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O experimento libertário que terminougroupe zebetfracasso nos EUA:groupe zebet
O libertarianismo é uma corrente político-filosófica que coloca a “liberdade individual como o valor político supremo” e considera que cada pessoa tem o direitogroupe zebetviver agroupe zebetvida egroupe zebetfazer com o seu corpo e bens o que julgar apropriado, desde que não interfira nos direitosgroupe zebetoutros fazerem o mesmo, explica o cientista político venezuelano Luis Salamanca.
“Para o liberalismo clássico, o Estado deve ser mínimo. Isto é, aceita-se que o Estado exista, mas apenas como vigilante da atividade produtiva e regulador mínimo. Contudo, para os anarcocapitalistas, que são os libertários mais puros e radicais, isto é opressão. Para os anarcocapitalistas, o Estado é o inimigo e deve ser eliminado”, acrescenta Salamanca, ex-diretor do Institutogroupe zebetEstudos Políticos da Universidade Central da Venezuela (UCV).
O libertarianismo está profundamente enraizado nos Estados Unidos desde agroupe zebetfundação.
“O melhor governo é aquele que menos governa”, disse Thomas Jefferson, um dos signatários da Declaração da Independência e terceiro presidente dos EUA, lembrou o professorgroupe zebetTeoria Política e História Americana Eric-Clifford Graf.
Graf lembra que o Partido Republicano teve — e ainda tem — alas e pessoas que defendem estas ideias.
Mas por que Grafton?
“Os libertários pesquisaram dezenasgroupe zebetcidadesgroupe zebetNew Hampshire antesgroupe zebetse decidirem por Grafton, mas ela atraiu por vários motivos. Lá, vivia um libertário chamado John Babiarz, que estava concorrendo a governador. Também tinha uma população pequena,groupe zebetcercagroupe zebetmil pessoas, o que significava que um número relativamente pequenogroupe zebeteleitores libertários poderia exercer enorme influência na aprovaçãogroupe zebetdecretos e impostos municipais”, explica o jornalista.
“E, finalmente, Grafton tinha um profundo históricogroupe zebetrebelião contra autoridades. No final do século 18, a cidade votou pela separação dos recém-constituídos Estados Unidos por razões fiscais. Muitos dos seus habitantes exerceram desobediência fiscal [não pagaram impostos].”
Hongoltz-Hetling conta no livro que,groupe zebetquestãogroupe zebetmeses, cercagroupe zebet200 libertários — a maior parte dos quais se conheceram na internet — se mudaram para a cidade para iniciar a experiência.
Os novos moradores eram emgroupe zebetmaioria homens brancos, solteiros e defensores da possegroupe zebetarmas.
Porém, do pontogroupe zebetvista econômico, o perfil dos recém-chegados era mais variado. Alguns tinham bastante dinheiro, enquanto outros eram pobres e não tinham nada que os ligasse aos seus locaisgroupe zebetorigem.
Com isso, aumentou significativamente o númerogroupe zebetnovos habitantes vivendogroupe zebetcasas provisórias ou tendas nas florestas rodeando a cidade.
Uma invasão não tão silenciosa
Os novos “graftonianos” logo começaram a tergroupe zebetpresença sentida.
“Eles foram muito ativos e envolvidos no processo político local, o que lhes permitiu impor muitas das suas ideias à comunidade”, lembra Hongoltz-Hetling.
Embora eles tenham fracassado nas tentativasgroupe zebetretirar a cidade do Distrito Escolar, a autoridade responsável pela supervisão das escolas, ougroupe zebetdeclarar a cidade uma "zona livre das Nações Unidas", os libertários convenceram seus vizinhos a cortar 30% do já pequeno orçamento municipal.
Porém, a promessagroupe zebetque o corte resultariagroupe zebetmenos impostos e mais dinheiro no bolso dos moradores acabou não se cumprindo.
Por exemplo,groupe zebetCanaan, uma cidade vizinha, os residentes pagaram,groupe zebetmédia, apenas 70 centavos a maisgroupe zebetimpostos do que osgroupe zebetGrafton e tinham ruas e estradas pavimentadas e iluminadas.
Enquanto isso,groupe zebet2011, as estradasgroupe zebetGrafton estavam cheiasgroupe zebetburacos, a iluminação pública e a coletagroupe zebetlixo quase desapareceram, a biblioteca pública teve que reduzir o seu horário para apenas 3 horas por dia e a vigilância policial diminuiu, porque a polícia só tinha recursos para pagar uma agentegroupe zebettempo integral.
