As razões por que cachorros amam rolar no cocô:apostas 18

Gadbois estuda o comportamentoapostas 18lobos, raposas e coiotes no Canadá e treinou Zyla para ajudá-lo a encontrar os animais. Mas, por alguma razão, a cadela demonstrava adorar se esfregarapostas 18excrementosapostas 18castor nessas viagens.

"Sempre me indaguei por que ela fazia isso", conta Gadbois.

"Eraapostas 18se imaginar que isso interferiria na capacidade delaapostas 18cheirar e rastrear outros animais mas, claramente, não afetou seu desempenho nem um pouco."

É uma situação que pode soar familiar para outros tutoresapostas 18cães — seu amado animalapostas 18estimação volta pulando emapostas 18direção, cheirando mal depoisapostas 18rolarapostas 18algo nojento.

Gadbois passou grande parteapostas 18sua carreira tentando entender como cães e outros membros da família dos canídeos experimentam o mundo atravésapostas 18seus narizes, mas até o cientista fica às vezes perplexo com o comportamento deles.

Os humanos começaram a domesticar lobos há 23 mil anos e vivemos próximos dos canídeos desde então.

No entanto, apesar dessa longa história juntos, há surpreendentemente pouca pesquisa sobre exatamente por que os cães e seus parentes parecem ter tanta alegriaapostas 18rolar nas fezesapostas 18outros animais.

Uma das principais hipóteses é que o hábitoapostas 18espalhar cocôapostas 18seus pelos é um resquício evolutivoapostas 18seus dias como predadores selvagens.

Se for esse o caso, embora possamos tê-los ensinado a sentar, parar e deitar, aparentemente não conseguimos suprimir esse instinto básico fedorento.

"Isso pode ter tido uma função muito importanteapostas 18algum momento, há muito tempo", explica Gadbois. "Com o tempo, essa função desapareceu, mas eles permanecem com o hábito."

Camuflagem olfativa

É sabido que os lobos rolam nas fezesapostas 18outras espécies, e até mesmo nas carcaçasapostas 18animais mortos.

Uma razão popular frequentemente apresentada para esse comportamento é que isso poderia oferecer uma camuflagem olfativa para os predadores terem mais facilidadeapostas 18chegar às presas.

Mas um estudoapostas 181986, onde biólogos observaram esse hábitoapostas 18dois gruposapostas 18lobos cativos no Canadá, põeapostas 18dúvida essa explicação.

Os pesquisadores deram aos lobos materiais com vários odores diferentes.

Surpreendentemente, os lobos não se mostraram interessados ​​em se esfregar nas fezesapostas 18herbívoros como ovelhas ou cavalos. A comida tampouco pareceu atrair.

Em vez disso, os animais mostraram predileção por cheiros artificiais como perfume ou óleoapostas 18motor.

Para um animal que pretende disfarçar seu cheiro para caçar melhor, escolher cheirar como algo tão estranho ao seu ambiente natural é surpreendente, para dizer o mínimo.

No entanto, os pesquisadores também descobriram que o segundo cheiro favorito dos lobos eram as fezesapostas 18outros carnívoros, como pumas e ursos negros.

Pat Goodmann, zoóloga no Wolf Parkapostas 18Indiana, nos Estados Unidos, passou muitos anos estudando o cheiroapostas 18lobos e notou um comportamento semelhante entre os animaisapostas 18que cuida.

"Aqui no Wolf Park, os lobos gostamapostas 18rolar no cheiroapostas 18canídeos e gatos domésticos", relata.

"Isso levanta uma forte possibilidadeapostas 18que lobos selvagens também possam rolar no cheiroapostas 18predadores."

Embora os lobos possam ocasionalmente caçar com emboscada, eles mais comumente perseguem suas presas, o que não requer tanta discrição, ela acrescenta.

Então, rolarapostas 18cheiros fortes pode ter outro propósitoapostas 18camuflagem? Em vezapostas 18escondê-los da presa, poderia ajudar a evitar outros predadores.

