O sucesso internacional da 'igreja'bet7k paga mesmoClarice Lispector: 'É a Frida Khalo da literatura':bet7k paga mesmo

"Existem certas vantagensbet7k paga mesmonão saber. Como um território virgem, a mente está livrebet7k paga mesmoequívocos. Tudo o que não conheço constitui a maior partebet7k paga mesmomim: esta é a minha dádiva. E com esse não saber, eu entendo tudo."

Minutos depois, durante a coletivabet7k paga mesmoimprensa após a premiação, citou Clarice novamente, desta vez uma frasebet7k paga mesmoA Hora da Estrela.

Blanchett é partebet7k paga mesmouma nova legião estrangeirabet7k paga mesmofãs da escritora. A obrabet7k paga mesmoClarice Lispector tem carreira internacional há muito tempo — Perto do Coração Selvagem foi traduzido pela primeira vez para o francêsbet7k paga mesmo1954 —, mas na última década o interesse estrangeiro pela escritora brasileira explodiu.

O novo patamar que seu sucesso internacional alcançou é a parte visívelbet7k paga mesmouma história que, nos bastidores, mistura elementos tão distintos quanto a obsessãobet7k paga mesmoum escritor americano pela autora, a dedicaçãobet7k paga mesmoseu filho mais novo para levar a obra da mãe para o mundo e a própria qualidade da obrabet7k paga mesmoClarice, atemporal e universal.

A 'igrejabet7k paga mesmoClarice'

Desde os anos 1980, os livros da autora eram publicadosbet7k paga mesmoinglês nos Estados Unidos pela editora New Directions, mas nunca haviam alcançado um grande público porque as traduções eram consideradas ruins e não captavam a voz da escritora.

Foi isso que o crítico Benjamin Moser, biógrafobet7k paga mesmoClarice, disse à presidente da New Directions, Barbara Epler, para convencê-la a retraduzir parte das obras que a editora tinha no catálogo e lançar algumas ainda inéditas no mercado anglófono.

"Foi ele que deu o empurrão que me lançou nessa aventura toda", disse Epler à BBC News Brasil.

Desde que descobriu a escritora brasileira, aos 19 anos, Moser ambicionava torná-la mais conhecida fora do Brasil. Em um cursobet7k paga mesmoportuguês na universidade, descobriu A Hora da Estrela e ficou fascinado com a obra e a figura enigmática da escritora.

Em um texto publicado na revista Quatro Cinco Um no ano passado, escreveu que Clarice Lispector é como uma "igreja" — da qual ele mesmo seria adepto.

"Ela é uma religião. Tem acólitos, dá as carasbet7k paga mesmosessões espíritas e,bet7k paga mesmovezbet7k paga mesmoquando, até reencarna: sei disso porque às vezes reencarnações dela me procuram no Instagram. Ela também atrai um número bastante atípicobet7k paga mesmoobsessivos excêntricos: sei disso porque eu mesmo sou um deles."

Epler conta que Moser apresentou a ideiabet7k paga mesmoum projeto ambiciosobet7k paga mesmopublicação da obra da escritorabet7k paga mesmoinglêsbet7k paga mesmo2009,bet7k paga mesmoum barbet7k paga mesmoNova York, dias depois do lançamento da biografia que ele escreveu sobre Clarice, Why this World (Por que Este Mundo).

"Ele disse pra mim: 'Chegou a horabet7k paga mesmoum revival completo da obrabet7k paga mesmoClarice — e as traduçõesbet7k paga mesmovocês são horrorosas'", lembra Epler, rindo. "Vocês estão colocando maionese no negócio, estão fazendo os livros parecerem muito mais simples do que são", ele continuou.

O escritor sacou então versõesbet7k paga mesmoportuguês e inglêsbet7k paga mesmoA Hora da Estrela e começou a apontar as diferenças — por exemplo, como as quebras nas frases da versão original haviam desaparecido e dado lugar a um texto mais direto.

Mesmo sem entender português, a editora conseguiu perceber que aqueles eram "animais diferentes".

