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Tomates marcianos? Brasileira usa técnica maia para criar plantaçõesgalera bet bônus $50 reaisMarte:galera bet bônus $50 reais
No entanto, alguns anos após obter o diploma e seguir carreira nas Ciências Biológicas, Gonçalves entrou numa crise existencial. "Comecei a pensar o que estava fazendo com a minha vida e se era aquilo que gostava mesmo."
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Foi nessa hora que ela teve uma ideia: por que não unir as duas paixões? Foi assim que ela decidiu perseguir o sonhogalera bet bônus $50 reaisvirar uma astrobióloga.
Para isso, Gonçalves encontrou um programagalera bet bônus $50 reaismestrado sobre esse tema no Centrogalera bet bônus $50 reaisAnálisegalera bet bônus $50 reaisSistemasgalera bet bônus $50 reaisColheita da Universidadegalera bet bônus $50 reaisWageningen, localizado nos Países Baixos.
"Decidi investigar como nós poderemos utilizar os recursos limitados, como água, nutrientes e energia, para cultivar alimentosgalera bet bônus $50 reaisMarte", resume a pesquisadora.
"Afinal, esse é um fator muito importante para a segurança das futuras colônias marcianas. Elas não poderão depender do enviogalera bet bônus $50 reaissuprimentos por foguetes vindos da Terra", complementa ela.
Para fazer esse trabalho, a brasileira contou com a orientação do ecologista e exobiólogo Wieger Wamelink, professor na universidade neerlandesa e um dos poucos cientistas do mundo a estudar a viabilidadegalera bet bônus $50 reaisestabelecer plantações fora do planeta Terra.
"Para ter ideiagalera bet bônus $50 reaiscomo a agricultura espacial é um campo novo, meu orientador é uma das primeiras pessoas no mundo a estudar o assunto e publicou uns seis artigos até o momento", conta ela.
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Mas como seria fazer uma plantação num lugar distante como Marte? Será possível que as espécies vegetais típicas do nosso planeta se desenvolvam num ambiente tão distinto?
Para responder a essas perguntas, a primeira fase do trabalhogalera bet bônus $50 reaisGonçalves consistiugalera bet bônus $50 reaisestudar diferentes técnicas agrícolas que poderiam garantir a sobrevivência das plantas — e eventualmente até aumentar a produtividade delas.
Foi nessa etapa que a cientista descobriu uma abordagem chamada policultura, socializaçãogalera bet bônus $50 reaisculturas ou consorciação. "Essa é uma prática milenar que foi inventada pelos maias", explica ela.
Vale lembrar que os maias formaram uma das mais importantes civilizações da Mesoamérica — região que engloba partes dos atuais México, Belize, Guatemala, Honduras e El Salvador.
Esse povo antigo é conhecido pelo sistemagalera bet bônus $50 reaisescrita bem avançado, alémgalera bet bônus $50 reaister conquistado avanços notáveisgalera bet bônus $50 reaisáreas como matemática, arquitetura, arte e até astronomia.
Na agricultura, os maias se destacaram por fazer a consorciação —galera bet bônus $50 reaisresumo, eles cultivavam abóbora, feijão e milho, entre outros, num mesmo local.
"A ideia é usar o mesmo espaçogalera bet bônus $50 reaisterra para plantar espécies que apresentam qualidades complementares, para que uma ajude no desenvolvimento da outra", resume Gonçalves.
A brasileira considerou que a consorciação poderia ser uma boa ideia para Marte e logo ganhou o apoio e a empolgaçãogalera bet bônus $50 reaisseu orientador.
"A ideia era bastante inovadora, ninguém havia testado algo parecido no campo da agricultura espacial", conta ela.
Começava, assim, uma nova fase da pesquisa: quais plantas incluir no estudo? "Passei quase três meses para selecionar as espécies ideais", confessa a pesquisadora.
No final, as escolhidas foram a cenoura, a ervilha e o tomate-cereja — cada um por uma razão específica.
"As ervilhas, ou as leguminosas no geral, têm uma espéciegalera bet bônus $50 reaissuperpoder, que é fazer uma parceria com uma bactéria que vive no solo."
"Juntas, elas transformam o nitrogêniogalera bet bônus $50 reaisamônia no solo. É como se essas plantas produzissem seus próprios fertilizantes", ensina Gonçalves.
