Desenrola Brasil: vale a pena renegociar dívidas no programa do governo? :aposta crash

Dezenasaposta crashpessoas andando na avenida Paulista

Crédito, EPA

Legenda da foto, Pessoas que ganham até R$ 20 mil e têm dívidas com bancos podem usar primeira fase do Desenrola Brasil para renegociar dívidas

Abaixo, a BBC News Brasil explica os principais pontos do programa e ouve economistas que avaliam as duas fases do Desenrola: vale participar desta etapa ofertada pelos bancos? O que deve serviraposta crashalerta para os endividados? Quais são os riscosaposta crashfazer a renegociação e não conseguir pagar?

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Quem pode participar do programa e quando?

Homem exibindo notasaposta crashreal

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Segunda fase do programa está prevista para setembro e vai incluir pessoas que ganham até dois salários mínimos ou estejam cadastradas no CadÚnico

aposta crash Etapa já iniciada, faixa 2: renda até R$ 20 mil e "limpeza do nome" para débitos aposta crashR$ 100

Quem ganha até R$ 20 mil brutos por mês e tem dívidas atrasadasaposta crashqualquer valor pode procuraraposta crashinstituição bancária para saber se ela aderiu ou não ao Desenrola - cada banco pode decidir se entra ou não no programa.

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Atenção para a data dos débitos: só poderão ser renegociadas as dívidas contraídas entre 2019 e 31aposta crashdezembroaposta crash2022.

Só valem dívidas com os próprios bancos. Débitos com concessionáriasaposta crashserviços como água e luz, ou com lojas, não podem ser incluídos.

As renegociações poderão ser feitas até o dia 30/12/2023.

Os bancos que aceitarem entrar no Desenrola também vão "limpar o nome" automaticamenteaposta crashquem tem débitos até R$ 100. Quem tem dívida até esse tetoaposta crashvalor não vai estar mais "negativado", ou seja, vai poder comprar a crédito, se não tiver outras restrições. Com essa ação, o governo federal considera que pode beneficiar cercaaposta crash1,5 milhãoaposta crashpessoas.

A Federação Brasileiraaposta crashBancos (Febraban) lembra que não se trataaposta crashum "perdão" das dívidasaposta crashaté R$ 100. Os devedores têm que comparecer aos banco para renegociá-las. Se não o fizerem, voltarão a ficar com o nome sujo no futuro.

aposta crash Etapa prevista para setembro, faixa 1: renda até 2 salários mínimos

O governo promete lançaraposta crashsetembro a faseaposta crashrenegociação das dívidas da chamada faixa 1aposta crashrenda, que são os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.640) ou pessoas cadastradas no CadÚnico, que reúne os os beneficiários dos principais programas sociais.

Para este público, valem dívidasaposta crashaté R$ 5 mil.

Nesta segunda fase, além das dívidas com os bancos, também poderão ser renegociadas outras dívidas, como contasaposta crashenergia, internet e telefone.

Destinada à parcela mais pobre da população, essa fase é considerada “o grande testeaposta crashfogo" do programa, diz Lauro Gonzalez, professor do departamentoaposta crashfinanças da FGV.

O motivo é que o governo vai lançar uma plataforma específica para o programa, a ser usada por devedores e instituições financeiras, e que ainda está sendo desenvolvida.

Segundo Gonzalez e Izis Ferreira, economista da Confederação Nacional do Comércioaposta crashBens, Serviços e Turismo (CNC), ainda não está claro como funcionará esse aplicativo.

A expectativa é que, por meio dessa plataforma, as pessoas endividadas tenham acesso a todos os débitos e às propostasaposta crashcada instituição para a renegociação.

Garantir que ela funcione e seja fácil para o uso é um dos desafios.

Qual a taxaaposta crashjuros oferecida na renegociação?

aposta crash Para renda até R$ 20 mil (faixa 2)

Na etapa já iniciada, cada endividado deve procurar seu banco para saber se:

1) a instituição está participando do programa;

2) avaliar qual a ofertaaposta crashrenegociação está sendo feita.

Ou seja, para esta faixaaposta crashrenda, não há teto para as taxasaposta crashjuros que os bancos podem oferecer nem mínimoaposta crashdesconto nas dívidas, desde que parcelem os débitosaposta crashpelo menos 12 vezes.

