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Mãocaça niquel gira luzmulher segurando misturacaça niquel gira luzervas com K2

Crédito, EPA/BORIS ROESSLER

Legenda da foto, Substância líquida criadacaça niquel gira luzlaboratório, o K2 é misturado com ervas e fumado - e muitas vezes vendido sobre o nomecaça niquel gira luz'spice'

Ou, simplesmente, “spice”.

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Estes são os efeitos devastadores e nomes mais populares das drogas K, que foram banidas pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC) nos locais sob seu controle onde há vendacaça niquel gira luzentorpecentes.

A informação foi confirmada à BBC News Brasil por duas fontes que acompanhamcaça niquel gira luzperto o combate ao tráficocaça niquel gira luzdrogas e que pediram para não ser identificadas.

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A ordem teria sido, inclusive, documentadacaça niquel gira luzuma escuta,caça niquel gira luzacordo com estas fontes.

Feita há um ano, na gravação, segundo as fontes, um membro do grupo criminoso que teve suas ligações telefônicas interceptadas com autorização da Justiça diz que o líder ordenou que a ordem fosse cumprida imediatamente.

Os reflexos desse “salve”, como são chamados os anúncios da facção, já se refletem nas apreensões feitascaça niquel gira luzSão Paulo, principal mercado do PCC.

“Antes, K9 e K2 eram encontradascaça niquel gira luz30% das operações. Hoje, esse número caiu para 10%”, diz uma fonte à reportagem.

Mas como as drogas K são produzidas, chegam ao Brasil e depois são distribuídas?

E por que o PCC, uma facção que tem no tráfico seu negócio mais lucrativo, decidiu vetar essas drogascaça niquel gira luzseus pontoscaça niquel gira luzvenda?

A BBC News Brasil conversou com delegados e especialistascaça niquel gira luzsegurança pública para entender a dinâmica atualcaça niquel gira luztorno das drogas K, que têm preocupado autoridades e, como parece, os próprios traficantes.

Os motivos do PCC para banir as drogas K

Substâncias apreendidas durante operação policialcaça niquel gira luzSão Paulo

Crédito, Divulgação/ Polícia Civil/ Denarc

Legenda da foto, Em apenas uma operação, políciacaça niquel gira luzSão Paulo apreendeu 48 litros da susbstância usada para a produçãocaça niquel gira luzdrogas K

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o PCC proibiu o consumo das drogas K nas biqueiras, como são conhecidas as áreas onde são vendidas as drogas,caça niquel gira luz2023.

A intenção seria acaça niquel gira luznão prejudicar o tráficocaça niquel gira luzoutras drogas, a principal fontecaça niquel gira luzrenda da facção.

A decisão foi tomada após líderes do PCC perceberem que o uso exageradocaça niquel gira luzK2 e K9 pelos jovens conhecidos por “vapor” e “avião”, que fazem o comércio nessas bocascaça niquel gira luzfumo, atraía a presença da polícia.

“Quando o cara consome isso na quebrada, ele pode cair e bater a cabeça, passar mal e isso leva o poder público a ir para lá, como polícia e ambulância. Isso chama muita atenção e causa confusão", diz uma fonte ligada à polícia.

“Se o usuário chega lá para comprar drogas e vê polícia e resgate, ele dá um passo atrás e deixacaça niquel gira luzcomprar ou procura outro lugar.”

Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleocaça niquel gira luzEstudos da Violência, da Universidadecaça niquel gira luzSão Paulo (USP), afirma que o PCC também proibiu o usocaça niquel gira luzcrack nas cadeias no início dos anos 2000 e que todas as decisões da facção são planejadas comocaça niquel gira luzuma empresa.

Ao ser entrevistado, ele disse que não sabia desse veto, mas que fazia sentido pela lógica da facção.

“Eles (PCC) estão focados no lucro e tem esse aspectocaça niquel gira luzcustos e benefícios no contextocaça niquel gira luzvendacaça niquel gira luzdrogas, por isso podem estar proibindo a K9", diz Paes Manso, autorcaça niquel gira luzA Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil.

"É uma análise racional sobre um negócio bilionário. O PCC atua há 30 anos no mercadocaça niquel gira luzdrogas e tem uma visão empreendedora sobre ele.”

O pesquisador da USP lembra que há precedentes para isso na própria história do PCC.

A facção proibiu o usocaça niquel gira luzcrack nos presídios no início dos anos 2000 para manter a ordem nas cadeias.

