Por que Equador declarou 'conflito armado interno' após múltiplos ataquescasino fycriminosos:casino fy

Em meio a uma ondacasino fyviolência generalizadacasino fypresídios e múltiplos ataquescasino fycriminosos, incluindo a invasãocasino fyum canalcasino fyTV com transmissão ao vivo, o presidente do Equador, Daniel Noboa, decidiu decretar nesta terça-feira (9/1) a existênciacasino fyum conflito armado interno no país, acionando as Forças Armadas para retomar o controle das ruas.

A decisãocasino fyNoboa acontece menoscasino fy24 horas depoiscasino fyele declarar estadocasino fyemergência no Equador por 60 dias para tentar manter a ordem após a notícia do "desaparecimento"casino fyAdolfo Macías, conhecido como "Fito", líder dos Los Choneros, uma das facções criminosas mais temidas do país.

"Fito" estava na prisão onde cumpria uma penacasino fy34 anos. Logo após seu "sumiço", já na segunda-feira (8/1) ocorreram motinscasino fypelo menos seis penitenciárias, com vários relatoscasino fyguardas feitos reféns.

Ao menos 10 pessoas foram mortas desde o início do estadocasino fyemergência na segunda-feira.

Além disso, atentados com explosivos aconteceramcasino fydiferentes locais do país e se noticiou o sequestrocasino fyvários policiais. Em meio à crescente tensão, criminosos tomaram nesta terça-feira o canal TCcasino fyGuayaquil, rendendo jornalistas com transmissão ao vivo.

Na segunda, Noboa, que foi empossado como presidentecasino fynovembro sob a promessacasino fyrestaurar a segurança no país, havia dito por meio das redes sociais: "Não vamos negociar com terroristas".

"Esses grupos narcoterroristas pretendem nos intimidar e acreditam que cederemos às suas exigências. Dei ordens claras e precisas aos comandantes militares e policiais para intervirem no controle das prisões", disse ainda na segunda.

Com o estadocasino fyemergência, a polícia obteve o apoio das forças militares para manutenção da ordem e da segurança, inclusive dentro das prisões. Além disso, foi imposto um toquecasino fyrecolher entre 23h e 5h para todas as cidades.

Na terça-feira, um novo decreto presidencial declarou como situação "adicional" ao estadocasino fyemergência um "conflito armado interno".

Após o ataque à redecasino fytelevisãocasino fyGuayaquil, que feriu dois funcionários, a polícia fez 13 prisões.

Emcasino fyconta no X (antigo Twitter), Noboa citou nominalmente as facções criminosas que as Forças Armadas buscarão "neutralizar" e que ele classificou como "organizações terroristas e atores beligerantes não estatais".

"Identifiquei os seguintes grupos do crime organizado transnacional como organizações terroristas e atores beligerantes não estatais: Águilas, ÁguilasKiller, Ak47, Caballeros Oscuros, ChoneKiller, Choneros, Covicheros, Cuartelcasino fylas Feas, Cubanos, Fatales, Gangster, Kater Piler, Lagartos, Latin Kings, Lobos, Los p.27, Los Tiburones, Mafia 18, Mafia Trébol, Patrones, R7, Tiguerones", disse o presidente.

Diante da violência, o governo do Peru, que faz fronteira com o Equador, ordenou o envio imediatocasino fyuma força policial para a divisa para evitar que qualquer instabilidade se espalhasse para o país.

Os governos da Argentina, Bolívia e Colômbia manifestaram publicamente seu apoio ao Equador e ofereceram ajuda ao país vizinho.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, devem debater o tema na manhã desta quarta-feira, segundo o G1.

'Degrau acimacasino fyestadocasino fyexceção'

O jornalista João Paulo Charleaux, especializadocasino fyconflitos internacionais e questões humanitárias, explica que "conflito armado interno" é um termo técnico previsto no direito internacional e popularmente conhecido como "guerra civil".

Normalmente, um conflito do tipo envolve a força estatal combatendo um ou mais grupos armados internos — diferentecasino fyum conflito armado internacional, que envolve dois ou mais Estados.

"[O novo decreto no Equador] Ampliacasino fymuito a possibilidadecasino fyuso da força pelo Estado, então o Estado vai poder fazer uso da forçacasino fyperfil militar, não mais policial", afirma Charleaux, autor do livro Ser estrangeiro: Migração, asilo e refúgio ao longo da história.

