Quarto diaaposta de 1 real futebolataques no RN: o que pode estar por trás da ondaaposta de 1 real futebolviolência :aposta de 1 real futebol
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Fim do Matérias recomendadas
Foram presas 72 pessoas até agora,aposta de 1 real futebolacordo com o governo estadual. Uma pessoa morreuaposta de 1 real futebolconfronto com a polícia e duas ficaram feridas nos ataques.
Um suspeitoaposta de 1 real futebolintegrar o Sindicato do Crime liderar os ataques foi mortoaposta de 1 real futebolconfronto com a políciaaposta de 1 real futebolJoão Pessoa, na Paraíba, nesta semana.
Também foram apreendidas armas, munições, artefatos explosivos, veículos, dinheiro e drogas.
De acordo com autoridades ligadas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e ao governo potiguar, uma trégua temporária foi proclamada entre a facção e outra organização rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que se aliaram na realização dos ataques.
Especialitas e profissionais da áreas relacionadas à segurança pública no Estado apontam que a ondaaposta de 1 real futebolviolência escancara um conflito cotidiano travado dentro dos presídios e nas ruas pelas duas facções.
A Força Nacional reforça a segurança no Rio Grande do Norte desde a quarta-feira (15/3).
O governo federal afirmou que enviará mais agentes além dos 220 já mobilizados após os ataques continuarem na quinta-feira (16/3).
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), autorizou ainda uma força-tarefaaposta de 1 real futebolintervenção penitenciária, que atuará por 30 dias nos presídios para "a coordenação das ações das atividades dos serviçosaposta de 1 real futebolguarda,aposta de 1 real futebolvigilância eaposta de 1 real futebolcustódiaaposta de 1 real futebolpresos".
A medida foi tomadaaposta de 1 real futebolmeio a uma crise na qual um dos motivos apontados pelos suspostos autores dos ataques são as más condições do sistema prisional do Estado, algo que foi reforçado por um órgão federal que fez vistoriasaposta de 1 real futebolprisões locais.
O governo estadual afirmou, poraposta de 1 real futebolvez, que as demandas não podem ser atendidas e acrescentou que os ataques seriam uma retaliação por açõesaposta de 1 real futebolcombate ao tráfico e ao crime organizado e que há indíciosaposta de 1 real futebolque as ordens para as ações criminosas teriam partidoaposta de 1 real futeboldentro dos presídios.
De acordo com o governo federal, a transferência para fora do Estado,aposta de 1 real futeboljaneiro,aposta de 1 real futebollíderes do Sindicato do Crime também foi um dos motivos dos ataques. A áreaaposta de 1 real futebolinteligência do governo já indicava que uma retaliação era possível por causa dessa transferência.
A governadora Fátima Bezerra (PT) reforçou publicamente que a força-tarefa não significa o sistema prisional do Estado esteja sob intervenção federal.
"Os presídios do RN encontram-se sob pleno controle da Secretaria Estadualaposta de 1 real futebolAdministração Penitenciária", disse a governadoraaposta de 1 real futebolsuas redes sociais.
Bezerra afirmou que os ataques são "inaceitáveis" e "repugnantes".
"|Todo trabalho está sendo feito para que os criminosos sejam presos, julgados e punidos com todo o rigor da lei", disse.
Os motivos dos ataques
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) do Rio Grande do Norte afirmou que os ataques foram uma retaliação a açõesaposta de 1 real futebolcombate ao tráfico e ao crime organizado.
"Acreditamos que, com ações policiais anteriores, há 15 dias, onde houve um enfrentamento da segurança públicaaposta de 1 real futebolrelação a infratores, onde foi apreendida grande quantidadeaposta de 1 real futeboldrogas e armas, isso inquietou a delinquência a enfrentar o sistemaaposta de 1 real futebolsegurança pública", disse o secretárioaposta de 1 real futebolSegurança Pública e Defesa Social, Francisco Araújo, na terça-feira.
Araújo afirmou depois ao portal UOL que morteaposta de 1 real futebolliderançasaposta de 1 real futebolorganizações criminosasaposta de 1 real futebolconfronto com a polícia poderiam ter motivado os ataques.
No entanto, uma convocação - ou “salve”, no jargão criminoso - que circula pelo WhatsApp, supostamenteaposta de 1 real futebolautoria do Sindicato do Crime, afirma que os ataques seriam uma resposta às condições do sistema prisional do Rio Grande do Norte, descritas como "degradantes".
