O que contém águauol esporte flamengoFukushima que Japão começou a despejar no Oceano Pacífico:uol esporte flamengo

Operários com plataforma ao fundo

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Legenda da foto, Os trabalhosuol esporte flamengodesmonte da centraluol esporte flamengoFukushima devem durar pelo menos quatro décadas

O plano também enfrenta forte oposição da China, que é o principal compradoruol esporte flamengofrutos do mar japoneses. Pequim acusa o Japãouol esporte flamengotratar o oceano como seu “esgoto particular” e considera que a AIEA é um organismo “unilateral”.

Na quinta-feira (24/8), assim que o Japão deu início ao lançamento das águas, o governo chinês anunciou que irá proibir todas as importaçõesuol esporte flamengomariscos da região, para “proteger a saúde dos consumidores chineses”, segundo a alfândega do país.

Calcula-se que esta medida irá causar graves danos econômicos e o próprio Japão reconheceu que suas empresas sofrerão um golpe “significativo”.

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Juntos, Hong Kong e a China importam todos os anos maisuol esporte flamengoUS$ 1,1 milhão (cercauol esporte flamengoR$ 5,4 milhões)uol esporte flamengoprodutos originários do mar do Japão. Este valor representa quase a metade das exportações japonesasuol esporte flamengofrutos do mar.

A Coreia do Sul também proíbe, há muito tempo, alguns produtos marinhos do Japão, mas não teceu maiores comentários na quinta-feira passada.

O primeiro-ministro sul-coreano, Han Duck-soo, afirmou que “o importante, agora, é se o Japão irá seguir rigorosamente os padrões científicos e fornecer informaçõesuol esporte flamengoforma transparente, como prometeu à comunidade internacional”.

Seul e Tóquio vêm estreitando relações diplomáticas, apesaruol esporte flamengosuas profundas desavenças históricas. Eles se uniramuol esporte flamengoaliança com os Estados Unidos, frente às ameaças da Coreia do Norte e da China.

Mas a maior parte dos sul-coreanos se opõe à liberação da águauol esporte flamengoFukushima e manifestantes tentaram invadir a Embaixada japonesauol esporte flamengoSeul na quinta-feira. Outras manifestaçõesuol esporte flamengoindignação também foram registradasuol esporte flamengoHong Kong euol esporte flamengoTóquio.

Tanquesuol esporte flamengoarmazenamento

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Legenda da foto, Desde o desastreuol esporte flamengo2011, o Japão guarda água residualuol esporte flamengotanques gigantescos

O que acontece na usinauol esporte flamengoFukushima?

Desde o desastreuol esporte flamengo2011, a Tepco – empresa proprietária da usinauol esporte flamengoFukushima – vem bombeando água para resfriar os reatores nucleares danificados.

Com isso, a usina produz diariamente água contaminada – cercauol esporte flamengo100 m³ por dia – que é armazenadauol esporte flamengogigantescos tanques.

Até o momento, já são maisuol esporte flamengo1 mil tanques cheiosuol esporte flamengoágua. O Japão afirma que esta solução não é sustentável a longo prazo e, por isso, começou a liberar gradualmente essa água no Oceano Pacífico. Estima-se que este processo leve 30 anos.

O lançamentouol esporte flamengoáguas residuais no oceano é uma prática rotineira nas usinas nucleares. Mas esta situação é resultadouol esporte flamengoum acidente e não um descarte nuclear típico.

A Tepco filtra as águasuol esporte flamengoFukushima através do seu Sistema Avançadouol esporte flamengoProcessamentouol esporte flamengoLíquidos, que reduz a maior parte das substâncias radioativas a padrõesuol esporte flamengosegurança aceitáveis, com exceção do trítio e do carbono-14.

O trítio e o carbono-14 são, respectivamente, formas radioativasuol esporte flamengohidrogênio e carbono. É difícil separá-los da água.