"Ele disse categoricamente que a Clarice era mal interpretada, que ela era na verdade radical, que a linguagem dela não erabet7k paga mesmojeito nenhum polida, era quebrada. Argumentou ainda que ela era uma das mulheres mais qualificadas daquela geração, a primeira mulher judia a ter um diplomabet7k paga mesmodireito."

Os olhosbet7k paga mesmoEpler também brilharam quando ela ouviu que havia livros ainda totalmente desconhecidos do público que lêbet7k paga mesmoinglês, como O Lustre.

Juntos, eles mergulharam entãobet7k paga mesmoum projeto com jovens tradutores, supervisionados por Moser ebet7k paga mesmoparceria com a Penguin Classics, que faria os lançamentos no Reino Unido.

O primeiro livro publicado foi A Hora da Estrela,bet7k paga mesmo2011, traduzido pelo próprio biógrafo. Em 2012, foram quatro: Perto do Coração Selvagem, Água Viva, A Paixão Segundo G. H. e Um Soprobet7k paga mesmoVida.

Três anos depois veio The Complete Stories, que reunia maisbet7k paga mesmo80 contos e foi um sucesso editorial ebet7k paga mesmocrítica, publicado primeirobet7k paga mesmoinglês e, no ano seguinte,bet7k paga mesmoportuguês.

A essa altura, o nomebet7k paga mesmoClarice já tinha ganhado nova projeção internacional.

Quando O Lustre foi lançadobet7k paga mesmo2018, a crítica literária Parul Sehgal começoubet7k paga mesmoresenha no jornal The New York Times com um contundente "Esfinge, feiticeira, monstro sagrado. O revival da hipnótica Clarice Lispector tem sido um dos grandes eventos literários do século 21".

No total, foram 15 livros lançados, sendo o mais recente A Maçã no Escuro,bet7k paga mesmonovembrobet7k paga mesmo2023. Há mais um previsto para fevereirobet7k paga mesmo2025, Covert Joy: Selected Stories, uma seleção das "melhores e mais queridas" histórias da autora, conforme a descrição no site da editora, e outros dois, uma reuniãobet7k paga mesmocartas e uma seleçãobet7k paga mesmocrônicas, que devem sairbet7k paga mesmo2026 e 2027, respectivamente.

Procurado pela BBC News Brasil, Moser respondeu, por e-mail: "Eu já dei tantas entrevistas sobre este assunto na minha vida que acho que é melhor me aposentar! Espero que compreenda." Em 2019, ele publicou seu novo projeto, uma biografia da escritora Susan Sontag.

Epler conta que Clarice Lispector está hoje entre os 10 autores mais vendidos da New Directions, que publicabet7k paga mesmoinglês estrelas da literatura latinoamericana como Jorge Luis Borges e Julio Cortázar. Foram 350 mil cópias vendidas, sendo 50 milbet7k paga mesmoThe Complete Stories e 105 milbet7k paga mesmoA Hora da Estrela.

Fazer algum sucesso no mercado literário americano não é fácil. O país é inundadobet7k paga mesmonovos títulos todos os anos - 400 mil, afirma Epler - e o público local costuma consumir mais autores americanos do que estrangeiros.

Macabéabet7k paga mesmoturco, árabe, mandarim, finlandês

A recepção dos leitores e da crítica à obrabet7k paga mesmoClarice nos paísesbet7k paga mesmolíngua inglesa abriu as portas do mundo para a escritora brasileira. Bruno Zolotar, diretorbet7k paga mesmomarketing e vendas da Editora Rocco, casa editorial da obra da autora, diz que há atualmente 400 contratosbet7k paga mesmotradução ativos (cada contrato se refere a uma obra). A Hora da Estrela já foi publicadobet7k paga mesmomaisbet7k paga mesmo40 países.

"É verdade que o trabalhobet7k paga mesmoClarice foi traduzido lá nos anos 1950 e 60, para o inglês, francês e espanhol, mas o que acho interessante é essa dispersão internacional [que vemos hoje]", diz Claire Williams, chefe do Departamentobet7k paga mesmoLiteratura e Cultura Brasileira do St. Peter's College, da Universidadebet7k paga mesmoOxford, na Inglaterra.

