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Por que Brasil é o segundo país com mais casosm betpix365 com brhanseníase no mundo :m betpix365 com br
Os exames laboratoriais que o médico fez também não permitiram nenhuma conclusão definitiva.
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para derrubar a organização criminosa. Mas quando Le chiffré descobre a conexão entre
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Não satisfeito, Frade foi conversar comm betpix365 com brchefe na universidade. "Ela examinou, disse que aquilo era hanseníase e precisava ser tratado", diz.
A história do dermatologista, ele próprio um dos principais especialistas no tema do país, reflete uma realidade pouco divulgada. O Brasil ainda é o segundo país do mundo com mais casosm betpix365 com brhanseníase — só fica atrás da Índia.
Para piorar, dificuldades para reconhecer os sintomas mais frequentes desta doença e a faltam betpix365 com brconscientização sobre o tema dificultam o diagnóstico precocem betpix365 com bruma condição para a qual há tratamento e cura.
Uma doença milenar
A hanseníase é descritam betpix365 com brtratadosm betpix365 com brMedicina da Índia do século 6 a.C. Ela também aparecem betpix365 com brdiversas passagens do Novo Testamento da Bíblia, ainda com o nome pelo qual era conhecida no passado: lepra.
No Evangelhom betpix365 com brMarcos, por exemplo, há uma passagemm betpix365 com brque um "leproso" se aproximam betpix365 com brJesus Cristo e pede para ser curado.
"E Jesus, movidom betpix365 com brcompaixão, estendeu a mão, tocou-o [...] Logo a lepra desapareceu e [ele] ficou limpo", diz o texto.
Na Europa durante a Idade Média, indivíduos com a doença eram expulsos das cidades e obrigados a andar com um sino para anunciar a passagem.
Muitos eram internados nos "leprosários" ou "lazaretos", instituições que continuaram (e continuam) a existirm betpix365 com brmuitos lugares — inclusive no Brasil.
Em suma, a hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela é transmitida por meiom betpix365 com brgotículasm betpix365 com brsaliva e do contato próximo e frequente com um indivíduo infectado.
Esse micro-organismo tem uma preferência pelos lugares mais frios do corpo — como cotovelos, joelhos, pés e lóbulos da orelha —, onde há uma menor circulaçãom betpix365 com brsangue.
Ele costuma se esconder nos nervos periféricos, que ficam logo abaixo da pele, e podem permanecer ali por anos ou décadas antesm betpix365 com brmanifestar qualquer sintoma.
"Cercam betpix365 com br90% da população consegue se defender bem do patógeno. Mas há 10% que, por uma questãom betpix365 com brimunidade, vão desenvolver a doença", estima o médico Egon Daxbacher, coordenador do Departamentom betpix365 com brHanseníase da Sociedade Brasileiram betpix365 com brDermatologia.
O nome hanseníase, aliás, faz referência ao cientista norueguês Gerhard Hansen, que descobriu o patógeno e o identificou como o causador da moléstia no século 19.
Outra característica marcante da Mycobacterium leprae é o tempo que ela leva para se reproduzir: enquanto outras bactérias geram descendentesm betpix365 com br12 ou 24 horas, essa espécie tem uma replicação lenta, que demora até 15 dias.
Essa morosidade ajuda a entender uma das características mais marcantes da enfermidade: os anos ou as décadas que ela demora a se manifestar e provocar os efeitos mais graves no organismo.
Uma ameaça mais real do que se imagina
Embora essa doença pareça uma lembrança que ficou no passado, as estatísticas mostram uma realidade completamente distinta: o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicadom betpix365 com br11m betpix365 com brmaio, revela que 18.318 brasileiros foram diagnosticados com hanseníasem betpix365 com br2021.
Isso representa 13%m betpix365 com brtodos os casos registrados no mundo — segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram 140.594 pacientes detectados com o Mycobacterium lepraem betpix365 com brtodo o planeta naquele ano.
No documento, o Ministério da Saúde faz uma análise das notificaçõesm betpix365 com brhanseníase no país entre 2010 e 2021.
A boa notícia é que a taxam betpix365 com brnovos casos estám betpix365 com brqueda: na maioria dos Estados, esse índice diminuiu. A doença só continua a ser considerada "hiperendêmica" (quando há maism betpix365 com br10 casos por 100 mil habitantes)m betpix365 com brTocantins e Mato Grosso.
Ela também está "muito alta" (5 a 9,99 casos por 100 mil habitantes) no Maranhão e no Piauí.
