'Olhe com carinho para os atletas paralímpicos. Cada deficiência é uma história':bet365 mobile
"Não era incomum ouvir piadas, ou comentários como ‘nossa, mas você perdeu para a menina que só tem um braço.’ Teve muita gente que duvidou do que eu sou capaz. Já fui muito ridicularizada, mas para mim, isso traz motivação."
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Fim do Matérias recomendadas
Fernanda tem má-formação congênita no braço esquerdo, abaixo do cotovelo. Na época, sem conhecer o universo paralímpico, ela competiabet365 mobileeventosbet365 mobileatletismo ‘convencional’.
"No meu primeiro ano, participeibet365 mobileuma competiçãobet365 mobileRecife. Vi ali uma oportunidadebet365 mobileviajar, conhecer outros lugares, enquanto competia. Eu era uma menina do interior e nunca tinha viajado antes, então aquilo abriu um novo mundo para mim. Foi assim que comecei a me apaixonar pelo esporte."
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Fernanda corria distânciasbet365 mobile400 metros até 10.000 metros, e buscava nas provasbet365 mobilerua uma formabet365 mobileajudar a família.
"Quando eu ganhava uma prova que tinha prêmiobet365 mobiledinheiro, metade ficava com a minha mãe e a outra metade eu guardava para conseguir viajar para a próxima prova."
A quintabet365 mobilesete irmãos, Fernanda era a primeira esportista da família.
"Minha mãe não me incentivava quando comecei, porque ela via o quão triste eu ficava quando não tinha dinheiro para ir para alguma competição. Nós sempre fomos muito humildes. Não tínhamos televisão e já moramosbet365 mobilecasabet365 mobilebarro. Cheguei a pedir esmolas, porque éramos muitos e a comida acabava rápido. Minha mãe trabalhava na roça para cuidarbet365 mobilenós."
Fernanda também foi a primeira da minha família a concluir o segundo grau e é a primeira a cursar uma faculdade.
"Estou fazendo Serviço Social, mas com o tempo curto por conta dos treinos, tenho dificuldadebet365 mobilefazer os estágios, que são presenciais, o que complica bastante. Hoje, graças a Deus, temos uma condição melhor, proporcionada pelo esporte, e consigo ajudar minha família. Só não trago eles para as competições porque é muita gente", brinca.
Sete anos depois dabet365 mobileestreia nos jogos escolares, aos 21, Fernanda, já mais experiente, teve seu primeiro contato com o esporte paralímpicobet365 mobileuma competiçãobet365 mobileMinas Gerais.
"Assistir as atletas Jennifer Martins e Rosinha dos Santos, e ver que elas participavambet365 mobilecompetições internacionais, me inspirou muito. Quando vi que era possível, entrei na equipe delas no ano seguinte, 2008."
‘Minha vida sem o esporte não faz sentido’
Fernanda teve poucos meses para se preparar parabet365 mobileestreia na classe T47, a nomenclatura para atletas com limitações num dos membros superiores, com perdabet365 mobilefuncionalidade ao nível do ombro, cotovelo e pulso.
A chegada na China, conta a atleta, foi ‘como um sonho’.
"Embora eu estivesse focada na competição, tudo era muito novo para mim, e confesso que fiquei um pouco deslumbrada pela cidade, que era linda. Até então, só tinha viajado pelo Brasil. Sempre tive um sonhobet365 mobileconhecer a China, talvez por assistir muitos filmes estrangeiros e me interessar pela cultura. Era algo que nem imaginava ser possível. E mesmo deslumbrada, fiz as melhores marcas da minha vida até então."
Muitos quilômetros foram corridos, entre treinosbet365 mobileàs vezes dois períodos no dia, para que Fernanda chegasse como bi campeã mundial nos Jogosbet365 mobileParis.
Para alcançar a forma que tem hoje, conta, foram necessários sacrifícios.
"O dinheiro sempre foi apertado. Comecei a receber patrocíniobet365 mobile2019, e só foi por um ano. Agora,bet365 mobile2023, voltei a receber da Caixa, mas antes disso, sobrevivi com a Bolsa Atleta estadual e com muitas dificuldades. Já desisti várias vezes, mas sempre percebo que minha vida sem o esporte não faz sentido."
