'Papai, vão jogar bomba': o brasileiro que viajou a passeio com a família a Gaza e agora luta para deixar a região:bet veloz

Hasan Rabee

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Hasan relata diasbet velozterror desde o início dos ataques na Faixabet velozGaza

"A gente veio pra cá a passeio porque acreditou que as coisas estavam bem, sem ataques e não havia guerra. Chegamos aqui e pouco depois começou tudo", diz à BBC News Brasil.

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A alegria da família deu lugar ao medo a partirbet veloz7bet velozoutubro, databet velozque o grupo palestino Hamas atacou Israel. A partirbet velozentão, o conflito da região passou a crescerbet velozintensidade.

Forças israelenses lançaram uma contra-ofensiva na Faixabet velozGaza, começando por ataques aéreos e posteriormente com incursõesbet veloztanques.

Segundo os dados atuais das autoridades locais, 8,7 mil pessoas já morreram na Palestina. Em Israel, também segundo autoridades locais, foram 1,4 mil mortos.

E a viagem da famíliabet velozHasan se tornou um pesadelo. Ele, a esposa e as duas filhas do casal passaram a conviver com bombardeios intensos e com a incerteza sobre quando vão conseguir deixar Gaza, porque as fronteiras ficaram fechadas - o Egito abriu parcialmente a passagembet velozRafah na quarta-feira (01/11), mas brasileiros não estão entre os que podem atravessar por enquanto.

Hasan, a esposa Dyana Abo Salem e as duas filhas do casal

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Hasan, a esposa Dyana Abo Salem e as duas filhas aguardam retorno para o Brasil

Nesta quarta-feira (1/11), foi divulgada uma lista com cercabet veloz500 nomesbet velozestrangeiros que poderão sairbet velozGaza. E brasileiros, como Hasan, não constam nesse documento. Junto com a incerteza, ele e a família convivem com o medo dos constantes ataques.

"Até esse momento não temos informaçãobet velozquando os brasileiros na Faixabet velozGaza vão sair", disse à BBC News Brasil na quarta-feira.

"Peço ao governo federal para informar quando a gente vai ser liberado e sair daqui, porque o que a gente passa é um massacre, uma miséria", acrescentou.

A Embaixada do Brasil na Palestina afirma que acompanha o caso e trabalha pela liberação dessas famílias. A previsão ébet velozque haverá, ao longo dos próximos dias, outras listasbet velozpessoas que poderão deixar a região.

'Papai, vão jogar bomba'

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As filhas e a esposabet velozHasan estão assustadas com toda a situação. Ele diz que chegou a tentar esconder das crianças o que estava acontecendo, mas com o passar dos dias elas logo entenderam que estavambet velozuma guerra.

"Elas estão há maisbet velozduas semanas sem sairbet velozcasa. Então elas são crianças, querem ir ao shopping ou passear. E não podem", comenta.

"A minha filha que tem 3 anos, quando passa um avião militar israelense, ela corre, fecha a janela e fala: 'papai, vão jogar bomba'", completa.

Nos últimos dias, diz Hasan, as garotas ficaram doentes e tiveram febre.

"Consegui remédio pra elas, mas a febre (de uma das filhas) não baixa. E a outra está bem assustada, ela caiu ontem à noite por causa do escuro, ela ouviu a bomba e caiu, machucou toda a boca e a cabeça", diz.

Segundo ele, praticamente não há chancesbet velozatendimento médico na região. Além disso, sairbet velozcasa pode aumentar os riscosbet velozser alvobet velozum ataque. "Tenho saídobet velozcasa só para coisas básicas", afirma.

Para se locomover ao mercado para comprar alimentação básica, ele chegou a usar uma carroça, puxada por um burro, porque não há combustíveis para automóveis.

"A maioria do povo faz a mesma coisa", diz ele sobre como estão se locomovendobet velozGaza. Alguns carros movidos a diesel, comenta, estão tentando usar óleobet velozcozinha como combustível.

A família dele, assim como os demais palestinos, estão sem energia elétrica desde os primeiros diasbet velozconflito. Hasan conta ainda que há dificuldades para tomar água potável – eles chegaram a consumir água salgada – e faltam alimentos.

Diversos celulares juntos enquanto carregambet velozGaza

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Imagem feita por Hasan mostra como celulares têm sido carregadosbet velozGaza, por meio da energia solar

"Temos comida para mais dois ou três dias. Para economizar o que temos, estamos fazendo uma refeição por dia. O governo brasileiro diz que vai nos mandar dinheiro, mas o que vamos fazer com isso se falta comida nos mercadosbet velozGaza?", conta Hasan à BBC News Brasil.

O abastecimentobet velozágua foi cortado recentemente. Segundo as Nações Unidas, o consumobet velozágua pela população localbet velozGaza está 92% menor do que o período anterior ao conflito,bet velozrazão da faltabet velozabastecimento.

Para carregar o celular, Hasan diz que precisa ir até um localbet velozque um homem tem equipamentobet velozenergia solar e permite que outros palestinos carreguem seus aparelhos. No local, há inúmeros telefones conectados.

"Nunca vi na vida essas coisas. Já vi ataquesbet velozIsrael contra a Palestina, mas nunca como agora", lamenta.

A viagem à Faixabet velozGaza

Hasan nasceu e cresceu na Faixabet velozGaza. Ele quis deixar a região uma década atrás, por medo da violência e insegurança diante dos conflitos territoriais com Israel.

