'Napoleão'roleta da googleRidley Scott: o líder francês era mesmo um monstro?:roleta da google

Os franceses não perderam temporoleta da googleresponder ao ataque e corrigir o britânico.

"Hitler e Stalin não construíram nada e apenas causaram destruição", disse Pierre Branda, diretor acadêmico da Fundação Napoleão, ao jornal britânico The Telegraph.

"Napoleão construiu coisas que ainda existem hoje."

Thierry Lentz, da Fundação Napoleão, disse no mesmo artigo: "Napoleão não destruiu nem a França nem a Europa. Seu legado foi posteriormente celebrado, abraçado e expandido."

Então, qual é a verdade sobre o assunto – e a opiniãoroleta da googleRidley Scott tem fundamento?

A trajetóriaroleta da googleNapoleão

Napoleão, um brilhante comandante militar, tomou o poderroleta da google1799 durante um períodoroleta da googleinstabilidade política na França após a Revolução Francesa.

Seus admiradores dizem que ele fez da França um país mais meritocrático do que fora sob o ancien régime (antigo regime) pré-revolucionário.

Ele centralizou o governo, reorganizou os bancos, reformulou a educação e instituiu o código napoleônico, que transformou o sistema jurídico e serviuroleta da googlemodelo para muitos outros países.

Mas ele também travou uma sérieroleta da googleguerras sangrentas pela Europa, estabelecendo um império que, no auge, se estendia da Península Ibérica a Moscou.

Em 1812, as únicas áreas da Europa livresroleta da googleseu controle, por governo direto ou fantoche ou por aliança, eram a Grã-Bretanha, Portugal, Suécia e o Império Otomano.

Ele foi finalmente derrotadoroleta da google1815 por uma aliançaroleta da googlenações lideradas pela Grã-Bretanha na Batalharoleta da googleWaterloo.

Napoleão e as Guerras Napoleônicas ocuparam as mentes dos britânicos desse período e além.

Os cartunistas eram obcecados por Napoleão. Ele está no panoroleta da googlefundo dos romancesroleta da googleJane Austen. Orgulho e Preconceito, publicadoroleta da google1813, por exemplo, traz a milícia que repeliria a esperada invasãoroleta da googleNapoleão.

A escritora Charlotte Brontë, autoraroleta da googleJane Eyre, possuía um fragmento do caixão originalroleta da googleNapoleão, dado a ela por seu tutorroleta da googleBruxelas.

O grande detetiveroleta da googleArthur Conan Doyle, Sherlock Holmes, chama o vilão Professor Moriartyroleta da google"o Napoleão do crime".

Em Animal Farm,roleta da googleGeorge Orwell, publicadoroleta da google1945, o porco que se torna ditador se chama Napoleão. Mas chamar Napoleãoroleta da googleditador – e equipará-lo a outros ditadores infames – é realmente justo?

Os diferentes pontosroleta da googlevista

Philip Dwyer, professorroleta da googlehistória na Universidaderoleta da googleNewcastle, na Austrália, e autorroleta da googleuma biografia sobre Napoleãoroleta da googletrês volumes, acredita que não.

"Você pode ter um debate sobre se Napoleão era um tirano ou não – eu estaria inclinado para o tirano –, mas ele certamente não era Hitler ou Stalin, dois ditadores autoritários que reprimiram brutalmente seu próprio povo, resultandoroleta da googlemilhõesroleta da googlemortes."

"Alguns chegaram a argumentar que o Império [Napoleônico, que durouroleta da google1804 a 1814] era um 'Estado policial' porque havia um complexo sistemaroleta da googleinformantes secretos que vigiavam a opinião pública", continua ele.

"Mas muito poucas pessoas – vários aristocratas mais ou menos envolvidosroleta da googleconspirações para derrubar o regime, alguns jornalistas – foram executadas por Napoleão porroleta da googleoposição. Se eu fosse comparar Napoleão a alguém, voltaria na história a Luís 16, um monarca absoluto que travou guerras desnecessárias que custaram milharesroleta da googlevidas", acrescenta o pesquisador.

