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O planominabetincendiar Wimbledonminabetprotesto pelo voto feminino:minabet
O anominabetquestão é 1913. E há mais um objeto na bolsa da mulher: um pedaçominabetpapel. Nele, está escrito: “não haverá paz até que as mulheres consigam votar”.
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Fim do Matérias recomendadas
Das passeatas para as bombas
“As suffragettes [defensoras do direitominabetvoto às mulheres] são a maior organização terrorista que já operouminabetsolo britânico, elas não têm paralelo”, afirma a historiadora Fern Riddell.
“Elas estavamminabetoutra escalaminabetrelação a qualquer outra coisa”, prossegue ela. “Houve centenas e centenasminabetataques, com centenasminabetpessoas presas, e ninguém comenta este fato.”
Uma toneladaminabetcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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Na verdade, a causa das suffragettes é mais recordada do que os métodos utilizados para defendê-la.
No início dos anos 1800, a ideiaminabetque as mulheres tivessem direito a voto no Reino Unido era absolutamente estranha para muitas pessoas. Em 1831, apenas uma minúscula parte da sociedade britânica — cercaminabet2% da população — podia participar das eleições parlamentares.
No ano seguinte, a Lei da Reforma ampliou o direito ao voto entre os homens, mas excluiu explicitamente as mulheres da cabineminabetvotação.
No início do século 20, depoisminabet60 anosminabetprotestos pacíficos, distribuiçãominabetpanfletos e apresentaçãominabeteducados pedidos ao governo para dar às mulheres o direito ao voto, o cansaço e a frustração entre muitas participantes dos movimentos pelo sufrágio feminino eram cada vez maiores.
“Havia muitas pessoas que não apoiavam o voto das mulheres — é uma ideia muito complicada para muitas pessoas, por mais bizarro que possa parecer hojeminabetdia”, afirma Riddell, autora do livro Death in Ten Minutes (“A morteminabet10 minutos”,minabettradução livre), uma biografia da suffragette Kitty Marion (1871-1944).
“A ideiaminabetque as mulheres tivessem direito a voto não tinha grande apoio”, diz.
As suffragettes então decidiram que precisavam aumentar suas apostas.
Quando as pessoas pensam nas suffragettes, provavelmente vêm à mente imagensminabetpasseatas e protestos com bandeiras, grandes reuniões com líderes do movimento discursando para multidões inflamadas ou mulheres amarradas aos trilhos, recusando-se a sair dali.
E, até cercaminabet1909, era o que as suffragettes faziam no Reino Unido. Até que o movimento mudouminabetformaminabetação.
Em 1903, foi formada a União Social e Política das Mulheres (WSPU, na siglaminabetinglês), liderada por Emmeline Pankhurst (1858-1928). Seu lema era “ações, não palavras”. A organização percebeu rapidamente, depoisminabetesgotar outras formasminabetmanifestação, que a violência era mais convincente.
Entre 1912 e 1914, elas eram a maior ameaça à paz doméstica do Reino Unido, com células espalhadas por todo o país. Elas realizaram centenasminabetataques, com o propósitominabetcausar o máximominabetdestruição e prejuízo possível à vida diária.
Pankhurst afirmava que o objetivo da WSPU era “tornar a Inglaterra e todos os setores da vida inglesa inseguros e desprotegidos”, criando um “reino do terror”.
No fimminabet1912, 240 pessoas haviam sido presas por atividades militantes das suffragettes.
As ações diretas incluíam lançar bombas sobre as casasminabetparlamentares, colocar explosivosminabetcaixasminabetcorreio e realizar ataques incendiáriosminabetlocais públicos, como trens e igrejas.
Os alvos eram cuidadosamente selecionados, com base naminabetimportância para a vida britânica. Por isso, não é coincidência que alguns dos objetivos preferidos delas fossem também os espaços esportivos.
“O esporte é uma parte muito importante da vida cultural inglesa”, explica Riddell. “Se você quiser dirigir as coisas para levarminabetcausa para as pessoas comuns, é claro que você irá atingir o esporte.”
Camposminabetgolfe e hipódromos foram os mais atingidos pelos ataques, porque ficavam frequentemente vazios, eramminabetgrande parte desprotegidos e, como outras instalações esportivas, eram espaços dominados pelos homens.
Os membros dos clubesminabetgolfe apareciam frequentemente para jogar pela manhã e descobriam que intrusos haviam passado a noite arrancando a grama, lançando ácido sobre a área verde e escavando no chão as letras VW (siglaminabetVotes for Women, ou “Votos para as Mulheres”,minabetinglês).