A hipótese é endossada por uma pesquisa publicadaapostas 182016 por Max Allen, um ecologista que na época estava na Universidadeapostas 18Wisconsinapostas 18Madison, e agora está na Universidadeapostas 18Illinois Urbana-Champaign.

Com câmeras remotas, ele capturou um comportamento incomumapostas 18raposas-cinzentas na áreaapostas 18Santa Cruz, na Califórnia.

Normalmente reclusas, as raposas-cinzentas visitavam com frequência locais que onças-pardas machos usavam para marcaçãoapostas 18cheiro.

As filmagens mostravam as raposas esfregando as bochechas no chão, que havia sido recentemente marcado com urinaapostas 18cheiro forte pelas onças.

Allen acredita que as raposas usavam esse odor para se camuflarapostas 18grandes predadores como coiotes.

"Os coiotes são muito maiores do que as raposas-cinzentas, mas parecem querer eliminá-las, pois há competição por recursos entre esses animais", explica Allen.

"As raposas não conseguem revidar, então elas exploram o cheiro da onça para obter alguma formaapostas 18proteção. Cheirar como uma onça-parda macho pode dar a elas tempo para escapar."

No entanto, isso não explica por que canídeos maiores, como lobos, também se esfregam no cheiro deixado por outros predadores.

E é possível que raposas machos estivessem se esfregando na natureza para deixar seu próprio cheiro ali, o que é apoiado pelo fatoapostas 18que elas tendem a ter glândulas circum-orais pertoapostas 18suas bocas que secretam uma substância semelhante à gordura.

Quando se trata do seu cãoapostas 18estimação, pode haver um aspecto mais social no comportamento: eles podem simplesmente estar tentando compartilhar um cheiro interessante com você.

Para animais que parecem experimentar muitoapostas 18seu mundo através do nariz, essa pode ser uma maneira útilapostas 18compartilhar informações com o restoapostas 18sua matilha.

Hienas-malhadas, por exemplo, rolam nas carcaçasapostas 18animais mortos.

Um estudo com hienasapostas 18cativeiro descobriu que quando os animais tinham cheiroapostas 18carniçaapostas 18suas peles, tendiam a receber mais cuidados, cheiradas e outras formasapostas 18atençãoapostas 18membrosapostas 18seu grupo.

Se o odor era substituído pelo cheiroapostas 18cânfora, essas interações sociais eram reduzidas.

Similarmente, um estudo com lobos etíopes mostrou que eles tendiam a rolar após uma refeição, embora também fossem vistos rolandoapostas 18excrementos humanos e no chão onde humanos tinham estado recentemente.

Goodmann diz que seu falecido colega e fundador do Wolf Park, Erich Klinghammer, propôs que o rolamento pode ser uma formaapostas 18comportamento não-consciente,apostas 18que os animais não necessariamente sabem que estão carregando odoresapostas 18seu pelo.

Mas Goodmann também notou que o atoapostas 18rolar tem uma associação com comida.

"Eu vi nossos lobos comerem pequenos pedaçosapostas 18alce. Quando eles recebiam um grande pedaçoapostas 18alce, eles comiam e rolavam no cheiro", relata a zoóloga.

"Eu especulei que o cheiroapostas 18comida no pelo indicava que havia mais sobras para vasculhar, para lobos que quisessem voltar à fonte do odor."

É provável, no entanto, que haja algumas questões sobre esse comportamento que ainda precisamos entender.

Um estudo com lobosapostas 18um zoológico na Croácia, por exemplo, parece indicar que rolarapostas 18odores pode ser parteapostas 18uma forma mais complexaapostas 18comunicação sobre o mundo ao redor.

Quando apresentados a diferentes conjuntosapostas 18cheiros ao longoapostas 18um períodoapostas 18dois anos, os lobos pareciam ser bastante seletivos sobre quais cheiros eles iriam rolar.

Enquanto eles passavam muito tempo cheirando estercoapostas 18herbívoros como veados e porquinhos-da-índia, eram os odores incomuns que eles não conheciam que desencadeavam mais o comportamentoapostas 18rolar, como aromasapostas 18curry, alecrim e lãapostas 18ovelha.