"A Hora da Estrela hoje está disponívelbet7k paga mesmoturco, árabe, mandarim, ucraniano, catalão, finlandês, persa, indonésio… e mais. O Goodreads [plataformabet7k paga mesmorecomendaçãobet7k paga mesmolivros] lista 120 edições! Isso mostra como ela está atingindo uma audiência global", completa Williams, que assina a introduçãobet7k paga mesmoClarice Lispector Entrevista, recém-lançado pela editora Rocco, que reúne 83 entrevistas feitas pela escritora para as revistas Manchete, Fatos & Fotos: Gente e para o Jornal do Brasil com personalidades como Chico Buarque e Elke Maravilha.

Há quase 30 anos a pesquisadora estuda e escreve sobre Claricebet7k paga mesmolivros e periódicos acadêmicos e ensina sobre ela a seus alunosbet7k paga mesmoOxford. O primeiro livro da autora que ela apresentabet7k paga mesmosalabet7k paga mesmoaula é a coletâneabet7k paga mesmocontos Laçosbet7k paga mesmoFamília.

Foi Williams que redescobriu parte das entrevistas publicadasbet7k paga mesmo2007 e agora reeditadasbet7k paga mesmonovo volume (com outras 35). Durantebet7k paga mesmopesquisabet7k paga mesmodoutorado,bet7k paga mesmo1996, deparou-se com algumas delas no arquivo da Fundação Casabet7k paga mesmoRui Barbosa, no Riobet7k paga mesmoJaneiro, e ficou intrigada.

Clarice não usava gravador, fazia anotações à mão, costumava compartilhar mais sobre si mesma durante a entrevista do que os jornalistasbet7k paga mesmouma forma geral e se mostrava claramente mais à vontade quando estava conversando com alguém por quem tinha simpatia.

Nos últimos dez anos, conta a pesquisadora, os livros da autora têm aparecido cada vez mais nas seçõesbet7k paga mesmoliteratura latino-americanas das grandes livrarias no Reino Unido.

"Acho que ela transcende fronteiras e linguagens. [Sua obra] atrai leitores com todo tipobet7k paga mesmobagagem, idade e origem,bet7k paga mesmoparte porque tratabet7k paga mesmoquestõesbet7k paga mesmoidentidade ebet7k paga mesmorelações humanas. Tocabet7k paga mesmoassuntos com os quais a maioria das pessoas se deparabet7k paga mesmoalgum momentobet7k paga mesmosuas vidas", ela opina.

Frida Kahlo da literatura

Pedro Vasquez, responsável pela edição das obras da autora na editora Rocco, elenca o que acredita ser mais um ingrediente do sucesso atualbet7k paga mesmoClarice. Tanto no Brasil quanto no exterior, ele diz, o público amadureceu e passou a compreender melhor a proposta da escritora.

"Não é uma obra, assim,bet7k paga mesmoentretenimento... é uma obra que mexe profundamente com o leitor", ele fala à BBC News Brasil.

"É aquele tipobet7k paga mesmolivro que você fecha e é aí que ele começa a trabalhar dentrobet7k paga mesmovocê. Você fica pensando, matutando sobre aquilo que leu."

Alémbet7k paga mesmomergulharbet7k paga mesmotemas universais, ele acrescenta, a obra também traz uma perspectiva bastante modernabet7k paga mesmoquestões femininas. "Você tem que lembrar que ela começa a publicarbet7k paga mesmo1943, né?", ele ressalta.

Não só no papel, aliás, com personagens femininas complexas e muitas vezes arrebatadas por dilemas existenciais, mas embet7k paga mesmoprópria vida.

Clarice formou-sebet7k paga mesmodireitobet7k paga mesmouma épocabet7k paga mesmoque poucas mulheres cursavam ensino superior, começou a trabalhar muito cedo como jornalista, sempre se colocou como mulher independente e se separou do diplomata Maury Gurgel Valente quase duas décadas antesbet7k paga mesmoo divórcio ser legalizado no Brasil, aindabet7k paga mesmo1959, quando a família voltavabet7k paga mesmouma temporadabet7k paga mesmo7 anosbet7k paga mesmoWashington.