Para incentivar os bancos a darem descontos maiores, o governo vai oferecer crédito tributário. Em outras palavras, vai reduzir os impostos a serem pagos pelas empresas. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a cada R$ 1 dadoaposta crashdesconto nas dívidas, o governo vai abrir mãoaposta crashreceber R$ 1 realaposta crashtributos.

aposta crash Para renda até 2 salários mínimos (faixa 1)

Nesta etapa prevista para setembro, o teto para as taxasaposta crashjuros na renegociação das dívidas éaposta crashaté 1,99% ao mês, com débitos parceladosaposta crashaté 60 vezes, tendo valor mínimoaposta crashR$ 50 por parcela.

Como as negociações vão ser feitas por meioaposta crashum aplicativo, a expectativa do governo é que haja um "leilão". Quem oferecer as melhores condições (maiores descontos no débito), leva.

O que o banco ganharáaposta crashtroca? A certezaaposta crashque receberá todo o dinheiro da dívida renegociada, caso o cliente não pague. Isso ocorre porque, para esta etapa do programa, o governo criou um Fundo Garantidoraposta crashOperações (FGO) para o Desenrola. Após 60 diasaposta crashatraso da parcela, o banco pode pedir ao governo que pague a dívida correspondente.

Vale a pena aderir ao programa agora?

Mulher ao ladoaposta crashdiversas cartelas com ovos brancos e vermelhos

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Economista diz que estudaria propostas dos bancos até setembro para saber melhor momentoaposta crashfazer a renegociação

Para os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, é sempre importante renegociar dívidas para evitar que os valores devidos cresçam mês a mês com as altas taxasaposta crashjuros. Quanto antes for possível renegociar e ficar com o nome limpo, melhor.

“O sobrenome é o único ativo do brasileiro. Ficar com ele sujo traz transtornos, inclusive psicológicos”, diz Izis Ferreira, da CNC.

Mas, como nesta etapa atual do programa não há teto para a taxaaposta crashjuros das renegociações, a recomendação é avaliar cuidadosamente a oferta dos bancos para decidir se vale a pena aderir já.

A dica é tentar barganhar as melhores condições para pagar o que deve antesaposta crashsetembro.

"Primeiro, eu buscaria a instituição para a qual eu devo e perguntaria o que ela me oferece para renegociar esse valor sem o Desenrola", diz Ferreira.

"Tentaria propor que eles adiantem as condições para que essa dívida, sujeita a juros, não aumente”, sugere a economista.

Para a especialista, mesmo que a instituição financeira ainda não tenha aderido ao Desenrola, ou que a dívida só se enquadre na segunda etapa do programa, vale a pena já ligar para o banco e perguntar que tipoaposta crashcondições ele oferece para uma eventual renegociação.

Outra opção, caso seu banco não esteja no programa, é tentar fazer a transferência da dívida para outra instituição que tenha aderido ao Desenrola.

Ferreira afirma, ainda, que este período pode ser uma oportunidade para que até mesmo as pessoas que tenham prestaçõesaposta crashdia tentem uma renegociação para baixar os juros.

“As pessoas podem conversar diretamente com a instituição financeira. No contratoaposta crashcrédito, há uma cláusula que garante a renegociaçãoaposta crashqualquer período do contrato. Principalmente se ela está com dificuldades para arcar com esse pagamento, há chances desses juros serem revistos”, diz.

Minha fase do programa só começaaposta crashsetembro. Já posso me inscrever no aplicativo?

O governo ainda não lançou o aplicativo do programa, mas já informou que, para participar, será preciso estar inscrito no portal do governo federal GOV.BR, o www.gov.br.

O materialaposta crashdivulgação do Desenrola incentiva que os devedores façam já o cadastro do portal oficial, usando o CPF e seguindo as instruções. Quem se conectar usando dadosaposta crashseu banco, por exemplo, "sobe"aposta crashnível no portal,aposta crash"Bronze" para "Prata" ou "Ouro".

O governo também informa que os interessados também poderão fazer o seu cadastro no GOV.BR presencialmente nas agências do INSS. Lá, deverão se informar sobre como obter a certificação nível "Prata" ou "Ouro".

O que acontece se você renegociar e não conseguir pagar as parcelas?

