A surpreendente origem do letreirobet355Hollywood que completa 100 anos (e não tem a ver com cinema):bet355
Erguido a poucos passos da área onde, cinco anos antes, foi apresentada, ao ar livre, a ambiciosa produção teatral Júlio César – com 500 dançarinos, 5 mil figurantes, elefantes e camelos –, também nada teve a ver com a indústria do entretenimento.
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Era um outdoor simples – embora enorme – com uma vocação muito mais terrena: abet355vender casas.
Marketing
A ideia era que o letreiro fosse grande, muito grande. Tanto que qualquer pessoa que se aproximasse pelo Wilshire Boulevard, que levabet355linha reta ao mar, mesmo que estivesse a quilômetrosbet355distância, poderia lê-lo claramente.
Foi isso que os incorporadores imobiliários Tracy Shoults e Sydney Woodruff encomendaram ao proprietário da empresabet355sinalização Crescent, Thomas Fisk Goff.
Eles tinham um novo projeto imobiliário para promover: um eclético empreendimento semiluxuoso nas colinas do bairro conhecido como Hollywood, financiado por alguns dos empresários mais poderosos da época – os magnatas das ferrovias Eli Clark e Moses Sherman e o proprietário do poderoso jornal Los Angeles Times, Harry Chandler.
Hollywoodland foi o nome dado a esse grupobet355casasbet355quatro estilos específicos – tudor ou inglês medieval, francês-normando, mediterrâneo e colonial-espanhol –, dignobet355uma história ambientada no chamado "velho mundo", apresentado como "o reino da alegria e saúde".
Foi idealizado como um local "longe do turbilhão da existência humana", "a conquista suprema na construção comunitária", o ambiente ideal para "proteger abet355família e garantir abet355felicidade" com uma casa construída "acima do fumo, do nevoeiro e das condições atmosféricas impuras".
Esses foram os termos destacadas semana após semana por anúncios publicados no LA Times, como afirmabet355seu livro The Hollywood Sign: Fantasy and Reality of an American Icon (O letreirobet355Hollywood: fantasia e realidadebet355um ícone americano,bet355tradução livre) o professor universitário e historiador cultural Leo Braudy.
E, à aquela altura, Los Angeles era uma metrópole com maisbet355meio milhãobet355habitantes e 106 mil veículos registrados, um número que, segundo a Administração Rodoviária Federal (FHWA), ultrapassaria os 800 mil até ao final da década.
A indústria cinematográfica, com um sistemabet355grandes estúdios que se espalhavam pela cidade e geravam (juntamente com os estúdios localizadosbet355outras partes do país) 80% da produção cinematográfica mundial, teria seu epicentrobet355Hollywood.
Quem quisesse fugirbet355tudo isso encontraria um oásisbet355Hollywoodland. "Esse foi o eixo da estratégia para promover a urbanização, e o letreiro luminoso no topo do cânion Beachwood foi a últimabet355suas peças", disse o professor Braudy à BBC Mundo (serviçobet355espanhol da BBC).
Com trator e mulas
Uma toneladabet355cocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
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O desenho original do letreiro foi obra do jovem publicitário John D. Roche. Ou surgiu, melhor dizendo,bet355uma "interpretação errada"bet355um esboço seu incluído num dos primeiros folhetos promocionais.
Ele próprio contou isso no seu 80º aniversário, 54 anos depois. E o obituário que o The New York Times lhe dedicoubet35522bet355novembrobet3551978 descreve-o como o "criador do monumento", embora haja quem duvide dessa versão.
Seja como for, optou-se por modernizá-lo com uma tipografia sem serifa, muito distante das formas sinuosas do estilo art nouveau.
E embora não haja notícias na imprensa que contem como aquelas 13 letras medindo 15 metrosbet355altura por 9 metrosbet355largura foram colocadas na encosta do Beachwood Canyon, pelas fotos você pode imaginar que foi uma façanha e tanto.
Primeiro tiveram que tirar a vegetação e abrir um caminhobet355terra por onde um trator pudesse transportar o material, inclusive os postesbet35518 metros que serviriambet355apoio.
Como o último trecho,bet355cercabet35570 metros, era muito íngreme, o transporte teve que ser feito com animaisbet355carga.
"Trabalhadores mexicanos fixaram cada letrabet355postes telefônicos levados ao local por mulas, completandobet35560 dias tarefas que custaram US$ 21 mil (o equivalente a US$ 250 mil hoje, ou R$ 1,2 milhão)", escreve Braudy, professor da Universidade do Sul da Califórnia,bet355seu livro.