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil concordam que o sistema prisional do Estado é um dos fatores que podem estar por trás das ações criminosas.
“Dizer que o que aconteceu é só uma retaliação é invisibilizar um problema maior", diz a antropóloga Juliana Melo, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisadora do sistema prisional e da áreaaposta de 1 real futebolsegurança pública.
"Quanto pior a prisão é, mais violenta é a sociedade. Tudo o que acontece dentro do sistema prisional tem consequências para o que acontece do ladoaposta de 1 real futebolfora. Nosso sistema prisional é marcado por violaçãoaposta de 1 real futeboldireitos humanos enormes, e o sistema potiguar consegue ser pior do que outros lugares do Brasil.”
O cientista criminal Ivenio Hermes, pesquisador do Observatório da Violência da UFRJ, destaca que foram tomadas algumas medidas tomadas ao longo dos últimos anos para que o poder público reassumisse o controle do sistema prisional do Estado.
“A ordens emanadasaposta de 1 real futeboldentro das prisões chegavam com facilidade até o ladoaposta de 1 real futebolfora, onde os criminosos agiam conforme essas orientações. Houve desde então um cerceamento dessas informações, com maior controleaposta de 1 real futebolportarias, investimentosaposta de 1 real futebolraio-x e segurança, contrataçõesaposta de 1 real futebolpoliciais e investimentosaposta de 1 real futeboltreinamento, separação das facções”, diz Hermes.
No entanto, o pesquisador avalia que não houve um esforço na mesma medida para garantir melhores condições aos detentos.
“Mesmo com as melhorias para hermetização do sistema prisional, as melhorias do fator humano ainda estão aquém, então, as demandas por estas melhorias podem estar entre os fatores que causaram essa situação.”
A Sesed foi procurada pela BBC News Brasil para comentar o assunto, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.
Violaçõesaposta de 1 real futeboldireitos
Juliana Melo diz que a reforma do sistema prisional do Estado não impediu que os direitos dos presos continuem a ser violados.
"Há superlotação, agressões e tortura sistemáticas, privaçãoaposta de 1 real futebolalimentos eaposta de 1 real futebolremédios, facções rivais continuam nos mesmos pavilhões, o que gera um grande pavor nas famílias dos presos… O fato é que as prisões do Rio Grande do Norte são verdadeiros camposaposta de 1 real futebolconcentração."
Em vistorias a cinco prisões do Estado, o Mecanismo Nacionalaposta de 1 real futebolPrevenção e Combate à Tortura, órgão ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, encontrou evidênciasaposta de 1 real futeboltorturas físicas e psicológicas, faltaaposta de 1 real futebolalimentação, desassistênciaaposta de 1 real futebolsaúde e superlotação, entre outras violações dos direitos dos presosm, conforme noticiado pelo G1.
Em declarações à imprensa na noiteaposta de 1 real futebolterça-feira e na quarta-feira, o secretário Francisco Araújo falou pela primeira vez sobre a convocação para os ataques e apontou que as reclamaçõesaposta de 1 real futeboldetentos das condições do sistema prisional são uma das "hipóteses" para o motivo dos ataques.
"Uma liderançaaposta de 1 real futeboluma organização criminosa foi presa, e ele e outros dizem atravésaposta de 1 real futebolmensagensaposta de 1 real futebolWhatsApp que o Estado do Rio Grande do Norte é muito duro no controle do sistema prisional, que eles precisam viveraposta de 1 real futebolum ambiente mais confortável", afirmou ao UOL.
Araújo disse que os presos revindicam "televisão, sistemaaposta de 1 real futeboliluminação, visita íntima, coisa que o sistema prisional não está atendendo porque está cumprindo a leiaposta de 1 real futebolexecução penal", afirmou o secretário,aposta de 1 real futebolacordo com o G1.
Araújo afirmou ao UOL que o Estado "não tem condições" no momentoaposta de 1 real futebolpromover as melhorias reivindicadas pelos detentos e acrescentou haver indíciosaposta de 1 real futebolque as ordens para os ataques partiramaposta de 1 real futeboldentro das prisões.
"Nós não iremosaposta de 1 real futebolhipótese alguma mudar as regras e fragilizar o sistema prisional. A regra continua dura e vai ser mais dura ainda. Inclusive, agora, foram suspensas todas as visitas."
