'Papa2xbet bônusHitler' ou 'salvador dos judeus'?: quem foi Pio 12 e por que seu papel na 2ª Guerra segue polêmico:2xbet bônus

Legenda do áudio, Antes2xbet bônusse tornar papa, cardeal Pacelli foi núncio na Alemanha

A descoberta da epístola confirma que altos funcionários do Vaticano, possivelmente incluindo o próprio papa, tinham há muito conhecimento do extermínio dos judeus nos territórios ocupados pelas forças2xbet bônusAdolf Hitler (1889-1945) e, apesar disso, não o denunciaram publicamente.

Esse silêncio é a razão pela qual muitos historiadores e setores da comunidade judaica consideram o falecido pontífice, que desde 2009 é um aspirante a santo, um cúmplice do Holocausto.

Mas o silêncio papal foi decorrente da indiferença2xbet bônusPio 12 ou foi parte2xbet bônusuma estratégia para evitar males maiores?

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Legenda da foto, Em 2020, o papa Francisco ordenou a abertura2xbet bônustodos os arquivos relativos ao pontificado2xbet bônusPio 12 para esclarecer dúvidas sobre ele

Fachada?

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Durante os 19 anos2xbet bônusseu pontificado, Pio 12 publicou 40 encíclicas e, embora oito tenham sido publicadas durante a guerra, nenhuma delas menciona a perseguição e o extermínio2xbet bônusjudeus e outras minorias.

Uma das poucas menções públicas do papa ao genocídio perpetrado pelas forças2xbet bônusHitler ocorreu na véspera2xbet bônusNatal2xbet bônus1942, mesmo ano2xbet bônusque seu secretário recebeu a carta recém-encontrada.

"Este voto (a favor2xbet bônusum mundo mais justo) a humanidade deve às centenas2xbet bônusmilhares2xbet bônuspessoas que, sem culpa própria, às vezes apenas por razões2xbet bônusnacionalidade ou raça, se encontram destinadas à morte ou a uma aniquilação progressiva", declarou Pio 122xbet bônusum discurso no rádio, sem especificar qual grupo que estava sendo aniquilado.

Por quê? Não lhe interessava o destino dos judeus?

"Pio 12 escolheu a política do silêncio para salvar vidas", defende Dom Vicente Cárcel Ortí, autor do livro Pio 12 (1939-1958): O papa defensor e salvador dos judeus, à BBC News Mundo, o serviço2xbet bônusnotícias2xbet bônusespanhol da BBC.

O historiador e pesquisador espanhol argumenta que o pontífice optou por não confrontar publicamente os nazistas para atingir dois objetivos: por um lado, não desencadear a raiva2xbet bônusHitler e assim evitar que a perseguição contra judeus e católicos se intensificasse; por outro, lançar ao mesmo tempo uma discreta operação humanitária.

"O papa ordenou a abertura das igrejas, escolas, conventos e universidades2xbet bônusRoma para esconder os judeus romanos (que viviam2xbet bônusRoma) (…) ele permaneceu2xbet bônussilêncio, porque estava muito bem informado do que estava acontecendo na Europa ocupada, como confirma este documento que acabou2xbet bônusvir a público", acrescenta Cárcel Ortí.

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Legenda da foto, Pio 12 foi um anticomunista ferrenho e, por isso, não hesitou2xbet bônussaudar com "alegria" o triunfo2xbet bônusFrancisco Franco na Guerra Civil espanhola

Segundo o especialista, o pontífice enviou núncios (embaixadores), bispos, padres e freiras para resgatar secretamente milhares2xbet bônusperseguidos.

Alguns autores afirmam que até 900 mil pessoas conseguiram escapar dos campos2xbet bônusconcentração graças a essa operação.

"Estas coisas foram feitas porque o papa deu ordens específicas para fazer todo o possível para salvar judeus", afirma Cárcel Ortí.

Andrés Martínez Esteban, professor2xbet bônusHistória da Igreja da Universidade2xbet bônusSan Damaso, na Espanha, concorda.

Ele lembra que "nos arquivos do Vaticano há evidências que comprovam que quando Roma foi invadida (em 1943) pelo Exército nazista, foi pedido à comunidade judaica que entregasse uma certa quantidade2xbet bônusouro, e o papa deu ordem às paróquias romanas para darem todo o ouro que tivessem e assim ajudarem os judeus a fazer o pagamento."