Como lembra Paes Manso, o médico Drauzio Varella dizia na época que o consumo da droga nas prisões era tão generalizado, principalmente no antigo presídio do Carandiru, que freá-lo era praticamente impossível.

Semanalmente, o Carandiru, que foi implodido e virou um parque na Zona Nortecaça niquel gira luzSão Paulo, tinha a “segunda sem lei”, recorda o pesquisador.

Assim era conhecido o diacaça niquel gira luzque os presos podiam fazer acertoscaça niquel gira luzcontas, como espancar ou até matar seus desafetos.

Paes Manso conta que era comum cinco ou seis pessoas serem mortas às segundas e diz que o crack “elevou esse número exponencialmente”.

Isso ocorreu porque a maioria destes acertoscaça niquel gira luzcontas passaram a ser causados por dívidascaça niquel gira luzcrack.

“Assim como aconteceu com o crack, a proibição da K9 é uma avaliaçãocaça niquel gira luzordem e desordem", diz Paes Manso.

"A desordem que ela causa no mercado é maior do que os ganhos. O crack tem potencial para causar isso fora das cadeias, mas a receita ainda parece valer a pena para eles.”

Paes Manso diz que uma ala do PCC defende que o crack seja proibido também nas ruas.

“Eles ainda não tomaram essa decisão porque o crack é uma droga que vai muito rápido para o cérebro", diz.

"Uma pipada (fumar crack com cachimbo) causa um efeito instantâneo, e o usuário quer repetir o uso rapidamente. Assim, ele gasta uma fortunacaça niquel gira luztrês dias. É uma droga muito lucrativa.”

O que são as drogas K

Mãocaça niquel gira luzhomem segura cigarro artesanal feito com k9

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, As drogas K no Brasil são geralmente borrifadascaça niquel gira luzervas e fumadas

As drogas K surgiram a partircaça niquel gira luzum experimento, na décadacaça niquel gira luz1990, para tentar produzir,caça niquel gira luzmaneira sintética, as substâncias terapêuticas da maconha, explicam especialistas à BBC News Brasil.

Mas o que os cientistas produziram nesse estudo foi, na verdade, uma droga extremamente potente caça niquel gira luz e ao menos cem vezes mais potente que a maconha caça niquel gira luz .

Especialistas apontam que essas variedadescaça niquel gira luzcanabinoides sintéticos são um grupocaça niquel gira luznovas drogas que tem conquistado um espaço importante no mercado ilícito mundial.

Maiscaça niquel gira luz300 tipos diferentes foram identificados por polícias ao redor do mundo, explicou o toxicologista Maurício Yonamine, da Faculdadecaça niquel gira luzCiências Farmacêuticas da USP, à BBC News Brasil.

Em pouco tempo, essas drogas se tornaram uma importante questãocaça niquel gira luzsaúde pública no Brasil por contacaça niquel gira luzseu alto potencialcaça niquel gira luzdependência.

Elas são encontradas hoje principalmente nas regiões periféricas da Grande São Paulo.

Entre seus efeitos colaterais, estão agressividade, paranoia, arritmia cardíaca e até a morte.

As variedades mais comuns são conhecidas como K2 e K9, mas há outras no mercado.

Carlos Castiglioni, elegado do Departamento Estadualcaça niquel gira luzPrevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civilcaça niquel gira luzSão Paulo, explica que a diferença entre as drogas K está, basicamente, na formacaça niquel gira luzconsumo.

"Essa droga é um líquido que, quando borrifadocaça niquel gira luzfolhascaça niquel gira luzplantas e cháscaça niquel gira luzgeral, convencionou-se chamarcaça niquel gira luzK2", diz Castiglioni.

"Mas, quando ela é colocadacaça niquel gira luzpapel ou cartolina para ser digerida ou consumidacaça niquel gira luzmaneira sublingual, convencionamos chamar K9.”

A origem do nome K2, segundo o delegado, foicaça niquel gira luzhomenagem à segunda maior montanha do mundo, que fica entre a China e o Paquistão.

Isso porque a gíriacaça niquel gira luzinglês para definir quando uma pessoa está sob o efeitocaça niquel gira luzdrogas é dizer que ela está high (alta).

Como a droga causa um efeito muito forte, ela foi batizada pelos usuárioscaça niquel gira luzK2.

O delegado do Denarc explica que os traficantes costumam bater no liquidificador diversas plantas secas para formar a base da droga.

Na mistura, há diversos tiposcaça niquel gira luzchá e mato secocaça niquel gira luzgeral.

“De vezcaça niquel gira luzquando, eles usam uma quantidade bem pequenacaça niquel gira luzmaconha para dar um cheirinho e sabor da erva.”