Para completar, oito Estados têm uma taxa "alta" (2,5 a 4,99 casos) nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Daxbacher indica que a queda maior observada nos últimos dois ou três anos não deve ser encarada com tanto otimismo. "Eu gostaria muito que isso indicasse uma melhora da situação, mas certamente há um efeito da pandemiam betpix365 com brcovid-19 na diminuição dos diagnósticos da hanseníase", avalia.
Ou seja: como falamosm betpix365 com bruma doençam betpix365 com brprogressão lenta, a tendência é que as estatísticas também se modifiquem pouco a pouco.
Na visão do dermatologista, grandes mudanças epidemiológicas num espaço tão curtom betpix365 com brtempo refletem mais a urgência relacionada ao coronavírus, que exigiu um desviom betpix365 com bresforços e recursosm betpix365 com brtodo o setorm betpix365 com brsaúde.
Uma realidade esquecida
Frade faz outra ponderação a respeito desses números recém-divulgados.
Ele lembra que, no início dos anos 2000, a OMS lançou uma estratégia para diminuir a hanseníasem betpix365 com brtodo o globo — a meta era ter menosm betpix365 com brum caso por dez mil habitantes e, assim, tirar a doença da lista dos principais problemasm betpix365 com brsaúde pública.
"E issom betpix365 com brfato ocorreum betpix365 com brboa parte do mundo. Mas o Brasil não alcançou esse objetivo", destaca o dermatologista.
"Porém, com a meta global atingida, as campanhasm betpix365 com brbusca ativam betpix365 com brnovos casos deixaramm betpix365 com brocorrer e as próprias Faculdadesm betpix365 com brMedicina passaram a não falar mais sobre a hanseníase com os novos alunos", lembra ele.
Esse alívio das medidas até fazia sentido do ponto vista internacional — porém, no caso particular do Brasil e das outras nações que ficaram pelo caminho e não tiveram a diminuição esperada, a hanseníase perdeu a atenção que vinha recebendo.
E isso, porm betpix365 com brvez, fez com que os casos e as transmissões continuassem a acontecer na surdina, sem o devido cuidado das instituiçõesm betpix365 com brsaúde regionais, nacionais e internacionais.
"O dado que aparece nos boletins epidemiológicos é nada mais, nada menos, que a representação da realidade. A questão é que os profissionais formados hojem betpix365 com brdia sabem pouco sobre quando suspeitarm betpix365 com brhanseníase", opina Frade.
Por que o Brasil?
Mas o que faz do nosso país um dos líderes do ranking globalm betpix365 com brhanseníase até hoje?
Daxbacher explica que a doença está muito relacionada à pobreza e aos locais onde várias pessoas dividem a mesma casa.
"Índia, Brasil e Indonésia são países muito populosos e com grandes aglomerados urbanos, onde mora boa parte da população", contextualiza.
O dermatologista lembra que a bactéria causadora da enfermidade é transmitida por meio da respiração e depende do contato constante.
"As pessoas mais acometidas ficam muito próximas umas das outras e moramm betpix365 com brcasas com poucos cômodos e baixa ventilação. Essa ainda é a realidadem betpix365 com brparte da população brasileira e desses outros países", complementa.
E isso, claro, se alia ao fatom betpix365 com bra hanseníase ser uma doença que recebe menos atenção das políticas públicas.
Sem diagnóstico e tratamento, os infectados seguem transmitindo a bactéria por muitos anos — o que perpetua as cadeiasm betpix365 com brtransmissão dela na comunidade.
Mas Frade lembra que a moléstia pode acometer gentem betpix365 com brqualquer classe social. Segundo ele, a hanseníase estám betpix365 com brfato vinculada à pobreza, mas ela não é exclusiva dos menos favorecidos.
"Nós temos muitos pacientesm betpix365 com brclasse média ou alta que passam por inúmeras ressonâncias magnéticas ou ultrassonografias e demoram décadas para ter um diagnóstico adequado", destaca.
Sintomas além da pele
Frade também chama a atenção para o fatom betpix365 com bros sintomas da hanseníase serem mais amplos do que é conhecido pelo imaginário popular —m betpix365 com brlinhas gerais, as pessoas pensam que ela só provoca lesões deformadorasm betpix365 com brpele.
"Precisamos lembrar das manifestações neurológicas dessa doença", diz o professor da USPm betpix365 com brRibeirão Preto.
Ele ainda estima que as lesõesm betpix365 com brpele clássicas aparecemm betpix365 com brmenosm betpix365 com br30% dos casos mais recentes.
"As pessoas sofrem por muito tempo com outros sintomas neurológicos e há uma dificuldade enormem betpix365 com brreconhecê-los como um sinalm betpix365 com brsuspeita", lamenta ele.