"Ela volta para o Brasil para criar os dois filhos sozinha. Ela tem uma posturabet7k paga mesmovida muito corajosa, desbravando espaços para as mulheres", destaca Vasquez, que edita a obra da escritora há maisbet7k paga mesmo20 anos.

Nesse sentido, o editor também enxerga uma fascinaçãobet7k paga mesmoparte do público pela própria figura da escritora, tanto porbet7k paga mesmobiografia quanto porbet7k paga mesmopersonalidade, considerada muitas vezes enigmática. Um encantamento que também contribuiu para que ela tivesse uma audiência global.

"Ela seria uma contrapartida literáriabet7k paga mesmouma Frida Kahlo", ele compara, referindo-se à artista mexicana que morreubet7k paga mesmo1954 e se tornou uma espéciebet7k paga mesmoícone feminista da atualidade.

Assim como a pintora, Clarice também estampa camiseta e caneca e é pop nas redes sociais. Citações suas, aliás, são campeãsbet7k paga mesmocompartilhamento — algumas forabet7k paga mesmocontexto e outras que nem dela são.

De rainha do Facebook a hit da bienal

A vocação pop ganhou um empurrão da Rocco na última década, quando a editora tem feito um esforçobet7k paga mesmopopularização da escritora.

Um exemplo foi o lançamento,bet7k paga mesmo2011, do 10bet7k paga mesmodezembro (aniversário da escritora) como a Horabet7k paga mesmoClarice, um dia embet7k paga mesmohomenagem,bet7k paga mesmoque promove e incentiva açõesbet7k paga mesmotornobet7k paga mesmosua obra.

Neste 10bet7k paga mesmodezembrobet7k paga mesmo2024, divulgou a realizaçãobet7k paga mesmouma leitura teatral no Rio a partir do livro Clarice Lispector Entrevista, interpretada pela atriz Beth Goulart e dirigida pelo cineasta Luiz Fernando Carvalho, que lançou neste ano o filme A Paixão Segundo G.H.

Nos últimos anos a editora também repaginou capasbet7k paga mesmolivros e passou a publicar seleções da obra da autora, conteúdos mais facilmente digeríveis para leitores iniciantes.

"A gente sentiu que ela começou a pegar um público mais jovem", diz Bruno Zolotar, comentando sobre a Bienal do Rio do ano passado, quando o estande dedicado à autora foi um dos espaços mais frequentados pelos visitantes.

"Impressionou muito mesmo a quantidadebet7k paga mesmojovens na faixabet7k paga mesmo18 a 25 anos olhando os livros dela."

O filho nos bastidores

Um personagem central por trásbet7k paga mesmotodos esses movimentos é seu filho mais novo, Paulo Gurgel Valente. Ele é curador da obrabet7k paga mesmoClarice e trabalha cotidianamente nos bastidores para disseminar o trabalho da mãe — no Brasil e fora.

"O filho da Clarice, Paulo Gurgel Valente, perdeubet7k paga mesmomãe muito jovem e, quando ela estava doente, ele prometeu que tomaria contabet7k paga mesmosua obra. E muitas coisas que nós sabemos ser da Clarice Lispector são graças ao trabalho dele. O Paulo tem feito isso e ele me disse que não havia um dia embet7k paga mesmovida que ele não fizesse algo parabet7k paga mesmomãe", disse o biógrafo Benjamin Moserbet7k paga mesmoentrevista à revista Tripbet7k paga mesmo2013. Clarice morreubet7k paga mesmoum câncerbet7k paga mesmoovário um dia antesbet7k paga mesmocompletar 57 anos.

Toda coletânea, antologia, reediçãobet7k paga mesmolivro, tudo passa pelo crivobet7k paga mesmoValente.

Assim como a mãe (que já escreveu "Gostobet7k paga mesmopedir entrevista: sou curiosa. Detesto dar entrevistas: me deformam"), ele não gostabet7k paga mesmofalar com a imprensa e declinou o pedido da BBC. Mas está constantemente próximobet7k paga mesmoquem trabalha com a obra da mãe.