Um incêndio no hipódromominabetAyr, na Escócia, causou prejuízos estimados, na época,minabetduas mil libras (cercaminabet190 mil libras, ou R$ 1,2 milhão,minabetvalores atuais). Já o hipódromominabetHurst Park, pertominabetLondres, foi incendiado por Kitty Marion, influente integrante do segmento da WSPU que ficaria conhecido como “jovens sangues quentes”, por praticar ações violentas e diretas.
As bancadas eram um alvo popularminabetataques incendiários nos espaços esportivos. Elas eram grandes e o espetáculo das chamas era certezaminabetpublicidade.
Um planominabetincendiar a tribuna do estádio Crystal Palace,minabetLondres, na véspera da final da Copa da Inglaterra foi frustradominabet1913.
Mas a tribuna do estádio Manor GroundminabetPlumstead, tambémminabetLondres, foi atacada, causando danos no valorminabet1 mil libras (cercaminabet95 mil libras, ou R$ 600 mil,minabetvalores atuais). O estádio era a casa do Woolwich Arsenal — como se chamava, na época, o Arsenal F.C.
A tragédia no hipódromo
Muitos dos incidentes foram esquecidos ou perdidos nos anais da história, mas um deles permaneceu como marco histórico, com final trágico.
Em junhominabet1913, durante o DerbyminabetEpsom, na Inglaterra, Emily Davison (1872-1913) ficouminabetpé,minabetfrente ao cavalo do rei George 5º. Acredita-se queminabetintenção fosse adornar o animal com uma bandeira das suffragettes como formaminabetmanifestação — e, com isso, naturalmente chegar à primeira página dos jornais do dia seguinte.
Mas Davison foi ferida pelo cavalo e morreuminabetseguida.
A rainha Mary estava sentada com o rei na tribunaminabetEpsom. Naquela noite, ela descreveu Davison como uma “mulher horrível” no seu diário.
Mas o ato trágico da suffragette estabeleceu o caminho do progresso.
Davison esteveminabetWimbledon um dia antes daminabetvisita fatal ao DerbyminabetEpsom.
Acredita-se que ela tenha visitadominabetvelha amiga e colega suffragette Rose Lamartine Yates (1875-1954) — a dinâmica líder da filial da WSPUminabetWimbledon — para pegar bandeiras com os dizeres “Votos para as Mulheres” que seriam distribuídas no hipódromo.
Wimbledon — o subúrbio no sudoesteminabetLondres, não o famoso torneiominabettênis — havia se tornado um centrominabetatividade das suffragettes, muito antes do ataque à sede do torneiominabettênis, o All England Club.
Yates desafiou as tentativas das autoridadesminabetproibir suas aparições públicas. Ela discursava todos os domingos no Wimbledon Common, um espaço ao ar livre, atraindo multidões que chegavam a 20 mil pessoas.
Em marçominabet1913, um desses eventos terminouminabettumulto, depois que 300 policiais tentaram evitar que as mulheres se reunissem. Na semana seguinte, um protesto contrário às suffragettes usou uma sirene e gás tóxico sulfetominabethidrogênio para tentar dispersar as manifestantes.
“Muitosminabetvocês parecem pensar que estas reuniões são proibidas”, disse Yates a seus detratoresminabetabril daquele ano. “Mas, até que tenhamos conhecimento desse fato, não privaremos vocês do prazerminabetnos ouvir.”
Yates precisou do apoio da cavalaria eminabetum cordão policial para voltar para casa, rodeada por uma multidãominabetmanifestantes contra as suffragettes.
Uma organização local chamada “Liga da Retaliação” prometeu que “todo atominabetviolência perpetrado por aquelas mulheres será respondido por ataques às casas ou propriedades particularesminabetmilitantes suffragettes”. Já a revista feminina semanal The Gentlewoman rotulou as manifestantes como “um grupominabetmulheres extremamente irresponsáveis”.
Winston Churchill (1874-1965), secretáriominabetAssuntos Internos entre 1910 e 1911, foi citado descrevendo as suffragettes como “um bandominabetmulheres tolas, neuróticas e histéricas”.
A polícia tratava a campanha do grupo como uma empreitada terrorista, mas tinha dificuldade para mantê-las sob qualquer tipominabetcontrole.
Eles tentavam desesperadamente identificar e deter membros importantes do grupo sob suspeitaminabetlançar bombas e realizar ataques incendiários. Algumas das mulheres presas entravamminabetgreveminabetfome para dar continuidade aos seus protestos e eram alimentadas à força.
A própria Yates passou um mês no presídio femininominabetHolloway,minabetLondres, por obstrução das vias públicas durante uma passeata das suffragettesminabetWestminster. Ela promoveu eventos comemorando a libertaçãominabetoutras prisioneiras pela causa.