Estas substâncias estão presentes no ambiente natural, na água e até nos seres humanos, pois são formadas na atmosfera terrestre e podem entrar no ciclo da água. Ambas emitem baixos níveisuol esporte flamengoradiação, mas podem trazer riscos se forem consumidasuol esporte flamengograndes quantidades.

Antesuol esporte flamengoserem lançadas no oceano, as águas residuais filtradas são diluídas com água do mar, para reduzir a concentração das substâncias ainda presentes.

A Tepco defende que seu sistemauol esporte flamengoválvulas impede a liberação acidentaluol esporte flamengoáguas residuais sem diluição.

E o governo japonês acrescenta que os níveis finaisuol esporte flamengotrítio — cercauol esporte flamengo1.500 becqueréis por litro — são muito mais seguros do que os níveis exigidos pelos órgãos reguladores para o descarteuol esporte flamengoresíduos nucleares, ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a água potável.

A Tepco também afirma que os níveisuol esporte flamengocarbono-14 estão dentro dos padrões internacionaisuol esporte flamengosegurança. A empresa e o governo japonês realizaram estudos para demonstrar que a água descartada trará pouco risco para os seres humanos e para a vida marinha.

Muitos cientistas também apoiaram o plano.

“A água descartada será uma gota no oceano, tantouol esporte flamengovolume quantouol esporte flamengoradioatividade. Não há evidênciasuol esporte flamengoque esses níveis extremamente baixosuol esporte flamengoradioisótopos tenham efeito prejudicial à saúde", disse o patologista molecular Gerry Thomas, que trabalhou com cientistas japonesesuol esporte flamengopesquisas sobre a radiação e assessorou a AIEA nos relatórios produzidos pela agência sobre Fukushima.

Ativista protesta contra plano japonês

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Legenda da foto, Ativistas sul-coreanos criticaram o plano do Japão, dizendo que ele poluirá o mar

O que dizem os críticos?

Mas nem todos estão convencidos pelos argumentos da empresa e do governo japonês.

Antes do anúncio da aprovação do plano pela AIEA, a ONG Greenpeace publicou relatórios levantando preocupações com o processouol esporte flamengotratamento conduzido pela Tepco. Ela afirma que não é suficiente para remover as substâncias radioativas.

Para os críticos do plano, o Japão deveria, por enquanto, manter a água tratada nos tanques, o que permitiria ganhar tempo para desenvolver novas tecnologiasuol esporte flamengoprocessamento e para que a radioatividade restante fosse reduzidauol esporte flamengoforma natural.

Alguns cientistas também estão preocupados com o plano japonês. Eles defendem que são necessários mais estudos sobre os possíveis efeitos desses resíduos sobre o leito oceânico e a vida marinha.

“Vimos uma avaliação inadequada do impacto radiológico e ecológico. Estamos preocupados não só com o fatouol esporte flamengoque o Japão talvez não consiga detectar o que está jogando na água [do mar], nos sedimentos e nos organismos, mas também, se isso acontecer,uol esporte flamengoser incapazuol esporte flamengoremover [o material contaminado]. Não há como colocar o gêniouol esporte flamengovolta à garrafa", explicou à BBC o biólogo marinho Robert Richmond, professor da Universidade do Havaí.

Tatsujiro Suzuki, professoruol esporte flamengoengenharia nuclear do Centrouol esporte flamengoPesquisa para a Eliminaçãouol esporte flamengoArmas Nucleares da Universidadeuol esporte flamengoNagasaki, no Japão, declarou à BBC que o plano “não levaria necessariamente a uma contaminação grave ou prejuízo público, se tudo correr bem”.

Mas, como a Tepco falhouuol esporte flamengo2011 e não conseguiu evitar o desastre, ele teme que um possível acidente possa liberar água contaminada sem tratamento.

O que há por trás da reação da China?