Recentemente, Fernanda passou a receber a Bolsa Pódio, uma categoria do programa Bolsa Atleta oferecida a atletas com chancesbet365 mobiledisputar finais e medalhas olímpicas e paralímpicas. Os valores variam entre R$5 mil e R$15 mil.
Outro desafio é estar longe da família. Há 8 anos, Fernanda realizou um sonho fora do esporte: deu à luz Lorena,bet365 mobileúnica filha.
Por conta da rotina totalmente voltada aos treinos, Lorena fica Recife com o pai e a mãe dele, enquanto Fernanda morabet365 mobileSão Paulo.
"Eles preferem ficar lá, onde ela pode brincar na rua, perto da família. Em São Paulo, ela teria menos companhia e ficaria mais restritabet365 mobilerelação às atividades que poderia fazer enquanto eu treino."
"Minha rotina é intensa, não costumo sair para nada. Alguns dias, treinobet365 mobiledois períodos, e ainda tenho sessõesbet365 mobilefisioterapia, massagem, terapia… Quando chegobet365 mobilecasa, janto e converso com minha filha até ela dormir."
Fernanda reflete que manterbet365 mobilevida à distância, apesarbet365 mobiledifícil, é um sacrifício que faz também por Lorena.
"Tudo que faço é pensando nela. Sei que a presençabet365 mobileuma mãe é muito importante para uma criança, masbet365 mobileque adianta eu estar com ela se estivermos passando fome? Prefiro dar tudo a ela hoje para que ela não tenha a vida que eu tive."
"Estou perseguindo um sonho para que, no futuro, quando ela disser: ‘Mamãe, não consigo isso’, eu possa dizer que sim, com persistência, é possível. Tenho 24 anosbet365 mobilecarreira, e olha onde eu estou hoje. Foi muito tempo para chegar aqui."
‘Sou como o vinho, quanto mais velho, melhor’
Enquanto a provabet365 mobile400m dura menosbet365 mobileum minuto, a preparação acontece durante anos, e envolve várias pessoas.
"A equipe que está por trás é muito grande. Quando eu ganho uma medalha, não estou ganhando sozinha; é resultadobet365 mobileum trabalho coletivo ebet365 mobilemuitas renúncias para chegar lá."
Nabet365 mobileequipebet365 mobile‘bastidores’, Fernanda, como outros atletas, conta com técnicos, fisioterapeutas, fisiologistas, massoterapeutas e psicólogos.
"Sem os psicólogos, acho que a gente acabaria surtando, porque a pressão é enorme. Só quem está no topo sofre essa pressão, pois quer continuar lá. Conversar mais com meu terapeuta foi uma viradabet365 mobilechave para mim."
Se a mente não estiver bem, defende Fernanda, você não faz nada.
"Um exemplo é minha competiçãobet365 mobile2019 no Pan-Americano. Eu tinha o treino, mas não o mental, e acabei perdendo a medalhabet365 mobileouro porque fiquei abalada e não executei bem minha corrida. Desde então, trabalhei para fortalecer minha mente."
Para ela, o que mudoubet365 mobilerelação às outras Paralimpíadas, nas quais saiu sem medalhas, foi principalmentebet365 mobilevontade bet365 mobilevencer. "O desejobet365 mobiledeixar minha marca só cresceu. Eu quero muito essa medalha, e sei que posso conseguir. "
Nesta edição, o Brasil tem a maior delegaçãobet365 mobilesua história, e tenta bater a marcabet365 mobile72 medalhas (resultado conquistado no Rio 2016 e Tóquio 2021).
É também a edição com mais mulheres atletas - Fernanda estábet365 mobileum grupobet365 mobile117 participantes.
Enquantobet365 mobilealgumas modalidades a aposentadoria chega cedo, Fernanda vê a idade como apenas mais um dos vários números relacionados àbet365 mobilecarreira.
"Não importa se você é jovem ou velho; se está no esporte, ainda tem lenha para queimar. O sonho não tem idade. O pessoal aqui me chamabet365 mobilemãe, e é isso, eu sou como o vinho, quanto mais velho, melhor ", brinca.
Para os brasileiros fãsbet365 mobileesporte, Fernanda deixa um recado: "Gostaria que as pessoas viessem torcer por nós e olhassem com carinho para os atletas paralímpicos. Cada deficiência ali representa uma história a ser contada."