Alémgroupe zebetver um aumento na criminalidade, os habitantesgroupe zebetGrafton tiveramgroupe zebetlidar com um problema que não se via há um século: uma ondagroupe zebetataquesgroupe zebetursos-negros, a partirgroupe zebet2012.
Foram os ataques desses animais que fizeram com que Hongoltz-Hetling voltassegroupe zebetatenção à cidade, onde constatou que a mistura entre desregulamentação, reduçãogroupe zebetimpostos e ideias libertárias resultougroupe zebetuma combinação perigosa.
“Muitos dos libertários que viviam na floresta não seguiam as recomendações sobre a eliminaçãogroupe zebetresíduos, o que criou uma fonte fácilgroupe zebetalimento para os ursos. Em segundo lugar, alguns dos libertários começaram a alimentar ursos, da mesma forma que outros alimentam pássaros ou esquilos no seu quintal. Isso atraiu os animais para áreas residenciais", relata o jornalista.
“Em terceiro lugar, a cidade se recusou a chamar as autoridades regionais para tentar realocar ou até abater os animais que estavam causando problemas. Em vez disso, as pessoas tentavam afastá-los [os ursos]groupe zebetformas que não eram eficazes [usando fogosgroupe zebetartifício, por exemplo]. Com o tempo, os ursos se tornaram mais ousados e mais interessados nos seres humanos como fontegroupe zebetalimento e até pararamgroupe zebethibernar."
Em 2016, o fracasso da experiência se tornou mais evidente e muitos dos libertários partiram.
No entanto, pouco foi feito para reparar os danos causados, diz Hongoltz-Hetling.
“O orçamento da cidade não aumentou para compensar os anos perdidos e os serviços municipais continuam a ser deficientesgroupe zebetcomparação com cidades vizinhas. No entanto, o ambiente está mais calmo do que antes e não houve mais ataquesgroupe zebetursos, então talvez isso seja uma vitória."
Mas como um grupogroupe zebetrecém-chegados conseguiu controlar quase totalmente uma cidade e desmantelá-la sem que ninguém tomasse providências?
“Os libertários agiram dentro do Estadogroupe zebetDireito, portanto não havia razão para as autoridades estaduais ou federais intervirem”, respondeu o jornalista.
“O fiascogroupe zebetGrafton foigroupe zebetparte o resultadogroupe zebetum processo democrático justo, no qual outros residentes não se organizaramgroupe zebetforma tão eficaz como os libertários."
“Para mim, os libertários têm responsabilidade moral, mas não legal, pelo que aconteceu às pessoas que foram atacadas por ursos.”
Teoriagroupe zebetvoga
Na Argentina, o sucesso do economista Javier Milei nas eleições primárias,groupe zebet13groupe zebetagosto, colocou o libertarianismogroupe zebetprimeiro plano.
“Considero o Estado um inimigo”, declarou o polêmico candidato, que segundo pesquisas tem as maiores chancesgroupe zebetvencer as eleiçõesgroupe zebetoutubro.
Milei se declarou “libertário” e “anarcocapitalista”. Ele prometeu que, se vencer as eleições, “dinamitará” o Banco Central, reduzirá o númerogroupe zebetministérios e legalizará a possegroupe zebetarmasgroupe zebetfogo.
Para o cientista político Luis Salamanca, a experiênciagroupe zebetGrafton levanta dúvidas bastante razoáveis sobre a viabilidade do libertarianismo.
“A experiência permitiu-nos ver os benefícios, mas sobretudo os problemas que a dispensa do Estado gera”, aponta.
“O lixo é o exemplo mais patético e mostra que não se pode deixar tudo por conta do mercado. O mercado pode regular os preços, mas há outros aspectos da vida humana que ele não cobre. É aí que falha o modelo anarcocapitalista."
“Em Grafton, a liberdade foi privilegiadagroupe zebetdetrimento da ordem, mas a liberdade total leva à perda da ordem. E onde não há ordem, prevalece a força e a lei do mais forte”, diz o especialista.
O professor Clifford Graf reconhece que as ideias libertárias são inspiradoras e podem ser muito atraentes para eleitores desencantados com os políticos tradicionais.
Entretanto, o especialista considera que entregar o poder a defensores desta corrente política “é um riscogroupe zebetcaos e a anarquia, o que pode nos levargroupe zebetvolta à tirania”.
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