Já o tomate-cereja cresce como um pequeno arbusto, que tem uma função dupla: servirgalera bet bônus $50 reaisapoio para os ramos das ervilhas crescerem egalera bet bônus $50 reaismeia-sombra para os pésgalera bet bônus $50 reaiscenoura se desenvolverem perto do solo.
Por fim, a cenoura foi selecionada por ter a capacidadegalera bet bônus $50 reaisarejar a terra com suas pequenas raízes.
A 'terra'galera bet bônus $50 reaisMarte
Mas um experimento desses só poderia ter alguma utilidade prática se usasse um solo parecido ao que os futuros exploradores encontrarão no planeta vermelho.
Para isso, Gonçalves contou com uma ajuda valiosa da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.
"Como já foram enviadas sondas e robôs para Marte, nós sabemos exatamente a composição física e química do solo deste planeta, que é chamadogalera bet bônus $50 reaisregolito", explica Gonçalves.
"Com essas informações, cientistas desenvolveram um regolito marciano a partirgalera bet bônus $50 reaisum material que tem uma consistência parecida e é retiradogalera bet bônus $50 reaisum vulcão no Havaí ou do desertogalera bet bônus $50 reaisMojave, ambos nos EUA."
Esse composto é manipuladogalera bet bônus $50 reaislaboratório para ficar 97% similar ao regolito marciano — ou seja, um solo que não possui nenhum nutriente ou matéria orgânica na composição.
Com a técnica, as espécies e os materiais definidos, Gonçalves estava pronta para botar a mão na massa e ver como as plantas se desenvolveriam.
"E nós ficamos muito felizes com os resultados que obtivemos", antecipa a astrobióloga. O trabalho, que também contou com a contribuição dos cientistas Peter van der Putten e Jochem B. Evers, foi publicado no iníciogalera bet bônus $50 reaismaio na publicação acadêmica Plos One.
"Conseguimos demonstrar que a técnica funciona muito bem para uma das três espécies analisadas", complementa ela.
Nas estufas da universidade, os tomateiros cultivados no regolito marciano com o sistemagalera bet bônus $50 reaisconsorciação produziram o dobrogalera bet bônus $50 reaisfrutosgalera bet bônus $50 reaiscomparação com as plantas da mesma espécie que cresceram sozinhas.
"Os tomateiros da consorciação ainda se desenvolveram mais, tinham um tronco mais grosso e amadureceram mais cedo", diz Gonçalves.
Para os pésgalera bet bônus $50 reaiservilha, o resultado da comparação terminou no empate: essas plantas se desenvolveramgalera bet bônus $50 reaisforma similar se foram plantadas juntasgalera bet bônus $50 reaisoutras espécies ou sozinhas.
Já as cenouras preferiram a monocultura (ou seja, o cultivo separado, num espaço reservado apenas para esse vegetal).
"O fatogalera bet bônus $50 reaisque a consorciação funcionou para uma das espécies representa uma base incrível para a gente construir pesquisas futuras", analisa a cientista.
"Agora a questão é fazer pequenos ajustes, como modificar os nutrientes ou escolher outras espécies para compor o sistema."
Benefícios para os dois planetas
Gonçalves reforça que, embora a pesquisa tenha como foco as futuras expedições humanas a Marte, ela pode gerar repercussões positivas no planeta que habitamos hoje.
"A Terra enfrenta um grande problema: cercagalera bet bônus $50 reais40% dos solos agrícolas foram degradados,galera bet bônus $50 reaisgrande parte por causa da monocultura", estima ela.
"Essa é uma questão que afeta 1,5 bilhãogalera bet bônus $50 reaispessoas ao redor do mundo e tem repercussões na segurança alimentar e financeiragalera bet bônus $50 reaismuitas famílias, especialmentegalera bet bônus $50 reaispequenos produtores."
A astrobióloga destaca que as técnicasgalera bet bônus $50 reaisconsorciação — como a que foi utilizada na pesquisa dela — são uma estratégia com eficácia comprovada para fazer a regeneração do solo.
"Esses sistemas só não são utilizadosgalera bet bônus $50 reaislarga escala porque ainda são um tanto caros e requerem mais manutenção quando comparados à monocultura", compara ela.
Já para as futuras colôniasgalera bet bônus $50 reaisseres humanos que vão para Marte, cultivar diversos alimentosgalera bet bônus $50 reaisconjunto traz uma sériegalera bet bônus $50 reaisvantagens, a começar pela otimizaçãogalera bet bônus $50 reaisrecursos — afinal, é possível usar uma porçãogalera bet bônus $50 reaiságua ou fertilizantes num espaço menor.