"É um degrau acima da GLO [Garantia da Lei e da Ordem], como a gente chama no Brasil, quando o militar faz papelcasino fypolícia. É um degrau acima do estadocasino fysítio, um degrau acima do estadocasino fyexceção: é um degraucasino fyconflito, é um degraucasino fyguerra."

"Então é mais parecido com o que a gente tem na Colômbia, onde tem 50 anos dessa situação, do que do que a gente tem no Brasil, onde eventualmente tem GLO."

Charleaux indica algumas característicascasino fygrupos armados que justificam a declaraçãocasino fyum conflito interno, como uma organização com cadeiacasino fytransmissãocasino fyordem; armas e estratégiascasino fyperfil militar; além do controlecasino fyparte do território por esse grupo.

O decreto do presidente equatoriano desta terça-feira ordena "as Forças Armadas a executar operações militares, sob o direito internacional humanitário e respeitando os diretos humanos, para neutralizar os grupos [...]".

O jornalista explica que, ao evocar a situaçãocasino fyconflito armado interno, o governo equatoriano fica atrelado a normas do direito internacional que tratam especificamente desse tipocasino fyconflito, como o Protocolo Adicional IIcasino fy1977 às Convençõescasino fyGenebracasino fy1949 e o artigo 3º das Convençõescasino fyGenebra.

"Esse artigo proíbe a tortura, os maus tratos, e tratamentos desumanos e degradantes contra pessoas capturadas", diz Charleaux, dando como exemploscasino fycondutas proibidas as execuções sumárias e desaparecimentos forçados.

"Um combatente — essa palavra já passa a ser usada — que esteja portando armacasino fyfogo, que pertença a um dos grupos armados que estão contidos no decreto, é um alvo legítimo."

Segundo as normas internacionais, civis devem ser poupados do conflito, mas o jornalista lembra que os direitoscasino fyuma forma mais ampla são afetadoscasino fyuma situação como essa.

"Outros direitos que claramente são restringidos: liberdadecasino fyexpressão, liberdadecasino fyassociação, liberdadecasino fymanifestação. Porque você vai ter decretação do estadocasino fysítio, decretaçãocasino fytoquecasino fyrecolher, lei marcial", enumera o jornalista e escritor.

Invasão da TV, outros ataques e notícias falsas

Nesta terça-feira, um grupocasino fyhomens armados invadiu um estúdiocasino fytelevisão no Equador e ameaçou funcionários que estavam trabalhando na transmissão ao vivo.

A programação da emissora TC, da cidadecasino fyGuayaquil, foi interrompida pelo grupo, cujos membros usavam capuz e estavam armados.

A equipe foi forçada a se deitar no chão antes da transmissão ser interrompida.

Os homens encapuzados foram vistos saindo dos estúdios da emissora TC. A polícia foi vista entrando no estúdio cercacasino fy30 minutos depois que os homens armados apareceram pela primeira vez.

Horas depois, a polícia afirmou ter retomado o controle do canal e ter prendido os invasores.

Nos últimos dias, também foram reportados o sequestrocasino fypelo menos sete policiais e várias explosões nas provínciascasino fyEsmeraldas e Los Rios,casino fyacordo com a agência Reuters.

Os meioscasino fycomunicação locais também registraram explosõescasino fyLoja e Machala.

Além disso, cercacasino fy40 presos fugiramcasino fyuma prisão na cidadecasino fyRiobamba no início da terça-feira.

Na terça, representantes da Empresa Pública Municipal para Gestãocasino fyRiscos e Controlecasino fySegurançacasino fyGuayaquil afirmaramcasino fyuma entrevista coletiva que foram recebidas denúnciascasino fyataques criminososcasino fycinco hospitais da região, mas que esses relatos não foram confirmados.

Segundo a polícia equatoriana, várias notícias falsas sobre supostos ataques estão sendo divulgadas, como acasino fyque teria ocorrido um tiroteio ao lado do Palácio do Governo ou acasino fyque pessoascasino fyuma estação do metrôcasino fyQuito teriam sido sequestradas.

Enquanto isso, o Itamaraty acompanha a denúncia não confirmadacasino fyque um cidadão brasileiro teria sido sequestrado no Equador.

