'Nekonomics': o poder dos gatos na economia japonesa:poker dope
De acordo com a Associação Japonesapoker dopeProdutorespoker dopeAlimentos para Animais, a popularidade dos gatos segue tendência crescente há maispoker dopeduas décadas. A pandemia só fez esse interesse aumentar ainda mais quando as pessoas se viram obrigadas a ficar isoladaspoker dopecasa.
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Fim do Matérias recomendadas
A população atingiu recordepoker dope2021, com cercapoker dope489 mil felinos a maispoker dopecomparação ao período anterior, elevando o total para aproximadamente 8,94 milhõespoker dopegatos (contra 7,10 milhõespoker dopecachorros) no país.
O professor Miyamoto multiplicou esse contingente pela média mensalpoker dope8.460 ienes (R$ 290) estimada como gastos com alimentação e cuidados básicospoker dopeum animal, e chegou ao total anualpoker dope911,58 bilhõespoker dopeienes (R$ 31,3 bilhões).
A esse valor ele adicionou o efeito cascatapoker dopetoda a cadeia e o que foi gerado pelo turismo doméstico felino, e o total foi dos 1,969 trilhãopoker dopeienes (cercapoker dopeR$ 68 bilhões) mencionados no início da reportagem.
A títulopoker dopecomparação, a "'nekonomics"poker dope2021 é um pouco superior ao que foi gasto para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicospoker dopeTóquio 2020, estimadospoker dope1,69 trilhãopoker dopeienes (R$ 58 bilhões).
O professor Miyamoto lembra que esses valores são altos, mas que, para cuidarpoker dopeum gato pequeno, o custo é relativamente baixo para uma família.
A flexibilização das medidaspoker dopecombate ao coronavírus e os recentes aumentospoker dopepreçopoker dopeuma sériepoker dopeprodutos e da tarifapoker dopeenergia no país devem impactar na "nekonomics", porém é cedo para afirmar o quanto será menor.
O númeropoker dopeapaixonados por animaispoker dopeestimação no Japão dificilmente diminuirá.
Cão ou gato, a escolha depende muito do espaço e do tempo disponível para os cuidados.
Gatos abandonados
No estudo, Miyamoto lista uma sériepoker dopefatores para os japoneses preferirem os felinos. Cada vez mais pessoas se mudam para apartamentos urbanos que, alémpoker dopeapertados, geralmente não permitem cães - mas toleram a presençapoker dopegatos, que também são mais fáceispoker dopemanter e requerem menos atenção, como ter que ser levados para passear.
Porém, nem todo felino é bem-vindo ou bem acolhido. De acordo com levantamento feito pelo Ministério do Meio Ambiente do Japão, no ano fiscalpoker dope2020, o númeropoker dopegatos colocados para adoção chegou a cercapoker dope10 mil.
A Ong TNR Felinos Japan, mantida pelos brasileiros Elen Tanaka e Cássio Silva,poker dopeIwata (provínciapoker dopeShizuoka), diz ter constatado um aumento no númeropoker dopefelinos sob seus cuidados.
Passado o climapoker dopeempolgação inicial, muitas pessoas abriram mão do bichano ao constatarem que cuidarpoker dopeum animal - mesmo um filhotinhopoker dopegato - dá trabalho e custa dinheiro. Acabam por abandonar os animais, e a conta acaba sendo transferida para quem se dedica a dar abrigo aos animais.
Cássio diz que os gastos da Ong aumentaram muito. Eles arcam com os custos do aluguelpoker dopeum imóvel para cercapoker dope100 gatos que foram resgatados, castrados e são cuidados por ambos enquanto aguardam adoção.
O aluguel é a parte menor das despesas com essa grande famíliapoker dopefelinos. Alémpoker dopeabsorver o saláriopoker dopeCássio como operáriopoker dopeuma fábricapoker dopeautopeças, a Ong consome todo o tempo da esposa Elen para cuidados, pois muitos animais chegam debilitados da rua.
São cercapoker dope680 mil ienes (cercapoker dopeR$ 23,3 mil)poker dopegasto mensal que precisa ser coberto com campanhas e a boa vontade dos amigos e apoiadores da causa. “Quando deixei o Brasil 22 anos atrás, eu disse que era para trabalhar e juntar dinheiro no Japão. Mas juntamos gatos! Hoje, são eles que dão sentido à nossa vida”, diz Cássio.