No entanto, o pesquisador britânico John Cornwell rejeita essa tese e garante que há poucas evidências para sustentá-la.

"Não há dúvida2xbet bônusque muitos católicos — padres, freiras e fiéis —2xbet bônustoda a Europa ocupada salvaram muitos judeus, mas acho escandaloso que o Vaticano afirme que isso aconteceu graças às instruções do papa", diz à BBC News Mundo o autor do polêmico livro O Papa2xbet bônusHitler.

"Há muito poucas evidências que indiquem que o papa tenha pedido a seus subordinados que fizessem qualquer coisa para salvar os judeus da perseguição", acrescenta.

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Legenda da foto, Em 2009, o então Papa Bento 16 iniciou o processo2xbet bônusbeatificação do polêmico Pio 12, decisão que foi criticada pela comunidade judaica

Menos é mais

Tanto Cárcel Ortí como Martínez Esteban argumentam que o silêncio papal,2xbet bônuscerta medida, ocorreu a pedido2xbet bônusbispos alemães, holandeses e poloneses, temendo as consequências que qualquer pronunciamento2xbet bônusuma autoridade eclesiástica acarretava.

"Quando os bispos holandeses publicaram uma carta2xbet bônus1942 condenando a perseguição nazista aos judeus na Holanda invadida, o Exército alemão assaltou as igrejas e conventos, e Edith Stein foi detida lá", recorda Martínez Esteban.

Stein, hoje mais conhecida como Santa Teresa Benedita da Cruz, era uma freira2xbet bônusorigem judaica, que se converteu ao catolicismo e morreu no campo2xbet bônusconcentração2xbet bônusAuschwitz, na Polônia.

Martínez Esteban afirma que Pio 12 não poderia falar publicamente sobre o Holocausto porque havia graves ameaças contra a Igreja Católica2xbet bônustodo o mundo, mas particularmente nos territórios invadidos.

"Não esqueçamos que Roma foi invadida pelos nazistas", diz ele.

Por2xbet bônusvez, Cárcel Ortí defende haver documentos que comprovam que Hitler planejou invadir o Vaticano e prender Pio 12, e depois levá-lo prisioneiro para a Alemanha, tal como Napoleão Bonaparte fizara com Pio 6º dois séculos antes.

Cornwell, por2xbet bônusvez, diz que a atitude2xbet bônusPio 12 já era questionável antes do conflito.

"Suas ações antes da guerra foram muito favoráveis aos interesses nazistas", diz ele.

"Ele negociou (quando era cardeal,2xbet bônus1933) diretamente o Reichskonkordat, um tratado com a emergente Alemanha nazista através da qual a Igreja Católica conseguiu continuar a desenvolver as suas atividades na Alemanha, especialmente mantendo as suas escolas abertas, mas2xbet bônustroca prometeu não interferir nos assuntos políticos", lembra.

"Essa negociação implicou que os religiosos fossem proibidos2xbet bônusfazer qualquer crítica ao Estado alemão e, graças a isso, os jornais católicos, que eram muitos, também desapareceram", explica.

Pio 12 vinha2xbet bônusuma família romana, aristocrata, muito religiosa e com laços profundos com o papado: seu avô paterno ocupou um alto cargo na Secretaria2xbet bônusFinanças do Vaticano durante o pontificado2xbet bônusPio 9 e um2xbet bônusseus primos foi assessor2xbet bônusLeão 13.

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Legenda da foto, Segundo os seus defensores, Pio 12 não condenou publicamente o nazismo nem a perseguição aos judeus porque não queria agravá-la

Em 1899, ele foi ordenado sacerdote e embora nunca tenha realizado trabalho pastoral (em uma paróquia), conseguiu ascender rapidamente.

Até a2xbet bônuseleição como pontífice2xbet bônus1939, o então cardeal Pacelli serviu como Secretário2xbet bônusEstado do Vaticano (cargo equivalente ao Ministro das Relações Exteriores no Brasil) e assumiu diretamente as negociações do acordo entre a Igreja e o novo governo nazista.

Isso porque na década anterior tinha sido núncio naquele país.

Precisamente a2xbet bônusexperiência na Alemanha com os nazistas foi, segundo alguns autores, a razão pela qual os seus colegas cardeais o escolheram para chefiar a Santa Sé.