“O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixadacasino fyQuito, acompanha com atenção denúnciacasino fysequestrocasino fycidadão brasileiro no Equador, mantém contato com seus familiares e busca apurar as circunstâncias do ocorrido junto às autoridades locais”, afirmou o órgão brasileirocasino fynota.

Após relatos não confirmadoscasino fyque a instituição teria sido alvocasino fyataques por criminosos, o que gerou pânico e correriacasino fyestudantes e funcionários, a Universidadecasino fyGuayaquil suspendeu suas aulas presenciais por tempo indeterminado, migrando para aulas virtuais.

Outras instituiçõescasino fyensino adotaram a mesma medida.

O Ministério do Trabalho também recomendou que os setores público e privado adotem o teletrabalho por questõescasino fysegurança.

Fugacasino fy'Fito'

Antes da declaração do estadocasino fyemergência ecasino fy"conflito armado interno", o presidente havia anunciado a mobilizaçãocasino fypelo menos 3 mil agentes da polícia e das Forças Armadas para recapturar Adolfo Macías, conhecido como "Fito" — o líder dos Los Choneros.

Macías foi condenado a 34 anoscasino fyprisãocasino fy2011.

Desde que foi preso, ele se tornou um dos protagonistascasino fyepisódioscasino fyviolência nas penitenciárias do Equador.

Segundo o jornal equatoriano Expreso, quando Macías soube que as facçõescasino fyLos Lobos e Los Tiguerones haviam planejado um ataque contra ele, organizou o que ficou conhecido como o incidente mais violento já registrado no sistema prisional do Equador: a execuçãocasino fy79 presoscasino fydiferentes prisões do país,casino fy2021.

O ministrocasino fycomunicação do Equador, Roberto Izurieta, disse que o governo planejava transferir Macías para um presídiocasino fysegurança máxima e, por causa disso, o traficante decidiu fugir.

Fito é suspeitocasino fyter tramado o assassinato no ano passado do candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio, a quem havia enviado ameaçascasino fymorte.

A polícia disse que registrou seu desaparecimento da prisão na manhãcasino fydomingo (7/1) e não conseguiu verificar seu paradeiro.

Fito frequentemente desafia as autoridades — recentemente, lançou um videoclipecasino fyque glorifica suas façanhas criminosas.

A gravação foi feita parcialmente dentro da prisão.

O vídeo mostra a dupla Mariachi Bravo cantando ao lado da filhacasino fyFito, conhecida como Rainha Michelle, e elogiando-o como "homemcasino fyhonra".

"Tiro o chapéu para você, Fito, meu pai", canta Michelle, afirmando que "em suas veias corre bom sangue".

O vídeo também mostra Fito acariciando um galocasino fyrinha e conversando com outros presidiários.

O fatocasino fyas imagens terem sido gravadas dentro da prisão sugere que o traficante tem acesso a dispositivos eletrônicos, uma violação da lei equatoriana.

Ainda não está claro se Fito conseguiu sair do complexo penitenciário ou se está escondidocasino fyalgum lugarcasino fyseu interior.

Um comandante da polícia disse que "não confirma nem nega" se houve mesmo uma fuga.

Ele disse que centenascasino fyagentes estão vasculhando a prisão.

Essa não é a primeira fugacasino fyFito da prisão.

Em 2013, ele e outros 17 presos escaparamcasino fyLa Roca e fugiramcasino fybarcos no rio Daule, ao lado do complexo penitenciário.

Quatro meses depois, Fito foi capturado juntocasino fyseu irmão, também membro dos Los Choneros, na casa da mãe deles, na cidadecasino fyManta.

Crise penitenciária

Governos anteriores do Equador também declararam estadocasino fyemergência visando resolver a crise do sistema penitenciário, mas sem sucesso.

Em agostocasino fy2023, o então presidente Guillermo Lasso ordenou a transferênciacasino fyMacías para o Centro Penitenciário La Roca, medida que foi revertida algumas semanas depois por um juiz.

O planocasino fysegurançacasino fyNoboa inclui a criaçãocasino fyuma nova unidadecasino fyinteligência, armas táticas para aplicação da lei e segurança e um plano para manter temporariamente prisioneiros perigososcasino fynavios-prisão.

Desde 2021, maiscasino fy400 mortes foram registradas nas prisões do Equador devido a confrontos entre facções rivais.