"Da mesma forma, Napoleão travou guerras – novamente, é discutível se foram necessárias ou não – custando a vidaroleta da googlemilhõesroleta da googlepessoas, embora não saibamos quantos civis foram mortos direta ou indiretamente como resultado dessas guerras."

A jornalista francesa e colunista do Telegraph Anne-Elisabeth Moutet concorda que Napoleão não é comparável a Hitler ou Stalin.

"Ele [Napoleão] não tinha camposroleta da googleconcentração", diz ela à BBC Culture.

"Ele não escolheu minorias para massacre. Sim, havia uma polícia política intrusiva, mas as pessoas comuns podiam viver como quisessem e dizer o que quisessem."

Moutet afirma que os franceses veem Napoleão principalmente como um reformador.

"Ele tinha uma mente notável e foi o instigadorroleta da googleum conjuntoroleta da googleleis e instituições pelas quais ainda vivemos hoje”, diz a jornalista.

"Gostamosroleta da googlepensar – e não éroleta da googletodo falso – que muitas pessoas eram mais felizes sendo governadas pelos franceses [durante o período do Império, quando a França sob Napoleão dominou quase toda a Europa ocidental] do que vivendo sob quaisquer leis feudais que tivessem."

No entanto, Charles Esdaile, professor eméritoroleta da googlehistória da Universidaderoleta da googleLiverpool e autorroleta da googlevários livros sobre Napoleão, incluindo Napoleon's Wars: An International History 1803-15 (As guerrasroleta da googleNapoleão: uma história internacional, 1803-1815, sem edição no Brasil), tem uma visão diferente.

"Eu vejo Napoleão como um senhor da guerra", diz ele. "Um homem movido pela ambição pessoal e absolutamente implacável. Um homem que tinha uma visão muito clara do tiporoleta da googleFrança que precisava construir e,roleta da googlefato, do tiporoleta da googleEuropa que precisava construir, para sustentarroleta da googlemáquinaroleta da googleguerra. Qualquer ideiaroleta da googleque ele era algum tiporoleta da googlelibertador, algum tiporoleta da googlehomem do futuro – essencialmente, tudo isso faz parte da lenda napoleônica."

"A máquinaroleta da googlepropaganda napoleônica foi uma ferramenta muito, muito poderosa no decorrer do Império e produziu uma versãoroleta da googlesuas guerrasroleta da googleque grande parte da culpa foi atribuída à 'pérfida Albion' [expressão negativa para referir-se ao Reino Unido, muito utilizada na França do século 19, durante períodoroleta da googletensão entre os impérios britânico e francês]", acrescenta.

"Não foi a Françaroleta da googleforma alguma – era todo mundo fazendo guerra contra a França. Esta poderosa lenda napoleônica continua a operar até hoje. Napoleão é uma presença viva. Ele continua a operar do além-túmulo. Ele continua a moldar a maneira como o vemos."

Mas Esdaile também rejeita as comparações entre Hitler e Stalin.

"Napoleão tinha muitos defeitos e era um indivíduo repugnante, mas a ideologia racial que sustentava o regime nazista simplesmente não existia", diz. "Napoleão não é culpadoroleta da googlegenocídio."

Claro, Ridley Scott, um titã da indústria cinematográfica, diretorroleta da googleBlade Runner, Gladiador, Thelma e Louise, Alien e muitos outros, está no ramo há tempo suficiente para saber como promover um filme.

(Napoleão é um retorno ao ambienteroleta da googleseu primeiro longa, Os duelistas, lançado há maisroleta da googlequatro décadas,roleta da google1978.)

É perfeitamente possível que ele soubesse que as comparações com Hitler e Stalin gerariam publicidade e por isso as fez.

E o professor Charles Esdaile, vai ver o Napoleãoroleta da googleRidley Scott quando for lançado?

"Acho que vou ter que fazer isso, mas sei que não pode ser bom porque Rod Steiger não está interpretando Napoleão", brinca. "Há muita coisa errada com o filme Waterloo, mas a atuaçãoroleta da googleSteiger como Napoleão é fora do comum."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.