Ele recomeçou a vidabet velozSão Paulo, onde conheceu a esposa, Dyana Abo Salem, que é brasileira. O casal tem duas filhas nascidas no Brasil, umabet veloztrês e outrabet velozseis anos.

Hoje, Hasan tem cidadania brasileira. Mesmo distante da família, ele sempre manteve contato frequente com os parentesbet velozGaza e sonhavabet velozretornar àbet velozterra para passear.

Ele acreditava que o segundo semestrebet veloz2023 seria um bom período para essa viagem. Ele, a esposa e as duas filhas foram à cidadebet velozKhan Younis, no sul da Faixabet velozGaza, para visitar a mãe dele, Heyam Rabee, e as irmãs, Rawan e Yassmin Rabee.

Casa destruída após ataque

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Hasan filmou construção destruída após ataquebet velozGaza

Ele sequer cogitava que poderia passar por problemas tão graves como os que enfrenta atualmente. Segundo Hasan, a situação começou a ficar tensa logo após o ataque do Hamas a Israelbet veloz7bet velozoutubro.

A partirbet velozentão, ele não conseguiu mais sairbet velozGaza. O que parecia para ele um conflito breve ou algo que logo permitiria que saísse do local escalou cada vez mais.

Ao longobet velozquase um mês, Hasan diz que chegou a se mudar para outras casasbet velozfamiliares.

"No começo, estava na casa da minha mãe, mas caía muita bomba por perto e não era seguro. Então fomos para a casa da minha irmã, mas também caíram bombas por perto. Fui para a casa do meu primo e continuaram caindo bombas por perto. Então, percebemos que não havia lugar seguro aqui, por isso não queríamos ficar mudandobet velozlugar porque nada mudava e voltamos para a casa da minha mãe", diz.

Ele conta que presenciou situações dramáticas desde o início dos ataques. O brasileiro diz ter visto diversos bombardeios, casas destruídas, carros atacados e pessoas mortas.

"Teve um bombardeio ao lado da casa da minha mãe, vi bastante gente ferida", conta.

"Tenho visto muitas crianças, que não têm nada a ver com isso, cortadas por causabet velozbombas que caem nas casas delas. Eu fico bem mal com tudo isso. O que estou vendo não é uma guerra contra o Hamas, é contra os palestinos todos. Infelizmente estou vendo um massacre mesmo", declara.

Na semana passada, conta Hasan, ele perdeu familiares que foram atingidos por um bombardeio. "Morreu o meu primo, a esposa dele, os filhos e os netos dele. O prédiobet velozque ele morava foi todo destruído, maisbet veloz60 pessoas morreram", comenta.

O governo israelense tem repetido que os alvosbet velozsuas operações são combatentes do Hamas e que palestinos foram orientados a deixar as áreas que seriam bombardeadas.

Carroça carrega pessoasbet velozGaza

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Para se locomover, moradoresbet velozGaza precisam recorrer a carroças puxadas por burros ou cavalos, diz brasileiro

Saída incerta

Enquanto outros estrangeiros conseguem deixar a região, Hasan vive a incerteza sobre o seu futuro. Cada dia a maisbet velozGaza é um risco maior que ele ebet velozfamília correm.

"Há bombasbet veloztodos os lados. Infelizmente é um terror", diz Hasan, que pede que o Governo Federal consiga retirá-los da região com urgência.

Ao todo, 34 pessoas estão sob os cuidados da diplomacia brasileirabet velozGaza. Segundo o governo federal, são 24 brasileiros, 7 palestinosbet velozprocessobet velozimigração e 3 palestinos familiares próximos que darão início à imigração.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informa que está acompanhando a situação dessas 34 pessoas. Apesarbet veloznão mencionar datas, a pasta diz quebet velozbreve deve conseguir autorização para que elas saiambet velozGaza por meio da fronteira com o Egito.

"Veículos contratados pelo Itamaraty seguembet velozprontidão, à espera da autorização para o trânsito do grupo pelo terminalbet velozRafah e, na sequência, por território egípcio até o aeroporto do Cairo, onde aeronave da FAB aguarda para o voobet velozrepatriação", diz o comunicado.

Bombardeiobet velozGaza

Crédito, MOHAMMED SABER/EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK

Legenda da foto, Bombardeios não parambet velozGaza e preocupam moradores da região

Em entrevista à CNN Brasil nesta quarta, o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Carvalho, afirmou que não sabe os motivos para que os brasileiros não estejam na listabet velozestrangeiros autorizados a deixar Gaza.

Porém, ele afirmou que há sinalizaçõesbet velozque os cidadãos brasileiros que estão na região podem sair na quinta (2) ou sexta-feira (3) pela fronteira do Egito.

A expectativa, diz Hasan, ébet velozque os estrangeiros que estãobet velozGaza sejam liberadosbet velozlistas que serão divulgadas aos poucos ao longo dos próximos dias.

"Todo mundo está saindo e a gente está sem informações. O governo diz para aguardar a próxima lista, mas a gente nem sabe se vai estar na próxima lista ou não. E o bombardeio não para, então você continua vivendo um terror", diz.

"E cada dia a mais aqui é mais riscobet velozbombardeio ebet veloz(faltar) comida", acrescenta Hasan.