"Sempre tenho contato com ele, tanto pessoalmente quanto por e-mail", diz Vasquez. "Ele acompanha tudo, faz a aprovação final da edição dos livros", completa.

"Ele é curador da obra da mãe com muito carinho e amor", afirma a professora da Universidadebet7k paga mesmoOxford Claire Williams, que o conheceu por meio da biógrafa Teresa Montero. "Mando para ele o que publico e sempre o informo quando organizo eventos [sobre Clarice]."

Foi dele a ideiabet7k paga mesmolevar a obra da mãe para a Rocco nos anos 1990, épocabet7k paga mesmoque os textos da escritora foram consolidados e uma sériebet7k paga mesmoerros que tinham se acumuladobet7k paga mesmodiferentes edições ao longo do tempo foram corrigidos.

Paulo Rocco, fundador da editora, teve contato com Clarice quando trabalhava na editora Sabiá,bet7k paga mesmoFernando Sabino e Rubem Braga (dois grandes amigos da escritora), e conhecia Valentebet7k paga mesmolonga data.

Foi dele também a iniciativabet7k paga mesmocompartilhar parte do acervo da mãebet7k paga mesmo2004 com o Instituto Moreira Salles (IMS).

Desde o fim dos anos 1970, o único guardião do acervobet7k paga mesmoClarice era a Fundação Casabet7k paga mesmoRui Barbosa, ligada ao Ministério da Cultura, onde estão cartas, documentos e recortesbet7k paga mesmojornais e revistas com o trabalho da escritora como jornalista.

O IMS recebeu manuscritos originais e datilografados, correspondências e cadernos, um acervo hoje acessível remotamente a pesquisadoresbet7k paga mesmotodo o mundo e constantemente divulgadobet7k paga mesmoexposições e eventos.

A escritora tem um site dedicado a ela e todo 10bet7k paga mesmodezembro ganha um evento comemorativo — neste ano, um podcast com cinco episódiosbet7k paga mesmoque especialistas conversam sobre a obra e a vidabet7k paga mesmoClarice, detalha Bruno Cosentino, da áreabet7k paga mesmoliteratura do instituto.

Rachel Valença, coordenadora do acervobet7k paga mesmoliteratura do IMS, conta que foi Valente que levou a eles o materialbet7k paga mesmovídeo que deu origem ao minidocumentário Diasbet7k paga mesmoClaricebet7k paga mesmoWashington, divulgado no último mêsbet7k paga mesmosetembro e ilustrado com depoimentos dele.

"Ele recebeu uma mensagembet7k paga mesmoalguém do CPDOC [Centrobet7k paga mesmoPesquisa e Documentaçãobet7k paga mesmoHistória Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas] dizendo que tinha um vídeo no arquivo do Amaral Peixotobet7k paga mesmoque aparecia a Clarice bem rapidamente e o próprio Paulo pequenininho", relata.

"A imagem da Claricebet7k paga mesmomovimento é uma coisa rara. Até muito pouco tempo só existia uma entrevista que ela deu meses antesbet7k paga mesmomorrer pra TV Cultura", diz Valença, referindo-se ao célebre registrobet7k paga mesmo1977bet7k paga mesmoque a escritora está visivelmente desconfortável e dá respostas mal-humoradas.

A autora pediu que a entrevista só fosse ao ar depois que ela morresse. Seu desejo foi atendido.

A gravação foi durante muito tempo a única imagem que os leitoresbet7k paga mesmoClarice tinham dela se expressando, e contribuiu para reforçar a aurabet7k paga mesmoenigmática que se crioubet7k paga mesmotornobet7k paga mesmosua figura.

No ano passado, também por intermédiobet7k paga mesmoValente, uma entrevista que passou décadas esquecida no acervo do Museu da Imagem e Som (MIS) foi recuperada e divulgada, simultaneamentebet7k paga mesmoinglês, na revista New Yorker (com um texto escrito por Benjamin Moser), ebet7k paga mesmoportuguês, na revista Quatro Cinco Um.

A conversabet7k paga mesmopouco maisbet7k paga mesmo45 minutos é uma janela para outro ângulobet7k paga mesmoClarice, falante e risonha.