Embora a WSPUminabetWimbledon ainda promovesse festivaisminabetverão, com a vendaminabetroupasminabetcrianças feitas à mão para levantar dinheiro, as ações mais diretas da campanha afastaram parte do público.
“Quando você ataca e prejudica a vida das pessoas comuns, você perde o apoio”, explica Riddell.
Segundo ela, “quando as suffragettes começaram a bombardear vagõesminabettrem, espaços esportivos e locais públicos aonde as pessoas vão, esperando passar um tempo agradável com a família, o apoio do público enfraquece”.
Mas a mensagem do grupo ainda era clara: “não haverá paz até que as mulheres consigam votar”.
'Silenciosa'
Mas voltemos àquela noiteminabetfevereirominabet1913 no All England Club e à mulher que se preparava para incendiar uma das bancadas da quadra centralminabetWimbledon. Será que ela teve sucesso?
Resumindo a história, não.
O jardineiro responsável pela grama, Joseph Parsons, encontrou a mulher. Ela tentou fugir correndo, mas caiu. Ele a pegou e denunciou à polícia antes que qualquer dano acontecesse. O ataque foi frustrado.
A suffragette desconhecida falou apenas uma vez, durante a acusação na delegacia. Ela disse: “protesto contra a acusação. Protesto por ser detida aqui.”
Ela compareceu ao tribunal, sem dar detalhesminabetsi própria — nem nome, nem idade, nem localminabetnascimento. Sua identidade é desconhecida até hoje.
Os jornais da época calcularam que a mulher tivesse cercaminabet35 anos. Ela foi condenada a dois mesesminabetprisão. A declaração condenatóriaminabetJoseph Parsons foi suficiente para selarminabetsentença.
Seu silêncio no tribunal levou alguns jornais a apelidá-laminabet“a suffragette silenciosa”.
Mas certamente alguém sabia quem ela era. Alguém como Rose Yates.
“Se Rose não estava conduzindo esses atos ela própria, ela certamente saberia quem era a pessoa sendo enviada pela liderança da WSPU até o seu território, para conduzir esses ataques”, afirma Riddell. “Ou teria sido alguém que ela conhecia pessoalmente.”
A identidade da mulher misteriosa provavelmente nunca será descoberta. Mas seu planominabetincendiar Wimbledon foi um dos incidentesminabetuma vasta operação que durou muitos anos e dominou os debates.
A guerra e o sufrágio feminino
Com a Primeira Guerra Mundial, o lançamentominabetbombas por manifestantes foi colocadominabetlado, para tristezaminabetalgumas participantes da WSPU, incluindo Yates.
Mas as mulheres queriam mostrar que podiam ser úteis e razoáveis, colaborando com o esforçominabetguerra, como parte da evolução daminabetestratégia na luta contra as desigualdades.
Mulheres com maisminabet30 anos receberam o direito ao voto após a guerra,minabet1918. Mas as mulheres britânicas somente conquistaram o direito ao voto nas mesmas condições que os homens — com pelo menos 21 anosminabetidade —minabet1928.
“O motivo por que as mulheres votam hojeminabetdia,minabetparte, é devido às bombas”, afirma Fern Riddell.
“Com o término da Primeira Guerra Mundial, havia um risco muito clarominabetque as suffragettes começassem novamenteminabetcampanha com bombas”, explica ela. “O governo e a Polícia Metropolitana, que não haviam conseguido impedir as bombas, não conseguia entender quem estava fazendo os explosivos, nemminabetonde eles vinham.”
“Eles eram incapazesminabetlidar com aquilo, estavam apavorados e o usominabetbombas iria começarminabetnovo,minabetuma sociedade completamente traumatizada pela guerra. Não acho que teríamos conseguido o voto sem as bombas, sem o início da guerra e sem a ameaça do retorno das bombas.”
Pouco depois da guerra, o All England Club também pôsminabetprática algumas mudanças. Ele se mudou daminabetsede na Worple Road para o local que ocupa até hoje, na Church Road,minabetWimbledon.
A razão da mudança foi o aumento do público. E uma das principais atrações do torneio, na época, era justamente a tenista francesa Suzanne Lenglen (1899-1938), a primeira mulher número um do mundo, seis vezes campeãminabetWimbledon e, talvez, a primeira mulher superestrela do esporte.
A “suffragette silenciosa” pode não ter tido sucesso naquela noiteminabetfevereirominabet1913, mas trouxe progressos fora das quadras. Ela podia estar no lado contrário da lei, mas certamente estava no lado certo da história.
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