Onde as drogas K são produzidas

Apreeensão feita pela políciacaça niquel gira luzlocal usado para distribuiçãocaça niquel gira luzdrogas

Crédito, Divulgação/ Polícia Civil/ Denarc

Legenda da foto, Após importar substânciacaça niquel gira luzoutros países, traficantes brasileiros diluem K9 antescaça niquel gira luzvendê-la

De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, as drogas K consumidas no Brasil são produzidas principalmente na Índia e na China.

O líquido concentrado é exportado para o Brasil com facilidade,caça niquel gira luzfrascos.

Cada um deles pode produzir milharescaça niquel gira luzdoses da droga, segundo especialistas da Polícia Científica.

Ao chegar no Brasil, essa substância é diluída e misturadacaça niquel gira luzoutras substâncias antescaça niquel gira luzser comercializada.

No entanto, explicam os especialistas, não há um padrão, e os traficantes fazem diversas misturas diferentes no momentocaça niquel gira luzdiluir, antescaça niquel gira luzvender a droga.

Alexandre Learth, diretor do Núcleocaça niquel gira luzExamescaça niquel gira luzEntorpecentes, da Superintendência da Polícia Técnico-Científicacaça niquel gira luzSP, afirma que isso aumenta o lucro da facção, porque não é necessário ter um espaço para produzir.

Segundo ele, não há registroscaça niquel gira luzlaboratórios para fabricar drogas K no Brasil.

“Tudo indica que o princípio ativo vem do exterior e que existam apenas centroscaça niquel gira luzsíntese no Brasil, por isso essa diversidadecaça niquel gira luzsubstâncias identificadas", diz Learth.

"Cada laboratório diluicaça niquel gira luzuma maneira diferente, alguns colocam maconha e cocaína na mistura.”

Learth conta que, mesmo as drogas K encontradascaça niquel gira luzapreensões feitascaça niquel gira luzsequência e no mesmo bairro, são “completamente diferentes".

Ele diz que, mesmo sendo classificadas como canabinoides e opioides sintéticos, as drogas K não podem ser comparadas com maconha.

“As drogas K fazem partecaça niquel gira luzgrupos mais recentescaça niquel gira luzdrogas, aplicadoscaça niquel gira luzsubstratos vegetais e papéis para serem consumidas”, explica.

"Por serem canabinoides, há essa correlação com a maconha, mas os efeitos são bem diferentes".

A principal diferença, aponta Learth, é que o canabinoide sintético age com força total sobre dois receptores endocanabinoides existentes no corpo humano.

“Nós temos os receptores canabinoides CB1 e CB2 no nosso organismo. O canabinoide sintético age nos dois, ao mesmo tempo, e com força total, ao contrário do THC. Por isso a K9 causa esse descontrole muscular", diz.

O especialista diz que, da mesma maneira como o canabinoide sintético se liga ao receptor no corpo humano com mais força, ele também desliga com mais potência e isso causa uma dependência imediata.

Para o diretor da Polícia Científica, no entanto, os principais problemas relacionados a drogas no Brasil ainda estão ligados ao usocaça niquel gira luzcocaína.

“Ela causa os maiores problemascaça niquel gira luzsegurança pública. Boa parte das mortes violentas, acidentescaça niquel gira luztrânsito e homicídios estão ligados ao usocaça niquel gira luzcocaína. Além da Cracolândia e outros problemas públicos gravíssimos causados por essa droga”, diz.

Paes Manso diz que o fatocaça niquel gira luzas drogas K estarem cada vez mais presentescaça niquel gira luzbailes preocupa a Facção, porque isso pode causar problemas com a comunidade que vive nas áreas onde atuam, alémcaça niquel gira luzchamar a atençãocaça niquel gira luzautoridades.

“Pessoas estrebuchando na rua causam repúdio e rejeição das próprias comunidades, nas famílias e cria uma resistência ao tráfico muito maior", diz o pesquisador.

"Isso implica causar um desequilíbrio social, porque não é interessante para a facção devastar um bairro inteiro e causar uma desordem assim.”

O PCC também avalia que precisa manter pontes com lideranças religiosas e comunitárias, diz Paes Manso.

"Eles não fazem isso por bondade, mas por uma visão empreendedoracaça niquel gira luzmercado", afirma.

"A proibição dos homicídios pertocaça niquel gira luz'biqueiras' teve esse aspecto racionalcaça niquel gira luzbenefícios, e a K9 parece seguir o mesmo caminho.”