Medidoruol esporte flamengoradiação pertouol esporte flamengoconcha

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Legenda da foto, A OIEA avaliou que o plano japonês é seguro e que os níveisuol esporte flamengoradiação que seriam liberados são 'insignificantes'; o Greenpeace discorda

Diversos analistas defendem que a reação da China não é motivada apenas por preocupações ambientais, mas também por questões políticas.

As relações entre Tóquio e Pequim se deterioraram nos últimos anos. O Japão vem se aproximando dos Estados Unidos e demonstrando seu apoio à ilha autônomauol esporte flamengoTaiwan, reclamada pela China.

“Este incidente é mais um sintoma do que uma causa da deterioração das relações sino-japonesas”, afirma o especialistauol esporte flamengopolítica exterior chinesa Neil Thomas, do think tank (centrouol esporte flamengopesquisa e debates) Asia Society Policy Institute.

Para ele, “Pequim talvez tivesse feito menos escândalo pela liberação da água se suas relações com Tóquio estivessemuol esporte flamengomelhor posição”.

É provável que o Japão “repudie esta crítica, mas é pouco provável que faça algo provocador”, segundo o professor James D. J. Brown, especialistauol esporte flamengopolítica exterior japonesa, do campus da Universidade Temple no Japão.

“Embora o governo do Japão esteja profundamente preocupado com as ações que considera agressivas do Partido Comunista Chinês, ele entende ser conveniente manter relações estáveis com seu maior vizinho”, explica o professor.

E talvez não seja necessário esperar muito tempo. Afinal, há quem acredite na possibilidadeuol esporte flamengoque a China não cumpra com a proibiçãouol esporte flamengoimportaçãouol esporte flamengofrutos do mar do Japão.

“As dificuldades econômicas cada vez maiores da China podem fazer com que qualquer proibição seja relativamente breve e limitada, para reduzir o impacto negativo sobre os importadores chineses e o sentimento dos empresários”, acrescenta Thomas.

Protesto na Coreia do Sul

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Legenda da foto, Protesto na Coreia do Sul, onde rejeição ao projeto japonês é grande

Como o Japão está respondendo às críticas?

O governo do Japão e a Tepco lançaram amplas campanhasuol esporte flamengoeducação pública. O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, prometeu “alto níveluol esporte flamengotransparência” no processo.

A Tepco se comprometeu a publicar dadosuol esporte flamengotempo real sobre os níveisuol esporte flamengoradioatividade da água,uol esporte flamengoum portal dedicado a explicar o processouol esporte flamengotratamento e descarte das águasuol esporte flamengoFukushimauol esporte flamengodiversos idiomas.

Delegações estrangeiras e meiosuol esporte flamengocomunicação – incluindo a BBC – foram convidados a realizar visitas guiadas às instalaçõesuol esporte flamengoprocessamento. E, no front diplomático, Tóquio iniciou conversações com seus vizinhos.

Textos publicados no site do Ministério das Relações Exteriores do Japão destacam que outras usinas nucleares da região, especialmente na China, liberam água com níveisuol esporte flamengotrítio muito mais elevados.

A BBC conseguiu confirmar alguns dos números fornecidos pelo governo japonês com informações das usinas nucleares chinesas disponíveis ao público.

Mas o maior argumento pode ser o relatório da AIEA, publicado pelo chefe da agência, Rafael Grossi, duranteuol esporte flamengovisita ao Japão,uol esporte flamengojulho. O relatório foi divulgado após uma investigação que durou dois anos.

A agência concluiu que a Tepco e as autoridades japonesas estão cumprindo com os padrões internacionaisuol esporte flamengosegurançauol esporte flamengodiversos aspectos, que incluem as instalações, inspeções e conformidade, monitoramento ambiental e avaliaçõesuol esporte flamengoradioatividade.

Grossi afirmou que o plano teria “impacto radiológico insignificante para as pessoas e para o meio ambiente”.

*Com colaboraçãouol esporte flamengoTessa Wong, Yuna Kim e Chika Nakayama.