E quem quiser adotar algum dos gatos, terá que cumprir exigências da Ong e assinar um termopoker dopecompromisso - como formapoker dopeevitar a devolução ou novo abandono do animal.
Conrado Areco Borelli passou na seleção e adotou Tigrão e Pompom. Sua família cuida atualmentepoker dopetrês felinos, com os quais gastapoker dopemédia 20 mil ienes (R$ 688)poker doperação, areia e produtospoker dopelimpeza. Quando precisa levar os bichanos ao veterinário, o valor dobra.
O fatopoker dopeter gatos teve impacto no aluguel. Muitos donospoker dopeimóveis passaram a ser flexíveis à presençapoker dopeanimais, porém cobram um pouco mais por isso. “Mas vale cada centavo ter os nossos gatos conosco, vivendo poker dopetranquilidade.”
A empresapoker dopefinanças R&C Co. entrevistou 3 mil donospoker dopegatos no finalpoker dopedezembropoker dope2022 e concluiu que o custo médio para cuidarpoker dopeum animal époker dope2,64 milhõespoker dopeienes (cercapoker dopeR$ 90 mil) ao longopoker dope15,6 anospoker dopevida (média estimada pela Associação Japonesapoker dopeProdutorespoker dopeAlimentos).
"Com esta pesquisa, queremos ajudar a reduzir o númeropoker dopegatos abandonados por razões financeiras. Sabendo com antecedência dos gastos futuros, as pessoas poderão decidir conscientemente ter ou não o animal", disse a empresa.
Na opinião da brasileira Sumirê Shimizu, o que mais impacta a 'nekonomics' nem é tanto a posse do animal. "São as coisaspoker dopegatos. Roupas, bolsas, acessórios, tudo com o tema gato", diz.
Desde o Brasil, Sumirê gostavapoker dopecachorropoker dopeporte grande, mas na impossibilidadepoker dopetê-lospoker dopeseu apartamentopoker dopeTóquio, acabou adotando Harumaki e Dorayaki, dois gatos que ela batizou com nomepoker dopecomida japonesa.
Acredita-se que os primeiros gatos tenham chegado no Japão trazidos da China durante o período Nara (Século 8) para caçar ratos. A partir do período Heian (séculos 8 ao 12) passaram a ser considerados animaispoker dopeestimação, sendo retratadospoker dopeobraspoker dopeukiyo-e (um gêneropoker dopexilogravura e pintura que prosperou no Japão entre os séculos 17 e 19) e clássicos da literatura japonesa, como o romance Eu sou um gato, do escritor Natsume Soseki.
Na mesma época chegaram os cachorros, sendo os primeiros da raça chin, trazidos como um presente dos governantes da Coreia. Devido ao seu pequeno porte e temperamento amável, logo se tornaram animais da casa.
Embora venham perdendo espaço físico nas casas para os gatos, os cães ainda são venerados pelo passado glorioso (como o cão do último samurai, Saigo Takamori, que aparece juntou ao donopoker dopeuma estátuapoker dopeTóquio) ou pela notável lealdade demonstrada por Hachiko, o cão imortalizado no cinema epoker dopebronze esculpido na estaçãopoker dopetrempoker dopeShibuya,poker dopeTóquio. Nesse mesmo local, o animal esperou maispoker dopenove anos após a mortepoker dopeseu dono.
O japonês Yoichiro Matsushita não se impressiona com essas características caninas. Sua paixão são os gatos, compoker dopenatureza rebelde e independente. “Também não tenho o fardopoker dopeterpoker dopepassear com eles”, acrescenta.
O primeiro que chegou à casapoker dopeMatsushita era um gato abandonado que a esposa encontrou na frente da lojapoker dopeum conhecido, 40 anos atrás. Depois disso, cada vez que um morria, alguém trazia um substituto.
Atualmente ele cuidapoker dopeLara e Kiki, que chegaram ainda filhotes e são reconhecidos como membros da família - “e não pedem roupa e nem preciso levá-los à escola”.