O professor da FGV Luiz Gonzalez afirma que é essencial manter a calma no momentoaposta crashfazer a renegociação. O objetivo é que as pessoas não acabem aceitando parcelas que não vão conseguir pagar.

“A pessoa tem que estar atenta para que ela saiba se vai conseguiraposta crashfato cumprir as obrigações dessa nova renegociação", diz o professor.

"Se ela desconfiar que não vai dar conta, ela pode tentar barganhar para obter uma prestação que caiba no orçamento dela e sabendo quais são as condições oferecidas normalmente pelo mercado”, afirma.

Já Iziz Ferreira, da CNC, alerta que as pessoas que eventualmente não cumprirem com esses pagamentos da renegociação devem ter muita dificuldade ao tentar garantir crédito novamente no futuro.

“A pessoa que aceitar a renegociação e não cumprir com essa nova dívida tem que ter saber as consequências disso. Porque o credor vai receber, mas ele (o consumidor) provavelmente vai ter muita dificuldade para obter crédito novamente”, diz a economista.

Como evitar golpes?

A Febraban alerta que os interessados no programa devem buscar informações e ofertasaposta crashrenegociação apenas dentro dos canais oficiais dos bancos.

"Caso desconfieaposta crashalguma proposta ou valor, entreaposta crashcontato com o banco nos seus canais oficiais", diz a entidade.

Além disso, é preciso cuidado com propostas fraudulentas para o envioaposta crashvalores. Somente após a formalização do contratoaposta crashrenegociação é que os débitos serão feitos na conta,aposta crashdatas combinadas.

Jovemaposta crashmáscara mexeaposta crashcaixa eletrônico 24 horas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cada banco vai decidir se entra ou não no programa

Vai ser obrigatório fazer cursoaposta crasheducação financeira?

O governo afirma que a plataforma que será lançada para o programa terá um cursoaposta crasheducação financeira para os beneficiários que aderirem ao Desenrola Brasil da faixa 1aposta crashrenda.

"É muito importante a realização do curso, para que o beneficiado pelo programa saiba como evitar novas situaçõesaposta crashendividamento", diz o materialaposta crashperguntas e respostas disponibilizado pelo programa.

Não está claro, porém, se fazer o curso será obrigatório.

Para a economista Izis Ferreira, uma das principais preocupações como o programa é saber como as pessoas vão reagir quando souberem que estão com o nome limpo e podem fazer novas dívidas.

“Não vimos nenhum tipoaposta crashgrande campanha nacional sendo feitaaposta crashparalelo com o Desenrola. Não adianta o governo só colocar um curso atrelado ao aplicativo, como já anunciou, porque muitas vezes as pessoas nem conseguem acessá-lo por faltaaposta crashinternet", comenta.

"Se a gente quer manter o consumo dessas pessoas sustentável, vamos ter que fazer com que elas tenham uma racionalidade e uso melhor desse crédito”, afirma.

Ferreira aponta, por exemplo, que 87% dos endividados do país têm faturas do cartãoaposta crashcrédito atrasadas.

Qual a situaçãoaposta crashendividamento dos brasileiros?

Em 2022, a cada 100 famílias brasileiras, 78 estavam endividadas. O patamar já era o mais elevado da série histórica (com inícioaposta crash2010) da Pesquisaaposta crashEndividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC. Em junho, depoisaposta crashmesesaposta crashestabilidade, esse número avançou mais um pouco, chegando a 78,5%.

Entre 2020 e 2022, a proporçãoaposta crashfamílias endividadas passouaposta crash66,5% para 77,9%, uma altaaposta crash11,4 pontos percentuais.

A CNC explicou esse recordeaposta crashendividamentoaposta crash2022 com baseaposta crashtrês fatores: a alta da inflação até a metade do ano passado, que corroeu o poderaposta crashcompra das famílias; o incentivo crescente ao uso do cartãoaposta crashcrédito, através da ofertaaposta crashnovos produtos e serviços por bancos e fintechs; e, para os mais ricos, a demanda represada por serviços, como viagens e compraaposta crashpassagens aéreas, geralmente pagos no cartão.

Aliviar a situação dos endividados foi uma promessaaposta crashcampanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o governo, limpar o nomeaposta crashboa parte dos brasileiros vai devolvê-los ao mercado consumidor e ajudar a economia a crescer.

*Colaborou Flávia Marreiro, da BBC News Brasilaposta crashSão Paulo