Os pesquisadores por trás do estudo sugerem que esse comportamento pode ser desencadeado ao se encontrar cheiros desconhecidos e seria uma formaapostas 18se comunicar com o resto da matilha.

'Odorapostas 18grupo'

Gadbois acredita, no entanto, que pode haver uma explicação mais simples.

Nas matilhasapostas 18lobos que ele estudou no Canadá, o animal líder tendia a ser o primeiro a rolarapostas 18um cheiro forte, seguido pelos outros.

"Pode ser que isso seja sobre estabelecer um odorapostas 18grupo", ele aponta.

"Entre os lobos que estudei, se um começasse a se esfregarapostas 18algo como uma carcaçaapostas 18veado, toda a matilha seguiria e faria o mesmo. Eu vi issoapostas 18coiotes e raposas na natureza também. Parece se tornar o odor que você compartilha com todos os outros no grupo."

Essa ideiaapostas 18compartilhar um odor para aumentar a sensaçãoapostas 18"união" também foi vistaapostas 18cães selvagens africanos: as fêmeas rolam na urina dos machosapostas 18um grupo ao qual estão procurando se juntar.

Da mesma forma, os cães selvagens africanosapostas 18uma matilha esfregam regularmente as glândulas odoríferas uns nos outros para captar o cheiro.

Isso apoia a ideiaapostas 18que animaisapostas 18matilha, como lobos e cães, podem usar o cheiro como uma formaapostas 18um animal se inserirapostas 18um grupo.

Também pode ser uma forma desses animais melhoraremapostas 18posição social: ao rolar no cheiroapostas 18um animal mais velho, o status mais alto pode literalmente passar para eles.

Um estudo recente liderado por Roberto Cazzolla Gatti, biólogo da Universidadeapostas 18Bolonha, sugeriu algumas explicações mais complexas.

O trabalho que ele e seus colegas fizeram sugere que os lobos são capazesapostas 18se reconhecer pelos cheiros.

Os lobos cativos queapostas 18equipe estudou nunca rolaramapostas 18seu próprio cheiro, mas rolaramapostas 18odoresapostas 18outrosapostas 18seu grupo — e tambémapostas 18óleoapostas 18anis.

Isso parece indicar que os animais estão cientes "dos odores do 'outro' que querem coletar", diz Cazzolla Gatti.

"O comportamentoapostas 18rolar pode ter múltiplas funções: mimetismo, sociabilidade e identidade", acrescenta.

Claro, pode ser que os animais simplesmente gostemapostas 18rolarapostas 18cheiros fortes.

Uma ideia apresentada pelo especialistaapostas 18comportamento animal Michael Foxapostas 18seu livro Dog Body, Dog Mind, de 2007, é que os cães podem estar simplesmente coletando aromas por prazer, da mesma forma que os humanos borrifam perfume.

O psicólogo canino Stanley Coren também concorda que os cães podem se divertir com os estímulos olfativosapostas 18odores que cheiram mal aos nossos narizes.

Ele compara isso a um "senso estético questionável" semelhante a humanos vestindo roupas chamativas e extravagantes.

Qualquer um que tenha observado a reação alegreapostas 18seu cão depoisapostas 18se esfregarapostas 18algo nojento entenderá.

Certamente, partes do cérebro associadas a recompensas se animamapostas 18cães domésticos quando eles se deparam com um cheiro que reconhecem, como um humano familiar,apostas 18comparação a uma pessoa desconhecida.

Isso pode, é claro, ser uma resposta condicionada provocada pelas retribuições com guloseimas.

Os membros da família dos cães também não são os únicos animais a esfregarapostas 18objetos com cheiro: sabe-se que os gatos também exibem esse comportamento.

Mais recentemente, descobriu-se que porcos domésticos — outra espécie com um olfato altamente desenvolvido — preferem esfregar-seapostas 18óleos vegetaisapostas 18vezapostas 18perfumes sintéticos.

Masapostas 18motivação por trás disso também permanece um mistério.

*Este artigo é uma adaptaçãoapostas 18uma história publicada originalmente pela BBC Earthapostas 182017. O texto foi atualizado com pesquisas mais recentes

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.