a Palestina há muito tempo, mas as suas populações ainda acreditam que a causa palestina é a mais importante para os árabes”, argumenta Imad K. Harb.
Existe, concorda Elham Fakhro, uma desconexão entre os governos árabes e aroleta no googleopinião pública: “No mundo árabe há uma grande simpatia pelos palestinos e pela catástrofe que estão vivendoroleta no googleGaza e eles querem que os seus governos façam mais, querem que eles rompam relações diplomáticas. Eles deveriam, no mínimo, expulsar os embaixadores, e isso não aconteceu”.
Apesarroleta no googletudo, existe um interesse esmagador no mundo áraberoleta no googleacabar com a guerra devido às suas consequências desestabilizadoras para toda a região, como se vê no Líbano com o Hezbollah.
Contudo, será que os vizinhos árabes têm realmente capacidade para exercer pressão sobre Israel e o Hamas?
Dov Waxman acredita que não: “nenhum país árabe tem capacidade ou influência para acabar com esta guerra. Isso recai sobre o governo israelense e, possivelmente, sobre os Estados Unidos.”
Embora nas guerras anteriores Washington tenha exercido uma influência mais decisiva sobre o governoroleta no googleIsrael, observa o investigador da Chatham House, “não vimos isso com Biden, que tem sido muito relutanteroleta no googlepressionar Netanyahu, mesmo que o tenha feitoroleta no googleforma privada. A faltaroleta no googlepressão dos EUA deu poder a Netanyahu e permitiu com que ele continuasse a guerra por muitos mais meses,roleta no googledetrimento da populaçãoroleta no googleGaza e dos reféns.”
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