Além das barreiras logísticas que dificultam um enviogalera bet bônus $50 reaisremessasgalera bet bônus $50 reaiscomida a partir da Terra, há também uma questãogalera bet bônus $50 reaissaúde que justifica o desenvolvimentogalera bet bônus $50 reaisum "agro do espaço".
Até o momento, os astronautas sobrevivem com comidas desidratadas — por não carregarem água, elas são muito mais leves, compactas e fáceisgalera bet bônus $50 reaistransportar.
"Só que esse processogalera bet bônus $50 reaisdesidratação elimina todos os antioxidantes dos alimentos, como as vitaminas A e C, o betacaroteno e o licopeno, que são essenciais para a saúde humana", explica a astrobióloga.
"Isso significa que, se quisermos colonizar a Lua ou Marte, seremos obrigados a plantar alimentos frescos, pois há certos nutrientes que só existem nessas fontes", reforça ela.
Para a cientista, a primeira geraçãogalera bet bônus $50 reaiscultivares precisará contar com suprimentos externos, como nutrientes e fertilizantes vindos da Terra.
"Mas, a partir da segunda geração, conseguiremos fazer um sistema autossustentável,galera bet bônus $50 reaisque usamos as partes não comestíveis das plantas, alémgalera bet bônus $50 reaisfezes e urina humana, para fazer adubo", antevê ela.
Esse cenário futuro remete ao filme Perdidogalera bet bônus $50 reaisMarte, lançadogalera bet bônus $50 reais2015. Na trama, o astronauta Mark Watney (Matt Damon) se vê sozinho no planeta vermelho e precisa encontrar meiosgalera bet bônus $50 reaissobreviver.
Numa das cenas, Watney cria uma plantaçãogalera bet bônus $50 reaisbatatas — e usa as próprias fezes para adubar o tubérculo no solo marciano.
"É totalmente possível pensar numa possibilidade dessas, como mostrado no cinema. Aliás, esse filme teve um consultor científico que trabalhou na Nasa, então boa parte do roteiro está alinhado com as evidências", explica Gonçalves.
O Sistema Solar é logo ali
A cientista aponta que a exploração espacial vive uma nova eragalera bet bônus $50 reaisouro.
O Programa Artemis, capitaneado pela Nasa, pretende "estabelecer as fundações para a exploração científicagalera bet bônus $50 reaislongo prazo da Lua", com missões programadas para 2025, 2026 e 2028.
Em dois anos, a agência espacial pretende levar os primeiros astronautas ao Polo Sulgalera bet bônus $50 reaisnosso satélite natural. Já para 2028, está programado o início da construção das basesgalera bet bônus $50 reaisuma futura estação espacial lunar.
"E, na próxima década, é muito provável que os primeiros seres humanos sejam enviados a Marte também", acredita Gonçalves.
Diante desse futuro nem tão distante assim, a astrobióloga destaca a necessidadegalera bet bônus $50 reaisavançar nas pesquisas sobre a agricultura no espaço.
Ela lembra que o Brasil é um dos signatários dos Acordos Artemis, uma sériegalera bet bônus $50 reaistratados pela exploração pacífica da Lua,galera bet bônus $50 reaisMarte egalera bet bônus $50 reaisoutros objetos astronômicos.
"Nesses acordos, o Brasil se comprometeu como nação a fazer os estudos relacionados à agricultura, já que é referência mundial nessa área", informa a pesquisadora.
A Empresa Brasileiragalera bet bônus $50 reaisPesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Agência Espacial Brasileira, inclusive, criaram uma parceria para desenvolver pesquisas que garantam a segurança alimentar das futuras colônias lunares e marcianas.
Enquanto traça os próximos passos da carreira e já se desfezgalera bet bônus $50 reaisimpressões antigas — como pensar que só astronautas poderiam trabalhar nesse universo —, a astrobióloga ressalta as oportunidades no setor espacial.
"Não importa se você é designer, engenheiro, biólogo, químico, relações públicas, jornalista, diplomata... Sempre haverá oportunidades numa área tão ampla como essa", diz ela.
"E é importante lembrar que o setor espacial tem impactos diretos no nosso mundo: diversas tecnologias essenciais hoje surgiram a partirgalera bet bônus $50 reaispesquisas nessa área, como é o caso do GPS, do wi-fi, do telefone celular, das próteses e das roupas dos bombeiros", conclui ela.
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