Araújo afirmou que o Estado tem o deveraposta de 1 real futebolgarantir todos os direitos dos presos. "Mas, quando há ações como essa que está acontecendo agora, todos esses direitos são cada vez mais reduzidos e privados."
Históricoaposta de 1 real futebolviolência
O Rio Grande do Norte é um dos Estados mais violentos do Brasil, segundo o Atlas da Violência, um relatório anual produzido pelo Institutoaposta de 1 real futebolPesquisa Econômica Aplicada com a colaboração do FBSP.
Em 2019,aposta de 1 real futebolacordo com os dados mais recentes, o Rio Grande do Norte tinha a 2ª maior taxaaposta de 1 real futebolmortes por armasaposta de 1 real futebolfogo do país, a 7ª maioraposta de 1 real futebolhomicídios e a 10ªaposta de 1 real futebolmortes violentas por causas indeterminadas.
"O Rio Grande do Norte teve historicamente pouco investimentoaposta de 1 real futebolsegurança pública, ficou abandonado por muitos anos. Não tinha investimentoaposta de 1 real futebolmaterial humano,aposta de 1 real futebolcapacitação,aposta de 1 real futebolestudos para combater a criminalidadeaposta de 1 real futebolforma inteligente, e, onde não tem isso, a criminalidade se expande", diz Ivenio Hermes.
"Houve um esforço das forçasaposta de 1 real futebolsegurança desde 2018, mas ainda está aquém. A retomada recente do investimento é como tentar frear um tremaposta de 1 real futebolalta velocidade e empurrar na outra direção."
Nas últimas duas décadas, facções do crime organizado se instalaram e prosperaram no Estado, segundo os pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil.
"Houve um movimentoaposta de 1 real futebolexpansão do PCC pelo Brasil, almejando o controle do cultivo e da distribuiçãoaposta de 1 real futeboldrogas, e o Nordeste é muito importante, porque é um pontoaposta de 1 real futebolescoamento,aposta de 1 real futebolespecial o litoral do Rio Grande do Norte, que é o ponto mais próximo da Europa, então, é importante estar aqui", diz Juliana Melo.
O PCC ganhou nos últimos dez anos a concorrência do Sindicato do Crime, que surgiu como uma dissidência da facção paulista e, hoje, é a principal organização criminosa do Estado.
"Eles foram assumindo protagonismo lentamente, masaposta de 1 real futebolforma assertiva, buscando e suprindo as fraquezas dos seus rivais, e foram muito proativosaposta de 1 real futebolse espalhar pelo Estado", afirma Hermes.
"Hoje, eles têm uma presença grande nos maiores municípios, especialmente na região metropolitanaaposta de 1 real futebolNatal e no oeste do Estado, que é onde ocorreram estes últimos ataques."
Juliana Melo afirma que a facção divulgou outros salves mais recentemente, que não tiveram a repercussãoaposta de 1 real futebolagora, e avalia que as autoridades do Rio Grande do Norte talvez não tenham dado a devida atenção à última convocação.
"Podem ter pensado que eles não iam dar contaaposta de 1 real futebolfazer o que estavam prometendo, porque estariam enfraquecidos depois que várias lideranças foram presas e por causa da disputa com o PCC", diz a pesquisadora.
"Mas, agora, eles conseguiram se organizar um pouco melhor. Isso mostra que eles não foram dissolvidos, estão atuantes e são uma força violenta, infelizmente."
Hermes afirma os ataques recentes indicam que houve uma falha nas medidasaposta de 1 real futebolprevenção a ações criminosas.
"Dizer que a culpa é das autoridades do Estado seria forte demais, mas, com certeza, os responsáveis pela segurança, ou seja, a secretaria e seus sistemasaposta de 1 real futebolinteligência, falharam", diz o pesquisador.
Esta não é a primeira vez, afirma Juliana Melo. Ela dá como exemplo o massacreaposta de 1 real futebolAlcaçuz, como ficou conhecida a maior rebelião do sistema prisional do Estado, ocorridaaposta de 1 real futebol2017.
"As famílias dos presos mandaram cartas dizendo que ia acontecer e foram ignoradas. O sistemaaposta de 1 real futebolsegurança pública falha o tempo todo. Enquanto não melhorar a situação nas cadeias, não vai conseguir resolver esse problema, que é cíclico."