Os outros incômodos relacionados à hanseníase que vão além da pele incluem dormência e formigamentosm betpix365 com brpartes específicas do corpo (especialmente mãos, braços, pés, pernas e rosto), perdam betpix365 com brsensibilidadem betpix365 com brtrechos da pele, cãibras e dores.
E todas essas pistas da infecção têm repercussões práticas na qualidadem betpix365 com brvida e na saúde dos acometidos.
"É a donam betpix365 com brcasa que encosta na panela quente e não sente nada. Ela só vai perceber a bolha na pele depois, enquanto toma banho. Ou o mecânico que não consegue mais rosquear um parafuso com a ponta dos dedos", exemplifica Frade.
Com o passar do tempo — e a destruição dos nervos pela Mycobacterium leprae —, ocorre a perdam betpix365 com brmovimentos, deformações e outras complicações secundárias.
"Há pacientes que calçam um sapato com uma pedra dentro e nem se dão conta. Eles só vão perceber algom betpix365 com brerrado quando veem a meia cheiam betpix365 com brsangue no fim do dia", lembra.
"Fora que essas lesões despercebidas elevam o riscom betpix365 com broutras infecções, que às vezes necessitam atém betpix365 com bramputação", acrescenta o médico.
O dermatologista destaca que, nas definições oficiais da OMS, o diagnóstico da hanseníase é feito a partirm betpix365 com brum triom betpix365 com brmanifestações:
- Lesõesm betpix365 com bráreas da pele com alteração da sensibilidade térmica, dolorosa e/ou tátil;
- Espessamentom betpix365 com brnervos periféricos, associado a alterações sensitivas, motoras e/ou autonômicas;
- Presençam betpix365 com brbacilos do Mycobacterium leprae em exames.
"Se há um desses três fatores, mesmo que o teste dê negativo, é necessário pensarm betpix365 com brhanseníase", esclarece Frade.
Daxbacher pondera que o xis da questão está na detecção precoce. "Se realizarmos o diagnóstico nos primeiros estágios, o paciente pode apresentar apenas queixas neurológicas sem manifestações na pele", diz.
"Portanto, é importante procurar o serviçom betpix365 com brsaúde para uma avaliação se você estiver com dormência persistentem betpix365 com brpartes do corpo ou o aparecimentom betpix365 com brmanchas na pele, especialmente aquelas que não ardem, não coçam e não doem", orienta.
Esses sintomas podem ser várias coisas —m betpix365 com brdiabetes à hérniam betpix365 com brdisco,m betpix365 com brmicose à dermatite. Mas também sugerem o iníciom betpix365 com bruma hanseníase.
Feito o diagnóstico, o tratamento é relativamente simples e está disponível a todos os brasileiros no Sistema Únicom betpix365 com brSaúde (SUS). A depender do estágio e do graum betpix365 com bracometimento, o médico vai prescrever dois ou três antibióticos, que são tomados por seis a doze meses.
Esse esquema terapêutico tem poder curativo — mas pacientes que já tiveram lesões profundasm betpix365 com brnervos muitas vezes não recuperam 100% dos movimentos ou da funçãom betpix365 com brpés, mãos e outras partes do corpo, infelizmente.
Como diminuir os casos
Daxbacher destaca que, nos últimos meses, o Ministério da Saúde atualizou a estratégia para lidar com a hanseníase.
"Uma novidade que já estám betpix365 com brcursom betpix365 com brvários Estados é a implantaçãom betpix365 com brum teste rápido que permitirá acompanhar os familiaresm betpix365 com brindivíduos que foram diagnosticados com a doença", resume.
"A ideia é seguir maism betpix365 com brperto essas pessoas ao longo dos anos para conferir se elas se infectaram. A partir daí, é possível fazer a detecção mais precoce e iniciar o tratamento", complementa.
A esperança é que esse rastreamentom betpix365 com brcontatos permita flagrar os casos nos estágios iniciais e impedir a criaçãom betpix365 com brnovas cadeiasm betpix365 com brtransmissão do Mycobacterium leprae na comunidade — para, futuramente, ter taxas cada vez menores dessa enfermidade no país.
Para Frade, a hanseníase deixarám betpix365 com brser um problemam betpix365 com brsaúde pública no Brasil quando médicos, enfermeiros e outros especialistas estiverem melhor treinados sobre o problema.
"É necessário formar e capacitar profissionaism betpix365 com brsaúde para que eles não tenham preconceitos e sejam capazesm betpix365 com brreconhecer os três sinais cardinais da hanseníase", conclui ele.
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