Eles acreditavam que suas habilidades diplomáticas serviriam para apaziguar a sede2xbet bônusguerra2xbet bônusHitler.

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Legenda da foto, O caso da freira2xbet bônusorigem judaica Edith Stein é citado por especialistas como uma das consequências das críticas dos hierarcas católicos aos nazistas

Uma campanha fabricada pela KGB

No final da 2ª Guerra Mundial, a imagem do pontífice parecia imaculada e, após a2xbet bônusmorte2xbet bônus1958, líderes judeus como Golda Meir, que na época era chanceler2xbet bônusIsrael e se tornaria premiê daquele país2xbet bônus1969 a 1974, exaltavam a2xbet bônusfigura.

"Durante os dez anos2xbet bônusterror nazista, quando o nosso povo passou pelos horrores do martírio, o papa levantou a voz para condenar os perseguidores e solidarizar-se com as suas vítimas", escreveu Meir.

O rabino-chefe2xbet bônusRoma durante a guerra, Israel Anton Zoller, não só se converteu ao catolicismo2xbet bônus1945, como foi batizado com o nome2xbet bônusEugenio2xbet bônushomenagem ao papa.

No entanto, isso mudou na década2xbet bônus1960, quando o falecido escritor alemão Rolf Hochhuth publicou a2xbet bônusobra O Vigário, na qual questionava o silêncio papal durante a guerra.

Cárcel Ortí, entretanto, diz que Hochhuth "foi financiado pelos serviços secretos da antiga União Soviética (URSS), que lançaram uma campanha difamatória contra a Igreja Católica nos anos mais duros da Guerra Fria".

Mas qual era a motivação2xbet bônusatacar um papa já morto?

Para o historiador, "Pio 12 era anticomunista ferrenho e contra ele foi implementada (logo depois2xbet bônussua morte) uma grande campanha para desacreditá-lo — chegaram a acusá-lo2xbet bônusser colaborador dos nazistas, quando ele era exatamente o oposto", diz o especialista.

Atribui-se a Pio 12 a autoria da encíclica Mit brennender Sorge ("Com ardente preocupação"), publicada2xbet bônus1937 por Pio 11, seu antecessor no cargo e na qual as políticas do regime nazista eram duramente condenadas.

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Legenda da foto, Os especialistas acreditam que as dúvidas sobre as ações2xbet bônusPio 12 foram semeadas por uma campanha orquestrada pela KGB

Contudo,2xbet bônusabril2xbet bônus1939,2xbet bônusum discurso radiofônico, o pontífice mostrou o seu lado mais conservador ao declarar a2xbet bônus"imensa alegria" pela vitória do general Francisco Franco (1892-1975) na Guerra Civil Espanhola contra seus rivais republicanos e comunistas.

Para o bispo2xbet bônusRoma, o triunfo dos militares garantiu que a Espanha continuaria a ser um "bastião inexpugnável da fé" contra os "prosélitos do ateísmo materialista".

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Legenda da foto, Alguns autores afirmam que o papa se arrependeu2xbet bônusnão ter feito mais pelos judeus

Beatificação paralisada

Os especialistas ouvidos pela BBC News Mundo concordam que a decisão do papa Francisco2xbet bônusabrir todos os arquivos do papado2xbet bônusPio 12 não ajudará a resolver a controvérsia.

"Não vão esclarecer nem obscurecer nada, mas vão dizer o que já sabíamos e quem tem uma ideia pré-concebida dele não vai mudar2xbet bônusopinião", diz Cárcel Ortí.

Para Martínez Esteban, no entanto, não há interesse real2xbet bônusinvestigar as ações2xbet bônusPio 12.

Cornwell, por2xbet bônusvez, também não espera grandes novidades.

"Não há quase nada nos arquivos que indique o estado mental do papa ou o que ele pensava pessoalmente. Não existem cartas ou diários privados, portanto o que muitos pesquisadores estão fazendo é adivinhar ou presumir quais eram as intenções2xbet bônusPio 12".

Quando um papa morre, é praxe queimar as suas cartas e diários privados.

E, embora2xbet bônus2009 o polêmico pontífice tenha sido declarado "Venerável", o seu processo2xbet bônusbeatificação está paralisado, mas não só pela polêmica que o rodeia, mas porque até agora não foi identificado nenhum milagre que pudesse ser atribuído a ele, segundo autoridades eclesiásticas.