Embora tenha sido inauguradobet355dezembro, o letreiro contemplava a cidadebet355cima havia meses e, talvezbet355parte graças a isso, até setembro já haviam sido vendidas casasbet355Hollywoodland por um valor totalbet355US$ 1,5 milhão (o equivalente a US$ 16 milhões hoje, ou R$ 78 milhões).
As vendas continuariam a aumentar.
De propaganda a emblema
Embora o letreirobet355Hollywood inicialmente não passassebet355um enorme anúnciobet355propaganda, logo começou a permear o imaginário popular.
Episódios trágicos ajudaram nisso, como o suicídiobet3551932 da jovem Peg Entwistle, que a mídia noticiou como obet355uma atriz atormentada porbet355carreira.
Ela tirou a vida pulando do letreiro. Tinha apenas 24 anos.
"Não importa quais foram as suas motivações, ela pode ter sido a primeira a compreender o letreiro como um símbolo e a torná-lo uma parte dramaticamente explícita dabet355biografia", diz Braudy no seu livro.
O que mais contribuiu para tornar o letreiro um emblema foibet355apariçãobet355filmes como Terremoto (1974), O Dia dos Gafanhotos (1975) e Superman: O Filme (1978). E não podemos esquecer como a pop art ajudou a refrescar abet355imagem;bet355particular o artista Ed Ruscha, que desde 1967 incluiu o letreirobet355suas pinturas, desenhos e gravuras.
E a essa altura, o letreiro, depoisbet355anosbet355pouca ou quase nenhuma manutenção, estava desmoronando.
Declínio e ressurgimento
Na décadabet3551940, a placa passou para as mãos da prefeitura, que se encarregoubet355consertar o maltratado H e retirar as últimas quatro letras, LAND.
Mas quando o Conselho do Patrimônio Culturalbet355Los Angeles declarou o monumento oficial nº 111,bet3551973, a letra O tinha rolado colina abaixo, faltava parte do D e alguém ateara fogo na base do segundo L.
No final daquela década, a Câmarabet355Comérciobet355Hollywood entendeu que a placa exigia uma reconstrução completa, estimadabet355um quartobet355milhãobet355dólares.
Alguns dos maiores nomes da cidade ajudaram.
Em 1978, Hugh Hefner, fundador da revista Playboy, organizou uma festabet355gala embet355mansão para beneficiar o letreirobet355Hollywood.
Foi um sucesso retumbante: ele mesmo pagou pelo Y, entre outros custos, e o roqueiro Alice Cooper contribuiu com US$ 27.777 para um novo O.
Todas as letras encontraram patrocinador e foram substituídas por outras feitasbet355vigasbet355aço e chapasbet355ferro corrugado esmaltado branco, que foram fixadas ao solo com concreto armado.
A obra foi concluídabet355menosbet355três meses e custou cercabet355US$ 250 mil,bet355valor atual – ou R$ 1,2 milhão)
Mas a placa também sofreu outros tiposbet355alterações ao longobet355sua história – feitas na moita, como homenagens.
Por exemplo, quandobet355janeirobet3551976 ele acordou transformadobet355HOLLYWeeD,bet355um jogobet355palavras para celebrar a descriminalização da maconha na Califórnia (weed,bet355inglês, significa erva), ou quando alguém cobriu o segundo L, transformando-o temporariamentebet355HOLYWOOD, por ocasião da visita do Papa João Paulo 2ºbet3551987 (holy,bet355inglês, significa sagrado).
Para evitar esses e outros tiposbet355alterações, o letreiro hoje está cercado por arame farpado, câmerasbet355vigilância e sensoresbet355movimento.
Tudo isso confirma seu statusbet355ícone.
Improvável
"Diferentebet355outros ícones americanos, o letreirobet355Hollywood se concentra nos nossos sonhos e na nossa vida interior", diz o professor Braudy. "E enquanto os outros monumentos estão ancorados numa época específica e nos eventos nacionais que celebram, este cartaz flutua acima do seu ambiente e das circunstâncias, aberto à interpretação individual", acrescenta.
Nesse sentido, ele gostabet355compará-lo à Torre Eiffel, também criada para ser efêmera, mas que se tornou o monumento mais icônicobet355Paris.
"De qualquer forma, o letreiro é um ícone estranho por qualquer definição", continua Braudy. "Não é uma imagem que lembra ou remete a algo chamado Hollywood, mas é o próprio nome. E, no entanto, as pessoasbet355todo o mundo reconhecem-no como o símbolo do que quer que ‘Hollywood’ signifique… com toda a ambiguidade que isso implica."