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Chimpanzézoo da Espanha se recusa a soltar filhote que morreu há três meses:
Desde a morte da cria, a chimpanzé21 anos não quis se separar do corpo do filhote. Ela o carrega consigo há maistrês meses enquanto cumprerotina diária.
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"Ela não soltanenhum momento. É um comportamento já descrito, que pode acontecer ocasionalmente no casochimpanzés fêmeas com filhotes que morrem com apenas alguns diasvida,zoológicos e na natureza", afirma Casares, que é veterinário.
Sabe-se que as mães carregam seus filhotes por até quatro meses.
"Nem sempre acontece, masvezquando uma fêmea pode carregar uma cria morta por alguns dias ou, até mesmo, algumas semanas, assim como alguns meses, como neste caso", acrescenta o diretor do Bioparc.
Durante todo esse tempo, os visitantes do zoológico viram a mãe com o filhote no que é considerado um processoluto. A cena causou reaçõestodos os tipos.
"Nos primeiros dias, dava para ver claramente que era um filhote, e que estava morto. Todo mundo ficava surpreso... Notamos uma reaçãoempatia muito, muito forte com a situação. Empatia e respeito", diz Casares.
O corpo do filhote passou por um processo naturaldecomposição, e o zoológico se certificouque isso não resultariaproblemas sanitários, para permitir à chimpanzé uma separação gradual da cria, até que se sinta preparada para tal.
Tirar o filhote da mãe não era uma opção
A chimpanzé já havia perdido um filhote2018 — e, naquela ocasião, desapegou delepoucos dias.
Desta vez, foi diferente. Assim como acontece com outros primatas que vivemambientes naturais ou controlados, os chimpanzés do BioparcValência são uma família bastante sociável e unida.
"Nos primeiros dias, eles ficaram muito próximos, se abraçavam. Foi algo bastante impressionantever, porque se equiparava com o que poderia acontecer com as pessoas, é uma situação muito próxima para nós", explica Casares.
Depoisum tempo, o restante dos chimpanzés — da subespécie p.t. verus, um dos mais ameaçados do mundo — continuou comrotina normal.
Mas Natalia optou por não soltar o corpo do filhote.
Os especialistas do zoológico avaliaram a situação, e decidiram deixar o processo continuar da melhor maneira para ela. Além disso, intervir para retirar o corpo teria implicadoum trabalho complicado — e até arriscado.
"O grupo está sempre junto. Então, se quiséssemos anestesiar a mãe para retirar o filhote, certamente teríamos que anestesiar vários membros da família", explica o diretor do Bioparc.
"E havia outra fêmea, que é irmã dela, que tinha um filhote pequeno. Esta ação colocaria o outro filhoterisco. Nunca pensamos nesta opção."
Para os especialistas, que já presenciaram situações semelhantes, era o melhor caminho a seguir.
'A morte também faz parte da vida'
Hoje a chimpanzé Natalia realiza suas atividades cotidianas com relativa normalidade. Ela não apresentou problemassaúde, tampouco os demais chimpanzés, por ter o corpo do filhote morto junto a ela durante estes meses.
"Temos monitorado o estadosaúde dos animais adultos, e não observamos nenhum problema. Mas, claro, o filhote passou por uma fasedecomposição. É um processo natural. Mas os chimpanzés têm, felizmente, um sistema imunológico muito forte", explica Casares.
Se necessário, os especialistas do zoológico poderiam intervir, mas priorizaram que a mãe assimilasse a situaçãoforma natural para seu próprio bem-estar.
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Casares destaca que, apesarestaremum ambiente controlado, os chimpanzés deste zoológico não são animais domesticados ouestimação.
O que acontece com eles segue padrões observadosoutros ambientes naturais ou controlados.
"Isso também acontece na natureza, não só com os chimpanzés, (o comportamento) também é observadooutros primatas sociáveis, grandes símios, babuínos, elefantes, animais que são sempre muito inteligentes e têm uma relação muito forte entre mãe e filhote, e comportamento familiar bastante complexo", ressalta.
"[No zoológico] não há apenas animais jovens e filhotes fofos brincando. A morte também faz parte da vida e, às vezes, os animais morrem."
Como a cena chama a atenção e pode até impressionar algumas pessoas, principalmente as crianças, membros do zoológico têm estado presentes no local para dar explicações pertinentes sobre o que aconteceu.
"A grande maioria das pessoas a quem eles explicaram (a situação), compreendeu — e demonstrou empatia e respeito por uma mãe que estáprocessoluto pela perdaum filho."
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